Esquerda ou direita? Qual o rumo da política no tempo do fim


Como observei em minha postagem anterior, a lógica de um regime baseado na união entre igreja e estado só faz sentido se a igreja for atuante na esfera política, e o estado, forte o bastante para que essa atuação se reflita nas políticas públicas.

Apesar de a mentalidade burocrática geralmente incorporar a mesma filosofia de governo grande, autoritário e centralizador independentemente da filiação partidária, creio que os conservadores de direita é que terão o protagonismo no último grande drama do século.

Vejamos as possíveis razões para isso.

1. O rei do Norte no tempo do fim

Devemos ser cautelosos ao lidar com profecias ainda não cumpridas. Mas Daniel 11:40-45 apresenta paralelos interessantes com a história de Israel durante o êxodo que vale a pena considerar (para uma exposição mais detalhada, clique aqui):

  • Assim como Deus submergiu nas águas os exércitos de Faraó durante o êxodo (Êxodo 14:26-31), o rei do Norte "inundará" o rei do Sul no tempo do fim (Daniel 11:40).
  • Deus ordenou a Israel que não atacassem Edom, Moabe e Amom durante o êxodo (Deuteronômio 2:1-9); o rei do Norte não as conquistará no tempo do fim (Daniel 11:41).
  • Durante o êxodo, Deus instruiu os israelitas a tomaram ouro e prata dos egípcios (Êxodo 12:35 e 36); o rei do Norte fará o mesmo no tempo do fim (Daniel 11:43).
  • Em sua jornada para a terra prometida, Deus ordenou que os israelitas destruíssem e exterminassem os moradores de Canaã (Deuteronômio 7:2); o rei do Norte destruirá e exterminará a muitos (Daniel 11:44).
  • Os israelitas deixaram o Egito e foram ao monte santo para servir a Deus (Êxodo 3:12; 19:20-23); o rei do Norte deixará o Egito e se voltará para o monte santo (Daniel 11:45).

Esses paralelos presentes na maior parte da linguagem e das imagens usadas por Deus nesta seção da visão de Daniel sugerem fortemente que, no tempo do fim, o rei do Norte procurará tomar o lugar de Deus ao imitar os atos salvíficos do Senhor e a obra de Seu povo.

Se assim for, esse poder não pode ser progressista, secular ou ateu. Não. Deve ser de natureza religiosa, um poder político majoritariamente cristão ou com características cristãs que pensa promover e representar os interesses de Deus na terra.

Em outras palavras, deve ser um poder conservador, que valoriza a tradição ou a moral judaico-cristã e atua, a princípio, no sentido de libertar o mundo ocidental das amarras escravizantes das ideologias de esquerda.

2. A besta que emerge da terra

Esse argumento ganha espessura quando consideramos Apocalipse 13:11-17.

A besta que emerge da terra é a única das bestas proféticas de Daniel e Apocalipse que tem a aparência de cordeiro (verso 11).

Esta é, sem dúvida, uma característica singular, porque a palavra "cordeiro" é mencionada trinta e uma vezes no último livro da Bíblia e, com exceção do verso 11, todas as demais ocorrências se aplicam a Jesus Cristo.

Isso indica claramente que esse poder possui uma aparência cristã e aspira a uma posição única de nação escolhida, quase messiânica.

É um fato bem estabelecido que, em virtude do tempo, da forma e do lugar de seu surgimento e de suas características peculiares, a besta terrestre simboliza os Estados Unidos da América.

Esta nação, e nenhuma outra, exercerá "toda a autoridade da primeira besta na sua presença" e fará "com que a terra e os seus habitantes adorem a primeira besta, cuja ferida mortal fora curada." (verso 12).

A "autoridade da primeira besta" se refere ao poder coercitivo que Roma papal exerceu durante os séculos de ferro da Igreja, impondo doutrinas e práticas contrárias aos ensinos bíblicos sob pena de confisco de bens, prisão, tortura e morte.

Ao exercer essa autoridade coercitiva, os Estados Unidos farão com que os habitantes do mundo "adorem a primeira besta, cuja ferida mortal fora curada" e, dessa forma, falarão como o dragão.

E é igualmente significativo que o maior sinal realizado pela segunda besta para enganar as pessoas, persuadindo-as a adorar a primeira besta, é fazer com que desça fogo do céu (verso 13).

Assim como o rei do Norte, a besta semelhante ao cordeiro (também chamada no Apocalipse de falso profeta) imita a obra de Deus no tempo do fim, nesse caso o papel profético de Elias no monte Carmelo, quando Deus fez descer fogo do céu a fim de demonstrar que Ele era o único Deus verdadeiro (1 Reis 18:20-40).

Essa manifestação extraordinária também falsifica o Pentecostes, no qual línguas de fogo desceram do céu sobre os discípulos (Atos 2:1-3), o que sugere igualmente um falso reavivamento religioso.

O objetivo de imitar a obra e o poder de Deus nos últimos dias é enganar o mundo, convencendo-o de que esse e outros sinais milagrosos são manifestações do poder divino.

Em suma, a questão toda gira em torno da adoração e envolve transformar crenças religiosas em políticas públicas, uma meta que tem sido perseguida pela direita cristã. A adoração implicará, por conseguinte, submissão à autoridade e decreto daquele a quem se presta reverência.

Não vejo, pois, como o retrato que a profecia fornece da adoração dedicada ao papado pelos protestantes faça sentido, a menos que a América seja dirigida por um governo conservador, explicitamente alinhado com assuntos de natureza religiosa e moral.

3. Os três espíritos imundos semelhantes a rãs

Apocalipse 16:13 e 14 descreve a ação coordenada de uma tríade satânica no tempo do fim: o dragão, a besta e o falso profeta. A ideia transmitida pelo simbolismo profético é clara: trata-se de uma imitação da Trindade divina e de Sua obra redentora.

Da boca dos integrantes da trindade satânica saem três espíritos demoníacos com aparência de rã, que se dirigem aos líderes do mundo "com o fim de ajuntá-los para a peleja do grande Dia do Deus Todo-Poderoso" (verso 14).

Estamos novamente diante de uma imitação da obra de Deus. Os três espíritos demoníacos são três anjos caídos, portanto uma contrafação dos três anjos de Apocalipse 14.

Sua obra consiste em falsificar a obra de Deus. São a representação de um evangelho falso que, assim como o evangelho eterno (14:6), é pregado a todos os moradores da terra.

Porém, ao contrário das três mensagens angélicas verdadeiras, que apelam à razão e à consciência individuais, as três mensagens angélicas falsas apelam às autoridades públicas constituídas – os "reis do mundo inteiro".

Essa é uma diferença muito, muito importante.

Esse arranjo indubitavelmente político-religioso só pode se consolidar globalmente mediante a união entre igreja e estado, e é mais provável que ocorra sob um governo conservador de direita do que sob um governo secular ou de esquerda, já que, de acordo com a Bíblia, os valores morais, a devoção religiosa e a espiritualidade estarão no centro das demandas políticas no tempo do fim.

Quando isso acontecer, estará preparado o cenário para a batalha final entre a verdade e o erro.

4. A meretriz montada na besta

Apocalipse 17 reforça, por fim, todas as considerações anteriores. Publiquei uma série de artigos sobre esta profecia que você pode conferir aqui.

Ela mostra "o julgamento da grande meretriz..., com quem se prostituíram os reis da terra" (verso 1).

A grande meretriz é chamada Babilônia e simboliza o poder religioso. Os reis da terra são representados pela figura de uma besta ou animal e constituem o poder político.

A visão nos proporciona o seguinte quadro:

A mulher está montada na besta como um cavaleiro monta seu cavalo e o conduz para onde quer. Assim a igreja conduz o estado e o guia de acordo com seus caprichos e desejos.

Para a igreja, o poder civil deve ser domesticado e treinado de maneira que ela seja o único cavaleiro no controle do animal em que está montando.

Não admira que o Senhor Jesus tenha codificado essa informação. Do contrário, ela não teria chegado a nós.

O anjo intérprete da visão diz a respeito da besta:

8 a besta que viste, era e não é, está para emergir do abismo e caminha para a destruição. E aqueles que habitam sobre a terra, cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida desde a fundação do mundo, se admirarão, vendo a besta que era e não é, mas aparecerá.

Há três fases de experiência da besta, que é o poder político. Essas fases são:

  • ERA, NÃO É, e ESTÁ PARA EMERGIR (verso 8, primeira parte)
  • ERA, NÃO É, MAS APARECERÁ (verso 8, segunda parte)

Essas fases devem ser entendidas com base nas relações do poder civil com o poder religioso, pois esse é o panorama apresentado na visão. Então, temos o seguinte:

  • A fase ERA corresponde ao longo período da história, sobretudo durante a Idade Média, em que os poderes políticos e as autoridades religiosas lideradas pelo papado andavam de mãos dadas, com os primeiros geralmente subordinados aos últimos.
  • A fase NÃO É marca o fim dessa relação, quando o papado recebeu uma ferida mortal nas guerras napoleônicas, e o próprio papa foi levado prisioneiro em 1798. O regime baseado na união entre igreja e estado foi então desfeito e substituído pelo estado laico e pela forma republicana de governo.

O que chama a atenção é a reação das pessoas à essa nova união do poder religioso com o poder civil. Segundo o anjo, elas ficarão admiradas, "vendo a besta que era e não é, mas aparecerá"!

A palavra traduzida como "admirar-se" significa maravilhar-se, ficar deslumbrado ou impressionado (Strong #2296).

Os habitantes da terra se surpreendem ao contemplar a besta subir do abismo – para o qual havia descido com o fim do Antigo Regime – e retomar suas atividades anteriores. A admiração antecede o apoio e adoração voluntários oferecidos à besta e à mulher.

Por que as pessoas reagirão dessa forma, uma vez que viver sob o regime de uma igreja estatal significa viver sem liberdade de consciência, de expressão, de imprensa ou de associação? Por que a sociedade em geral receberia um regime assim com sentimentos tão lisonjeiros de surpresa e encanto?

A resposta está na forma como o anjo descreve as diferentes fases de existência da besta. Ele diz que a besta "era [estava viva] e não é [morreu]", porém "está para emergir do abismo [ressuscitará]", uma expressão que (veja outra vez) imita o nome e a obra de Jesus (Apocalipse 1:4; 4:8)!

Ao usar uma expressão semelhante àquela aplicada a Cristo para descrever a experiência da besta, o anjo sugere uma contrafação da própria experiência de Jesus, Aquele que vive, esteve morto, mas ressuscitou e está vivo pelos séculos dos séculos!

Essa similaridade com a experiência de Cristo parece indicar que a ressurreição da besta (no sentido de unir-se novamente à mulher) será recebida com grande entusiasmo pelas corporações religiosas, em meio a grandes avivamentos espirituais e manifestações extraordinárias de poder, a fim de que os que rejeitaram a verdade pensem que Deus está com eles.

Um plano tão dissimulado e diabólico só poderia se consolidar sob um governo conservador e nominalmente cristão, impulsionado por líderes religiosos ávidos por trazer a igreja de volta à praça pública e capazes de mobilizar a maioria orgânica da sociedade.

Para concluir

Estas breves considerações não devem ser motivo de discussão política. Não estou defendendo ou criticando este ou aquele partido ou candidato. As preferências partidárias e ideológicas pertencem ao foro íntimo de cada qual e não estão em debate.

Apenas apresentei o possível rumo dos eventos finais à luz da palavra profética, e faríamos bem em avaliá-los e julgá-los sempre do ponto de vista do grande conflito.

Nesse contexto, profecia é informação estratégica. É a voz autorizada de Cristo nos dando instruções valiosas no front de batalha espiritual.

Queira Deus que a ouçamos a fim de não errar no caminho a percorrer, pois Sua volta é a única esperança certa para o futuro do mundo.


Se você gostou desta postagem e quer apoiar o nosso trabalho, não esqueça de divulgá-la em suas redes sociais. Você também pode contribuir com este ministério clicando no botão abaixo. Sua doação permitirá que o evangelho eterno alcance muito mais pessoas em todo o mundo, para honra e glória de nosso Senhor Jesus. Que Deus o abençoe ricamente!

Postar um comentário

2 Comentários

  1. Muito boa explicação, irmão. Mais claro e a partidário impossível! Tenho uma dúvida, se na próxima eleição para presidente devemos anular o voto (para não ter as mãos "sujas" ao contribuir para o avanço do conservadorismo). O que o irmão pensa?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado, irmã, por seu comentário! Se o candidato tiver um currículo ilibado (o que é uma raridade) e for favorável à liberdade de consciência e de expressão, penso que é prudente de nossa parte votarmos nele depois de pesquisar e orar a respeito, a fim de termos liberdade para pregar o evangelho e, dessa forma, apressar a vinda do Senhor Jesus. Se esse não for o caso, melhor não votar em ninguém.

      Excluir