Roma e o WEF querem levar o mundo de volta ao passado


Inovação é a força motriz na criação de riqueza. Sociedades que valorizam os inovadores e estimulam a inovação por meio de instituições e um sistema legal comprometidos com a liberdade e os direitos fundamentais de propriedade são as mais prósperas. Onde não há liberdade individual nem propriedade privada não há inovação nem riqueza.

Foi precisamente a ausência dessas condições durante o longo período em que a Igreja Católica reinou sobre os potentados europeus que marcou o forte retrocesso econômico, técnico e cultural do continente.

Para usar as palavras de Jacques Le Goff, enquanto acumulava terras, rendimentos e isenções à custa de doações arrancadas aos reis e aos grandes, e até aos mais humildes – num mundo em que o entesouramento só podia esterilizar cada vez mais a vida econômica –, a Igreja disseminava entre o povo a renúncia monástica, o despojamento integral e a resignação como virtudes cristãs.

Este desprezo pela terra como fonte de trabalho e riqueza influenciou profundamente o espírito medieval, desencorajando a inovação e o progresso.

Ademais, como o maior interesse dos bispos era reforçar o poder do governo para colocá-lo ao serviço dos interesses da religião e da Igreja, não havia estímulo nem liberdade para empregar trabalho e recursos em projetos que oferecessem perspectiva de recompensa futura.

Naturalmente, uma filosofia política e religiosa que é hostil à liberdade, à limitação dos poderes do governo e ao livre mercado nunca favorecerá a autonomia individual, a criatividade e a produtividade sem sabotar a si mesma.

E foi assim que durante todo o tempo em que a Igreja permaneceu como força hegemônica, mantendo o monopólio da educação e da cultura, a Europa não fez progressos no saber, nas artes ou na civilização.

Segundo John W. Robbins, o pensamento econômico católico tem contribuído (e, possivelmente, é a única fonte) de várias formas de organização política e econômica antiliberais, entre elas:

  1. feudalismo e socialismo de guilda na Europa durante a Idade Média;
  2. fascismo na Itália, Espanha, Portugal, Croácia e América Latina no século XX;
  3. Nazismo na Alemanha no século XX;
  4. intervencionismo e estado redistributivo no Ocidente, incluindo os EUA, no século XX;
  5. teologia da libertação na América Latina e na África no século XX.

E no século XXI, a doutrina social católica tem influenciado organizações globalistas como o Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) e seus programas extensamente antiliberais, que estrangulam o livre mercado com regulação econômica, enquanto concentram o poder nas mãos de poucos.

Tanto o WEF como Roma defendem um mercado orientado para o bem comum através de forte supervisão governamental. Para ambos, a tarefa da política é promover e estabelecer limites ao mercado como forma de garantir a destinação universal dos bens. Na prática, significa substituir os direitos individuais pelos direitos coletivos.

Isso exige o gerenciamento de cima para baixo de cada aspecto da atividade humana mediante centralização econômica, com o consequente fim da escolha pessoal e da liberdade, apesar de seus proponentes alegarem o oposto.

As implicações vão muito além da questão econômica em si. Em O Caminho da Servidão, F.A. Hayek observou perceptivamente (a ênfase é minha):

O controle econômico não é apenas o controle de um setor da vida humana, distinto dos demais. É o controle dos meios que contribuirão para a realização de todos os nossos fins. Pois quem detém o controle exclusivo dos meios também determinará a que fins nos dedicaremos, a que valores atribuiremos maior ou menor importância – em suma, determinará aquilo em que os homens deverão crer e por cuja obtenção deverão esforçar-se.

Não posso deixar de apontar o quanto esta passagem de Hayek é particularmente significativa à luz de Apocalipse 13:15-17.

O controle exclusivo dos meios significa o fim da própria liberdade, incluindo todas as liberdades civis. E sabemos que, quando as condições para a imposição da marca da besta forem favoráveis, num esforço para garantir conformidade com os imperativos da imagem, os que decidirem servir a Deus segundo os ditames da razão e da consciência terão seus direitos civis negados e necessitarão de perseverança, firmeza e do conhecimento de Deus e Sua Palavra para permanecer leais ao Senhor e confiar na Sua providência.

Mesmo para observadores menos experientes, deve ser bastante óbvio que uma grande mudança está em andamento no mundo. Estamos nos afastando do livre mercado, da mobilidade social e da riqueza em direção a uma distopia econômica na qual a capacidade dos cidadãos de controlar seu próprio destino será efetivamente retirada.

E essa mudança tem sido implementada por Roma e o WEF, que compartilham a mesma filosofia coletivista, possuem uma linha partidária comum e se apoiam mutuamente.

  • O WEF e suas organizações irmãs alegam que o propósito de sua agenda é implementar "políticas inclusivas", promover o "bem comum" e "salvar o planeta". Na realidade, seus esforços visam garantir para uma minoria não eleita mais poder e controle sobre o mundo, o que requer centralização do sistema econômico, interferência estatal e, consequentemente, supressão da liberdade individual. Como Hayek observa, citando o escritor Walter Lippmann, "à medida que a organização centralizada se amplia, a variedade de objetivos necessariamente cede lugar à uniformidade. Esta é a nêmesis da sociedade planificada e do princípio autoritário na condução das questões humanas". Ora, não é esta uma condição que se harmoniza perfeitamente com as pretensões históricas do papado?
  • Tanto as grandes corporações como os grandes governos são predatórios, e as forças poderosas de ambos em prejuízo da liberdade convergem na visão de futuro de organizações como WEF. Pense nos padrões ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa). Uma boa pontuação ESG pode atrair investidores, contratos governamentais e empréstimos a juros mais favoráveis. É como um sistema de pontuação de crédito social ao estilo chinês, só que para as empresas. Ao usar o poder corporativo para impor uma agenda ideológica, o ESG subverte a propriedade privada e torna os mercados mais gerenciáveis e suscetíveis ao controle estatal. Onde a política é orientada para o "bem comum" e a "destinação universal dos bens", a propriedade privada é vista como antiética aos objetivos do estado. Isso é doutrina social católica.
  • Para o WEF e Roma, que são instituições de escopo supranacional, estados soberanos e independentes representam um obstáculo à implantação de sua agenda, especialmente as nações que têm as liberdades de consciência e de expressão e o livre empreendedorismo como seus princípios fundadores. A criação de uma "autoridade pública mundial, por todos reconhecida e com poder suficiente" exige que as nações "deponham o egoísmo nacional" e que "os sentimentos legítimos [de unidade nacional e patrimônio histórico sejam] sublimados pela caridade universal, que engloba todos os membros da família humana", uma vez que o "nacionalismo isola os povos, contrariando o seu verdadeiro bem" (Paulo VI, Gaudium et Spes, 7 de dezembro de 1965).  Apenas se a capacidade decisória dos estados nas questões de interesse nacional ceder aos interesses globalistas, podem os membros da elite controlar os governos e se tornar internacionalmente influentes, situação em que a lealdade dos burocratas políticos será muito mais devotada à elite do que aos seus eleitores ou compatriotas.
  • Organizações globalistas não toleram o contraditório e, por isso, há um esforço sistemático para silenciar qualquer afirmação, argumento ou evidência que não se harmonize com o discurso oficial, rotulando-a como "teoria da conspiração" ou "desinformação". Visto que essas organizações e os governos que as apoiam se autoproclamaram as únicas autoridades para definir o que é verdade, esse esforço se transformou em uma escalada perigosa contra o pensamento crítico e a liberdade de expressão. Censurar argumentos e opiniões considerados errados sempre foi prática de Roma, pois, nas palavras de Joseph Bernhart, "a Igreja Católica repudiou sempre, desde o seu primeiro dia até hoje, como pecado dos pecados, a liberdade do espírito, entendida como liberdade de todas as opiniões; e nas épocas da sua onipotência sobre os homens, ela pune a doutrina destruidora destruindo aquele que a ensina".

A nova ordem mundial inspirada na doutrina social católica e instituída pelo papado através das entidades supranacionais que o representam é um estado coletivista, com direção econômica centralizada, redistribuição da riqueza e a consequente redução do padrão de vida dos cidadãos, e no qual não há liberdade para comprar ou possuir propriedades privadas nem liberdade de consciência, de expressão e de imprensa.

Sob o ponto de vista pessoal, a maioria dos cidadãos dificilmente estará disposta a abrir mão dessas liberdades individuais. Mas do ponto de vista coletivo, a maioria certamente receberá de braços abertos a ideia de um sistema que proporcione igualdade e justiça para todos os cidadãos do mundo.

Essa confiança, no entanto, será mal utilizada, pois Roma jamais renunciou ao poder que reivindica possuir por direito divino. Quando fala em liberdade, significa a liberdade do papado para governar o mundo através de instituições com as quais ele historicamente se identifica – instituições que não valorizam a autonomia individual nem respeitam os direitos de propriedade que o próprio Deus estabeleceu para benefício do homem.

O curso atual dos acontecimentos indica indubitavelmente que a liberdade de ação econômica está no fim, que as transações comerciais que hoje consideramos um direito consolidado pelo tempo se tornarão um problema sério para o povo de Deus num futuro muito próximo.

Em lugar de acumular riquezas que em breve serão inúteis, Deus requer que façamos agora tudo o que estiver ao nosso alcance para nos preparar de acordo e para transmitir a advertência ao mundo, de maneira que todos estejamos prontos para a vinda do Senhor.


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