As raízes católicas do coletivismo


O direito à propriedade, juntamente com a liberdade de consciência, a liberdade de expressão, governo limitado e a autonomia individual, é o princípio basilar que sustenta as sociedades civilizadas.

Friedrich Hayek, economista e filósofo político, observou que se "capitalismo" significa um sistema de concorrência baseado no direito de dispor livremente da propriedade privada, é de fundamental importância compreender que só no âmbito de tal sistema a democracia se torna possível. "No momento em que for dominada por uma doutrina coletivista, a democracia destruirá a si mesma, inevitavelmente". [1]

Coletivismo nada mais é do que a política da comunidade, em que o indivíduo recebe assistência do estado enquanto for subserviente à vontade da sociedade. Onde quer que o coletivismo seja adotado, mesmo com vestígios de democracia e capitalismo ou com um verniz de caridade cristã, as liberdades serão definitivamente suprimidas, e os direitos individuais, efetivamente suspensos.

Seja na forma de fascismo, socialismo ou comunismo, o coletivismo é um meio altamente eficaz de governar as massas e rebaixá-las a um mesmo nível de subserviência. Nesse sistema, liberdade e estado são sempre opostos.

Assim, quando o papa Francisco, durante uma videoconferência com a Organização Internacional do Trabalho em 17 de junho de 2021, afirmou que a propriedade privada é um direito "secundário", e não primário, até mesmo católicos devotos, mas que apreciam as vantagens de uma sociedade livre, manifestaram preocupação.

"Às vezes, quando falamos de propriedade privada", disse Francisco, "esquecemos que é um direito secundário que depende de um direito primário: a destinação universal dos bens", ou seja, acima do direito à propriedade privada, "existe o direito anterior e precedente que subordina toda propriedade privada à destinação universal dos bens da terra, e, portanto, ao direito de todos ao seu uso".

Por mais que as declarações do papa tenham causado desconforto em muitos católicos conservadores, o fato é que elas são consistentes com o pensamento tradicional da Igreja.

A doutrina social católica

Francisco lembrou em sua encíclica Fratelli Tutti que "a tradição cristã nunca reconheceu como absoluto ou intocável o direito à propriedade privada, e salientou a função social de qualquer forma de propriedade privada".

Com "tradição cristã", o papa quis dizer tradição católica e, de fato, o Compêndio da Doutrina Social da Igreja diz que "o direito à propriedade privada subordina-se ao princípio da destinação universal dos bens" [2]. O Compêndio observa que [3]

A tradição cristã nunca reconheceu o direito à propriedade privada como absoluto e intocável: "pelo contrário, sempre o entendeu no contexto mais vasto do direito comum de todos a utilizarem os bens da criação inteira: o direito à propriedade privada está subordinado ao direito ao uso comum, subordinado à destinação universal dos bens".

O ensinamento social da Igreja exorta a reconhecer a função social de qualquer forma de posse privada, com a clara referência às exigências imprescindíveis do bem comum. O homem "que possui legitimamente as coisas materiais não as deve ter só como próprias dele, mas também como comuns, no sentido que elas possam ser úteis não somente a ele, mas também aos outros".

Nota-se, segundo a doutrina social da Igreja, que o direito à propriedade privada não é "absoluto ou intocável" porque está subordinado ao "direito ao uso comum", "à destinação universal dos bens", que é um direito anterior e, portanto, tem precedência sobre o direito à propriedade privada.

Esse direito é reconhecido apenas do ponto de vista de sua função social, das "exigências imprescindíveis do bem comum", e, por isso, ninguém que possua "legitimamente coisas materiais" deve considerá-las como exclusivamente suas, mas também como pertencendo aos outros, no sentido de que possam suprir suas necessidades.

É preciso ter essas definições em mente quando somos confrontados com as eventuais defesas da Igreja à propriedade privada. Para ela, esse direito não se baseia em um princípio moral, ao contrário da propriedade comum, mas na ideia de que se trata de uma criação humana, não derivada da lei natural ou divina, e, portanto, secundária e subordinada ao "direito ao uso comum".

Se tudo na sociedade pode ser reduzido ao interesse coletivo com base na noção simplista de que certas pessoas são inerentemente oprimidas e outras inerentemente opressoras, então a igualdade de oportunidades deve ceder à igualdade de resultados, e a realização pessoal deixa de ser relevante.

Nesse caso, suprir as necessidades alheias nada tem que ver com o altruísmo genuíno da caridade voluntária, mas com a sujeição ao "bem comum", que é definido segundo os critérios da Igreja. Aqui, o direito à propriedade privada só é admitido no âmbito de uma forte regulação estatal ou coletiva. O controle estatal da propriedade privada sob tal regime substitui as liberdades individuais pela servidão do coletivismo.

Uma vez que a propriedade privada figura entre as condições econômicas que definem o capitalismo, a ideia de que alguém deve ceder os frutos de seu trabalho a outros em nome do bem comum é um conceito que, evidentemente, se opõe ao modelo de economia capitalista que as nações protestantes ajudaram a estabelecer.

Assim, o objetivo da Igreja consiste não apenas em destruir o protestantismo enquanto força religiosa, mas também desfazer seu importante legado político e econômico: o capitalismo.

A constituição pastoral Gaudium et Spes, um documento do Concílio Vaticano II promulgado por Paulo VI, reafirma o pensamento da Igreja [4]:

Sejam quais forem as formas de propriedade, conforme as legítimas instituições dos povos e segundo as diferentes e mutáveis circunstâncias, deve-se sempre atender a este destino universal dos bens. Por esta razão, quem usa desses bens, não deve considerar as coisas exteriores que legitimamente possui só como próprias, mas também como comuns, no sentido de que possam beneficiar não só a si, mas também aos outros.... Aquele, porém, que se encontra em extrema necessidade, tem direito de tomar, dos bens dos outros, o que necessita.

O sonho de uma ordem social sem propriedade privada

Uma das mais influentes obras do século XVI, Utopia, de Sir Thomas More, um filósofo católico, reflete precisamente o mesmo conceito e contribuiu, em certa medida, para o desenvolvimento das ideias de Karl Marx e Friedrich Engels.

O estado imaginário de More em uma ilha remota é, nas palavras de Margaret L. King, "uma sociedade comunista onde a jornada de trabalho é curta e ninguém possui propriedades".

King observa que a identificação que More fez da propriedade privada como fonte da miséria humana está diretamente alinhada com os princípios socialistas. Não surpreendentemente, Karl Marx, Friedrich Engels e Karl Kautsky saudaram More como herói comunista, e, por sugestão de Lênin, foi erguido em 1918 no Jardim Aleksndrovsky, próximo ao Kremlin, um monumento em sua homenagem. [5]

Em O Manifesto Comunista, Marx identifica a propriedade privada como "a expressão final e mais completa do sistema de produção e de apropriação de produtos, que é baseado no antagonismo de classes, na exploração de um homem por outro". [6]

Embora não defenda abertamente a abolição da propriedade privada, como faz o Manifesto, o ensinamento social católico, que condiciona esse direito às "exigências imprescindíveis do bem comum", se baseia no mesmo argumento. O Compêndio da Doutrina Social da Igreja diz [7]:

Os meios de produção "não podem ser possuídos contra o trabalho, como não podem ser possuídos para possuir". A sua posse passa a ser ilegítima quando a propriedade "não é valorizada ou serve para impedir o trabalho dos outros, para obter um ganho que não provém da expansão global do trabalho humano e da riqueza social, mas antes da sua repressão, da ilícita exploração, da especulação, e da ruptura da solidariedade no mundo do trabalho".

A propriedade privada e pública, bem como os vários mecanismos do sistema econômico devem ser predispostos para uma economia ao serviço do homem, de modo que contribuam a atuar o princípio da destinação universal dos bens.

Sobre o Manifesto Comunista, é digno de ser permanentemente lembrado que, de acordo com Gary Allen e Larry Abraham, Marx nada mais fez que atualizar e codificar os mesmos planos e princípios revolucionários escritos setenta anos antes por Adam Weishaupt, o fundador da Ordem dos Iluminados da Baviera. [8]

Weishaupt fundou sua ordem numa época em que sul da Alemanha estava sob total controle dos jesuítas. Eles ocupavam posições importantes no eleitorado da Baviera, exercendo influência direta sobre as políticas do governo, e, para exterminar toda a influência protestante e consolidar a presença do catolicismo, se apossaram dos instrumentos da educação pública. [9]

Educado em um convento jesuíta, Weishaupt estava suficientemente familiarizado com a ordem para usá-la como modelo para sua própria sociedade secreta.

E, de fato, ele extraiu o seu conceito de organização hierárquica comprometida com uma missão global diretamente dos jesuítas. O barão Knigge, durante algum tempo seu amigo e associado mais próximo, descreveu o programa dos Iluminados como sendo o de usar métodos jesuítas para combater os objetivos dos jesuítas. [10]

Não obstante, ao encampar o ideal igualitário de romper com todos os "sinais da propriedade privada", a Ordem dos Iluminados da Baviera estava mais próxima das ordens monásticas da Igreja do que de qualquer outra organização humana conhecida até então.

As ordens monásticas da Igreja

Se Thomas More abordou de uma perspectiva filosófica aquele que tem sido o pensamento econômico e social da Igreja por gerações, as ordens monásticas da Igreja Católica o aplicaram ostensivamente.

O modo de vida dos franciscanos, por exemplo, que, a princípio, podia ser uma repreensão à avareza e ao mundanismo da Igreja, evoluiu para um conceito extravagante que idealizava a pobreza como um bem intrínseco e o mais valioso de todos os bens, em que todos os tipos de propriedade eram absolutamente proibidos e a provisão para o futuro era considerada pecado. [11]

O voto de pobreza dos monges, pelo qual renunciavam totalmente ao direito à propriedade privada, significava que, além de não possuírem nada, toda a propriedade da qual abriam mão era compartilhada em nome do bem comum.

Sobre os votos de pobreza dos monges, a Catholic Encyclopedia diz o seguinte [12]:

O voto expresso de renúncia a toda propriedade privada foi introduzido na profissão dos Frades menores em 1260. Quase ao mesmo tempo, outra mudança ocorreu; até então nenhum limite havia sido imposto às posses comuns dos religiosos, mas as ordens mendicantes no século XIII proibiam a posse, mesmo em comum, de todos os bens imóveis distintos do convento, assim como de todos os rendimentos; e os Frades menores da estrita observância, desejando dar um passo adiante, atribuíram à Santa Sé a propriedade de todos os seus bens, mesmo os mais indispensáveis.

No mesmo parágrafo, a Catholic Encyclopedia observa:

Logo se tornou evidente que esta profissão de pobreza que tanto edificara o século XIII estava exposta a graves abusos, que certo estado de miséria criava mais cuidados do que removia, e não era útil nem à atividade intelectual nem à estrita observância; e que a mendicidade podia se tornar uma ocasião de escândalo. Consequentemente, o Concílio de Trento permitiu que todos os mosteiros, exceto os dos Frades Menores e dos Capuchinhos, possuíssem bens imóveis e, por conseguinte, os rendimentos deles derivados; mas os Carmelitas e a Companhia de Jesus, em seus conventos, continuam a praticar a pobreza comum que proíbe a posse de rendimentos garantidos.

A Companhia de Jesus merece, mais uma vez, uma menção à parte. A Catholic Encyclopedia [13] se refere à base econômica das reduções paraguaias dos jesuítas nos séculos 17 e 18 como uma espécie de comunismo, onde a terra e tudo o que nela havia era propriedade da comunidade.

A terra era repartida entre os caciques, que a distribuíram às famílias sob seu comando. Do abastecimento comum eram emprestados instrumentos agrícolas e gado de tração. A ninguém era permitido vender seu terreno ou sua casa, chamada abamba, ou seja, "propriedade própria". Os esforços individuais dos índios, devido à sua indolência, logo se revelaram inadequados, após o que lotes separados foram reservados como campos comuns, chamados Tupamba, isto é, "propriedade de Deus", que eram cultivados pelo trabalho comunitário sob a orientação dos Padres.

Os produtos desses campos eram depositados em armazéns comunitários, e o rendimento dos campos e do trabalho privados, bem como os rebanhos de gado, eram propriedade comunitária dos índios.

O coletivismo não pode tolerar a individualidade e a livre iniciativa. Nas reduções jesuítas, o índio era propriedade do coletivo. Como propriedade, ele não podia tomar nenhuma decisão sem a supervisão dos padres.

O mesmo se aplicava aos noviços. Uma das condições para ingressar na ordem dos Jesuítas era que o noviço declarasse sua resolução de renunciar ao mundo, o que incluía, naturalmente, a renúncia total de sua propriedade, que seria distribuída aos pobres.

Se, por razões específicas, não pudesse renunciá-la imediatamente, devia comprometer-se a renunciá-la integralmente ao fim de um ano, a contar da sua admissão, segundo a exigência de seu superior. [14]

"Viver com simplicidade e não ter bens pessoais, mas ter tudo em comum, são fundamentais para o voto de pobreza", escreveu Cindy Wooden para o Catholic Herald. [15]

Como noviço, cada jesuíta faz uma 'experiência de peregrinação' que geralmente começa com ser deixado em uma rodoviária com US$ 5, algumas roupas e um destino a ser alcançado nas próximas duas semanas. Ele tem que implorar por comida e encontrar abrigo e meio de transporte, confiando em Deus e na bondade de estranhos.

As ordens monásticas da Igreja Católica sempre operaram com base em princípios coletivistas. A posse comum dos bens e o voto de pobreza implicavam a dissolução total da propriedade privada, uma diretriz que se tornou o princípio nuclear das ideias de Marx e Engels e que levaram à criação de um modelo econômico e político que gerou pobreza e assassinato numa escala sem precedentes.

Não é de admirar que Roma seja responsabilizada não apenas pelo sangue dos profetas e santos de Deus, mas também pelo sangue "de todos os que foram mortos sobre a terra" (Apocalipse 18:24).

Gramsci e a noção de hegemonia de Belarmino

Voltando ao domínio das ideias, devemos agora mencionar Antonio Gramsci.

Pensador marxista e co-fundador do Partido Comunista Italiano, Gramsci é bastante conhecido por sua teoria da hegemonia cultural, que descreve como o estado e a classe capitalista dominante mantêm o poder através das instituições culturais.

Para ele, a burguesia desenvolve uma cultura hegemônica por consentimento e persuasão, não por coerção ou violência, embora a hegemonia seja exercida dentro da sociedade civil como parte do estado, o qual pode, eventualmente, recorrer à força.

No pensamento de Gramsci, o cumprimento das etapas necessárias para a transformação do modo capitalista de produção depende das mudanças no conceito hegemônico burguês que justifica ideologicamente a propriedade privada. Daí a necessidade de reforma cultural como parte do programa de reforma econômica.

Significativamente, em suas reflexões sobre a natureza da hegemonia e a relação entre consentimento e coerção, Gramsci abordou o papel da Igreja Católica como força hegemônica no que diz respeito à relação entre o catolicismo e o regime fascista da Itália em seu próprio tempo e à função histórica e desenvolvimento do cristianismo no Ocidente, conforme observa Stefania Tutino.

Em suas considerações sobre o assunto, Gramsci identificou o cristianismo primitivo como uma revolução passiva e incompleta, que, no entanto, mudou quando o cristianismo se aliou ao Império Romano nos tempos de Constantino, tornando-se religião do estado e uma força hegemônica dentro do império.

Para Gramsci, a aliança entre papa e imperador originou a formação do que ele chamou de "cosmopolitismo teocrático", que Tutino traduz como "cosmovisão teocrática cosmopolítica", ou seja, uma estrutura política mundial fundada e apoiada por um sistema teológico específico, que durou por toda a Idade Média. O momento revolucionário nesta história, de acordo com Gramsci, ocorreu quando a Reforma Protestante destruiu a âncora da qual esse sistema teopolítico dependia. [16]

Em sua visão, o erro da reação católica à Reforma Protestante consistiu em imitar os meios de controle político normalmente exercidos pelo estado no uso da violência e coerção para restringir seus súditos/crentes, em vez de recuperar seu domínio sobre as massas por meio de hegemonia intelectual e espiritual, o que resultou no enfraquecimento da posição do papado como potência europeia.

Separando-se das massas, o papado estava fazendo exatamente o oposto do que sustenta a doutrina do poder indireto da Igreja, elaborada por uma das figuras mais importantes da Contra-Reforma, o jesuíta Roberto Belarmino.

Tutino assinala que, para Gramsci, a importância da teoria de Belarmino era que ela oferecia ao papado uma maneira nova e eficaz de reter sua influência sobre o povo por meio da hegemonia espiritual. Ao optar pelo controle político direto, no entanto, o papado perdeu a hegemonia intelectual e capacidade de controle.

Para recuperar esse papel hegemônico ao lado e em colaboração com o estado, a Igreja Católica, segundo Gramsci, ingressou em uma nova fase, marcada pela Concordata assinada pelo Papa Pio XI com o regime fascista em 1929, que inaugurou uma expansão nova e bem-sucedida do catolicismo como força hegemônica.

Gramsci entendeu a Concordata como "um reconhecimento explícito de uma dupla soberania no mesmo território estatal", em que a admissão do estado de sua própria incapacidade de criar o consenso de que precisa não é apenas vantajosa para a Igreja, mas de fato representa a "capitulação do estado", porque, ao admitir que necessita da colaboração da Igreja, o estado realmente "aceita a tutela de uma soberania exterior da qual ele praticamente reconhece a superioridade". [17]

Pio XI não perdeu tempo em tirar proveito desta nova forma de soberania sobre o estado, exercida com a bênção do estado, mediante o desenvolvimento de diferentes meios para criar consenso e solidificar a hegemonia.

Dentre eles, Gramsci identifcou o sistema escolar católico e a Ação Católica como instrumentos eficazes para atingir esses objetivos. Enquanto o primeiro era capaz de formar, moldar e educar uma ampla gama de pessoas, o segundo operava de modo a disseminar valores e cultura católicos para toda a sociedade italiana, e não apenas no âmbito do clero.

"O que Gramsci definiu como estratégias hegemônicas que o catolicismo implementou durante as primeiras décadas de 1900 para penetrar no estado com a permissão do estado, mas à custa da soberania do estado", escreve Tutino, "era precisamente o tipo de relação entre autoridade temporal e espiritual que Belarmino tinha em mente". [18]

É significativo que, ao estudar os mecanismos de construção da hegemonia cultural, Gramsci tenha ficado impressionado com essa relação, que garantiria à Igreja Católica a partir do século XX o poder indireto – espiritual, moral e intelectual – sobre a sociedade e o estado, uma conquista mais efetiva que o controle político direto, e, aliás, indispensável para o exercício do verdadeiro poder.

A análise de Gramsci sobre a influência da Igreja nessa direção certamente contribuiu para o desenvolvimento da ideia segundo a qual o marxismo só poderia lograr êxito se buscasse conceber e implementar sua própria versão do poder indireto formulado por Belarmino e, assim, afirmar-se como força hegemônica em lugar da religião.

O marxismo cultural tem, com efeito, uma enorme dívida de gratidão para com a Igreja.

Demolição controlada do capitalismo

Se o modo dominante do relacionamento humano, como observa o Dr. Lyle H. Rossiter, é a liberdade individual da escolha – e não o decreto de um governo – então ela só pode florescer sob o capitalismo, e não sob alguma forma de coletivismo. [19]

No entanto, do ponto de vista do princípio fundamental do pensamento social católico – o bem comum –, em que a abordagem da economia deve estar centrada na destinação universal dos bens, em vez de no direito à propriedade privada, a liberdade econômica só pode existir a serviço da coletividade e, portanto, sob rigoroso controle do estado.

Por isso, quando a gestão keynesiana dos mercados [20] foi a resposta aos problemas oriundos da Grande Depressão dos anos 30, figuras tão diversas como o filósofo católico Michael Novak e o então cardeal Joseph Ratzinger "identificaram essa forma de capitalismo como o ideal implícito da doutrina social católica", de acordo com Vincent J. Miller em um texto publicado na revista jesuíta America. [21]

Durante um discurso ao Senado italiano, o cardeal Ratzinger disse: 'Em muitos aspectos, o socialismo democrático foi e está próximo da doutrina social católica e, em todo caso, contribuiu notavelmente para a formação de uma consciência social'. Nessa época, o mercado era orientado para o bem comum por meio de forte regulamentação governamental e investimentos públicos substanciais financiados por impostos.

Para Miller, o crescimento econômico e a equidade sem precedentes do pós-guerra só foram possíveis por causa do keynesianismo, quando o mercado recebia forte apoio e supervisão do estado, um exemplo de como a economia pode proporcionar benefícios desde que seja orientada para o bem comum, o que significa promover e estabelecer limites ao mercado, uma tarefa da política, segundo o pensamento social católico. [22]

Não foi coincidência, então, que o período entre 1919 e o início da Segunda Guerra Mundial tenha sido marcado pela cooperação entre os católicos e o governo americano.

Segundo a diretora do Centro Cushwa para o Estudo do Catolicismo Americano da Universidade de Notre Dame, Kathleen Sprows Cummings, enquanto Franklin Delano Roosevelt tentava lançar o New Deal [inspirado nas ideias de Keynes], indivíduos como Mons. John Ryan, Agnes Regan e Jane Hoey eram figuras proeminentes no governo federal "numa época em que os católicos em seus círculos estavam muito conscienciosos sobre o papel que sua religião deveria desempenhar na vida pública".

Ryan, um professor de longa data da Universidade Católica da América, que escreveu uma dissertação sobre o salário-mínimo, foi o arquiteto do Programa Episcopal de Reconstrução Social, que ofereceu um plano para moldar a vida política e econômica da América com base nos princípios sociais da encíclica de 1891 do Papa Leão XIII, Rerum Novarum.

De acordo com Cummings, Ryan "foi apelidado de 'Reverendo New Dealer' ou 'Monsenhor New Deal' e era um conselheiro de confiança de Franklin Delano Roosevelt" [Lembre-se de que foi Roosevelt quem proibiu a propriedade privada de moedas e barras de ouro em 1933. Veja aqui e aqui. Sobre o empenho de Roosevelt para restabelecer relações diplomáticas com o Vaticano, clique aqui].


Agnes Regan foi a fundadora da Escola Católica Nacional de Serviço Social da Universidade Católica da América, e Jane Hoey trabalhou no programa de Previdência Social recém-formado como chefe do Departamento de Assistência Pública.

Ryan, Regan e Hoey entraram em cena em um momento em que, segundo Cummings, "o governo federal estava sendo moldado de modo a estar muito mais alinhado com a visão católica de sociedade", e, como servidores públicos, eles estavam "muito mais conscientes da vocação dos princípios católicos".

Ainda de acordo com Cummings, durante a era do New Deal, não era incomum ouvir funcionários públicos citando encíclicas papais e recorrendo aos ensinamentos sociais da Igreja para defender sua visão de uma sociedade melhor. [23]

O leitor que quiser comprovar quão melhor se torna uma sociedade que encampe os ensinamentos sociais católicos só precisa olhar para a história. Todos os países onde o catolicismo se estabeleceu se tornaram economicamente atrasados, e seu povo não demonstra a mesma diligência e produtividade que se espera encontrar em um país protestante.

Felix Rachfahl, citado por John W. Robbins, apontou seis razões para isso. [24] Segundo ele, o protestantismo:

1. Permitiu que o intelecto fosse dedicado a atividades seculares, e não apenas religiosas;

2. Proporcionou educação para as massas;

3. Não encorajou a indolência, o desgosto e o desdém pelo trabalho como o catolicismo;

4. Defendeu a independência e a responsabilidade individuais;

5. Criou um tipo superior de moralidade;

6. Promoveu a separação entre igreja e estado.

"Em todos esses aspectos", escreveu Rachfahl, "o protestantismo produziu um efeito libertador e estimulante sobre a vida econômica, mas o catolicismo, um efeito restritivo e obstrutivo".

Alasdair Macleod lembra que um dos grandes erros da política keynesiana é estimular o consumo e desencorajar a poupança, que é um componente vital de qualquer economia bem-sucedida. [25]

Economias de livre mercado são capazes de criar riqueza para todos, enquanto economias dirigidas pelo estado impedem o progresso e empobrecem as camadas mais vulneráveis da sociedade.

Ele cita os exemplos da Alemanha Ocidental e do Japão, que saíram da Segunda Guerra Mundial destruídos economicamente, mas que, por terem adotado uma economia de livre mercado impulsionada pela poupança, se tornaram grandes potências econômicas em pouco mais de duas décadas.

Seguindo o caminho inverso, a Grã-Bretanha e grande parte da Europa do pós-guerra evitaram o livre mercado e abraçaram o keynesianismo, o que resultou em declínio econômico.

Macleod conclui:

A evidência empírica é clara. Desde a Segunda Guerra Mundial, as economias que adotaram o livre mercado e o papel da poupança pessoal superaram aquelas que viam a poupança como uma fonte fácil de receita tributária. Além disso, podemos facilmente explicar por que os mercados livres conseguem criar riqueza para todos, enquanto uma economia dirigida pelo estado é contrária ao progresso.

Em uma sociedade civilizada, os direitos de propriedade devem ser respeitados, e nenhum país se revelou mais civilizado do que os Estados Unidos, na medida em que valorizam a autonomia e a liberdade individuais como virtudes fundadoras.

Contudo, a situação econômica, política, social e cultural desta grande nação parece estar se tornando cada vez mais volátil. Até há pouco tempo, os americanos compartilhavam a mesma cultura, crenças e valores. Mas hoje a América está profundamente dividida e polarizada, com a ideologia do país se movendo em direção ao coletivismo nas últimas décadas.

A esquerda – que tem na Doutrina Social Católica e no modus operandi dos jesuítas seu maior modelo – mantém o controle do sistema educacional dos Estados Unidos, das faculdades e universidades às escolas secundárias e até mesmo primárias, além de controlar as redes de notícias e as mídias sociais.

Em um artigo de opinião, Andrew Gutmann advertiu [26]:

Este não é um debate acadêmico entre liberais e conservadores ou uma escaramuça política entre republicanos e democratas. É uma luta pela alma e pelo futuro do nosso país. Se perdermos esta batalha, temo que corramos o risco de perder as liberdades e a prosperidade que consideramos garantidas e, eventualmente, acredito que nosso país se dividirá. E não se engane: estamos perdendo essa batalha. Nós a estamos perdendo em nossas escolas e universidades, em nossas empresas e locais de trabalho, em nosso governo e nas forças armadas, na mídia e online.

Outrora um refúgio para a liberdade de consciência, liberdade de expressão e empreendedorismo, os EUA são agora guiados por princípios socialistas e do estado de bem-estar social. A velha ideia da América se tornou irrelevante. O mundo está entrando em uma era de economia controlada, em que a propriedade privada será substituída pela estatal.

Uma economia planificada, entendida como a espécie de planejamento necessário à realização de qualquer ideal distributivo e regida sob o princípio autoritário na condução das questões humanas, não representa um passo preparatório importante para o cenário descrito em Apocalipse 13:16-17?

O início do fim

O padre jesuíta, Alfred Delp, preso durante a batida em massa que se seguiu ao atentado contra vida de Hitler em julho de 1944, confessou em sua cela: "Uma história cultural e intelectual... que seja verdadeiramente honesta teria que incluir as contribuições das igrejas para a ascensão do 'homem das massas', do coletivismo e das várias formas ditatoriais de governo". [27]

Roma, de fato, não só elaborou teorias que inspiraram regimes totalitários e coletivistas de diferentes matizes, como também serviu de modelo para cada um deles e ainda foi cúmplice de suas brutalidades.

Qualquer nação cuja política seja orientada de acordo com os princípios católicos jamais favorecerá a liberdade, seja a liberdade de consciência, a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa ou a liberdade de ação econômica. A Igreja nunca escondeu sua aversão a todas essas liberdades, e se, nos últimos anos, atenuou seu discurso, o fez tão-somente tendo em vista as circunstâncias atuais e, sobretudo, seus próprios interesses.

Não obstante, este complexo de ideias destrutivas penetrou na maioria dos governos, nas grandes corporações, na academia, na mídia e no setor de entretenimento.

Nos últimos dois anos, vimos um aumento alarmante da interferência governamental na vida dos cidadãos sob a justificativa de uma emergência pública e, com ela, o crescimento da influência do papado nas decisões políticas mais importantes.

Sua manobra magistral para controlar tais decisões em um momento crítico gerou a situação para que a doutrina social da Igreja fincasse suas raízes e florescesse, tornando-se o modelo sócio-econômico dominante nos Estados Unidos e nas demais nações do mundo livre.

O resultado produzido por toda essa ação mudará para sempre a direção da América protestante e do mundo e criará condições sociais e econômicas desafiadoras para o povo de Deus.

Faz parte da agenda globalista usar ameaças internacionais como guerra biológica, terrorismo e, principalmente, as mudanças climáticas como justificativas para a centralização do poder e a expansão maciça do estado de vigilância e seu controle sobre todas as coisas, inclusive do dinheiro.

A explicação simplista articulada pelos arquitetos de nossa miséria de responsabilizar os Estados Unidos por tudo é uma falácia. Como observamos há pouco, mesmo esta grande nação, tal como concebida pelos Pais Fundadores, não existe mais. Sucumbiu à agenda de Roma e seus asseclas no alto escalão do poder, e, muito em breve, falará e agirá em nome deles.

A agenda? Você já sabe! Destruir a velha ordem global e substituí-la por uma "melhor", em que "você não terá nada e será feliz" (veja vislumbres disso aqui, aqui, aqui e aqui) e na qual a adesão às políticas de "diversidade, equidade e inclusão" será obrigatória.

"Você não terá nada e será feliz" [28] significa uma reversão da liberdade e prosperidade individuais que o protestantismo ajudou a conquistar e um retorno a algo semelhante ao feudalismo, sistema no qual a Igreja Católica reinava suprema. Se você não possui nada, o estado (e, por extensão, a Igreja) é dono de tudo.

O Grande Reset do Fórum Econômico Mundial consiste em uma mudança dos atuais modelos econômicos, sociais e políticos para um sistema globalmente centralizado, integrado e fortemente regulamentado. Do ponto de vista da economia, a centralização total tem o objetivo de suprimir conceitos como livre mercado e propriedade privada e permitir que um grupo seleto de pessoas microgerencie cada aspecto da vida econômica.

Com efeito, não é por mera vaidade que discordo do clérigo da Igreja Católica que representou o Vaticano na Cúpula de Davos deste ano, segundo o qual a Igreja lidera a implementação de muitos dos ideais globalistas do Fórum Econômico Mundial.

Na verdade, é o Fórum e membros do Conselho para o Capitalismo Inclusivo, como a Ford Foundation e a Rockefeller Foundation, que estão implementando muitos dos princípios da doutrina social católica, com o fim expresso de mudar o capitalismo – e, consequentemente, o mundo – para sempre.

Considere o seguinte: De acordo com John W. Miller, a lista de empresas cujos líderes fizeram uma peregrinação a Roma parece um índice da Harvard Business Review: Apple, Bank of America, BlackRock, Exxon, Facebook, Google, McKinsey e News Corp, para citar apenas algumas.

O Vaticano também se reuniu com administradores de fundos de pensão para ajudá-los a investir de forma mais ética [leia-se ética católica], trabalhou no redesenho dos currículos das escolas de negócios em universidades católicas e organizou mesas-redondas no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.

Em 2019, 181 membros da Business Roundtable, um grupo de lobby de corporações nos Estados Unidos, mudaram sua definição do propósito de uma corporação, que compreende agora criar valor para "todas as nossas partes interessadas", incluindo clientes, funcionários e comunidades, em vez de se concentrar exclusivamente na geração de lucros para os acionistas.

Intencionalmente ou não, a mudança da Business Roundtable empurrou-a, pelo menos no papel, para mais perto dos ensinamentos da Igreja. [29]

Enquanto muitos de nós permanecem alheios aos muitos abusos governamentais e insensíveis ao constante enfraquecimento de nossas liberdades, estamos retornando rapidamente a uma época em que papas, reis e imperadores governaram com poder absoluto uma população desprovida de direitos.

Como cristãos que conhecem o tempo, já é hora de despertarmos do sono, porque o curso dos acontecimentos indica claramente que "a nossa salvação está, agora, mais perto do que quando no princípio cremos" (Romanos 13:11). Esta, sem dúvida, é a parte positiva da história.

👉 Para os leitores que quiserem uma compreensão profunda, honesta e abrangente da Doutrina Social Católica, recomendo a obra de John W. Robbins, Megalomania Eclesiástica. Clique aqui para conferir.

Notas e referências

1. F. A. Hayek, The Road to Serfdom: text and documents. Bruce Caldwell (Ed.). Chicago: The University of Chicago Press, 2007, edição digital, sem paginação.

2. Compêndio da Doutrina Social da Igreja. Capítulo VI: O Trabalho Humano, III. A Dignidade do Trabalho, #282.

3. Ibid., Capítulo IV: Os Princípios da Doutrina Social da Igreja, III. A Destinação Universal dos Bens, #177 e #178.

4. Paulo VI, Constituição Pastoral Gaudium et Spes Sobre a Igreja no Mundo Atual, 7 de dezembro de 1965.

5. Margaret L. King, Renaissance Humanism: an anthology of sources. Indianapolis/Cambridge: Hackett Publishing Company, 2014, p. 157.

6. Karl Marx e Friedrich Engels, O Manifesto Comunista. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, edição digital, sem paginação.

7. Compêndio da Doutrina Social da Igreja. Capítulo VI: O Trabalho Humano, #282 e #283.

8. Gary Allen e Larry Abraham, Política, Ideologia e Conspirações: a sujeira por trás das ideias que dominam o mundo. Barueri: Faro Editorial, 2017, p. 29.

9. Vernon Stauffer, New England and the Bavarian Illuminati. New York: Vernon Stauffer, 1918, p. 143.

10. James H. Billington, A Fé Revolucionária: sua origem e história. Campinas, SP: Vide Editorial, 2020, p. 209.

11. Henry Charles Lea, A History of the Inquisition of the Middle Ages. Vol. 1. London: Sampson Low, Marston, Searle, & Rivington, 1888, p. 264.

12. Arthur Vermeersch, "Poverty". The Catholic Encyclopedia. Vol. 12. New York: Robert Appleton Company, 1911.

13. Anthony Huonder, "Reductions of Paraguay". The Catholic Encyclopedia. Vol. 12. New York: Robert Appleton Company, 1911.

14. Henry Handley Norris, The Principles of the Jesuits: Developed in a collection of extracts from their own authors; to which are prefixed a brief account of the origin of the order and a sketch of its institute. London: J. G. and F. Rivington, 1839, p. 21.

15. Cindy Wooden, "Vow of poverty: Jesuits to look at its spiritual, practical implications". The Arlington Catholic Herald, 03 de fevereiro de 2021.

16. Stefania Tutino, Empire of Souls: Robert Bellarmine and the Christian Commonwealth. New York: Oxford University Press, 2010, p. 284 e 285.

17. Ibid., p. 286 e 287.

18. Ibid., p. 288.

19. Lyle H. Rossiter, A Mente Esquerdista: As causas psicológicas da loucura política. Campinas, SP: Vide Editorial, 2016, p. 374.

20. O keynesianismo é uma escola de pensamento baseada nos escritos de um dos economistas mais influentes do século XX, John Maynard Keynes. Defende a intervenção do estado na economia como condição sine qua non para o pleno emprego e o equilíbrio econômico.

21. Vincent J. Miller, "What does Catholic Social Teaching say about the economy? It’s more complicated than you think". America: The jesuit review, 22 de março de 2019.

22. Ibid.

23. Christopher White, "Joe Biden's very Catholic Cabinet". National Catholic Reporter, 19 de janeiro de 2021.

24. John W. Robbins, Ecclesiastical Megalomania: The economic and political thought of the Roman Catholic Church. Unicoi, TN: The Trinity Foundation, 2006, edição digital, sem paginação.

25. Alasdair Macleod, "The benefits of a saving culture".  5 de janeiro de 2023.

26. Andrew Gutmann, "Dad who decried antiracism initiatives at Brearley urges parents to join fight". New York Post, 8 de maio de 2021.

27. Manfred Barthel, The Jesuits: History & legend of the Society of Jesus. Translated and adapted by Mark Howson. New York: William Morrow & Co, 1984, p. 264-266. A nota de rodapé na página 266 traz a seguinte observação: "Hermann Rauschning (falecido em 1982), um ex-amigo de Hitler que fugiu da Alemanha em 1936, relatou uma conversa em que o próprio Hitler reconheceu uma conexão muito mais direta: 'Acima de tudo, aprendi com os jesuítas. E o mesmo aconteceu com Lenin, tanto quanto me lembro. O mundo nunca conheceu algo tão esplêndido quanto a estrutura hierárquica da Igreja Católica. Havia algumas coisas que eu simplesmente me apropriava dos jesuítas para uso do Partido'".

28. Esse conceito foi muito bem ilustrado em um cenário concebido por Ida Auken, parlamentar dinamarquesa, "Veja como a vida pode mudar em minha cidade até o ano 2030", publicado no site do Fórum Econômico Mundial, mas que foi removido. O leitor poderá conferir a versão salva aqui.

29. John W. Miller, "Inside Pope Francis’ mission to make capitalism work for the common good". America: The jesuit review, 27 de janeiro de 2021.

[Atualizado em 26 de fevereiro de 2023]

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1 Comentários

  1. Verdade cada vez mais estamos ficando desprovidos de liberdade, não devemos ficar alienados frente a tudo.

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