Escalada: eventos recentes sugerem perigo econômico crescente


Brandon SmithAlt-Market.us [as ênfases e observações são minhas]

Um refrão comum das pessoas que criticam os economistas alternativos é que estamos prevendo crises há tanto tempo que "eventualmente estaremos certos". Geralmente, são pessoas que não entendem a natureza do declínio econômico – é como uma avalanche que se acumula com o tempo, depois se rompe e aumenta rapidamente à medida que desce a montanha. O que elas não entendem é que estão no meio de um colapso econômico AGORA, e simplesmente não conseguem percebê-lo, porque estão acostumadas à presença da neve e do frio.

O declínio econômico é um processo que leva muitos anos e, embora você possa ter um evento como o crash do mercado de 1929 ou o crash de 2008, esses momentos de pânico nada mais são do que os destroços deixados para trás pela grande onda de gelo que todos deveriam ter previsto com bastante antecedência, mas se recusaram.

Em 2022, o trabalho de alertar as pessoas é muito mais fácil do que costumava ser, porque já passamos do ponto médio do processo de declínio. Mas, acredite ou não, ainda hoje recebo pessoas que afirmam que nós, analistas, somos "traficantes do destino". O poder da ignorância intencional é realmente impressionante. É suficiente para deixar uma pessoa cega para a crise estagflacionária, interrupções na cadeia de suprimentos, preços inflacionados rapidamente, carnificina do mercado de ações, instabilidade do mercado de títulos, dívida recorde do consumidor e conflito internacional.

Neste ponto, penso que se uma pessoa não consegue ver os perigos à frente, provavelmente é uma perda de tempo e espaço e está destinada a ser soterrada pelo gelo; não há nada que possa ser feito por ela. Sim, existem algumas pessoas por aí que não são expostas às informações e temos que levá-las em consideração, mas minha prioridade são as pessoas que estão vigilantes e conscientes e tentar dar a elas uma noção sobre em que ponto do processo de colapso nos encontramos.

No mês passado, houve um aumento considerável de atividade nos campos econômico e geopolítico que sugere que estamos entrando em uma nova fase e, não surpreendentemente, tudo está se acumulando antes de chegarmos a outubro. Aqui estão os eventos que considero mais preocupantes:

A Crise Energética Europeia

Este é um evento que venho prevendo desde a invasão russa da Ucrânia e agora está sobre nós. Eu escrevi sobre isso extensivamente em meu recente artigo, 'Europe Is Facing Energy Disaster And It’s Going To Bleed Over Into The US', então não vou repetir todas essas informações aqui. O que quero salientar é a completa falta de planejamento dos funcionários europeus para lidar com a ameaça. É como se eles QUISESSEM um desastre de espectro completo. [Sobre isso, clique aqui]

A Rússia já cortou completamente o fornecimento de gás natural à Europa, que representa cerca de 40% de todos os recursos energéticos da UE [União Europeia]. Os preços de referência do gás natural da Europa aumentaram 28% há uma semana, além da inflação já existente. A oferta de petróleo para a Europa também está em declínio acentuado, e o governo da UE prometeu cortar o que resta das importações de petróleo russo por mar no final do ano. Infelizmente, eles ofereceram muito pouco em termos de soluções para o problema do lado da oferta.

Falou-se em aumentar as importações de recursos alternativos de outras nações, mas a UE já está comprando dos EUA cerca de 75% de todo o gás natural liquefeito. Os produtores de petróleo da OPEP indicaram que não tentarão aumentar a produção tão cedo (provavelmente porque não podem devido à inflação nos custos de operação). NÃO há recurso energético de reserva para a Europa; não existe agora. Eles tentarão comprar qualquer carvão, petróleo e gás que possam encontrar no mercado, enquanto aumentam ainda mais os preços para outros países. Eles ainda ficarão aquém, o que significa que as pessoas vão congelar neste inverno.

O melhor cenário é que geralmente há temperaturas amenas e as pessoas conseguem garantir pelo menos o aquecimento mínimo. Mas a indústria da UE vai sofrer e muitos fabricantes vão cortar a produção (o que significa mais estresse na cadeia de suprimentos global).

A Inflação no Núcleo Continua Subindo

Como adverti na semana passada em meu artigo 'It’s A Fact That Needs Repeating: The Federal Reserve Is A Suicide Bomber', a inflação continua subindo apesar dos contínuos aumentos das taxas de juros do Fed [Federal Reserve], dando ao banco central ainda mais munição para justificar taxas mais altas em um momento de extrema fraqueza econômica.

A última publicação do IPC [Índice de Preços ao Consumidor] mostrou um aumento de 8,3% e foi um choque para os mercados, que universalmente esperavam uma queda. Essa é a natureza da estagflação – mesmo com a queda da demanda, os preços continuam subindo ou permanecem altos por longos períodos. O evento de estagflação da década de 1970 durou uma década até que o Fed elevou as taxas para 21% e, então, o emprego desmoronou no início da década de 1980.

Isso não significa que as taxas subirão para 21% desta vez; não é necessário. Bastaria uma taxa de fundos federais de cerca de 4% a 5% para travar nosso atual sistema viciado em QE [Quantitative Easing, estratégia de política monetária que visa aumentar a oferta de moeda na economia]. Uma alta de 75 bps [Basis Points, unidade de medida usada pelo mercado financeiro] é agora amplamente esperada na próxima reunião do Fed deste mês, com alguns prevendo uma alta de 100 bps. Isso nos colocaria perto de uma zona de colapso para os mercados e para o emprego, embora eu acredite que ainda temos até 2023 antes que o desemprego realmente comece a aumentar.

O Encontro entre Putin e Xi

Enquanto escrevo, Vladimir Putin deve se reunir com Xi Jinping da China e a natureza do encontro não está clara. Existem os pontos óbvios em comum, como as compras contínuas da China de petróleo russo e outras commodities, bem como o plano em andamento para construir um oleoduto para a China até 2025. Há também cooperação estratégica evidenciada nos recentes exercícios navais entre os dois países ao redor do Japão e Taiwan.

O momento da reunião me preocupa, porque a ocasião ideal para uma potencial invasão chinesa de Taiwan está se aproximando rapidamente (outubro é o melhor mês para manobras navais, quando é possível evitar tufões). A China também não precisaria necessariamente se comprometer com uma invasão terrestre. Ela poderia simplesmente cortar todo o comércio de importação/exportação de qualquer fonte que não a chinesa e fazer Taiwan morrer à mingua até que aceitassem a unificação.

Há também a questão da Ucrânia e das vendas de armas. Com a quantidade de propaganda da inteligência ucraniana e da OTAN, é difícil dizer o que realmente está acontecendo, mas suspeito que a Rússia esteja mudando as estratégias e se reposicionando para disparar mísseis e efetuar bombardeios de artilharia contra a infraestrutura [ucraniana], incluindo redes elétricas e água. Essa é uma tática que a Rússia evitou por meses (até esta semana), o que é surpreendente, porque uma das primeiras medidas geralmente tomadas pelos EUA durante uma invasão é eliminar a maioria das principais infraestruturas (como fizemos no Iraque). Você pensaria que a Rússia teria feito o mesmo, mas talvez eles estivessem guardando esse cenário para o inverno, quando é mais difícil para a Ucrânia lidar com a situação.

Isso tornaria a Ucrânia essencialmente inabitável no próximo inverno para a maioria da população. Putin pode estar tentando garantir que a China continue sendo um parceiro econômico estável caso as pressões geopolíticas aumentem. Eles podem até estar fazendo um acordo de apoio mútuo: a China invade Taiwan enquanto a Rússia devasta os recursos da Ucrânia e cada um apoia o outro economicamente à medida que os países da OTAN tentam impor sanções à China. Provavelmente não saberemos até outubro, mas o momento da reunião deve ser motivo de preocupação.

Se o estrume estiver prestes a atingir o ventilador em Taiwan juntamente com a Ucrânia, os laços diplomáticos e econômicos serão cortados e o acesso ocidental à indústria chinesa será interrompido. Certamente isso é um problema para a economia da China, e pode ser por essa razão que ela prossegue com seus confinamentos em massa contra a covid bem depois que todos os outros governos os abandonaram. Isso poderia ser uma prática para controles civis em um ambiente de guerra iminente?

No entanto, o domínio global da China nas importações/exportações dá ao país uma considerável influência econômica no comércio. Muitas nações não apoiariam sanções contra ela. Além disso, suas vastas posses de dólares e títulos do Tesouro americanos poderiam ser usadas como uma arma para danificar ou destruir o status de reserva mundial do dólar. Se a China invadir Taiwan este ano, todas as apostas estão perdidas – o declínio econômico se intensificará a partir desse ponto.

Existem muitas outras tendências que influenciam o ambiente do crash, mas os fatores acima são os mais recentes e possuem o maior potencial para causar um efeito dominó globalmente. A pergunta que sempre surge é: "o que podemos fazer sobre isso?" Não muito em termos de prevenção. O que podemos fazer, porém, é nos preparar localmente para enfrentar a tempestade. Isso significa estocar gêneros de primeira necessidade antes que aumentem ainda mais de preço ou desapareçam. Torne-se um produtor e aprenda uma habilidade valiosa para sobreviver numa economia em colapso. [Ellen G. White deu um conselho semelhante há mais de cem anos!] Organize-se com pessoas localmente que estão na mesma circunstância, de maneira a criar segurança e oportunidades comerciais alternativas.

Esperançosamente, os cidadãos conscientes estarão à altura do desafio e a organização será extensa, porque o pior cenário seria grandes massas de pessoas completamente isoladas, todas competindo umas contra as outras, em vez de trabalhar para a segurança mútua. Mesmo em um cenário de colapso lento, isso é um problema em termos de aumento da criminalidade; então planeje trabalhar com outras pessoas se quiser evitar as inevitáveis condições do terceiro mundo.

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