Uma palavra ao católico romano



O tema de Apocalipse 17 - o julgamento da grande meretriz (verso 1) - tem que ver não somente com importantes fatos de natureza profética e histórica, mas também com profundas verdades espirituais relacionadas com a nossa condição presente e destino futuro.


Não é possível separar tais fatos da experiência verdadeiramente triunfante que todo o cristão pode alcançar a partir da profecia, cujo propósito é advertir-nos, animar-nos e preparar-nos a uma maior consagração e dedicação a Cristo e Sua doutrina e, portanto, a uma vida mais abundante e mais feliz.

E para que melhor pudéssemos trilhar o bem-aventurado caminho dessa santa experiência e obter tão precioso e inexaurível alento, a fim de dividi-lo com as almas famintas a perecer, decidimos, na presente série de estudos, fazer tudo o que está ao nosso alcance, em cooperação com o poder de Deus, para submeter nosso modo de pensar ao que a Escritura diz.

Se para muitos a visão de Apocalipse 17 ainda representa um completo enigma - e certamente o é em alguns aspectos - é porque nossas conjecturas a seu respeito têm encoberto, quais negras e pesadas nuvens, seu real significado.

E uma vez que as suposições humanas ocupam o lugar de direito que pertence a Cristo na elucidação dos mistérios da profecia, segue-se que a luz que Deus permitiu brilhasse sobre nós com inigualável intensidade tem pouco ou nenhum efeito sobre a alma.

Quão importante, pois, que deixemos a Palavra de Deus falar, e não a sabedoria dos homens! Que fale a Palavra! Para isso nos propusemos desde o princípio.

Primeiro, testificamos que, em função de sua unidade orgânica e indivisível, nenhum dos capítulos do Apocalipse pode ser isolado de seu contexto, isto é, uma profecia não pode ser interpretada independentemente das visões posteriores mais abrangentes que se referem ao mesmo assunto.

Em nosso caso, vimos que a primeira referência à palavra "Babilônia" no Apocalipse, na mensagem do segundo anjo (14:8), não é acompanhada de nenhuma explicação que a esclareça.

No entanto, os capítulos que seguem (16 a 19) desenvolvem mais amplamente seu significado, constituindo, com efeito, a seção do Apocalipse que trata de seu julgamento e erradicação.

Apocalipse 17 é um dos capítulos dessa seção que mais fornece informações acerca de Babilônia e sobre por que o juízo divino impende sobre ela.

Há dois personagens em destaque na profecia: A "grande meretriz", ou seja, a "mulher" que simboliza a "grande cidade", cujo nome é "Babilônia" (versos 1, 3, 18 e 5); e os "reis da terra", representados pela figura da "besta" (versos 2 e 3).

Esta distinção entre a mulher e a besta é evidente não só em Apocalipse 17, mas também ao longo do capítulo seguinte, porém ambos os personagens estão tão intimamente ligados que não é possível entender um sem pelo menos certa compreensão do outro.

Que a besta representa os governantes políticos é algo que está fora de questão.

Como se não bastasse na própria profecia a sutil correspondência entre os "reis da terra" e a "besta", nós a confirmamos em definitivo no capítulo 7 de Daniel, do qual é extraído o tema da besta na visão de João. As quatro bestas ali mencionadas são expressamente identificadas como "quatro reis" ou "reinos" (verso 17).

O que representa, contudo, a meretriz?

Para responder a esta pergunta nos afastamos de qualquer especulação e recorremos primeiramente ao enfoque contextual do Apocalipse, ou seja, consideramos o contexto do capítulo 12, cuja visão sobre a mulher pura contrasta intencionalmente com a mulher impura de Apocalipse 17.

Constatamos que tanto a linguagem como os símbolos empregados por João no capítulo 12 foram extraídos diretamente de Gênesis 3!

A figura da mulher virtuosa deriva da figura de Eva como símbolo do povo da aliança de Deus (Gênesis 3:15); aliança ratificada pelo nascimento, morte, ressurreição e ascensão do "filho varão" que nasceu da mulher, o prometido Messias de Israel, o Descendente da linhagem do povo escolhido, Jesus Cristo (Mateus 1:1; Apocalipse 5:5-6, 9-10; 12:1-2, 5)!

Em Apocalipse 12, João retoma o tema do grande conflito em Gênesis 3 desde Cristo e Sua igreja, abrangendo toda a era cristã até o remanescente do tempo do fim (verso 17).

Por isso, concluímos que a figura da mulher pura não pode se referir à virgem Maria, a mãe de nosso Senhor, mas à verdadeira igreja de Cristo durante a era cristã.

Afinal, é o "filho varão" quem foi arrebatado para o Céu e aí assumiu a nobre função de único "Mediador entre Deus e os homens" (I Timóteo 2:5), e não a mulher, que permaneceu na Terra e passou a ser o alvo seguinte dos ataques indiscriminados do dragão (Apocalipse 12:5-6, 13, 17).

Tendo em vista que a meretriz de Apocalipse 17 constitui, evidentemente, uma contraparte da mulher pura do capítulo 12, e que esta última simboliza o povo de Deus da nova aliança, a igreja de Cristo, foco de especial interesse das visões de João, nós inferimos que a prostituta representa a igreja infiel, que se prostituiu com "os reis da terra", os governantes políticos do mundo simbolizados pela besta.

Não é surpresa, portanto, que a meretriz seja capaz de perseguir os que se opõe a ela, e, de fato, é dito que está "embriagada com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus" (Apocalipse 17:6).

Assim como a ímpia Jezabel usou as prerrogativas políticas de Acabe, rei de Israel, para perseguir os profetas de Deus, assim a Igreja, unida ao estado, usará a autoridade deste último na esfera civil para perseguir aqueles que ameaçarem suas pretensões de poder.

Tal condição, a mais terrível que se possa imaginar e que foi a causa do grande espanto de João, foi confirmada ao recorrermos aos profetas do Antigo Testamento, porquanto a linguagem e os símbolos empregados para descrever a prostituta de Apocalipse 17 são diretamente extraídos do fracasso de Israel como esposa fiel de Deus.

Verificamos, então, que os profetas do Antigo Testamento comparavam Israel a uma mulher virtuosa, à luz da aliança que Deus fizera com o povo, e a uma adúltera ou prostituta quando essa aliança era quebrada em razão da apostasia.

Refletimos sobre as implicações dessa infidelidade ao pacto recordando a sentença de Deus proferida no Éden (Gênesis 3:15); que a inimizade entre a serpente e sua descendência e a mulher e o seu Descendente é irrevogável, que não pode haver nenhum acordo entre o reino de Cristo e o reino de Satanás.

Observamos, ainda, que semelhante inimizade, tão profunda quanto o oceano, constitui a primeira e mais essencial linha divisória entre a verdade e o erro, entre os que servem a Cristo e os que não O servem, e que o chamado a essa distinção divinamente estabelecida pelo bem da igreja e da humanidade é, de longe, a mais insistente exortação de Deus em toda a Escritura.

Cristo e o mundo não formam sociedade, e, portanto, não pode haver da parte da igreja nenhum arranjo, nenhuma aliança ou simpatia nesse sentido (Mateus 6:24; João 17:14-16; II Coríntios 6:14-18; Tiago 4:4; I João 2:15-17).

Ora, se uma igreja transgride este mandato do Céu, se ela consente em aliar-se aos poderes e adaptar-se aos valores e costumes contra os quais deveria resistir e lutar, iluminando as mentes e corações com a gloriosa luz do evangelho, então ela não pode mais ser considerada a igreja de Cristo.

Nessas circunstâncias, que espécie de espiritualidade terá os membros de uma igreja que excluiu de seus dogmas, crenças e ritos o único padrão moral e religioso pelo qual poderá guiá-los com segurança no caminho da verdade - a Palavra de Deus?

E que fim terá uma igreja que, tendo negligenciado a Palavra de Deus e adotado conveniências e expedientes para se parecer com o mundo sob o falso pretexto de não causar embaraços aos incrédulos, abriu as portas para toda forma imaginável de erro?

Eis por que os profetas do Antigo Testamento descreveram a infiel esposa da aliança do Senhor como uma meretriz, acusada da mais vil e degradante depravação sexual, isto é, da infame relação com as nações estrangeiras e com seu culto idólatra, e que resultou em opressão, injustiça e assassinato dos próprios filhos.

E não é a meretriz do tempo do fim acusada da mesma infidelidade e idolatria e dos mesmos crimes repugnantes (Apocalipse 17:1-2, 4, 6)? Não seria esta igreja tão infiel a Cristo, apóstata em seu culto de adoração e sedenta de sangue como foi Judá e Jerusalém?

Temos, pois, justificada a exortação de Paulo ao escrever aos cristãos de Corinto, de que "estas coisas lhe sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado" (I Coríntios 10:6-12).

Se a "formosa e delicada, a filha de Sião" (Jeremias 6:2) traiu seu "marido", o Senhor Deus, prostituindo-se "com muitos amantes" (Jeremias 3:1), o mesmo poderia suceder à "virgem pura", prometida "a um só esposo, que é Cristo" (II Coríntios 11:2), caso se esquecesse da advertência.

Mas quão frequentemente nos esquecemos do passado!

Por causa disso, muitas das advertências que encontramos nas Escrituras sobre a necessária distinção que deve existir entre a igreja de Deus e o mundo são também previsões sombrias.

Paulo, escrevendo aos cristãos de Tessalônica, advertiu-os de que o bem-aventurado aparecimento de nosso Senhor em poder e glória seria precedido de uma apostasia da igreja institucional.

E essa apostasia realizaria uma obra tão nefasta na igreja que traria à luz o "homem da iniquidade, o filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama de Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus" (II Tessalonicenses 2:3-4).

O aparecimento do "homem da iniquidade", ou "homem da ilegalidade", era então um evento ainda futuro, mas o "mistério da iniquidade" já estava em operação nos dias do apóstolo (II Tessalonicenses 2:7), o que demonstra o longo processo pelo qual uma igreja deixa de ser santa para se tornar mundana.

E o clímax da apostasia revelaria um homem, ou uma sucessão de homens cuja ambição era, até então, uma característica peculiar aos antigos governantes pagãos, os quais pretendiam reter em um único cetro as prerrogativas civis e religiosas.

Mais do que isso, este personagem assentar-se-ia "no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus", ou seja, tornar-se-ia a cabeça da igreja no lugar de Cristo!

Ora, somente nosso Salvador possui o direito legítimo de governar Sua igreja (Colossenses 1:18), e somente Ele, em união com o Pai, tem a prerrogativa de assentar-se no santuário como o supremo Juiz de Seu povo (Daniel 7:9-10, 13-14; João 5:22, 27)!

Se um homem, ou uma sucessão de homens se arroga tal direito, tal prerrogativa, que é exclusivamente divina, significa que sua palavra é a última, e sua decisão, final.

Significa que ninguém entre os mais altos dignitários da Terra e tampouco entre a grande massa do povo é mais elevado do que ele; que sua pessoa encarna a própria pessoa de Cristo, e nenhum outro trono é tão sublime e exaltado como o dele.

De fato, desde a torre de Babel, a humanidade não tem testemunhado um edifício mais ousado e portentoso erguido em torno de sua figura; um edifício que se tem elevado "até atingir o exército dos céus", que "engrandeceu-se até ao príncipe do exército", dEle usurpando Sua prerrogativa sacerdotal e deitando por terra "o lugar do seu santuário" (Daniel 8:10-12).

Que outro poder cumpre a profecia na história da igreja cristã senão o papado - uma sucessão de homens que declaram de si mesmos: "Ocupamos na Terra o lugar do Deus Todo-Poderoso"? (1)

Que outro personagem diz que "é de fato 'outro Cristo', pois, de alguma forma, ele próprio é uma continuação de Cristo", a não ser o sacerdote romano? (2)

Que outra Igreja além de Roma afirma que "a dignidade do sacerdote é a mais nobre de todas as dignidades deste mundo", superior à dignidade dos próprios anjos, os quais "não podem absolver um único pecado", mas somente o sacerdote, que detém "o poder das chaves"? (3)

E, finalmente, que instituição religiosa reivindica o poder de transformar, "não uma, mas mil vezes!", uma hóstia no corpo, sangue, alma e divindade substancialmente reais de Jesus Cristo, O qual se ofereceu uma única vez para sempre (Hebreus 9:24-28), senão a Igreja Católica? (4)

Não há dúvida de que o sistema papal é o resultado da apostasia cristã a que se referiu Paulo, apoiado nas palavras do Salvador acerca do "abominável da desolação situado onde não deve estar" (Mateus 24:15; Marcos 13:14), o qual substituiu a adoração verdadeira no templo de Deus pelo seu culto idólatra e mudou os tempos e a lei divina (Daniel 7:25).

E é precisamente o que João viu na visão de Apocalipse 17; o produto final dessa apostasia e sua atuação no tempo do fim.

A visão descreve a união da Igreja e do estado durante a era cristã, uma combinação perigosa do poder eclesiástico da Igreja institucional (a mulher) e do poder político do estado (a besta).

Trata-se, porém, de uma união entre Igreja e estado sob o controle da Igreja, a qual se torna, ela mesma, um estado em meio aos estados do mundo.

Não subverteu a um só tempo a Igreja papal os direitos de César e os direitos de Deus, exaltando-se sobre ambos? E os resultados dessa subversão não são amplamente testificados pela profecia e pela história?

Agora, qual rebanho é o mais apropriado para satisfazer os vis caprichos desse sistema? Qual membro esta Igreja, que se declara mãe e infalível e fora da qual não há salvação (5), considera ideal?

Qualquer pessoa que desejar ser membro dessa Igreja deverá necessariamente silenciar a voz da consciência e suspender o juízo crítico. Não poderá usar a própria inteligência, nem obedecer ao seu julgamento particular, nem indagar sobre questões acerca das quais a Igreja pronunciou seu veredito.

Deverá, sim, submeter o raciocínio aos ensinos da Igreja, pois que suas tradições obrigam em consciência o católico tanto quanto os mandamentos de Deus dados no Sinai!

A inteligência e a consciência não conhecem outro senhor senão Deus, mas esse princípio não se aplica ao católico romano. Usar a própria inteligência e obedecer ao seu juízo crítico é considerado por Roma o mais execrável dos crimes. (6)

O católico exemplar, aos olhos da Igreja papal, é aquele que silencia a voz da razão, que se resigna tão somente à condição de obedecer à voz dela, quando lhe fala pela boca de seus papas e teólogos.

Sim, porque a necessidade e a santidade das crenças e práticas que Roma afirma serem cristãs só podem ser mantidas por seu próprio veredito, e não pelo claro e direto "Assim diz o Senhor".

Ora, o testemunho das Escrituras é de uma evidência tal que nunca, jamais poderá ser obscurecido por qualquer tradição ou sofisma, por mais respeitável que pareça.

Essa é a razão por que o único dever do católico romano é obedecer à Igreja, e não à Palavra. É sua obrigação sujeitar-se a esta "Santa Mãe", qual filho grato e obediente. Deve dar o pescoço ao jugo, para ser um bom católico.

E sua obediência deve ser de tal ordem que, para usar as palavras de Inácio de Loyola, fundador da ordem dos Jesuítas, conforme citadas pelo padre Chiniquy, "quem vive sob obediência será levado e dirigido, debaixo da Divina Providência, pelo seu superior, justamente como se fosse um cadáver ("perinde ac si cadaver esset") deixando-se levar e conduzir em qualquer direção". (7)

Eis como um bom católico deve agir, qual cadáver que não tem consciência, nem inteligência, nem vontade própria; cadáver que permite ser levado e conduzido sem qualquer resistência para qualquer lado, segundo a vontade de seus superiores.

Portanto, esta é uma das muitas lições que a profecia de Apocalipse 17 nos transmite: que o católico sincero, que deseja continuar fiel à sua Igreja, travará inevitavelmente uma batalha contra sua consciência a fim de silenciá-la, ou a ouvirá, caso se aplique à diligente investigação das Escrituras para provar a consistência e validade de suas crenças.

Deverá silenciá-la, ou acudir à voz do Espírito Santo, que diz: "Este é o caminho, andai por ele" (Isaías 30:21)!

Sei que minha franqueza pode causar desconforto, mas não é esse o meu objetivo.

Sei também, por experiência própria, o que o sistema papal representa no mundo real e quão terrível é o seu impacto sobre o espírito humano.

Pertenço a uma minoria protestante que vive numa região majoritariamente católica, onde muitos dos devotos praticam zelosamente os ritos de sua religião, tal como ensinados pelos papas e padres, e, no entanto, devo dizê-lo, não demonstram qualquer vestígio do espírito de Cristo.

Somos diariamente discriminados, boicotados, provocados, desprezados, humilhados e agredidos com o mesmo zelo pelo qual veneram suas imagens e acendem suas velas.

E por que professos seguidores de Cristo, que pretendem ser tão diligentes em Sua causa, agem de modo tão reprovável?

Porque todas as missas, rosários, indulgências, quaresmas, peregrinações, santinhos, escapulários, água-benta, sinais da cruz, orações à virgem, orações em língua estranha, confissões auriculares e absolvições não têm aquele poder perfeito e divino que pode tornar o coração puro!

Nenhuma dessas coisas, nem todas elas em conjunto, repetidas à exaltação, pode proporcionar ao crente a experiência de uma vida transformada pela simplicidade do evangelho de Cristo, o qual, aliás, não prescreve tais práticas.

"O que vem a mim", diz Jesus, "de modo nenhum o lançarei fora" (João 6:37)! Nosso amado Redentor não diz: "O que vem ao papa ou aos padres, à virgem ou aos santos", mas "o que vem a mim"!

E se atendermos ao Seu amoroso convite, Ele promete mudar nosso coração:

Então, aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis. (Ezequiel 36:25-27)

Deve, então, o católico tornar-se protestante?

Não creio que é desejo de Deus que vos despojeis de um jugo apenas para vos impor outro. O moderno protestantismo, de um modo geral, está longe de representar os verdadeiros interesses de nosso Senhor Jesus para Sua igreja.

Ademais, como reconheceu o padre Chiniquy, em fins do século XIX: "Quem na realidade está hoje protestando contra Roma? Onde estão os que fazem soar as trombetas do alarme?". O que ele diria, se nos visse hoje!

Deve, todavia, o católico sincero buscar em Cristo a humildade e a coragem para testar a consistência e validade de sua religião. Deve perguntar:

"É minha Igreja um guia seguro em matéria de fé e doutrina? Ela confessa e vive ela cada aspecto da verdade de Cristo tal como revelada em Sua Palavra?".

Então deve se perguntar:

"Desejo realmente conhecer a verdade? Estou disposto a obedecê-la, segundo revelada na Palavra de Deus?".

Assim como o muçulmano sincero, que deseja e trabalha por uma religião de paz, necessita, para isso, negar Maomé e o Alcorão, visto que aí se apresenta uma religião de conquista, e não uma religião de paz, o católico necessita negar o Papa e as tradições da Igreja, se quiser ser um verdadeiro cristão e uma luz no mundo.

Por meio das três mensagens angélicas (Apocalipse 14:6-12), Deus apela a Seu povo para que saia da Babilônia mística e venha a Cristo e Sua igreja: "os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus"!

Que o meu querido e amado leitor ouça essas solenes palavras, e no Espírito de Cristo, nosso Senhor e Mestre, decida tomar partido da "fé que uma vez por todas foi entregue aos santos" (Judas 3).

Notas e referências


1. Leo XIII, Praeclara Gratulationis Publicae, encíclica de 20 de junho de 1894. Em The Great Encyclical Letters of Pope Leo XIII. New York: Benziger Brothers, 1903, p. 304.

2. Pius XI. Ad Catholici Sacerdotii (on the Catholic Priesthood), encíclica promulgada em 20 de dezembro de 1935.

3. Saint Alfonso Maria de Liguori, Eugene Grimm (Ed.). Dignity and Duties of the Priest; or Selva. A Collection of Materials for ecclesiastical Retreats. Rule of Life and Spiritual Rules. New York: Benziger Brothers, 1889, p. 29-31.

4. Ver: Liguori, op. cit., p. 26-27 e 31-33; Concílio Ecumênico de Trento, Contra as inovações doutrinárias dos protestantes. Sessão XIII, Cap. 1, #874, Cap. 3, #876, e Cap. 4, #877; John A. O'Brien, The Faith of Millions. Huntington, IN: Our Sunday Visitor, 1938, p. 270 e 271.

5. "A certeza de que a Igreja pode carregar o peso dos pecados de seus filhos por força da solidariedade existente entre eles no tempo e no espaço, graças à sua incorporação em Cristo e à obra do Espírito Santo, é expressa de modo particularmente eficaz pelo conceito de 'Igreja Mãe' ('Mater Ecclesia')...". - Memory and Reconciliation: the Church and the Faults of the Past, International Theological Commission, dezembro de 1999; "Pode a Igreja errar, quando nos manda crer alguma coisa? Não, a Igreja não pode errar quando nos manda crer alguma coisa, porque é assistida e guiada pelo Espírito Santo, e por isso é infalível. O Papa também é infalível? Sim, o Papa é infalível." - Doutrina Cristã. São Paulo: Edições Paulinas, 1953, p. 13; "Neste aprisco de Jesus Cristo, nenhum homem pode entrar a menos que seja conduzido pelo Sumo Pontífice, e somente unindo-se a ele podem os homens ser salvos, pois o Pontífice Romano é o Vigário de Cristo e seu representante pessoal na terra." - Homilia Ioannis PP. XXIII in Die Coronationi Habita, Die IV Novembris mensis, a. 1958. Fonte da citação em inglês: Papal Teachings: The Church. Selected and arranged by the Benedictine Monks of Solesmes. Boston: St. Paul Editions, 1980, § 1556, p. 791.

6. "A Igreja católica repudiou sempre, desde o seu primeiro dia até hoje, como pecado dos pecados, a liberdade do espírito, entendida como liberdade de todas as opiniões; e nas épocas da sua onipotência sobre os homens, ela pune a doutrina destruidora destruindo aquele que a ensina". - Joseph Bernhart. O Vaticano: Potência Mundial. História e Figura do Papado. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti Editores, 1942, p. 136.

7. Charles Chiniquy. Cinquenta Anos na Igreja Católica Apostólica Romana. São Paulo: Livraria Independente Editora, 1947, p. 106.

[Revisado em 31 de outubro de 2020]


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