O fim de uma geração


Nos anos 60, um membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia podia ser disciplinado simplesmente por ter em casa um aparelho de TV. Isso lhe parece extremo?

Para pastores, professores e obreiros daquela geração, os pais não precisavam levar os filhos ao centro do espiritismo. Bastava que trouxessem para dentro dos seus lares a "deusa televisão", pela qual os filhos receberiam a cada dia "toda carga do espiritismo moderno". "Que maravilha quando vejo os aparelhos de TV dentro dos lares dos adventistas do 7º dia", diria o diabo.

Que exagero! Desde quando isso é verdade? Estes líderes certamente não sabiam nada. Nossos jovens bem informados do século 21 não hesitariam em caricaturá-los e transformá-los em memes depreciativos!

Mas espere um pouco. Talvez devamos ouvir sobre isso diretamente da boca do dragão, não é mesmo? Só para não sermos precipitados e injustos.

Em The Devil's Notebook, Anton LaVey, o fundador da Igreja de Satanás, escreveu:

O nascimento da TV foi um evento mágico que pressagiou seu significado satânico. A primeira transmissão comercial foi exibida em Walpurgisnacht, em 30 de abril de 1939, na New York World's Fair. Desde então, a infiltração da TV tem sido tão gradual, tão completa que ninguém percebeu. As pessoas não precisam mais ir à igreja; elas recebem suas peças de moralidade através da televisão.

Aqueles líderes aparentemente conservadores demais não estavam tão errados, afinal. Pelo menos, eles sabiam que havia uma estreita relação entre TV/Cinema e Espiritismo/Satanismo e, por isso, procuraram proteger a igreja de sua influência.

Há algo de podre no reino da fantasia

LaVey se sentia bastante à vontade em Hollywood. Segundo Blanche Barton em The Secret Life of a Satanist, no início dos anos 70 LaVey ampliou suas relações com a indústria cinematográfica, passando a incluir em seu círculo de amizades um número maior de atrizes, atores, roteiristas, diretores e produtores.

"As estrelas de cinema achavam fácil se alinhar com LaVey e sua filosofia", escreveu Barton. "LaVey encontrou [em Hollywood] uma atmosfera muito receptiva e de admiração desavergonhada".

Desde então, a indústria do cinema tem aprofundado essa relação. Não é preciso escrever sobre isso. Basta ver os figurinos das celebridades no Met Gala 2021 para perceber que há algo de podre no reino do entretenimento (Crédito: The Vigilant Citizen).









Existem apenas duas influências que se exercem continuamente sobre crentes e descrentes. Uma influência atua a favor da purificação da alma, e a outra a favor de sua corrupção. Qual dessas influências as imagens acima transmitem? Você acha que as celebridades estavam só se divertindo, ou procurando destruir o conceito de certo e errado?

Essas pessoas não são crianças brincando com giz de cera. Elas conhecem o poder de sua arte e o quanto ela serve à causa pela qual venderam suas almas. Sua atuação nas telas ou nos palcos visa tornar o comportamento depravado e doentio socialmente aceitável.

Ellen G. White escreveu em Mensagens aos Jovens, p. 380,2:

Entre os mais perigosos lugares de diversões está o teatro. Em vez de ser uma escola de moralidade e virtude, como muitas vezes se pretende, é um verdadeiro foco de imoralidade. Hábitos viciosos e tendências pecaminosas são fortalecidos e confirmados por esses entretenimentos. Canções baixas, gestos, expressões e atitudes indecentes pervertem a imaginação e rebaixam a moralidade. Todo jovem que costuma assistir a essas exibições se corromperá em seus princípios. Não há influência mais poderosa em nosso país para envenenar a imaginação, destruir as impressões religiosas e tirar o gosto por divertimentos tranquilos e realidades sensatas da vida do que as diversões teatrais.

Se você ainda pensa que podemos controlar a telinha, selecionando melhor o que assistimos, pense de novo. Nunca estivemos no controle. Perdemos o controle sobre nós mesmos e sobre nossos filhos assim que a adotamos no seio familiar.

E mesmo que sejamos criteriosos, em algum momento seremos expostos a cenas ou imagens impróprias, que ficarão na mente, armazenadas no subconsciente, impactando nossa alma e afetando nosso relacionamento com Deus.

Não há nada ruim que não possa piorar

E agora chegamos ao mais recente estágio de nosso drama.

Não, não mencionarei a série pelo nome nem escreverei a seu respeito. Recuso-me a fazer propaganda para uma produção em que brincadeiras lúdicas, que contribuem para o desenvolvimento da criança, são associadas ao sadismo e violência chocantes.

O criador da série disse estar perplexo que crianças estejam assistindo. Sério? Porque, embora apresente níveis extremos de violência, a produção (e o marketing em torno dela) parece ter sido intencionalmente concebida para atrair crianças. Uma isca perfeita para desumanizar também os pequenos.

Realmente, há algo de podre no reino da fantasia.

E, por favor, não me venha com argumentos de que a série tem o mérito louvável de explorar a natureza humana, expor as desigualdades econômicas ou coisas do tipo. O meio é a mensagem. E nesta produção, o meio é o sadismo, a desumanização e a violência extrema.

Como alguém escreveu a propósito de outro filme, mas que se aplica perfeitamente aqui, a reação natural a esse tipo de coisa seria repugnância, um profundo sentimento de empatia pelos seres humanos torturados, maltratados e assassinados e um boicote à cultura maligna da "moda" da morte.

No entanto, diante da tela nos tornamos insensíveis à violência e depravação e perdemos a empatia pelo outro, como os personagens. Tudo se torna aceitável e normal. A mente assim exposta é reduzida ao estado de espírito do "vale tudo". A tolerância ao mal é fortalecida. No fim, o verdadeiro perdedor é o telespectador.

Os velhos vigias sobre os muros de Sião estavam certos o tempo todo. Somos o resultado inevitável de nossa tragédia.

Não ouça o que eu digo; faça o que eu faço

Diante de tudo isso, era de se esperar que nossos líderes assumissem uma postura defensiva, semelhante a dos pioneiros. Mas não. Eles tiveram uma ideia genial: Por que não trazer o cinema para dentro da igreja e usar todo o seu potencial na pregação do evangelho? Por que não? Se não pode vencê-los, junte-se a eles.

Não demorou muito para que os conservadores fossem responsabilizados pela alta evasão dos membros recém-batizados. Como o entretenimento, que apela à imaginação e excita as emoções, pode despertar a atração e o interesse pelas profundas verdades espirituais da Bíblia, que apelam para a razão desapaixonada?

Há uma contradição muito grande entre o que pregamos e o que vivemos.

Alguns líderes parecem confundir sua posição com competência. São incompetentes muito competentes. É quase como se sua compreensão do assunto existisse apenas na esfera de sua própria dissonância cognitiva, completamente alheia às consequências no mundo real.

Parecem não entender os problemas com algumas de suas escolhas. Ignoram o dano causado pela aplicação indiscriminada de suas estratégias e métodos. Mesmo que produzam resultados imediatos, não são duradouros e, no processo, a igreja de Deus é descaracterizada. Podemos ignorar a verdade sobre nossas estratégias, mas não podemos ignorar suas consequências.

Numa tentativa de racionalizar sua escolha, a liderança disponibilizou no site da Igreja um texto que tem sido uma das fontes para a compreensão do assunto. Foi escrito por um de nossos mais renomados teólogos, mas não faz justiça à sua reputação. Confunde drama real com drama teatral. É tão amadorístico que pode ser refutado com um dicionário.

Prefiro crer que, nesse caso, não se trata de incompetência. Quem está numa posição oficial defende uma identidade pública. Não pode dizer as coisas como ele as vê, mas como a liderança ou o departamento acima dele quer.

Se o evangelho foi planejado por Deus para santificar nosso caráter e elevar nossa condição, é incompreensível que insistamos em promovê-lo usando como recurso a cultura pop, cuja influência opera exatamente no sentido oposto. Este deve ser o ás na manga do diabo para tornar a igreja espiritualmente impotente, pois decerto não há nenhum outro meio mais eficiente de enfraquecer e neutralizar o puro efeito do evangelho de Cristo nas mentes e nos corações do que transmiti-lo na forma de entretenimento.

Conclusão

"Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida." Provérbios 4:23.

Há uma batalha dramática pelo controle da mente acontecendo todos os dias, a cada momento. É uma batalha real pela alma de homens, mulheres e crianças.

Nesse contexto, entretenimento televisivo é mais que diversão. É um ritual moderno dinâmico e misterioso que não controlamos; uma magia hipnótica enviada pelos monitores de quem está assistindo, cuja influência ocorre à margem da atenção consciente.

O cinema e a TV são os meios mais poderosos para envenenar a imaginação, destruir as impressões religiosas e suprimir o gosto pelo que é nobre, puro e santo. O único caminho seguro é abster-nos completamente de tudo o que é duvidoso.

Siga a Jesus, não as multidões. Há nelas um grande vazio, onde Jesus deveria estar. Elas procuram preenchê-lo com prazeres deste mundo, mas continuam infelizes e perdidas. Não seja uma delas.

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6 Comentários

  1. Que Deus abencoe o irmao pelo trabalho maravilhoso esclarecedor.

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    1. Obrigado, meu irmão, por suas palavras! Que Deus o abençoe igualmente!

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  2. Que mensagem incrível e repleta de significado. Que o povo de Deus se posicione e proceda às devidas alterações no seu estilo de vida. 🙏😊

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    1. Amém! Que honra recebê-la aqui, Marta! Obrigado por seu precioso comentário! Que Deus a abençoe ricamente! Um abraço fraterno!

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  3. Perfeito! Se já não era seguro antes, está cada vez mais perigoso. Perfeita reflexão sobre o tema! Que Deus o continue abençoando muito! Grande abraço, meu amigo!

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    1. Amém! Obrigado por seu comentário, meu amigo! Que Deus o abençoe também! Um forte abraço!

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