Os filhos de Israel haviam sido grandemente favorecidos por Deus como depositários, conservadores e testemunhas da verdade, num concerto solene firmado pelo Senhor com o povo no monte Sinai.
Ali, em meio à extraordinária manifestação do poder divino, ocorrera o casamento entre Jeová e Israel; não um contrato meramente formal, nem tampouco baseado em alguma virtude que o povo possuísse, "pois éreis o menor de todos os povos, mas porque o SENHOR vos amava" (Deuteronômio 7:7-8)!
Este concerto firmado em amor, e que Deus esperava que fosse recíproco, deveria perdurar enquanto Israel cumprisse fielmente as condições estipuladas por Deus em Sua aliança:
Como no casamento, o pacto de Deus com Israel partia do princípio de uma relação baseada em íntima comunhão, fidelidade e comprometimento.
Se não se esquecessem de sua salvação e diligentemente ouvissem a voz do Senhor e guardassem Sua aliança, a nação se distinguiria das demais em virtude da santidade de seu chamado e do caráter exaltado de sua missão, para fazer "conhecido o meu santo nome no meio do meu povo de Israel..., e as nações saberão que eu sou o SENHOR" (Ezequiel 39:7).
Note que a aliança era de Deus com Israel e entre Deus e Israel; Jeová tomara a iniciativa, não o povo, e, como no matrimônio, o concerto divino incluía somente as duas partes, não uma terceira ou quarta.
O documento mais fundamental desta aliança foi gravado em duas tábuas de pedra, também chamadas "tábuas do Testemunho", "escritas pelo dedo de Deus" (Êxodo 31:18; Deuteronômio 9:10), isto é, os Dez Mandamentos.
E o concerto foi ratificado com sangue (Hebreus 9:18-20) - "o sangue da aliança que o SENHOR fez convosco a respeito de todas estas palavras" (Êxodo 24:8) - e, portanto, não deveria sofrer acréscimos nem alterações de qualquer espécie.
Tudo remetia ao pacto de Deus com Seu povo. Há menções ao "livro da aliança" (Êxodo 24:7), ao "sangue da aliança" (verso 8), às "palavras da aliança" (Êxodo 34:28), às "tábuas da aliança" (Deuteronômio 9:11), e à "arca da Aliança" (Números 10:33)!
Ainda assim, para que não houvesse nenhuma dúvida quanto à natureza do concerto divino, Deus expressamente instruíra o povo por intermédio de Moisés (note as palavras):
O pacto de Deus com Israel estabelecia o supremo princípio de que há somente um Deus verdadeiro, em flagrante contraste com as nações circunvizinhas, as quais eram politeístas e idólatras.
Israel e os pagãos deviam distinguir-se também no que tange às suas relações com a divindade; a adoração verdadeira devia basear-se não no temor servil, mas no amor desinteressado e abnegado, o princípio mais essencial da lei de Deus!
Ambos os princípios - a fé em um único Deus verdadeiro e a relação de fidelidade a Deus e à Sua lei motivada por amor - constituem a mesma verdade fundamental sobre a qual se apoia o cristianismo (I Coríntios 8:4-6; Efésios 4:4-6; Marcos 12:28-30; João 14:15; 15:10)!
E, como se esperava dos israelitas no passado, cada cristão hoje deve amar a Deus "de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força", guardar Sua Palavra no coração, e transmiti-la continuamente a seus filhos por preceito e exemplo.
A fim de que não se esquecessem de sua vocação como povo peculiar e santo e não se desviassem do caminho do Senhor, Deus advertira Israel (observe a ênfase e as expressões usadas):
Deus havia sido claro o bastante para que Israel não errasse no caminho a percorrer.
O Senhor até mesmo preveniu-os, da maneira mais expressiva, sobre os resultados nefastos de desviar-se dEle, unir-se às nações estrangeiras, participar de sua idolatria e casar-se com suas mulheres.
Uma vez que Deus considerava Israel como Sua esposa (Isaías 54:1, 5-6; Ezequiel 16:8-14; Oseias 2:19-20), fazer aliança com as nações pagãs e assimilar sua religião e cultura degradantes significava, do ponto de vista divino, cometer adultério ou prostituição, algo expressamente proibido por Deus.
O Criador havia tomado amplas providências para que os israelitas permanecessem fiéis à aliança e livres das más influências que os rodeavam.
Não faltaram da parte de Deus instruções, admoestações, repreensões e correções, nem promessas e estímulos ao obediente e fiel. "Que mais se podia fazer ainda à minha vinha, que eu lhe não tenha feito?" (Isaías 5:4).
O que veio depois é história.
A grande pergunta é: Isso poderia acontecer com o novo Israel de Deus, a igreja cristã?
A julgar pela advertência de Paulo em I Coríntios 10:6-12, a resposta parece óbvia. Suas palavras expõem a possibilidade de uma apostasia da igreja semelhante à de Israel, caso os cristãos negligenciem as razões do fracasso deles.
E é digno da nossa atenção que, em outra exortação, o apóstolo empregue a mesma metáfora dos profetas ao descrever a pureza que se espera da igreja de Cristo:
Ora, tal como sucedeu à "formosa e delicada, a filha de Sião" (Jeremias 6:2), a "virgem pura" prometida "a um só esposo", cujo compromisso matrimonial não tem menos valor que o casamento, poderia eventualmente sentir-se atraída por outro que não o seu Pretendente.
E, na verdade, Paulo expressou essa preocupação, ao acrescentar:
Qual de nós não está sujeito à infidelidade a Cristo mediante o poder corruptor de Satanás? Não é o seu maior desejo romper a união entre o Senhor e Sua noiva, fazendo com que ela se comporte como mulher adúltera e, assim, blasfeme do "bom nome que sobre vós foi invocado" (Tiago 2:7)?
E da mesma forma que a mensagem do Senhor Jesus à Sua igreja não alcança os membros sem antes chegar ao anjo responsável por ela (Apocalipse 2:1, 8, etc.), os encantos da velha serpente não enlaçam o rebanho sem primeiro seduzir os seus pastores.
Não foram os anciãos de Israel que pediram a Samuel: "constitui-nos, pois, agora um rei sobre nós, para que nos governe, como o têm todas as nações" (I Samuel 8:5)?
E não foi por transgredir a lei de Deus, profanar as coisas santas, confundir o santo com o profano, e desprezar o sábado do Senhor que os sacerdotes de Israel fizeram o povo perecer por falta do conhecimento de Deus (Ezequiel 22:26, conforme 44:23; Oseias 4:6. Ver também Jeremias 23:2; Ezequiel 34:2)?
Quão grande é, com efeito, a responsabilidade que repousa sobre aqueles que Deus designou para apascentar Sua igreja!
Assim, o apóstolo Paulo, dirigindo-se aos anciãos da igreja de Éfeso, advertiu:
Quanta vigilância não se requer do povo de Deus em face das santas palavras do apóstolo!
A paz e a pureza da igreja sob as bênçãos de Deus só podem ser mantidas pelo constante labor e vigilância de seus ministros até à angústia da alma!
Devem zelar por si e pelas ovelhas que o Senhor lhes confiou, para que não se desviem da senda da verdade, e outro não ocupe o lugar de honra que pertence somente a Cristo.
A ameaça ao rebanho de Deus não é um assunto de pequena monta. Os inimigos da igreja não são apenas externos, mas, sobretudo, internos, aparentando serem ovelhas, quando na verdade "são lobos roubadores" (Mateus 7:15). São os instrumentos mais eficazes de Satanás para subverter a igreja de Cristo.
O temor de Paulo concernente à pureza da igreja era também uma previsão sombria. A despeito das advertências, os "lobos vorazes" efetivamente penetrariam o rebanho de Deus e não o poupariam.
Instruindo os cristãos tessalonicenses acerca de ideias errôneas sobre a segunda vinda de Jesus, Paulo advertiu:
As palavras inspiradas do apóstolo revelam que, antes do bem-aventurado aparecimento de nosso Salvador, a igreja institucional apostataria da fé, tal como acontecera com o antigo Israel.
Note que Paulo não diz "uma apostasia", mas "a apostasia", referindo-se, portanto, a um fenômeno definido, sobre o qual já havia tratado pessoalmente com os cristãos de Tessalônica (verso 5).
A palavra "apostasia", como empregada pelas Escrituras, diz respeito à revolta ou rebelião contra Deus, o abandono do Senhor e de Sua verdade por infidelidade (Josué 22:22; II Crônicas 29:19; 33:19; Jeremias 2:19).
O fenômeno a que se refere Paulo não é local nem esporádico. Trata-se de uma rebelião generalizada e sustentada contra Deus e Seus mandamentos que já se fazia sentir entre os primeiros cristãos em sua forma embrionária.
A apostasia se desenvolveria até alcançar proporções mundiais, marcada pelo surgimento do "homem da iniquidade", o clímax da apostasia ou "iniquidade" (no grego, anomia), isto é, ilegalidade ou desprezo absoluto pela lei de Deus.
Alguns anos depois, em seu diálogo com os anciãos da igreja de Éfeso, Paulo faria a solene advertência de que a apostasia começaria dentro da igreja, a partir da própria liderança, e que o rebanho não seria poupado (Atos 20:29-31).
Viria o tempo em que "alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios" (I Timóteo 4:1), "que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas" (II Timóteo 4:3-4).
Pedro, retomando as exortações dos profetas de Israel (Deuteronômio 13:1-4; Jeremias 6:13-15; 14:14; 23:14; Ezequiel 22:28) e do Senhor Jesus (Mateus 7:15-23; 24:24), também advertiu sobre o surgimento de falsos profetas e mestres na igreja, "os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou" (II Pedro 2:1. Ver também Judas 4).
João se referiu à vinda do anticristo e aos muitos anticristos que então "saíram de nosso meio" (I João 2:18-19).
O próprio Senhor Jesus instruiu Seus discípulos quanto aos falsos profetas, os quais enganariam a muitos por sua aparência de piedade, e advertiu-os enfaticamente: "Vede que ninguém vos engane" (Mateus 7:15-23; 24:4-5, 11, 24).
E, por intermédio de Seu servo João, Jesus Cristo desenvolveu magistralmente o tema da apostasia ao contrastar a mulher virtuosa de Apocalipse 12 com a grande meretriz do capítulo 17, "com quem se prostituíram os reis da terra; e, com o vinho de sua devassidão, foi que embebedaram os que habitam na terra" (verso 2).
Não é a infidelidade da igreja ao Deus da aliança e a sua união ilegal com o mundo que converte a noiva de Cristo em uma mulher adúltera e depravada, assim como ocorreu com Israel no passado?
Não é um fato que as mesmas tentações que levaram a igreja institucional à apostasia continuarão até à volta de nosso bendito Redentor?
E não são, portanto, estas muitas advertências um solene aviso para nós hoje, "sobre quem os fins dos séculos têm chegado"?
Em vista de tudo isso, precisamos aprofundar nossa compreensão da exortação pastoral de Paulo sobre a apostasia religiosa antecipada em II Tessalonicenses 2:3-4, pois esse entendimento é essencial para se estabelecer uma conexão segura entre a apostasia cristã e a meretriz de Apocalipse 17.
Ao fazê-lo, retenhamos na mente as palavras inspiradas do apóstolo em I Coríntios 10:12:
Este concerto firmado em amor, e que Deus esperava que fosse recíproco, deveria perdurar enquanto Israel cumprisse fielmente as condições estipuladas por Deus em Sua aliança:
Tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre as asas de águia e vos cheguei a mim. Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. (Êxodo 19:4-6)
Como no casamento, o pacto de Deus com Israel partia do princípio de uma relação baseada em íntima comunhão, fidelidade e comprometimento.
Se não se esquecessem de sua salvação e diligentemente ouvissem a voz do Senhor e guardassem Sua aliança, a nação se distinguiria das demais em virtude da santidade de seu chamado e do caráter exaltado de sua missão, para fazer "conhecido o meu santo nome no meio do meu povo de Israel..., e as nações saberão que eu sou o SENHOR" (Ezequiel 39:7).
Note que a aliança era de Deus com Israel e entre Deus e Israel; Jeová tomara a iniciativa, não o povo, e, como no matrimônio, o concerto divino incluía somente as duas partes, não uma terceira ou quarta.
O documento mais fundamental desta aliança foi gravado em duas tábuas de pedra, também chamadas "tábuas do Testemunho", "escritas pelo dedo de Deus" (Êxodo 31:18; Deuteronômio 9:10), isto é, os Dez Mandamentos.
E o concerto foi ratificado com sangue (Hebreus 9:18-20) - "o sangue da aliança que o SENHOR fez convosco a respeito de todas estas palavras" (Êxodo 24:8) - e, portanto, não deveria sofrer acréscimos nem alterações de qualquer espécie.
Tudo remetia ao pacto de Deus com Seu povo. Há menções ao "livro da aliança" (Êxodo 24:7), ao "sangue da aliança" (verso 8), às "palavras da aliança" (Êxodo 34:28), às "tábuas da aliança" (Deuteronômio 9:11), e à "arca da Aliança" (Números 10:33)!
Ainda assim, para que não houvesse nenhuma dúvida quanto à natureza do concerto divino, Deus expressamente instruíra o povo por intermédio de Moisés (note as palavras):
Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas. (Deuteronômio 6:4-9)
O pacto de Deus com Israel estabelecia o supremo princípio de que há somente um Deus verdadeiro, em flagrante contraste com as nações circunvizinhas, as quais eram politeístas e idólatras.
Israel e os pagãos deviam distinguir-se também no que tange às suas relações com a divindade; a adoração verdadeira devia basear-se não no temor servil, mas no amor desinteressado e abnegado, o princípio mais essencial da lei de Deus!
Ambos os princípios - a fé em um único Deus verdadeiro e a relação de fidelidade a Deus e à Sua lei motivada por amor - constituem a mesma verdade fundamental sobre a qual se apoia o cristianismo (I Coríntios 8:4-6; Efésios 4:4-6; Marcos 12:28-30; João 14:15; 15:10)!
E, como se esperava dos israelitas no passado, cada cristão hoje deve amar a Deus "de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força", guardar Sua Palavra no coração, e transmiti-la continuamente a seus filhos por preceito e exemplo.
A fim de que não se esquecessem de sua vocação como povo peculiar e santo e não se desviassem do caminho do Senhor, Deus advertira Israel (observe a ênfase e as expressões usadas):
Abstém-te de fazer aliança com os moradores da terra para onde vais, para que não te sejam por cilada. Mas derribareis os seus altares, quebrareis as suas colunas e cortareis os seus postes-ídolos (porque não adorarás outro deus; pois o nome do SENHOR é Zeloso; sim, Deus zeloso é ele); para que não faças aliança com os moradores da terra; não suceda que, em se prostituindo eles com os deuses e lhes sacrificando, alguém te convide, e comas dos seus sacrifícios e tomes mulheres das suas filhas para os teus filhos, e suas filhas, prostituindo-se com seus deuses, façam que também os teus filhos se prostituam com seus deuses. (Êxodo 34:12-16)
Uma advertência solene para os cristãos
Deus havia sido claro o bastante para que Israel não errasse no caminho a percorrer.
O Senhor até mesmo preveniu-os, da maneira mais expressiva, sobre os resultados nefastos de desviar-se dEle, unir-se às nações estrangeiras, participar de sua idolatria e casar-se com suas mulheres.
Uma vez que Deus considerava Israel como Sua esposa (Isaías 54:1, 5-6; Ezequiel 16:8-14; Oseias 2:19-20), fazer aliança com as nações pagãs e assimilar sua religião e cultura degradantes significava, do ponto de vista divino, cometer adultério ou prostituição, algo expressamente proibido por Deus.
O Criador havia tomado amplas providências para que os israelitas permanecessem fiéis à aliança e livres das más influências que os rodeavam.
Não faltaram da parte de Deus instruções, admoestações, repreensões e correções, nem promessas e estímulos ao obediente e fiel. "Que mais se podia fazer ainda à minha vinha, que eu lhe não tenha feito?" (Isaías 5:4).
O que veio depois é história.
A grande pergunta é: Isso poderia acontecer com o novo Israel de Deus, a igreja cristã?
A julgar pela advertência de Paulo em I Coríntios 10:6-12, a resposta parece óbvia. Suas palavras expõem a possibilidade de uma apostasia da igreja semelhante à de Israel, caso os cristãos negligenciem as razões do fracasso deles.
E é digno da nossa atenção que, em outra exortação, o apóstolo empregue a mesma metáfora dos profetas ao descrever a pureza que se espera da igreja de Cristo:
Porque zelo por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho preparado para vos apresentar como virgem pura a um só esposo, que é Cristo. (II Coríntios 11:2)
Ora, tal como sucedeu à "formosa e delicada, a filha de Sião" (Jeremias 6:2), a "virgem pura" prometida "a um só esposo", cujo compromisso matrimonial não tem menos valor que o casamento, poderia eventualmente sentir-se atraída por outro que não o seu Pretendente.
E, na verdade, Paulo expressou essa preocupação, ao acrescentar:
Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo. (II Coríntios 11:3)
Qual de nós não está sujeito à infidelidade a Cristo mediante o poder corruptor de Satanás? Não é o seu maior desejo romper a união entre o Senhor e Sua noiva, fazendo com que ela se comporte como mulher adúltera e, assim, blasfeme do "bom nome que sobre vós foi invocado" (Tiago 2:7)?
E da mesma forma que a mensagem do Senhor Jesus à Sua igreja não alcança os membros sem antes chegar ao anjo responsável por ela (Apocalipse 2:1, 8, etc.), os encantos da velha serpente não enlaçam o rebanho sem primeiro seduzir os seus pastores.
Não foram os anciãos de Israel que pediram a Samuel: "constitui-nos, pois, agora um rei sobre nós, para que nos governe, como o têm todas as nações" (I Samuel 8:5)?
E não foi por transgredir a lei de Deus, profanar as coisas santas, confundir o santo com o profano, e desprezar o sábado do Senhor que os sacerdotes de Israel fizeram o povo perecer por falta do conhecimento de Deus (Ezequiel 22:26, conforme 44:23; Oseias 4:6. Ver também Jeremias 23:2; Ezequiel 34:2)?
Quão grande é, com efeito, a responsabilidade que repousa sobre aqueles que Deus designou para apascentar Sua igreja!
Assim, o apóstolo Paulo, dirigindo-se aos anciãos da igreja de Éfeso, advertiu:
Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho. E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles. Portanto, vigiai... (Atos 20:29-31)
Quanta vigilância não se requer do povo de Deus em face das santas palavras do apóstolo!
A paz e a pureza da igreja sob as bênçãos de Deus só podem ser mantidas pelo constante labor e vigilância de seus ministros até à angústia da alma!
Devem zelar por si e pelas ovelhas que o Senhor lhes confiou, para que não se desviem da senda da verdade, e outro não ocupe o lugar de honra que pertence somente a Cristo.
A ameaça ao rebanho de Deus não é um assunto de pequena monta. Os inimigos da igreja não são apenas externos, mas, sobretudo, internos, aparentando serem ovelhas, quando na verdade "são lobos roubadores" (Mateus 7:15). São os instrumentos mais eficazes de Satanás para subverter a igreja de Cristo.
A apostasia de Israel se repete na igreja cristã
O temor de Paulo concernente à pureza da igreja era também uma previsão sombria. A despeito das advertências, os "lobos vorazes" efetivamente penetrariam o rebanho de Deus e não o poupariam.
Instruindo os cristãos tessalonicenses acerca de ideias errôneas sobre a segunda vinda de Jesus, Paulo advertiu:
Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus. (II Tessalonicenses 2:3-4)
As palavras inspiradas do apóstolo revelam que, antes do bem-aventurado aparecimento de nosso Salvador, a igreja institucional apostataria da fé, tal como acontecera com o antigo Israel.
Note que Paulo não diz "uma apostasia", mas "a apostasia", referindo-se, portanto, a um fenômeno definido, sobre o qual já havia tratado pessoalmente com os cristãos de Tessalônica (verso 5).
A palavra "apostasia", como empregada pelas Escrituras, diz respeito à revolta ou rebelião contra Deus, o abandono do Senhor e de Sua verdade por infidelidade (Josué 22:22; II Crônicas 29:19; 33:19; Jeremias 2:19).
O fenômeno a que se refere Paulo não é local nem esporádico. Trata-se de uma rebelião generalizada e sustentada contra Deus e Seus mandamentos que já se fazia sentir entre os primeiros cristãos em sua forma embrionária.
A apostasia se desenvolveria até alcançar proporções mundiais, marcada pelo surgimento do "homem da iniquidade", o clímax da apostasia ou "iniquidade" (no grego, anomia), isto é, ilegalidade ou desprezo absoluto pela lei de Deus.
Alguns anos depois, em seu diálogo com os anciãos da igreja de Éfeso, Paulo faria a solene advertência de que a apostasia começaria dentro da igreja, a partir da própria liderança, e que o rebanho não seria poupado (Atos 20:29-31).
Viria o tempo em que "alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios" (I Timóteo 4:1), "que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas" (II Timóteo 4:3-4).
Pedro, retomando as exortações dos profetas de Israel (Deuteronômio 13:1-4; Jeremias 6:13-15; 14:14; 23:14; Ezequiel 22:28) e do Senhor Jesus (Mateus 7:15-23; 24:24), também advertiu sobre o surgimento de falsos profetas e mestres na igreja, "os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou" (II Pedro 2:1. Ver também Judas 4).
João se referiu à vinda do anticristo e aos muitos anticristos que então "saíram de nosso meio" (I João 2:18-19).
O próprio Senhor Jesus instruiu Seus discípulos quanto aos falsos profetas, os quais enganariam a muitos por sua aparência de piedade, e advertiu-os enfaticamente: "Vede que ninguém vos engane" (Mateus 7:15-23; 24:4-5, 11, 24).
E, por intermédio de Seu servo João, Jesus Cristo desenvolveu magistralmente o tema da apostasia ao contrastar a mulher virtuosa de Apocalipse 12 com a grande meretriz do capítulo 17, "com quem se prostituíram os reis da terra; e, com o vinho de sua devassidão, foi que embebedaram os que habitam na terra" (verso 2).
Não é a infidelidade da igreja ao Deus da aliança e a sua união ilegal com o mundo que converte a noiva de Cristo em uma mulher adúltera e depravada, assim como ocorreu com Israel no passado?
Não é um fato que as mesmas tentações que levaram a igreja institucional à apostasia continuarão até à volta de nosso bendito Redentor?
E não são, portanto, estas muitas advertências um solene aviso para nós hoje, "sobre quem os fins dos séculos têm chegado"?
Em vista de tudo isso, precisamos aprofundar nossa compreensão da exortação pastoral de Paulo sobre a apostasia religiosa antecipada em II Tessalonicenses 2:3-4, pois esse entendimento é essencial para se estabelecer uma conexão segura entre a apostasia cristã e a meretriz de Apocalipse 17.
Ao fazê-lo, retenhamos na mente as palavras inspiradas do apóstolo em I Coríntios 10:12:
Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia.
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