Programação preditiva: o que você precisa saber


Um cristão que tem a Bíblia como seu livro de cabeceira aprende, com o tempo, a olhar os acontecimentos ao seu redor do ponto de vista do grande conflito. Afinal, cada situação em que há uma resistência determinada ao governo de Deus, por mais dissimulada que seja, é, em última análise, um reflexo desse conflito.

Assim, quando o espírito despótico que no decorrer dos séculos tem tramado contra a verdade e a justiça inflama o coração dos homens em posições de poder e influência, sejam eles governantes, intelectuais ou pastores de igreja, sem dúvida é Satanás quem incita esse sentimento como forma de criar as condições para extirpar da face da terra os que temem a Deus e obedecem à Sua lei.

Controle mental em massa

Dito isto, vamos considerar no post de hoje como governantes e figuras do alto escalão estão empregando diligentemente a indústria cultural para moldar a opinião pública na direção do futuro distópico que eles planejaram, uma operação de controle mental em massa que ocorre à margem da atenção consciente para criar conformidade.

De acordo com o músico, escritor e radialista, Alan Watt [1], familiarizar o público com as mudanças sociais planejadas através do entretenimento é uma forma sutil de condicionamento psicológico, uma tática para reduzir a resistência recorrendo à emoção e ao drama.

Trata-se da velha técnica dos aspirantes à autocracia: Apele para as emoções das pessoas, não para o intelecto, cative o coração delas, pois não se importarão de ser enganadas, desde que sejam adequadamente entretidas.

Uma vez que o senso crítico é suspenso,

O drama com emoção e uma situação de crise em um filme são um excelente método para transmitir pontos de vista. É quase como acoplar uma ideia no drama e ela é baixada como um vírus em seu subconsciente e você está sendo programado, o que é chamado de 'programação preditiva'.

Segundo Watt, a técnica tem servido ao mesmo propósito desde os tempos antigos. Platão, em sua República, menciona a indústria cultural de sua época e como ela era essencial não apenas para manter o controle da elite sobre o povo, mas também para controlar tudo o que era apresentado ao público.

Na Grécia antiga, pessoas de todas as classes sociais, incluindo os escravos, tinham de assistir a pelo menos uma apresentação dos atores itinerantes, "porque, assim como hoje, eles tinham sua agenda, seu cronograma e a atualização do sistema, e isso era feito principalmente por meio da ficção".

As poucas pessoas que conhecem a técnica e sabem aplicá-la têm total controle do que deve ser transmitido ao público, de quais mensagens devem ser incutidas nas mentes sugestionáveis.

Entre este grupo seleto de pessoas, figuram os atores, produtores e roteiristas, os "magos" modernos a serviço do grande plano. Eles sabem como a mente humana funciona, conhecem o poder de sua arte e dominam a técnica com perfeição.

E os maiores criadores de ilusão, aqueles que efetivamente geram cultura e criam a visão de mundo para o resto da sociedade, estão em Hollywood.

Watt lembra que Hollywood significa sugestivamente "bosque sagrado".

'Holy Wood' é, naturalmente, o bastão dos magos, do Grande Mago do ocultismo. Ele agita a varinha e tudo é alterado, mudado. Ele lança um feitiço e isso é retratado até mesmo nos desenhos animados com o Mickey Mouse com sua pequena varinha, vestido como mago, e pequenas estrelas de cinco pontas saem da varinha – terra, ar, fogo, água, espírito – as cinco pontas. É isso que significa.

O plano rosacruz de renovação do mundo ocidental

Watt observa que o século XVI foi um período de profundas mudanças na Europa, com destaque para a atuação dos rosacruzes, que recrutavam fortemente entre os jovens da classe média em ascensão, especialmente aqueles envolvidos com as ciências.

Em um artigo anterior, observei que o interesse quase generalizado pelo ocultismo nos círculos intelectuais mais influentes inspirou o fervor por uma reforma radical das instituições baseada em conceitos esotéricos.

E a obra rosacruz Fama Fraternitatis, publicada anonimamente em 1614, tornou-se o manifesto desse movimento de renovação espiritual e institucional.

Fama Fraternitatis, 1614. Fonte: Wikipedia.

De acordo com Mircea Eliade, [2] o autor da Fama Fraternitatis dirigia-se a todos os sábios da Europa, pedindo-lhes que se unissem fraternalmente para realizar a reforma do conhecimento e, assim, acelerar a renovatio do mundo ocidental.

Como era de se esperar, o apelo teve uma repercussão incomparável entre os membros da elite pensante da época, e o programa proposto pela misteriosa sociedade dos rosacruzes foi discutido em várias centenas de livros e opúsculos.

Inspirada na tradição hermética, essa renovação ou reforma do conhecimento parecia atraente com sua conversa sobre a unificação de todas as coisas e a busca da perfeição humana, mas, como Watt assinala, ela excluía intencionalmente os não iniciados e as massas, cujo único papel na nova sociedade seria servir a classe dominante.

E que maneira melhor de condicionar o público a aceitar alegremente sua condição de subserviência do que através do entretenimento?

Portanto, não foi pelos motivos mais lisonjeiros que a rainha Elizabeth I patrocinou os rosacruzes para escreverem peças teatrais impregnadas de ocultismo.

Watt observa que Robert Fludd, tesoureiro da rainha, conhecido nos círculos ocultistas como "o maior inglês rosacruz", foi o principal responsável pela criação do Globe Theater, onde seriam apresentadas as peças de Shakespeare.

Embora fosse, em si mesmo, "um teatro público no qual são apresentadas tragédias e comédias", [3] suas formas geométricas e símbolos mágicos convidavam subliminarmente o público para uma autêntica imersão no ocultismo por meio do drama, uma técnica sutil de condicionamento psicológico ligada à tradição hermética que chegou até nós principalmente através da televisão e do cinema.

Programação preditiva e a indústria cinematográfica

O papel de criar a cultura internacional do futuro utilizando a mesma técnica cabe agora aos filmes, pelos menos aos filmes que, nas palavras de Watt,

... têm sido muito reveladores em termos de informações e compreensão do sistema e também, como sempre, na programação preditiva, porque na revelação do método em círculos esotéricos elevados também é possível incluir uma ideia de inevitabilidade. Isso nos familiariza com uma ideia, de modo que, quando ela realmente se concretiza, nós a aceitamos sem questionar, como se fosse normal.

Watt cita alguns filmes nos quais essa dinâmica acontece, cujos roteiros geralmente são inspirados em temas do ocultismo. Dentre eles, O Homem de Palha (1973) e De Olhos Bem Fechados (1999), este último dirigido por Stanley Kubrick, um homem que, segundo Watt, conhecia bem a agenda.

'De Olhos Bem Fechados' mostra novamente, de forma semelhante a 'O Homem de Palha', como uma elite joga com um personagem durante todo o filme e esse personagem não tem ideia de que está sendo conduzido. Ele está chegando às conclusões que eles querem que ele chegue. Ele vai a lugares para descobrir qual é o mistério e eles sempre sabem que ele está indo nessa direção. De certa forma, eles o guiam durante todo o filme...

Ora, o espectador, emocionalmente imerso nas circunstâncias fictícias da trama e desprovido das faculdades críticas da mente pelas quais poderia se proteger, também não tem consciência de que está sendo guiado, condicionado a aceitar a sorte planejada por seus manipuladores, sobre a qual não terá nenhum controle. Não percebe que é ele o protagonista no jogo maquiavélico da elite na trama do mundo real, programado para simplesmente aceitar a agenda quando ela se tornar realidade.

Para Watt, filmes desse gênero são tremendamente reveladores porque sempre expõem o método, "para aqueles que são sábios o suficiente para ver e ouvir".

Se estivesse vivo, ele certamente acrescentaria outras criações cinematográficas mais recentes igualmente relevantes, como Leave The World Behind (O Mundo Depois de Nós), repleto de simbolismo, mensagens subliminares e, claro, programação preditiva.

Um detalhe sutil escondido no cartaz promocional de Leave The World Behind. O fato de os artistas
gráficos do ramo serem obcecados com simbolismos e mensagens subliminares sugere mais uma
assinatura do que uma coincidência.
Crédito da imagem: Movieweb

Susan Harley observou em um artigo publicado na plataforma Medium [4] que este filme ganha credibilidade como programação preditiva ao lembrarmos que o co-fundador e CEO da Netflix é Marc Bernays Randolph, sobrinho de Edward Bernays, o inventor da propaganda moderna. Edward, por sua vez, era sobrinho de Sigmund Freud e baseou muitos de seus métodos nas descobertas de seu tio sobre o subconsciente.

Reconhecendo o papel dos filmes na manipulação das massas, Edward Bernays escreveu:

O filme americano é o maior portador inconsciente de propaganda no mundo atual. É um grande distribuidor de ideias e opiniões. O filme cinematográfico pode padronizar as ideias e os hábitos de uma nação. Como os filmes são produzidos para atender às demandas do mercado, eles refletem, enfatizam e até exageram tendências populares amplas, em vez de estimular novas ideias e opiniões. O filme se vale apenas de ideias e fatos que estão em voga. Assim como o jornal procura fornecer notícias, o filme procura fornecer entretenimento.

David Puttnam, produtor e político britânico, reconheceu o poder de sugestão dos filmes ao escrever [5]:

A mídia é uma influência muito poderosa e muito importante na forma como vivemos, na maneira como nos vemos… Os filmes são poderosos. Bons ou ruins, eles brincam no seu cérebro. Entram furtivamente em você na escuridão do cinema para formar ou confirmar as atitudes sociais. Eles podem ajudar a criar uma sociedade saudável, informada, preocupada e inquisitiva ou, alternativamente, uma sociedade negativa, apática, ignorante...

Eu concordo com a segunda possibilidade.

O apelo emocional do drama e o teatro jesuíta

Os filmes que cumprem essa função são produzidos com os mesmos "materiais" do Globe Theater e exibidos com o mesmo propósito das peças encenadas no palco de Fludd. Watt observa:

Não era chamado de Globe à toa. O globo, o mundo, onde o palco descia até a plateia e, naquela época, eles traziam a participação do público. Eles faziam com que você se envolvesse na história e muitas pessoas se deixavam levar pelo drama e pensavam que tudo era real e, quando isso acontece, os atores sabem que estão convencendo, que está funcionando. Quando o público esquece que está assistindo a uma farsa, que está assistindo a uma encenação, então os atores estão fazendo seu trabalho e isso é transmitido às pessoas que estão convencidas, porque agora você inseriu em suas mentes a possibilidade de que o que você está mostrando pode ser real ou é real e você realmente as mudou. A mudança alquímica. Você as mudou. Você lançou um feitiço sobre elas. É assim que isso é feito.

Nesse sentido, o palco é um reflexo das tradições esotéricas, "um microcosmo do microcosmo", no qual todo o conhecimento está supostamente armazenado no interior da pessoa, ao passo que ela mesma também é uma expressão em miniatura do universo.

Isso faz parte da religião dos grupos esotéricos ocultistas de elite. Uma peça em si poderia ser chamada de 'talismã' em certo sentido, um 'microcosmo talismânico'. Na verdade, eles usavam efeitos teatrais para trovões mesmo na época de Shakespeare; muitos, muitos tipos de efeitos de palco eram bastante convincentes…. Nada foi poupado nos efeitos da época para enfeitiçar o público.

A esta altura, convém notar que os rosacruzes não foram os únicos a promover sua renovatio nos palcos com enredos envolventes e concepção grandiosa. Na mesma época, os jesuítas ingressaram no mundo do teatro, revelando-se notavelmente eficazes com suas encenações e efeitos teatrais.

O padre Jacob Bidermann, um dos mais talentosos dos muitos padres jesuítas que se tornaram dramaturgos nesse período, chegou a ser considerado por alguns como um segundo Shakespeare. Na apresentação de sua peça Cenodoxus, Bidermann procurou refutar ponto a ponto a doutrina da salvação pela fé de Lutero através de artifícios de enredo e muitos efeitos especiais. [6]

A equipe técnica do teatro jesuíta poderia [7]

... 'fazer descer uma nuvem que se dividia em três partes diferentes e depois se juntava enquanto subia em voo'. A lanterna mágica, aperfeiçoada pelo polímata jesuíta Athanasius Kircher, produzia a ilusão de cidades em chamas, conflagrações e coisas do gênero por meio de projeções em uma tela, e durante uma apresentação em 1640, um manequim representando a heresia protestante foi despedaçado no palco por uma matilha de cães treinados! Durante outra apresentação, em Munique, um grupo de atores que estava sentado em silêncio na plateia de repente saltou para o palco e começou a participar da ação da peça – um recurso que foi redescoberto por vários grupos de teatro experimental moderno.

Kircher foi uma figura chave no desenvolvimento dos efeitos práticos do teatro jesuíta, e sua lanterna mágica representou talvez o avanço mais importante na história do cinema. [8]

Provavelmente mais do que os rosacruzes, os jesuítas empregaram uma variedade de tecnologias de ponta para apelar aos sentidos do público e envolvê-lo emocionalmente no drama como forma de doutriná-lo, e esta inovação técnica ainda está presente na maneira como diretores e produtores pensam sobre cinema e mídia.

Conclusão

"Somos governados por um sistema oculto", observou Watt, "por ciências que são transmitidas por certas famílias e por arquivos, as histórias reais e as metodologias, a ciência de como nossas mentes funcionam e como podem ser manipuladas durante toda a vida".

Olhando através das lentes do grande conflito, percebemos como o diabo tem usado essa ciência hereditária para manifestar-se mais diretamente a esta geração e operar com aquele poder que deve caracterizar seus esforços mais decididos à medida que o grande drama dos séculos chega ao fim.

Nossa única salvaguarda contra as sutilezas do engano é revestir-nos da armadura espiritual forjada nos arsenais do Céu (Efésios 6:10-18) e guardar a mente, para mantê-la submissa a Deus e, assim, conservá-la pura (Provérbios 4:23).

Notas e referências

1. Alan Watt ~Blurb~ Predictive Programming ~ Nov 23, 2006 by Alan Watt ~ Cutting Through the Matrix.

2. Mircea Eliade, Historia de las Creencias y las Ideas Religiosas: De Mahoma a la era de las Reformas, Vol. 3. Barcelona: Paidós, 1999, p. 327.

3. "Il sistema del Teatro di memoria di Robert Fludd", disponível em: <https://www.progetti.iisleviponti.it/Palazzo_Enciclopedico/html/fludd.html>.

4. Susan Harley, "The Largest Cyber Attack Ever Could Happen in 6 Months". Publicado no Medium, 10 de dezembro de 2023.

5. David Puttnam, Movies and Money. New York: Vintage Books, 2000, p. 30 e 31.

6. Manfred Barthel, The Jesuits: history & legend of the Society of Jesus. New York: William Morrow, 1984, p. 125 e 126.

7. Ibid., p. 127.

8. "What did the Jesuits have to do with the invention of the horror film?" America, The Jesuit Review, 30 de outubro de 2019.

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2 Comentários

  1. Acredito que da mesma forma como o Senhor sempre se comunicou com seus servos, s profetas, ( Amós 3:7 Certamente o Senhor DEUS não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas) o anti-cristo, o que sempre desejou o lugar de Deus também comunica seus interesses através dos seus "profetas", servos de baal...

    Uma constatação disso pode ser visto no desenho animado "The Simpsons" - muito curiosamente sobre a eleição de um presidente Americano, loiro e louco, mas que coincidentemente veio a ser realidade...

    Ricardo meu irmão, poderia fazer uma pesquisa e publicar aqui no seu canal. O uso da mídia, especificamente filmes e desenhos, que já vem indicando uma futura ação dos reinos do mal, caso recente, a guerra Israel/Hamas também descritos no tal "The Simpsons".

    Abraços, parabéns pelos artigos.

    Jc Moreira - Goiânia

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    1. Obrigado, meu irmão, por suas palavras gentis e por seu interesse! Sim, estou planejando escrever mais sobre o assunto e espero poder fazê-lo assim que terminar a fase de pesquisas. Um forte abraço!

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