[Revisado em 11 de fevereiro de 2021]
Abandonando a Cristo como seu único Esposo e Redentor, identificou-se tão completamente com os valores e instituições mundanos que passou a ser confundida com eles, não só do ponto de vista de suas crenças e práticas, mas, sobretudo, de suas pretensões de autoridade e poder.
E assim como a antiga Jerusalém se tornou inimiga de Jeová por causa de sua apostasia, a ponto de sacrificar os próprios filhos em honra aos deuses pagãos, a igreja do novo pacto se tornou infiel a Cristo, apóstata em seu culto de adoração e sedenta de sangue.
Se os símbolos que adornam a mulher virtuosa de Apocalipse 12:1 testificam de sua íntima relação com Cristo e, portanto, caracterizam-na como a verdadeira igreja de Deus na era cristã, os símbolos que descrevem a mulher adúltera do capítulo 17 a relacionam incontestavelmente com o mundo e, com efeito, a distinguem como uma igreja do mundo.
Em virtude disso, a visão apresenta seis características da "grande meretriz" que contrastam fortemente com as características da mulher pura de Apocalipse 12.
Vamos examiná-las na ordem em que aparecem na visão. Todavia, por consideração ao leitor, nossa análise será dividida em duas partes. Neste artigo, abordaremos as três primeiras características da grande meretriz.
A primeira característica resultante das relações ilícitas da igreja com o mundo foi assim revelada a João (Apocalipse 17:3):
Em contraste com a mulher pura do capítulo 12, vista no céu sobre um fundamento luminoso - a lua, símbolo do sólido alicerce sobre o qual se assenta a igreja, isto é, a certeza de que as promessas e a palavra de Deus são imutáveis (Salmo 89:34-37) - a mulher adúltera de Apocalipse 17 é vista no deserto, montada numa besta escarlate.
Se os símbolos que adornam a mulher virtuosa de Apocalipse 12:1 testificam de sua íntima relação com Cristo e, portanto, caracterizam-na como a verdadeira igreja de Deus na era cristã, os símbolos que descrevem a mulher adúltera do capítulo 17 a relacionam incontestavelmente com o mundo e, com efeito, a distinguem como uma igreja do mundo.
Em virtude disso, a visão apresenta seis características da "grande meretriz" que contrastam fortemente com as características da mulher pura de Apocalipse 12.
Vamos examiná-las na ordem em que aparecem na visão. Todavia, por consideração ao leitor, nossa análise será dividida em duas partes. Neste artigo, abordaremos as três primeiras características da grande meretriz.
1. Uma mulher montada numa besta
A primeira característica resultante das relações ilícitas da igreja com o mundo foi assim revelada a João (Apocalipse 17:3):
Transportou-me o anjo, em espírito, a um deserto, e vi uma mulher montada numa besta escarlate, besta repleta de nomes de blasfêmia, com sete cabeças e dez chifres.
Em contraste com a mulher pura do capítulo 12, vista no céu sobre um fundamento luminoso - a lua, símbolo do sólido alicerce sobre o qual se assenta a igreja, isto é, a certeza de que as promessas e a palavra de Deus são imutáveis (Salmo 89:34-37) - a mulher adúltera de Apocalipse 17 é vista no deserto, montada numa besta escarlate.
Conforme temos observado, essa mulher simbólica representa a igreja apóstata, ao passo que a besta escarlate representa o poder político.
A visão, portanto, descreve o entrelaçamento entre religião e política durante a era cristã, uma combinação do poder eclesiástico da igreja institucional (a mulher) e do poder político do estado (a besta).
A imagem profética revela que a união da igreja com o mundo foi de tal ordem, que ela só poderia legitimar-se como Igreja com o apoio do poder civil. E, de fato, soube domá-lo tão bem que é vista cavalgando a besta sem a necessidade de cabeçadas nem embocaduras e rédeas, equipamentos indispensáveis para garantir total controle sobre um animal.
Aqui se retrata a subserviência do estado à Igreja. Durante os séculos de sua supremacia, ela recorreu ao braço secular para dirigir as consciências onde quer que seu domínio fosse reconhecido.
A imagem da mulher montada na besta transmite, pois, a ideia de que a igreja apóstata detém o poder político do estado e o usa a seu bel-prazer. Trata-se de uma união entre igreja e estado sob o controle da Igreja.
A superioridade da Igreja sobre o estado
Em harmonia com a descrição profética, essa relação de subordinação do poder temporal ao poder eclesiástico é, de fato, reivindicada pela Igreja na pessoa de seu líder.
Em uma carta do papa Gelásio I ao Imperador Anastácio, escrita em 494, lê-se o seguinte: [1]
Inocêncio III, o mesmo papa que em 1199 decretou que os hereges convictos deviam ser entregues à autoridade civil para serem punidos [2], escreveu: [3]
E Bonifácio VIII, por meio de sua bula Unam Sanctam, estabeleceu a definição clássica do sistema papal, cujo sentido pode ser resumido nestas palavras: [4]
Em uma carta do papa Gelásio I ao Imperador Anastácio, escrita em 494, lê-se o seguinte: [1]
Há dois poderes, Augusto Imperador, pelos quais este mundo é governado principalmente, a saber, a autoridade sagrada dos sacerdotes e o poder real. Desses, o dos sacerdotes é o mais importante, pois eles têm de prestar contas até mesmo dos reis dos homens perante o tribunal divino. É também do vosso conhecimento, querido filho, que, embora lhe seja permitido governar honrosamente a espécie humana, ainda assim, nas coisas divinas, deves inclinar a cabeça humildemente diante dos líderes do clero e aguardar das mãos deles os meios de tua salvação. Na recepção e disposição adequadas dos mistérios celestiais, tu reconheces o dever de sujeitar-se e não exaltar-se sobre a ordem religiosa e que, nesses assuntos, tu dependes do julgamento deles, em vez de obrigá-los a seguir tua vontade.
Inocêncio III, o mesmo papa que em 1199 decretou que os hereges convictos deviam ser entregues à autoridade civil para serem punidos [2], escreveu: [3]
Assim como o fundador do universo estabeleceu dois grandes luminares no firmamento, a luz maior para governar o dia e a luz menor para governar a noite, Ele também estabeleceu duas grandes dignidades no firmamento da igreja universal..., a maior para governar o dia, isto é, as almas, e a menor para governar a noite, ou seja, os corpos. Essas dignidades são a autoridade papal e o poder real. Agora, assim como a lua deriva sua luz do sol e é de fato inferior a ele em quantidade e qualidade, em posição e poder, assim também o poder real deriva o esplendor de sua dignidade da autoridade pontifícia....
E Bonifácio VIII, por meio de sua bula Unam Sanctam, estabeleceu a definição clássica do sistema papal, cujo sentido pode ser resumido nestas palavras: [4]
O poder espiritual tem o direito de estabelecer o poder secular e, se este não for bom, de condená-lo; é necessário para a salvação crer que todas as criaturas humanas estão sujeitas ao Papa.
A propósito dessa extraordinária reivindicação de autoridade do papado sobre o poder temporal, Alexander C. Flick escreveu: [5]
A teoria papal fazia do Papa o único representante de Deus na Terra e sustentava que o imperador recebia seu direito de governar do sucessor de São Pedro. Como prova histórica da genuinidade dessa posição, chamou-se a atenção para o poder das chaves, a Doação de Constantino, a coroação de Pepino e a restauração do Império no Ocidente. Figuras como o sol e a lua, o corpo e a alma, etc., foram usadas com efeito revelador pelo partido clerical que defendia essa teoria. Ela foi defendida por Nicolau I, Hildebrando, Alexandre III, Inocêncio III e culminou com Bonifácio VIII no jubileu de 1300, quando, sentado no trono de Constantino, cingido com a espada imperial, usando uma coroa e agitando um cetro, ele gritou para a multidão de peregrinos fiéis: 'Eu sou César - eu sou Imperador'.
Ora, uma vez que está montada numa "besta repleta de nomes de blasfêmia" (Apocalipse 17:3), é natural que a mulher tenha aprendido a blasfemar contra o Deus Todo-Poderoso, pois não se conhece semelhante ultraje trilhando a vereda da verdade, e sim o caminho largo do erro, do qual ela usurpou os títulos e vestimentas para afirmar sua própria autoridade.
2. Vestida de púrpura e de escarlata
Esta é a segunda característica da grande meretriz:
Achava-se a mulher vestida de púrpura e de escarlata... (Apocalipse 17:4)
Enquanto a igreja virtuosa de Apocalipse 12 recebe de Cristo as gloriosas vestes de Sua justiça, a igreja apóstata recebe do mundo vestes que são próprias de sua natureza.
Uma aliança ilícita com o mundo não produz mais humildade, abnegação e sacrifício pela verdade. Pelo contrário, sacrifica a verdade e transforma a abnegação em ganância, e a humildade, em soberba.
Nesse estado de coisas, é apenas uma questão de tempo até que o sacerdócio abandone completamente seu legítimo papel diante de Deus e se converta num culto de si mesmo.
Já observamos que as vestes litúrgicas dos sacerdotes no sistema levítico do tabernáculo foram confeccionadas com fios de tecido azul, púrpura e escarlata (Êxodo 39:1), e que o selo gravado na coroa sacerdotal, com a inscrição "Santidade ao SENHOR", achava-se fixado na parte superior da mitra com um cordão azul (Êxodo 39:30-31).
Deus também havia instruído os israelitas a fazer borlas com um cordão azul nas extremidades de suas vestes, "para que, vendo-as, vos lembreis de todos os mandamentos do SENHOR e os cumprais; não seguireis os desejos de vosso coração, nem os dos vossos olhos, após os quais andais adulterando, para que vos lembreis de todos os meus mandamentos, e os cumprais, e santos sereis a vosso Deus" (Números 15:37-40).
A cor azul lembrava os israelitas da santidade de Deus, das reivindicações de Sua santa lei e, ainda, da necessária separação que devia existir entre o povo de Deus e as nações idólatras.
A grande meretriz se veste de púrpura e de escarlata, porém o azul está notavelmente ausente, indicando que, embora esta igreja se declare representante de Deus na Terra, ela transgride, ignora e até mesmo subverte a lei de Deus.
Reivindicação de autoridade da Igreja
Ora, é de conhecimento geral que a púrpura e a escarlata estão entre as cores mais representativas da Igreja papal, particularmente nas vestes especiais de seus mais altos dignitários [6], dentre eles, o próprio papa.
E é um fato que este falso sacerdócio assim representado tenha subvertido os mandamentos de Deus com base em suas pretensas reivindicações de autoridade e santidade.
Na Prompta Bibliotheca, de Lucius Ferraris, há estas declarações extraordinárias e blasfemas: [7]
E a Igreja fez uso de sua pretensa autoridade, conforme se pode verificar na versão católica dos Dez Mandamentos, na qual o segundo mandamento foi omitido. Ademais, os preceitos que o próprio Deus especificou para benefício da humanidade foram arbitrariamente simplificados, e, ainda, a observância do sábado, o sétimo dia, foi substituída pela guarda do domingo, o primeiro dia da semana.
A respeito dessa última alteração na lei de Deus, o Sentinel, boletim da Igreja Católica de Saint Catherine, em Algonac, Michigan, reconhece: [8]
Não é de admirar que Paulo se refira a este falso sacerdócio como "o homem da iniquidade", ou "o homem da ilegalidade" (II Tessalonicenses 2:3), que se atreve a proferir "palavras contra o Altíssimo" e a mudar "os tempos e a lei" (Daniel 7:25).
O único dos mandamentos da lei de Deus que trata do tempo é aquele que estabelece o sábado como dia santo (Êxodo 20:8-11), e que a Igreja Católica afirma ter mudado por sua própria autoridade!
Que contraste impressionante com a verdadeira igreja de Deus, simbolizada em Apocalipse 12 por uma mulher virtuosa, cujos fiéis remanescentes "guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus" (verso 17)!
A ausência da cor azul nas vestes da grande prostituta revela também a ausência de santidade, porque uma igreja que abandonou a verdade para seguir as práticas e tradições do mundo visando atrair e agradar os descrentes jamais será santificada pelo Espírito da verdade e, com efeito, nunca poderá testificar de Seu poder. Pelo contrário, andará segundo os desejos do coração e dos olhos.
João também viu a mulher "adornada de ouro, de pedras preciosas e de pérolas" (Apocalipse 17:4b)
A cor púrpura e escarlata, em combinação com o ouro, as pedras preciosas e as pérolas, descreve igualmente a magnificência e extraordinária pompa ostentadas pela altiva Sé romana.
Se a igreja pura se acha vestida do sol da justiça de Cristo (Apocalipse 12:1; Malaquias 4:2), da gloriosa luz que emana de Deus (Salmo 84:11; 104:1-2; Isaías 60:1-2; Mateus 13:43; João 8:12; Romanos 13:12-14), é porque foi justificada e está sendo santificada por Cristo, de modo que seus membros se tornem "irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus imaculados no meio de uma geração corrupta e perversa, entre a qual resplandeceis como luminares no mundo, retendo a palavra da vida" (Filipenses 2:15-16, Almeida Revista e Corrigida).
Mas se uma igreja se une ao mundo, será vestida da justiça do mundo e ostentará as honras que ele tem a oferecer.
De forma que se verifica nos ornamentos extravagantes da meretriz de Apocalipse 17 uma imagem da riqueza, pompa e dignidade que ela usurpou dos soberanos temporais, quando assumiu para si suas prerrogativas.
Referindo-se à figura do papado, o bispo John England observou: [9]
E é um fato que este falso sacerdócio assim representado tenha subvertido os mandamentos de Deus com base em suas pretensas reivindicações de autoridade e santidade.
Na Prompta Bibliotheca, de Lucius Ferraris, há estas declarações extraordinárias e blasfemas: [7]
O Papa tem tão grande autoridade e poder que ele é capaz de modificar, explicar e interpretar até mesmo as leis divinas.
O Papa pode modificar a lei divina, uma vez que seu poder não provém do homem, mas de Deus, e ele atua como vice-regente de Deus sobre a terra com o mais amplo poder de ligar e desligar suas ovelhas.
E a Igreja fez uso de sua pretensa autoridade, conforme se pode verificar na versão católica dos Dez Mandamentos, na qual o segundo mandamento foi omitido. Ademais, os preceitos que o próprio Deus especificou para benefício da humanidade foram arbitrariamente simplificados, e, ainda, a observância do sábado, o sétimo dia, foi substituída pela guarda do domingo, o primeiro dia da semana.
A respeito dessa última alteração na lei de Deus, o Sentinel, boletim da Igreja Católica de Saint Catherine, em Algonac, Michigan, reconhece: [8]
Talvez a decisão mais ousada, a mudança mais revolucionária feita pela Igreja tenha ocorrido no primeiro século. O dia santo, o sábado, foi transferido do sétimo dia para o domingo. 'O Dia do Senhor' (dies Dominica) foi escolhido, não por qualquer indicação encontrada nas Escrituras, mas pelo senso da Igreja de seu próprio poder.
Não é de admirar que Paulo se refira a este falso sacerdócio como "o homem da iniquidade", ou "o homem da ilegalidade" (II Tessalonicenses 2:3), que se atreve a proferir "palavras contra o Altíssimo" e a mudar "os tempos e a lei" (Daniel 7:25).
O único dos mandamentos da lei de Deus que trata do tempo é aquele que estabelece o sábado como dia santo (Êxodo 20:8-11), e que a Igreja Católica afirma ter mudado por sua própria autoridade!
Que contraste impressionante com a verdadeira igreja de Deus, simbolizada em Apocalipse 12 por uma mulher virtuosa, cujos fiéis remanescentes "guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus" (verso 17)!
A ausência da cor azul nas vestes da grande prostituta revela também a ausência de santidade, porque uma igreja que abandonou a verdade para seguir as práticas e tradições do mundo visando atrair e agradar os descrentes jamais será santificada pelo Espírito da verdade e, com efeito, nunca poderá testificar de Seu poder. Pelo contrário, andará segundo os desejos do coração e dos olhos.
3. Esplendidamente adornada
João também viu a mulher "adornada de ouro, de pedras preciosas e de pérolas" (Apocalipse 17:4b)
A cor púrpura e escarlata, em combinação com o ouro, as pedras preciosas e as pérolas, descreve igualmente a magnificência e extraordinária pompa ostentadas pela altiva Sé romana.
Se a igreja pura se acha vestida do sol da justiça de Cristo (Apocalipse 12:1; Malaquias 4:2), da gloriosa luz que emana de Deus (Salmo 84:11; 104:1-2; Isaías 60:1-2; Mateus 13:43; João 8:12; Romanos 13:12-14), é porque foi justificada e está sendo santificada por Cristo, de modo que seus membros se tornem "irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus imaculados no meio de uma geração corrupta e perversa, entre a qual resplandeceis como luminares no mundo, retendo a palavra da vida" (Filipenses 2:15-16, Almeida Revista e Corrigida).
Mas se uma igreja se une ao mundo, será vestida da justiça do mundo e ostentará as honras que ele tem a oferecer.
De forma que se verifica nos ornamentos extravagantes da meretriz de Apocalipse 17 uma imagem da riqueza, pompa e dignidade que ela usurpou dos soberanos temporais, quando assumiu para si suas prerrogativas.
Referindo-se à figura do papado, o bispo John England observou: [9]
O papa não é apenas um bispo, mas é o chefe visível da igreja e, portanto, é acompanhado por um corpo de clérigos mais numeroso e digno do que qualquer outro prelado. Ele também é um soberano temporal e tem, naturalmente, os oficiais adequados do estado ligados à sua corte. Eles também podem ser encontrados em sua capela. Essa não é uma igreja pública na qual ele oficia como celebrante; é seu local de culto particular, onde os ofícios são realizados por seu clero, mas no qual o devido respeito é sempre prestado a Sua Santidade, tanto como pontífice quanto como soberano; e ele ocasionalmente realiza algumas das funções eclesiásticas.Seu trono é colocado ao lado do altar do Evangelho, tendo em cada lado um pequeno banco para seus dois assistentes. No Domingo de Ramos, ele usa um grande manto de uma cor púrpura brilhante que se aproxima do vermelho; sobre o fecho que o prende ao peito, há uma placa de prata, chamada formal, uma parte considerável da qual é finamente dourada: nela, em belo relevo, está a figura do venerável ancião de dias (Daniel vii. 9), nuvens em relevo circundando as figuras dos querubins assistentes (Êxodo xxv. 18), e círculos de pedras preciosas em torno do conjunto: um maior e mais belo que os demais ocupa o centro (Êxodo xxviii. 29). Atualmente, essa é sua vestimenta comum na igreja, em dias de penitência ou luto.Desde a época de Clemente VIII, por volta do ano 1600, até a de Pio VI [o papa destronado por Napoleão], os papas usavam um esplêndido formal de ouro puro, com um rico ramo de oliveira esmaltado em verde do mesmo metal, envolvendo três grandes botões de valiosas pérolas orientais.
A mitra papal
Talvez nenhum outro objeto ilustre melhor a pompa que reflete a dignidade reivindicada pelo papado do que a mitra, símbolo máximo do poder papal. O bispo England escreveu: [10]
A tiara ou coroa tripla não é, propriamente falando, tanto um ornamento eclesiástico quanto real; supõe-se que tenha sido usada pela primeira vez apenas com uma única coroa pelo Papa Silvestre, na época do imperador Constantino. Inocêncio III, por volta do ano 1200, escreve que a Igreja deu a si mesma uma coroa para o domínio temporal e uma mitra para o sacerdócio. Em geral, acredita-se que Bonifácio VIII, por volta do ano 1300, foi o primeiro a acrescentar uma segunda coroa para mostrar a supremacia espiritual e o poder temporal unidos; e cerca de vinte anos depois, João XXII ou, de acordo com outros, Urbano V, mais de sessenta anos depois, colocou a terceira coroa sobre ela, formando assim uma tiara para exibir a autoridade pontifícia, imperial e real combinadas. Para quem usa e para quem vê são ensinadas lições instrutivas, um e outro são advertidos de que a cabeça sobre a qual ela é colocada deve ser dotada de ciência adequada, pois certamente possui poder de governo e jurisdição espiritual; e a variedade de seu conhecimento deve refletir a beleza da decoração exibida externamente.
E James-Charles Noonan Jr. também observou: [11]
O mais respeitado dos símbolos eclesiásticos, a tiara ou triregno, é também um símbolo da autoridade do papa sobre a Igreja. Não se sabe ao certo a origem da tiara, e desde que apareceu pela primeira vez na Corte Papal, sofreu muitas mudanças. A tiara compreende três coroas separadas, ou diademas. A coroa inferior surgiu no século IX como ornamentação na base da mitra.Quando os pontífices assumiram a função temporal dos príncipes monarcas, eles adornaram as decorações básicas com a coroa de joias dos príncipes da época. A segunda coroa foi acrescentada pelo papa Bonifácio VIII, em 1298, para representar seu domínio espiritual. Por volta do ano 1315, o triregno constava na documentação do Tesouro Papal.
O leitor poderá conferir um histórico interessante sobre as tiaras papais e sua relação com a dignidade e autoridade reivindicadas pelo papado, clicando aqui.
No próximo artigo, vamos examinar as outras três características da grande meretriz, todas as quais dizem respeito à Igreja papal, em cumprimento à profecia.
Notas e referências
1. Gelasius I on Spiritual and Temporal Power, 494.
2. The New Catholic Encyclopedia, Vol. 7, 2ª ed., Detroit, MI: Gale-Thomson, in association with The Catholic University of America, Washington, D.C., 2003, Art. "Inquisition", p. 487-488.
3. Innocent III, Papal Authority: Letter to the prefect Acerbius and the nobles of Tuscany, 1198.
4. Joseph Bernhart. O Vaticano: Potência Mundial. História e figura do Papado. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1942, p. 170. Um comentário do canonista francês, Pedro Bertrand (1280-1349), à última sentença da bula Unam Sanctam, publicado originalmente no Corpus Juris Canonici, de 1582 (Extravagantes Communes, livro I, título 8, capítulo I, "De majoritate et obedientia", coluna 212), diz o seguinte: "Cristo confiou ao Papa a autoridade de seu ofício, conforme Mat. 16[:18] e capítulo 24[:45]. Não obstante, todo o poder no Céu e na Terra foi dado a Cristo, Mat. 28[:18]. Logo, o Papa, que é o seu Vigário, possui esse poder." - Guil. Barclaii J.C. of the Authoritie of the Pope: whether, and how farre forth, he hath power and authoritie over Temporall Kings and Princes, Liber posthumus. [Edited by John Barclay]. London: Arnold Hatfield for William Aspley, 1611, p. 144.
5. Alexander Clarence Flick. The Rise of the Mediaeval Church and its Influence on the Civilisation of Western Europe from the First to the Thirteenth Century. New York: G.P. Putnam's Sons, 1909, p. 413.
6. John Abel Nainfa. Costume of Prelates of the Catholic Church, according to Roman Etiquette. Baltimore, Md.: John Murphy Company, 1926. Ver Parte I, capítulo III.
7. Lucius Ferraris. Prompta Bibliotheca: canonica, juridica, moralis, theologica nec non ascetica, polemica, rubricistica, historica, vol. VII. Venetiis, Apud Gasparem Storti, 1782, verbete "Papa", art. II, p. 29, #30. Fonte da tradução das citações: clique aqui.
8. Leo Broderick, seção "Pastor's Page", Sentinel, Saint Catherine Catholic Church, Algonac, MI, May 21, vol. 50, n. 23, 1995. O Sumário do Poder da Igreja, de Agostino Trionfo, filósofo e teólogo católico, figura entre as obras mais importantes sobre a natureza da supremacia papal. Foi escrita no século XIV, a pedido de João XXII, e dedicada ao mesmo papa. Na edição de 1584, encontra-se esta declaração: "O mandamento do dia de sábado foi mudado pelo Papa para o dia do Senhor [domingo], devido ao sentido preeminente dos acontecimentos e a causas distintas em harmonia com o tempo e as circunstâncias." - Augustini Triumphi, Summa de Potestate Ecclesiastica. Romae, Ex Typographia Georgij Ferrariji, 1584, "Qvaest L. de Dispensatione. Tertii Praecepti", p. 267, col. 1, Articvlvs II. "Utrum Papa Possit dispensare, quod dies Sabbati in diem Dominica sit mutata", p. 268, col. 2. Fonte da tradução da citação: clique aqui.
9. John England. Explanation of the Construction, Furniture and Ornaments of a Church, of the Vestments of the Clergy, and of the Nature and Ceremonies of the Mass. Baltimore, Md.: F. Lucas, Jr., 1834, segunda parte: Explanation of the Ceremonies of the Holly Week, p. 12 e 13.
10. Ibid., p. 116 e 117.
11. James-Charles Noonan, Jr. The Church Visible: the ceremonial life and protocol of the Roman Catholic Church. New York: Viking, 1996, p. 189.
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