A cláusula do não-estabelecimento “não apenas proíbe o governo de estabelecer uma religião oficial, mas também proíbe ações do governo que favoreçam indevidamente uma religião em detrimento de outra. Também proíbe que o governo prefira indevidamente religião a não-religião”, ou vice-versa. [1] A cláusula do livre-exercício “retira do poder legislativo, estadual e federal, a autoridade no sentido de restringir de algum modo o livre exercício da religião”, a fim de “garantir a liberdade religiosa individual, proibindo quaisquer invasões por parte da autoridade civil”. [2]
O termo “liberdade de expressão” resume apropriadamente as liberdades de
palavra, de imprensa, de associação, petição e afins, abrangidas pela Primeira
Emenda. E apesar das inúmeras discussões a respeito de seu significado e de sua
aplicação em casos concretos, “estudiosos argumentam que a liberdade de
expressão é necessária para promover a auto realização individual; que ao
escolher livremente o discurso visando convencer a outros, ele define e
expressa o ‘eu’ de quem fala e promove sua liberdade e auto realização”. [3]
Uma liberdade não pode subsistir sem a outra. “A liberdade civil” escreve Philip Schaff, “exige para seu apoio a liberdade religiosa e não pode prosperar sem ela. A liberdade religiosa não é um som vazio, mas um exercício ordenado de deveres religiosos e desfruta de todos os seus privilégios. É liberdade na religião, não liberdade da religião; assim como a verdadeira liberdade civil é liberdade na lei, e não liberdade da lei” [4].
Mas ambas as liberdades só podem existir em uma república constitucional, onde os poderes governamentais são limitados de modo a impedir o exercício de prerrogativas que a constituição americana não concede. Os pais fundadores sabiam muito bem que um sistema político centralizado e todo-poderoso tornaria a ditadura um fim inevitável.
Eles também sabiam que um Estado autoritário não era a única ameaça a esses direitos constitucionais; era preciso salvaguardá-los também do monopólio da religião e da interferência mútua entre as esferas civil e religiosa. R.W. Thompson diz no prefácio de sua obra sobre os jesuítas:
E aqui retornamos ao problema do porquê tais garantias constitucionais, tão estimadas por todos aqueles que amam a liberdade, são estranhas a Roma papal. Ela não é uma democracia, mas um sistema rigidamente hierárquico governado a partir do topo de sua estrutura pelo “Vigário do Verbo Encarnado, revestido em sua dupla Soberania, espiritual e temporal” [6], para quem a liberdade política é útil somente na medida em “que ele exerça seu poder espiritual, sua autoridade e sua jurisdição sobre o mundo inteiro” [7].
E é dever dos católicos “ater-se com decisão inabalável a tudo o que os Pontífices romanos têm ensinado ou ensinarem, e, todas as vezes que as circunstâncias o exigirem, fazer disso profissão pública. Particularmente no que diz respeito às ‘liberdades modernas’, como lhes chamam, deve cada um ater-se ao julgamento da Sé Apostólica e conformar-se com suas decisões” [8], o que não deixa dúvida sobre a qual sistema os católicos devem sua lealdade.
Nunca é demais enfatizar este notório antagonismo entre os decretos oficiais da Igreja e os princípios da constituição americana, certamente não pela pena de vosso servo inútil, mas por outras declarações não menos reveladoras que as encontradas nas encíclicas papais que já mencionamos; declarações que de modo algum diminuem a questão, mas realçam-na de tal forma que nos fornecem uma medida exata dos sentimentos de animosidade expressos nos decretos do primeiro em relação aos princípios emanados do segundo.
Jeremiah J. Crowley, que durante vinte e um anos foi sacerdote católico-romano, escreveu em seu livro, Romanism: A Menace to the Nation (cujo exemplar da primeira edição foi enviado pelo autor ao papa Pio X):
Sobre a liberdade religiosa, um artigo publicado no The Warwick Examiner and Times, de junho de 1880, citando o Rambler, um órgão inglês do papado, de setembro de 1851, diz o seguinte (note as palavras):
E o estadista e escritor francês, o Conde de Montalembert, ativo defensor de “uma igreja livre em um estado livre” (a despeito de seu papel não menos ativo na restauração do poder temporal do papa, após este ter sofrido outro golpe em 1848), declarou francamente em uma assembleia de católicos em Malinas, na Bélgica:
Aí tendes em resumo, mais uma vez, o problema central de que temos nos ocupado, isto é, o profundo contraste entre a constituição e o espírito americanos e os princípios sobre os quais a Igreja de Roma foi fundada. E tais testemunhos não provêm de protestantes de nascimento, e sim de pessoas que em sua época foram ou ainda eram católicas convictas e eminentes, e cujas palavras têm, talvez, mais importância hoje do que tiveram no passado, quando ainda era possível distinguir com razoável clareza o espírito e as políticas de Roma.
O papado sustenta a união indissolúvel e numa única mão da autoridade civil e religiosa e, portanto, reclama jurisdição não menos que universal e obediência incondicional. Sendo por natureza um sistema antidemocrático, não surpreende que o papado considere a ordem política e social da qual a América é a maior representante como pagã e anticristã e tenha decidido destruí-la e conquistá-la a partir de dentro.
A esse respeito, Charles Chiniquy, que durante grande parte de sua vida foi sacerdote católico-romano, escreveu que a constituição americana “é para o evangelho de Cristo o que o fruto é para a árvore que o deu”, e que o mundo inteiro reconhece esse fato, exceto a Igreja de Roma, “pois ela proclamou milhares de vezes que sua missão era destruir todos [os princípios americanos], mesmo que tivesse que mergulhá-los no sangue daqueles que os sustentavam”.
Mais adiante, ele observa, para nosso espanto:
Embora os fatos apresentados neste impressionante relato não estejam na mira da historiografia moderna, que geralmente os julga como nada mais que teoria conspiratória típica do século XIX, recomendo ao nobre leitor que aprecie não somente todo o capítulo do qual extraí a citação acima, mas também o capítulo seguinte [13], que trata detalhadamente da conspiração que custou a vida deste grande presidente americano.
De toda forma, a menção de Chiniquy à política invariável de Roma de usar um partido contra o outro para a sua própria vantagem descreve uma estratégia distintamente jesuíta, inspirada na máxima dividir para enfraquecer; enfraquecer para conquistar – máxima, aliás, que se originou na rebelião de Lúcifer no Céu (Isaías 14:12-14; Ezequiel 28:12-17; Apocalipse 12:7).
Porque esta ordem maliciosa se inscreveu não só sob a bandeira escravagista, mas também, e ao mesmo tempo, sob a bandeira abolicionista, a fim de que, pelo inevitável conflito entre o Norte e o Sul, pudesse enfraquecer e destruir a jovem nação e, assim, conquistá-la para o papado. Como descreve Emanuel M. Josephson:
Observe, então, que a estratégia de usar o conflito de opostos para provocar mudanças que favoreçam aquele que os explora não é uma exclusividade de grupos secretos muito fechados, ou de entidades globalistas como o Grupo Bilderberg e a Comissão Trilateral. Muito antes dessas organizações existirem, os jesuítas já a praticavam ostensivamente.
Pois os jesuítas são, nas palavras de Samuel Morse, “uma sociedade secreta - uma espécie de ordem maçônica – caracterizada marcadamente por odiosa insurreição e mil vezes mais perigosa” [15]. Eles são os grandes mestres do xadrez, jogando sempre dos dois lados, e, por essa razão, constituem a maior ameaça a tudo o que a América originalmente representa.
Sobre esta estratégia pragmática de jogar em mais de um partido, Samuel Morse também observa (note como ele a descreve):
Note que a ironia do célebre inventor e professor americano se justifica pela natureza camaleônica de uma instituição que, ao passo que é inimiga inflexível das liberdades civis e religiosas, apresenta-se, ao mesmo tempo, como a defensora mais ilustre e proativa dessas mesmas liberdades que ela, em oculto, despreza e odeia. E nisso reside o maior perigo que Roma papal representa para o mundo livre.
Uma elite internacional empenhada em criar um governo mundial sob seu comando pode usar como pretexto ou cobertura superficial para conferir uma aparência agradável às suas políticas junto à opinião pública a difusão da liberdade e da democracia. Isso de fato acontece, e, tendo em conta o caráter manifesto dessa elite subversiva, trata-se de algo previsível e do qual o cidadão bem informado pode proteger-se de alguma forma.
Mas Roma papal pode operar, e opera efetivamente, sob a máscara da religião cristã, o que a torna insuspeita aos olhos do povo e lhe garante a segurança contra qualquer interferência governamental. Trabalhando sob o verniz da piedade, ela pode instrumentalizar as carências espirituais do povo para alcançar suas ambições políticas e, assim, fazer muito mais do que qualquer um dos seus competidores na corrida pela nova ordem mundial.
E isso, como já tendes a oportunidade de comprovar, não é mera conjectura de vosso servo, pois o longo histórico de atuação da Igreja durante os séculos em que tornou subservientes os potentados europeus de modo a favorecer sua causa constitui um testemunho histórico irrefutável e uma comprovação substantiva do presente argumento.
Um caso representativo ocorreu em 1822, quando os governos chefiados pelos Hohenzollerns, os Habsburgos, os Romanoffs e os Bourbons, que não eram outra coisa senão autocracias, “juraram no Tratado Secreto de Verona”, nas palavras de Robert L. Owen, então senador americano pelo Estado do Oklahoma, “um pacto de hostilidade a todos os governos representativos (isto é, as Democracias) e contra a educação do povo e a liberdade de imprensa”. [17]
Ora, o Tratado de Verona era uma emenda elaborada pelo príncipe Metternich da Áustria ao tratado da “Santa Aliança”, firmado em 26 de setembro de 1815 pelas monarquias absolutistas da Rússia, da Áustria e da Prússia [18], as quais se comprometeram a “tomar como único guia os preceitos de sua religião sagrada que o Salvador ensinou, a saber: os preceitos da justiça, caridade cristã, paz", mas que, contraditoriamente, “negaram a seu próprio povo qualquer direito de representação em um governo apoiado pelos impostos e pelos labores e sacrifícios do próprio povo”. [19]
E como Josephson observou na citação acima, foi para cumprir os termos desse tratado - o de Verona - que os jesuítas se empenharam para destruir o governo representativo dos EUA por meio da Ordem de São Leopoldo, uma organização, segundo Burke McCarty, formada em Viena, na Áustria, em 1828, com o propósito de “realizar por meio de intrigas e insinuações o que não poderia ser feito com balas e baionetas”. [20]
No ano seguinte à fundação da Ordem, ela recebeu o reconhecimento e a bênção papal, que foi proferida em uma grande missa pontifícia em Viena, na qual compareceu toda a realeza, e “a feliz ocasião foi encerrada com um grande baile no palácio à noite”.
Mediante os fundos que abasteciam a Ordem – parte dos quais provinha da Casa de Habsburgo, a família nobre católica mais poderosa da Europa -, foi possível financiar, pelo menos em muitos casos, a imigração de católicos para os Estados Unidos, os quais “os bispos de todas as grandes cidades, de Nova York a São Francisco, começaram a reunir”, de maneira a assegurar que o voto católico em massa equilibrasse o poder político em favor dos bispos e padres romanos.
McCarty escreve:
Devemos observar que o empreendimento ao qual se dedicaram com extremo zelo os jesuítas e outras ordens católicas estava em harmonia com uma encíclica de Leão XIII, que instruía os católicos a tomarem parte ativa na esfera pública, a fim de conquistar a sociedade moderna para o catolicismo:
As expectativas da Igreja quanto ao sucesso dessa política de infiltração na vida pública americana (da qual o próprio Chiniquy participou e sobre a qual apresenta um notável testemunho), podem ser resumidas em uma declaração feita durante um discurso proferido na escola católica Holy Name, em 04 de maio de 1903, pelo então arcebispo de Chicago, James E. Quigley, e que foi parcialmente reproduzido no jornal The Chicago Tribune, de 05 de maio:
É preciso esclarecer as implicações dessa declaração, a fim de que se tenha em justa medida uma ideia do quão eficiente foi o sistema de infiltração católico-romano na sociedade americana. O que está em questão aqui é o significado político e a natureza conspiratória do plano arquitetado no alto escalão da Igreja para destruir silenciosamente a jovem nação, e não a sinceridade dos muitos católicos que dele participaram sem o conhecimento dos fatos.
Assim, rogo a indulgência do leitor ao reproduzir o seguinte testemunho do padre Crowley, a quem mencionei há pouco:
Há dois aspectos dessa revelação dignos de nota. O primeiro é: Como alguém como o presidente republicano William H. Taft, que tinha discernimento suficiente para se opor à Lei de Aldrich - a Lei do Federal Reserve, que instituiu uma reforma inconstitucional no sistema bancário dos EUA -, pôde ignorar tão flagrantemente uma ameaça não menos significativa à constituição americana?
Como observa Crowley, o Sr. Taft não ignorava de fato as pretensões nada democráticas de Roma papal. Sua motivação, naturalmente, era política, e não patriótica, e demonstrava o expressivo peso do voto católico nas disputas eleitorais já naquela época.
O segundo aspecto diz respeito, sem dúvida, ao discurso e à atitude condescendentes do vigésimo sétimo presidente dos Estados Unidos, que de fato abriram um precedente de longo alcance a favor da Igreja de Roma para futuros presidentes. Este foi o caso da administração Obama, para citar um exemplo mais recente, quando, em uma visita histórica a esta nação em setembro de 2015, Francisco fez o primeiro discurso de um papa no Congresso!
A primeira página da Constituição dos Estados Unidos. The U.S. National Archives and Records Administration. |
Uma liberdade não pode subsistir sem a outra. “A liberdade civil” escreve Philip Schaff, “exige para seu apoio a liberdade religiosa e não pode prosperar sem ela. A liberdade religiosa não é um som vazio, mas um exercício ordenado de deveres religiosos e desfruta de todos os seus privilégios. É liberdade na religião, não liberdade da religião; assim como a verdadeira liberdade civil é liberdade na lei, e não liberdade da lei” [4].
Mas ambas as liberdades só podem existir em uma república constitucional, onde os poderes governamentais são limitados de modo a impedir o exercício de prerrogativas que a constituição americana não concede. Os pais fundadores sabiam muito bem que um sistema político centralizado e todo-poderoso tornaria a ditadura um fim inevitável.
Eles também sabiam que um Estado autoritário não era a única ameaça a esses direitos constitucionais; era preciso salvaguardá-los também do monopólio da religião e da interferência mútua entre as esferas civil e religiosa. R.W. Thompson diz no prefácio de sua obra sobre os jesuítas:
As instituições civis dos Estados Unidos não poderiam ter sido formadas sem a separação da Igreja e do Estado, e não poderiam continuar a existir se estes fossem novamente unidos. O cristianismo não poderia manter sua pureza primitiva se a política e a fé religiosa se misturassem; nem o Estado poderia preservar sua capacidade de providenciar o bem-estar geral se submetido ao domínio da autoridade eclesiástica. [5]
Oposição entre o sistema de governo americano e o papal
E aqui retornamos ao problema do porquê tais garantias constitucionais, tão estimadas por todos aqueles que amam a liberdade, são estranhas a Roma papal. Ela não é uma democracia, mas um sistema rigidamente hierárquico governado a partir do topo de sua estrutura pelo “Vigário do Verbo Encarnado, revestido em sua dupla Soberania, espiritual e temporal” [6], para quem a liberdade política é útil somente na medida em “que ele exerça seu poder espiritual, sua autoridade e sua jurisdição sobre o mundo inteiro” [7].
E é dever dos católicos “ater-se com decisão inabalável a tudo o que os Pontífices romanos têm ensinado ou ensinarem, e, todas as vezes que as circunstâncias o exigirem, fazer disso profissão pública. Particularmente no que diz respeito às ‘liberdades modernas’, como lhes chamam, deve cada um ater-se ao julgamento da Sé Apostólica e conformar-se com suas decisões” [8], o que não deixa dúvida sobre a qual sistema os católicos devem sua lealdade.
Nunca é demais enfatizar este notório antagonismo entre os decretos oficiais da Igreja e os princípios da constituição americana, certamente não pela pena de vosso servo inútil, mas por outras declarações não menos reveladoras que as encontradas nas encíclicas papais que já mencionamos; declarações que de modo algum diminuem a questão, mas realçam-na de tal forma que nos fornecem uma medida exata dos sentimentos de animosidade expressos nos decretos do primeiro em relação aos princípios emanados do segundo.
Jeremiah J. Crowley, que durante vinte e um anos foi sacerdote católico-romano, escreveu em seu livro, Romanism: A Menace to the Nation (cujo exemplar da primeira edição foi enviado pelo autor ao papa Pio X):
A Declaração da Independência Americana afirma a igualdade humana: Roma a nega. A Constituição dos Estados Unidos proclama a soberania do povo; proíbe qualquer união da Igreja e Estado; e garante liberdade de consciência, liberdade de expressão e liberdade de imprensa. Roma repudia a soberania do povo; ela exige a união da Igreja e Estado e proclama-se ser a Igreja com exclusão de todas as demais; e ela condena a liberdade de consciência, a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa.... A Constituição dos Estados Unidos era considerada pelos pais e construtores das instituições americanas como um documento de valor inestimável, não somente um benefício para os americanos, mas também uma bênção para a humanidade; Roma condena as liberdades que a Constituição dos Estados Unidos garante. [9]
Sobre a liberdade religiosa, um artigo publicado no The Warwick Examiner and Times, de junho de 1880, citando o Rambler, um órgão inglês do papado, de setembro de 1851, diz o seguinte (note as palavras):
A liberdade religiosa, no sentido da liberdade que todos os homens possuem para escolher sua religião, é uma das ilusões mais perversas já impingidas à presente época pelo pai de todo engano. A própria palavra “liberdade” – exceto no sentido de permissão para praticar certos atos definidos [naturalmente pela Igreja] – deveria ser banida do domínio da religião. Não é nem mais nem menos do que falsidade. Nenhum homem tem o direito de escolher sua religião.... Devo alimentar meu errante irmão Protestante com a esperança de que eu não vou interferir em seu credo se ele não se intrometer no meu? .... Não! O catolicismo é o mais intolerante dos credos. É a própria intolerância: porque é a verdade em si mesmo. [10]
E o estadista e escritor francês, o Conde de Montalembert, ativo defensor de “uma igreja livre em um estado livre” (a despeito de seu papel não menos ativo na restauração do poder temporal do papa, após este ter sofrido outro golpe em 1848), declarou francamente em uma assembleia de católicos em Malinas, na Bélgica:
De todas as liberdades que me comprometi a defender, a mais preciosa do meu ponto de vista, a mais sagrada, a mais legítima, a mais necessária, é a liberdade de consciência.... Devo confessar que esta minha entusiástica devoção à liberdade religiosa não é geral entre os católicos. Eles a apreciam muito para si mesmos - o que não é um grande mérito. Geralmente, todo mundo aprecia todo tipo de liberdade para si. Mas a liberdade religiosa propriamente dita, a liberdade das consciências de outros homens, a liberdade de adoração que os homens proclamam e negam - é isso o que perturba e enraivece muitos de nós.... Temos a liberdade, hoje em dia, de exigir liberdade em favor da verdade - isto é, para nós mesmos (pois todo homem honesto acredita no que ele considera ser a verdade) e recusar o erro – ou seja, para pessoas que diferem de nós? Eu respondo categoricamente: Não .... Eu sinto um horror insuperável ante todas as punições e todas as violências infligidas à humanidade sob o pretexto de servir ou defender a religião. Os feixes acesos pelas mãos dos católicos são tão terríveis para mim quanto os cadafalsos sobre os quais os protestantes imolaram tantos mártires. A mordaça na boca de qualquer pregador sincero de sua própria fé, eu sinto como se estivesse entre meus próprios lábios, e isso me faz estremecer de angústia". [11]
Aí tendes em resumo, mais uma vez, o problema central de que temos nos ocupado, isto é, o profundo contraste entre a constituição e o espírito americanos e os princípios sobre os quais a Igreja de Roma foi fundada. E tais testemunhos não provêm de protestantes de nascimento, e sim de pessoas que em sua época foram ou ainda eram católicas convictas e eminentes, e cujas palavras têm, talvez, mais importância hoje do que tiveram no passado, quando ainda era possível distinguir com razoável clareza o espírito e as políticas de Roma.
O papado sustenta a união indissolúvel e numa única mão da autoridade civil e religiosa e, portanto, reclama jurisdição não menos que universal e obediência incondicional. Sendo por natureza um sistema antidemocrático, não surpreende que o papado considere a ordem política e social da qual a América é a maior representante como pagã e anticristã e tenha decidido destruí-la e conquistá-la a partir de dentro.
Conspiração papal para conquistar a América
A esse respeito, Charles Chiniquy, que durante grande parte de sua vida foi sacerdote católico-romano, escreveu que a constituição americana “é para o evangelho de Cristo o que o fruto é para a árvore que o deu”, e que o mundo inteiro reconhece esse fato, exceto a Igreja de Roma, “pois ela proclamou milhares de vezes que sua missão era destruir todos [os princípios americanos], mesmo que tivesse que mergulhá-los no sangue daqueles que os sustentavam”.
Mais adiante, ele observa, para nosso espanto:
.... Roma viu imediatamente que a própria existência dos Estados Unidos era uma ameaça formidável à sua própria existência.... Desde o início, ela semeou perfidamente os germes de divisão e ódio entre as duas grandes seções deste país, e sentiu um júbilo indescritível ao ver que havia conseguido provocar a divisão entre o Sul e o Norte na exacerbada questão da escravidão. Ela considerava essa divisão sua oportunidade de ouro. Esmagar um partido mediante o outro e reinar sobre as ruínas sangrentas de ambos tem sido invariavelmente sua política. Ela esperava que chegasse a hora de seu supremo triunfo sobre este continente. Ela ordenou que seu filho mais velho, o Imperador da França, se mantivesse preparado para ajudá-la a esmagar o Norte, tendo um exército no México pronto para apoiar o Sul, e apelou a todos os bispos, padres e leigos da Igreja Católica Romana que se alistassem sob as bandeiras da escravidão, juntando-se ao partido Democrata. E todos sabem como os bispos e padres católicos, quase que como um único homem, obedeceram a essa ordem. Apenas um bispo se atreveu a desobedecê-la. Acima de tudo, foi ordenado que se opusessem à eleição de Lincoln a qualquer custo. Porque, desde o primeiro dia em que sua voz eloquente foi ouvida, uma sensação de terror atravessou o coração dos partidários da escravidão. A imprensa democrata, que estava então, como ainda hoje, quase inteiramente sob o controle dos católicos, e instrumento dedicado dos jesuítas, inundou o país com as mais terríveis denúncias contra ele. Eles o chamavam de macaco, um bruto estúpido, um lunático muito perigoso, um monstro sangrento, um tirano impiedoso, etc. Em uma palavra, Roma esgotou todos os seus recursos de linguagem, vasculhando o dicionário inglês em busca das expressões mais adequadas para incutir no povo desprezo, ódio e horror contra ele. Contudo, estava escrito nos decretos de Deus que o honesto Abraham Lincoln deveria ser proclamado Presidente dos Estados Unidos, em 4 de março de 1861. [12]
Embora os fatos apresentados neste impressionante relato não estejam na mira da historiografia moderna, que geralmente os julga como nada mais que teoria conspiratória típica do século XIX, recomendo ao nobre leitor que aprecie não somente todo o capítulo do qual extraí a citação acima, mas também o capítulo seguinte [13], que trata detalhadamente da conspiração que custou a vida deste grande presidente americano.
De toda forma, a menção de Chiniquy à política invariável de Roma de usar um partido contra o outro para a sua própria vantagem descreve uma estratégia distintamente jesuíta, inspirada na máxima dividir para enfraquecer; enfraquecer para conquistar – máxima, aliás, que se originou na rebelião de Lúcifer no Céu (Isaías 14:12-14; Ezequiel 28:12-17; Apocalipse 12:7).
Porque esta ordem maliciosa se inscreveu não só sob a bandeira escravagista, mas também, e ao mesmo tempo, sob a bandeira abolicionista, a fim de que, pelo inevitável conflito entre o Norte e o Sul, pudesse enfraquecer e destruir a jovem nação e, assim, conquistá-la para o papado. Como descreve Emanuel M. Josephson:
A libertação dos escravos começou a ser agitada ativamente na segunda década do século XIX por vários grupos com diferentes motivações. De longe, o maior grupo era composto por aqueles que procuravam, então, destruir a União a partir de dentro, usando a questão da escravidão. Os mais proeminentes nesse grupo foram os jesuítas, com sua Ordem de São Leopoldo, que se comprometera a cumprir os termos de seu Tratado de Verona destruindo o governo representativo, a “obra de Satanás”, em nosso país; e seus peões iluministas ou comunistas. Havia também aqueles, especialmente os ianques, que eram abolicionistas motivados comercialmente. E alguns eram visionários com ou sem princípios. Um dos primeiros distúrbios encenados por negros nos EUA foi o realizado no início da década de 1820 por Denmark Vesey, sob influência jesuíta. Depois de um tumulto seguido de assassinato e estupro, ele e seus seguidores foram capturados e enforcados. [14]
Observe, então, que a estratégia de usar o conflito de opostos para provocar mudanças que favoreçam aquele que os explora não é uma exclusividade de grupos secretos muito fechados, ou de entidades globalistas como o Grupo Bilderberg e a Comissão Trilateral. Muito antes dessas organizações existirem, os jesuítas já a praticavam ostensivamente.
Pois os jesuítas são, nas palavras de Samuel Morse, “uma sociedade secreta - uma espécie de ordem maçônica – caracterizada marcadamente por odiosa insurreição e mil vezes mais perigosa” [15]. Eles são os grandes mestres do xadrez, jogando sempre dos dois lados, e, por essa razão, constituem a maior ameaça a tudo o que a América originalmente representa.
Sobre esta estratégia pragmática de jogar em mais de um partido, Samuel Morse também observa (note como ele a descreve):
Os católicos se vangloriam de que podem jogar uma seita contra a outra, pois, nas pequenas controvérsias que dividem as partes em disputa, a consciência maleável do jesuíta lhe permite jogar o peso de sua influência de um lado a outro, na medida de seu interesse; o comando de seus superiores e o suposto bem da igreja (isto é, o poder do sacerdócio), são primordiais em relação a todas as outras considerações.
Essa flexibilidade de consciência, tão vantajosa na construção de qualquer sistema de opressão, religioso ou político, nos apresenta alianças estranhamente contraditórias. Na Europa, o papado apoia o despotismo mais arrogante, envia seus trovões para intimidar o povo na mais abjeta obediência e mantém, no topo de seu credo, a união indissolúvel da igreja e estado, enquanto neste país [os Estados Unidos], onde ainda está trilhando seu caminho (oh, quão consistentemente!), aliou-se à democracia da nação; é o mais ruidoso em suas denúncias da tirania, da tirania dos patriotas americanos; é o primeiro a farejar a opressão, vê longe as maquinações dos protestantes americanos nativos para unir a igreja e o estado, e se apresenta como o guardião mais zeloso da liberdade civil e religiosa! Com tais sentinelas, certamente nossas liberdades estão seguras; com tais guardiões de nossos direitos, podemos dormir em paz! [16]
Note que a ironia do célebre inventor e professor americano se justifica pela natureza camaleônica de uma instituição que, ao passo que é inimiga inflexível das liberdades civis e religiosas, apresenta-se, ao mesmo tempo, como a defensora mais ilustre e proativa dessas mesmas liberdades que ela, em oculto, despreza e odeia. E nisso reside o maior perigo que Roma papal representa para o mundo livre.
Uma elite internacional empenhada em criar um governo mundial sob seu comando pode usar como pretexto ou cobertura superficial para conferir uma aparência agradável às suas políticas junto à opinião pública a difusão da liberdade e da democracia. Isso de fato acontece, e, tendo em conta o caráter manifesto dessa elite subversiva, trata-se de algo previsível e do qual o cidadão bem informado pode proteger-se de alguma forma.
Mas Roma papal pode operar, e opera efetivamente, sob a máscara da religião cristã, o que a torna insuspeita aos olhos do povo e lhe garante a segurança contra qualquer interferência governamental. Trabalhando sob o verniz da piedade, ela pode instrumentalizar as carências espirituais do povo para alcançar suas ambições políticas e, assim, fazer muito mais do que qualquer um dos seus competidores na corrida pela nova ordem mundial.
E isso, como já tendes a oportunidade de comprovar, não é mera conjectura de vosso servo, pois o longo histórico de atuação da Igreja durante os séculos em que tornou subservientes os potentados europeus de modo a favorecer sua causa constitui um testemunho histórico irrefutável e uma comprovação substantiva do presente argumento.
O Tratado de Verona e a estratégia de infiltração
Um caso representativo ocorreu em 1822, quando os governos chefiados pelos Hohenzollerns, os Habsburgos, os Romanoffs e os Bourbons, que não eram outra coisa senão autocracias, “juraram no Tratado Secreto de Verona”, nas palavras de Robert L. Owen, então senador americano pelo Estado do Oklahoma, “um pacto de hostilidade a todos os governos representativos (isto é, as Democracias) e contra a educação do povo e a liberdade de imprensa”. [17]
Ora, o Tratado de Verona era uma emenda elaborada pelo príncipe Metternich da Áustria ao tratado da “Santa Aliança”, firmado em 26 de setembro de 1815 pelas monarquias absolutistas da Rússia, da Áustria e da Prússia [18], as quais se comprometeram a “tomar como único guia os preceitos de sua religião sagrada que o Salvador ensinou, a saber: os preceitos da justiça, caridade cristã, paz", mas que, contraditoriamente, “negaram a seu próprio povo qualquer direito de representação em um governo apoiado pelos impostos e pelos labores e sacrifícios do próprio povo”. [19]
E como Josephson observou na citação acima, foi para cumprir os termos desse tratado - o de Verona - que os jesuítas se empenharam para destruir o governo representativo dos EUA por meio da Ordem de São Leopoldo, uma organização, segundo Burke McCarty, formada em Viena, na Áustria, em 1828, com o propósito de “realizar por meio de intrigas e insinuações o que não poderia ser feito com balas e baionetas”. [20]
No ano seguinte à fundação da Ordem, ela recebeu o reconhecimento e a bênção papal, que foi proferida em uma grande missa pontifícia em Viena, na qual compareceu toda a realeza, e “a feliz ocasião foi encerrada com um grande baile no palácio à noite”.
Mediante os fundos que abasteciam a Ordem – parte dos quais provinha da Casa de Habsburgo, a família nobre católica mais poderosa da Europa -, foi possível financiar, pelo menos em muitos casos, a imigração de católicos para os Estados Unidos, os quais “os bispos de todas as grandes cidades, de Nova York a São Francisco, começaram a reunir”, de maneira a assegurar que o voto católico em massa equilibrasse o poder político em favor dos bispos e padres romanos.
McCarty escreve:
Com o rápido aumento da imigração estrangeira, esses agentes dos divinos cavaleiros da Europa, operando mediante os jesuítas e seus agentes leigos, fizeram progressos além dos seus sonhos mais insanos. Câmaras municipais, legislaturas estaduais e até o Congresso foram intimidados e corrompidos. Eles se vangloriavam de que dentro de um ano qualquer assento no Congresso poderia ser comprado por cem mil dólares! Não apenas isso, mas alguns anos antes, quando da impugnação do assento do senador de Chicago, Wm. Lorimer, foi assegurado que essa soma era o preço de compra. Uma renúncia forçada [do senador] se seguiu. É interessante notar que a principal testemunha do Sr. Lorimer era um padre católico de Chicago, que testemunhou, de acordo com os relatos da Associated Press, que um penitente seu havia reconhecido no confessionário que difamara o Sr. Lorimer. O referido penitente não foi identificado, naturalmente. [21]
Devemos observar que o empreendimento ao qual se dedicaram com extremo zelo os jesuítas e outras ordens católicas estava em harmonia com uma encíclica de Leão XIII, que instruía os católicos a tomarem parte ativa na esfera pública, a fim de conquistar a sociedade moderna para o catolicismo:
54. À salvação pública importa ainda que os católicos emprestem sensatamente o seu concurso à administração dos negócios municipais e se apliquem sobretudo a fazer com que a autoridade pública atenda à educação religiosa e moral da juventude, como convém aos cristãos: daí depende sobretudo a salvação da sociedade. Será geralmente útil e louvável que os católicos estendam a sua ação além dos limites desse campo demasiado restrito, e ocupem os grandes cargos do Estado.... Abstendo-se eles, as rédeas do governo passarão sem contestação às mãos daqueles cujas opiniões certamente não oferecem grande esperança de salvação para o Estado.
55. Seria isso, ademais, pernicioso aos interesses cristãos, porque os inimigos da Igreja teriam todo o poder e os defensores dela, nenhum. É evidente, pois, que os católicos têm justos motivos para participar da vida política; porquanto o fazem e devem fazê-lo não para aprovar aquilo que pode haver de censurável presentemente nas instituições políticas, mas para tirar dessas próprias instituições, tanto quanto possível, o bem público sincero e verdadeiro [note, por favor, esta formulação e o que ela realmente significa a seguir], propondo-se infundir em todas as veias do Estado, como uma seiva e um sangue reparador, a virtude e a influência da religião católica. [22]
As expectativas da Igreja quanto ao sucesso dessa política de infiltração na vida pública americana (da qual o próprio Chiniquy participou e sobre a qual apresenta um notável testemunho), podem ser resumidas em uma declaração feita durante um discurso proferido na escola católica Holy Name, em 04 de maio de 1903, pelo então arcebispo de Chicago, James E. Quigley, e que foi parcialmente reproduzido no jornal The Chicago Tribune, de 05 de maio:
Em cinquenta anos, Chicago será exclusivamente católica. O mesmo pode ser dito da Grande Nova York e da cadeia de grandes cidades que se estende por todo o continente até São Francisco.... Nada pode resistir à Igreja. Gostaria de ver o político que tentasse governar contra a Igreja em Chicago. Seu reinado seria realmente breve. [23]
É preciso esclarecer as implicações dessa declaração, a fim de que se tenha em justa medida uma ideia do quão eficiente foi o sistema de infiltração católico-romano na sociedade americana. O que está em questão aqui é o significado político e a natureza conspiratória do plano arquitetado no alto escalão da Igreja para destruir silenciosamente a jovem nação, e não a sinceridade dos muitos católicos que dele participaram sem o conhecimento dos fatos.
Assim, rogo a indulgência do leitor ao reproduzir o seguinte testemunho do padre Crowley, a quem mencionei há pouco:
Não tenho nenhum tipo de controvérsia, pessoal ou não, com o presidente William H. Taft, o ex-presidente Theodore Roosevelt, Woodrow Wilson ou qualquer outro político, porém, no interesse da humanidade, sinto-me constrangido a advertir as pessoas de toda parte sobre as intrigas que estão acontecendo entre a hierarquia romana e os políticos. Tendo sido membro dessa Hierarquia por vinte e um anos, sei do que falo.
Até o momento, Roosevelt não respondeu ao protesto de milhões de cidadãos americanos, a quem ele denunciou como [observe a semelhança com o nosso tempo] possuídos e influenciados por um “fanatismo injustificado” por causa de seu sincero e consciencioso protesto em favor da liberdade constitucional e contra as reivindicações injustificadas do poder papal.
A presença oficial do Presidente Taft e de outros altos funcionários do governo não católico na Missa Solene no Dia de Ação de Graças nos últimos três anos na Igreja de St. Patrick, Washington, DC, estabeleceu um precedente deplorável para futuros presidentes, bem como para pessoas não católicas em todo o país, às quais ele deu o exemplo. O Presidente dos Estados Unidos e outras altas autoridades não católicas não devem se permitir, por motivos egoístas, serem usados pela Igreja Católica Romana para fins publicitários.
O Sr. Taft, dirigindo-se aos Cavaleiros de Colombo, uma forte organização político-religiosa, em Portland, Oregon, em 12 de outubro de 1911, disse em parte o seguinte:
“Em vez de ser uma razão pela qual não podeis ser patriotas, filhos leais dos Estados Unidos, dispostos a abrir mão de vossas vidas se a ocasião o exigir, o fato de serdes membros da Igreja Católica Romana nos Estados Unidos é uma garantia de que sois cidadãos patrióticos e leais”.
Alguém pode acreditar na sinceridade do Presidente Taft quando ele faz esta declaração? Ele certamente conhece a posição da Igreja Católica Romana e sua reivindicação da supremacia papal sobre o poder civil. Aqui está o que um grande órgão papal americano, The Catholic World, diz sobre esse assunto, cujas afirmações não são novas nem originais:
“O católico deve exercer seu voto com o objetivo de garantir a ascensão católica neste país. Toda a legislação deve ser governada pela vontade de Deus, indiscutivelmente designada pelo papa. A educação deve ser controlada pelas autoridades católicas e, sob a educação, as opiniões dos indivíduos e as declarações da imprensa. Muitas opiniões devem ser proibidas pelo braço secular, sob a autoridade da Igreja, mesmo por meio da guerra e derramamento de sangue”.
Isso não cheira à Inquisição? [...]
Padres e prelados percebem que os políticos que estão chegando ao cargo farão de tudo para ajudar Roma a “tornar a América predominantemente católica”, a fim de garantir o “voto católico” para si e para seu partido. Portanto, este ano presidencial é considerado mais oportuno para forçar a questão e obrigar a Administração Federal a estabelecer precedentes de longo alcance a favor do Romanismo. [24]
Há dois aspectos dessa revelação dignos de nota. O primeiro é: Como alguém como o presidente republicano William H. Taft, que tinha discernimento suficiente para se opor à Lei de Aldrich - a Lei do Federal Reserve, que instituiu uma reforma inconstitucional no sistema bancário dos EUA -, pôde ignorar tão flagrantemente uma ameaça não menos significativa à constituição americana?
Como observa Crowley, o Sr. Taft não ignorava de fato as pretensões nada democráticas de Roma papal. Sua motivação, naturalmente, era política, e não patriótica, e demonstrava o expressivo peso do voto católico nas disputas eleitorais já naquela época.
O segundo aspecto diz respeito, sem dúvida, ao discurso e à atitude condescendentes do vigésimo sétimo presidente dos Estados Unidos, que de fato abriram um precedente de longo alcance a favor da Igreja de Roma para futuros presidentes. Este foi o caso da administração Obama, para citar um exemplo mais recente, quando, em uma visita histórica a esta nação em setembro de 2015, Francisco fez o primeiro discurso de um papa no Congresso!
Papa Francisco discursa em uma reunião conjunta do Congresso no Capitólio, Washington. Crédito: Evan Vucci/AP |
E tal acontecimento ilustra da maneira mais eloquente quão zelosas foram ao longo dos anos as ordens católicas comprometidas com a hegemonia papal na América, a maior delas, sem dúvida, a dos jesuítas, seguida pelos Cavaleiros de Colombo, uma ordem que igualmente ocultava sua função política neste país sob o manto da piedade e solidariedade cristãs.
Uma advertência para a América e para o mundo
Não é de surpreender, pois, a considerável representatividade católica nos Estados Unidos de hoje, o número expressivo de políticos e burocratas na administração pública que professam a fé católica, a mudança radical na visão do país sobre o Vaticano e as relações entre Igreja e Estado, e como o próprio protestantismo americano mudou seu conceito sobre o papa!
Agora, sob o pretexto de ideais cristãos profundamente enraizados, o projeto jesuíta visava, na prática, erradicar todo o sistema de instrução pública americano [ou corrompê-lo, para justificar depois a necessidade de um retorno à educação cristã, isto é, católica]; controlar as eleições, usando os votos católicos “para mudar a balança” a favor da Igreja; e tornar os Estados Unidos um país católico-romano, no qual o livre pensamento e a livre expressão seriam crimes puníveis com prisão e morte. [25]
Os conservadores cristãos que invocam a verdade como o seu único guia precisam ter discernimento, humildade e coragem para avaliar objetivamente fatos desconfortáveis como este. Necessitam lembrar que os que ignoram o passado estão condenados a repeti-lo, e que a cegueira voluntária precede a ruína.
Em virtude de seu evidente caráter, não há dificuldade em identificar um socialista ou comunista que se esconde sob o epíteto de progressista. Também não é difícil comprovar que os conspiradores que trabalham ativamente para a construção de uma nova ordem mundial provêm de classes sociais muito elevadas, que detêm imensos recursos e gozam de notável reputação, e que são hábeis em promover um sistema de concentração de riqueza - o socialismo - como um sistema de distribuição da riqueza.
Mas este não é o caso do papado, pois, como já mencionei, ele tem a vantagem de ocultar suas pretensões políticas sob a máscara da religião e a habilidade de usar as carências espirituais do povo para realizá-las. A história do papado testifica de como ele invocou os mais nobres ideais cristãos para justificar suas relações com o poder civil e suas interferências nas prerrogativas dos governos sujeitos à sua autoridade.
Como observa Alberto Rivera na introdução à obra de Edmond Paris, A História Secreta dos Jesuítas, “os homens mais perigosos são aqueles que aparentam muita religiosidade, especialmente quando estão organizados e detêm posições de autoridade, contando com o profundo respeito do povo, o qual ignora seu sórdido jogo pelo poder nos bastidores”. O bem e o mal se misturam estranhamente no caráter destes homens, pois a mistura é o segredo de seu imenso poder [26], e seu objetivo inalterável é restaurar as nações do mundo ao controle da Igreja Católica [27].
Talvez nenhuma declaração expresse melhor os sentimentos destes homens pelo estilo de vida democrático americano do que a publicada na revista jesuíta America, em seu número de 17 de maio de 1941. Eu a reproduzo aqui parcialmente a partir da citação de L.H. Lehmann em seu Behind the Dictators:
... nós católicos detestamos e desprezamos essa civilização de Lúcifer, essa criação racionalista daqueles homenzinhos que se recusam dobrar os joelhos ou inclinar a cabeça em submissão à autoridade superior.... Hoje, pede-se aos católicos norte-americanos que derramem seu sangue por esse tipo particular de civilização secularista que eles têm repudiado heroicamente por quatro séculos. Essa civilização é agora chamada de democracia....
A democracia americana está se desintegrando, desmoronando internamente [note que esta declaração foi feita no início dos anos 40]. Fadiga, desilusão, desgosto, a tensão insuportável na sociedade, o temor da guerra e da falência, a falta de segurança, a revolução tecnológica que foi muito além dos instrumentos de controle social, um ódio anárquico e profundamente enraizado de uma ordem social que há muito tempo nega o princípio da justiça social [é preciso estudar a Doutrina Social da Igreja para compreender o que a expressão realmente significa], a revolta das massas e o nivelamento de todos os valores, a ausência de qualquer base ética comum - estes são apenas alguns dos múltiplos fatores no declínio que está agora sobre nós.
A liderança nesta crise não virá dos leigos. Ela não virá da base da pirâmide católica. Ela virá apenas do topo, da Hierarquia. A Revolução Cristã começará quando decidirmos nos libertar da ordem social existente, ao invés de ser sepultados com ela. [28]
Então podemos entender, apesar dos eventuais excessos, por que os nativistas americanos se opuseram à presença da Igreja em seu país. A charge abaixo (clique na imagem para ampliá-la) reflete a percepção nativista da ameaça representada pela influência da Igreja Romana nos Estados Unidos por meio da imigração irlandesa e da educação católica.
A menção à “Sociedade da Propagação” na parte inferior da charge é provavelmente uma alusão à organização católica proselitista Sociedade de Propagação da Fé.
O cavalheiro com chapéu, recostado no mastro da bandeira americana, é o “irmão Jonathan”. A “Jovem América” é representada pelo garoto que segura a Bíblia na direção do papa Pio IX, que desce do barco empunhando uma espada na mão e uma cruz na outra, acompanhado de cinco bispos, um dos quais prende o barco à costa americana.
O papa diz: “Meu amigo, decidimos cuidar de vosso bem-estar espiritual e de vosso estado secular, a fim de que não preciseis preocupar-vos quanto aos cuidados deles no futuro; faremos vossas orações e gastaremos vosso dinheiro enquanto viverdes, e o enterraremos no Campo Potters quando morrerdes. Ajoelhai-vos, então, e beijai nosso dedão do pé em sinal de submissão”.
O “irmão Jonathan” responde: “Não, senhor Papa! Estais mui disposto; mas não podeis colocar ‘a marca da besta’ nos americanos”. E a “Jovem América” diz: "Não podeis persuadir nem amedrontar nossos meninos, senhor! Podemos cuidar de nossos próprios assuntos seculares, e estamos decididos a ‘não saber nada’ além deste livro, para nos guiar nas coisas espirituais”. [29]
O advogado e político irlandês, John Philpot Curran, em um discurso em Dublin, capital da Irlanda, em 10 de julho de 1790, disse:
É o destino comum dos indolentes ver seus direitos serem tomados pelos ativos. A condição sobre a qual Deus deu liberdade ao homem é a eterna vigilância; condição que se ele descumprir, a servidão é, ao mesmo tempo, a consequência de seu crime e a punição de sua culpa”. [30]
E Wendell Phillips, abolicionista americano e ativista liberal, declarou em 28 de janeiro de 1852:
A eterna vigilância é o preço da liberdade – o poder está sempre roubando de muitos em favor de poucos. O maná da liberdade popular deve ser reunido todos os dias, ou apodrecerá. A seiva viva de hoje supera a casca morta de ontem. A autoridade confiada ao poder se torna necessariamente o inimigo do povo, tanto pela depravação humana quanto pelo esprit du corps. Somente a supervisão contínua pode impedir que o democrata no poder se torne déspota; somente com Agitação ininterrupta um povo pode ser mantido suficientemente desperto com relação aos princípios para não permitir que a liberdade seja sufocada na prosperidade material. [31]
Estas palavras são mais oportunas hoje do que foram há dois séculos, tendo em vista a crescente erosão dos direitos individuais por um estado cada vez mais centralizado e regulador, e os ataques sempre constantes ao “muro de separação” da Primeira Emenda vindos daqueles que deveriam ser os primeiros a protegê-lo, isto é, os protestantes.
A liberdade será preservada apenas por diligente vigilância. Se a negligenciarmos por indolência ou resignação, desconsiderando as grandes lições do passado preservadas para nosso benefício, pagaremos um preço elevado demais, no presente e no futuro.
Notas e referências
1. https://www.law.cornell.edu/wex/establishment_clause
2. https://constitution.congress.gov/conan/essay/1_1_3/
3. https://constitution.congress.gov/conan/essay/1_2_2/
4. Philip Schaff, Church and State in the United States of the American Idea of Religious Liberty and its Practical Effects. New York: Charles Scribner’s Sons, 1889, p. 16.
5. R.W. Thompson, The Footprints of the Jesuits. Cincinnati: Cranston & Curts; New York: Hunt & Eaton, 1894, p. 3.
6. Henry Edward Manning, Sermons on Ecclesiastical Subjects, Volume I. Second Edition. London: Burns, Oates, and Company, 1870, p. 273.
7. Pio IX, Carta Apostólica Cum Catholica Ecclesia, 26 de março de 1860, em: Papal Teachings: The Church, selected and arranged by the Benedictine Monks of Solesmes, translated by Mother E. O'Gorman, R.S.C.J., Manhattanville College of the Sacred Heart, St. Paul Editions, Boston, 1980 p. 160 e 161, #225.
8. Immortale Dei, Carta Encíclica do Papa Leão XIII, Sobre a Constituição Cristã dos Estados, 1º de novembro de 1885.
9. Jeremiah J. Crowley, Romanism: A Menace to the Nation. Aurora, MI: The Menace Publishing Co., 1912, p. 354.
10. Reply to “Melancthon”, The Warwick Examiner and Times, Saturday, June 5, 1880, p. 3.
11. An Inside View of the Vatican Council, in the Speech of the Most Reverend Archbishop Kenrick, of St. Louis. Edited by Leonard Woolsey Bacon. New York: American Tract Society [1871], p. 19.
12. Charles Chiniquy, Fifty Years in the Church of Rome, Chapter 60.
13. Ibid., Chapter 61. Ver também: Thomas M. Harris, Rome's Responsibility for the Assassination of Abraham Lincoln. Pittsburg, PA: Williams Publishing Company, 1897, 116 p.; Burke McCarty, The Suppressed Truth about the Assassination of Abraham Lincoln. Washington, D.C.: Burke McCarty, 1922, 290 p.
14. Emanuel M. Josephson, The Truth about Rockefeller, "Public Enemy No. 1": Studies in Criminal Psychopathy. New York: Chedney Press, 1964, p. 59.
15. http://www.azquotes.com/quote/918205?ref=jesuit
16. Samuel F.B. Morse, Foreign Conspiracy against the Liberties of the United States. Fifth Edition. New York: H.A. Chapin & Co., 1841, p. 68 e 69.
17. Robert L. Owen, Where is God in the European War. New York: The Century Co., 1919, p. 17.
18. Ibid., p. 20 e 23.
19. Ibid., p. 24 e 25.
20. Burke McCarty, The Suppressed Truth about the Assassination of Abraham Lincoln. Washington, D.C.: Burke McCarty, 1922, p. 30.
21. Ibid., p. 31 e 32.
22. Immortale Dei, Carta Encíclica do Papa Leão XIII, Sobre a Constituição Cristã dos Estados, 1º de novembro de 1885.
23. Jeremiah J. Crowley, op. cit., p. 64. Sobre o espantoso crescimento do catolicismo na América no século XIX, ver R.W. Thompson, The Papacy and the Civil Power. New York: Harper & Brothers, 1876, p. 19 a 24.
24. Ibid., p. 187 a 189.
25. J. Wayne Laurens, The Crisis: or, the Enemies of America Unmasked. Philadelphia: G.D. Miller, 1855, p. 23.
26. Ibid., p. 21 e 22.
27. L.H. Lehmann, Behind the Dictators: A Factual Analysis of the Relationship of Nazi-Fascism and Roman Catholicism, 1942, p. 4.
28. Ibid., p. 20 e 21.
29. https://www.loc.gov/item/2003656589/
30. Speeches of John Philpot Curran, Volume 2. New York: I. Riley, 1811, p. 235 e 236.
31. Wendell Phillips, Speeches before the Massachusetts Anti-Slavery Society, January, 1852. Boston: Robert F. Wallcut, 1852, p. 13.
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