Nosso Sumo Sacerdote - 10. A Hora do Juízo de Deus


Por Edward Heppenstall

O livro do Apocalipse, em grande parte, retrata o destino da igreja de Deus através da Era Cristã. A "mulher vestida de sol... tendo em sua cabeça uma coroa de doze estrelas" (Apocalipse 12:1) representa a igreja de Deus. A "grande meretriz", vestida de púrpura e escarlate (Apocalipse 17:1-6) representa a personificação da religião apóstata em conflito mortal com a igreja de Deus. A implacável inimizade de Satanás contra o povo de Deus ao longo dos tempos é representada pelo dragão.

Quando, pois, o dragão se viu atirado para a terra, perseguiu a mulher que dera à luz o filho varão; e foram dadas à mulher as duas asas da grande águia, para que voasse até ao deserto, ao seu lugar, aí onde é sustentada durante um tempo, tempos e metade de um tempo, fora da vista da serpente. Então a serpente arrojou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, a fim de fazer com que ela fosse arrebatada pelo rio. (Apocalipse 12:13-15).

Sob a figura da apóstata ponta pequena, Daniel profetizou sobre o mesmo poder que iria "magoar os santos do Altíssimo... por um tempo, dois tempos e metade de um tempo" (Daniel 7:25, ver também 8:24).

A guerra centre os poderes de Deus e os poderes demoníacos atinge o seu clímax nos últimos dias, num esforço final para destruir o povo de Deus.

Irou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes da sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e sustentam o testemunho de Jesus. (Apocalipse 12:17).

Nesse conflito final, todos os homens serão chamados a tomarem posição. O dragão, a besta e o falso profeta, operando em uníssono, procuram estender sua autoridade sobre todos os que habitam na terra (Apocalipse 16:13 e 14). A besta, que se exaltou contra o Deus do Céu e profanou o santuário de Deus e procurou eliminar da terra o povo de Deus, procura agora se fazer o centro de adoração (Apocalipse 13:4-8). Isto leva o falso profeta a enganar os que habitam sobre a terra por meio de milagres que ele tem poder para realizar (versos 11 a 15). Ele estabelece um boicote econômico sobre aqueles que recusam adorar a besta e a sua imagem e que permanecem leais a Deus. Aqueles que escolhem adorar a besta e a sua imagem recebem a marca da besta (versos 16 e 18). Aqueles que guardam os mandamentos de Deus e permanecem leais a Jesus têm o selo de Deus (Apocalipse 14:12; 7:3-5).

A igreja remanescente de Deus deve proclamar a última palavra de Deus a um mundo condenado. Essa mensagem final é simbolizada pela proclamação de três anjos seguida imediatamente pela volta de Cristo. O primeiro anjo proclama o evangelho eterno e a verdade inicial de que o juízo divino, durante tanto tempo predito pelos profetas e apóstolos como um juízo vindouro, finalmente é chegado. O segundo anjo proclama "caiu Babilônia". O terceiro, trata de uma solene advertência contra adorar a besta e sua imagem e receber a sua marca. Essa mensagem da hora do juízo é o último esforço de Deus em salvar os homens, em levá-los a obedecerem e adorarem o verdadeiro Deus. O resultado é uma dupla colheita - os justos e os maus, culminando com a segunda vinda de Cristo (ver Apocalipse 14:6-20).

"Vinda é a Hora do Seu Juízo"

Vi outro anjo voando pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam sobre a terra, e a cada nação, e tribo, e língua, e povo, dizendo em grande voz: Temei a Deus e dai-lhe glória, pois é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas. (Apocalipse 14:6 e 7).

O uso da palavra "hora" se refere a um tempo de grande crise para a humanidade. Ela tem todas as qualidades distintivas da ação pessoal de Deus relativa ao destino do homem. Cristo também usou a palavra referindo-se à crise da cruz.

É chegada a hora de ser glorificado o Filho do homem... Agora está angustiada a minha alma, e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente com este propósito vim para esta hora. (João 12:23-27).

No livro do Apocalipse, "hora" se refere à crise final dos últimos dias. Essa é a "a hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro para experimentar os que habitam sobre a terra. Venho sem demora; conserva o que tens para que ninguém tome a tua coroa" (Apocalipse 3:10 e 11).

Esta é a hora da luta final entre Cristo e Satanás, uma hora de vitória para Cristo e uma hora de derrota para Seus inimigos (ver Apocalipse 17:12-14). Esta é a hora para a queda total da Babilônia, um símbolo do culto e da religião falsos (ver Apocalipse 18:10, 17, 19).

A hora crítica do mundo chegou com a proclamação da chegada da hora do juízo de Deus. Este é o último tempo, por isso a igreja deve levar a mensagem no poder do Espírito Santo em um esforço final de advertir e salvar o homem.

A morte de Cristo foi o supremo e completo ato de Deus pela redenção do mundo.

Como a crise da cruz deve ser compreendida em termos da expiação de Cristo pelos pecados do mundo, assim "a hora" do juízo deve ser vista em relação à Sua segunda vinda.

"Juízo"

As duas mais importantes palavras gregas traduzidas por "juízo" são krisis e krima. Krisis se refere ao ato ou ação de julgar, normalmente independente do veredito a ser dado. O significado básico é "separar", distinguir entre o justo e o ímpio. Krima, por outro lado, é o veredito, a decisão resultante do processo judicial.

Krisis é a palavra usada em Apocalipse 14:7. Ela se refere à hora do divino julgamento, ou separação entre os salvos e os perdidos. Muitas das visões e mensagens do Apocalipse são referentes a eventos e juízo que pertencem ao tempo do fim antes da volta de Cristo. Para aqueles que se confiam inteiramente a Cristo, a hora do juízo do Senhor resultará na vindicação deles; para aqueles que adoram a besta, a sua imagem e recebem o seu sinal, o juízo resultará em condenação. O Apocalipse afirma, como nenhum outro livro do Novo Testamento, que, antes da volta de Cristo, por uma ação judicial no santuário celeste, Deus claramente separará os justos dos ímpios, o verdadeiro do falso.

Além disso, o texto declara, "é chegado o juízo". O tempo aoristo no grego significa que o juízo é agora, não em algum tempo no futuro. Deus está agora processando o juízo. Por isso, Deus chama os homens, enquanto ainda há tempo. Não haveria razão para o apelo de Deus aos homens, não fosse este juízo pré-advento. Enquanto o processo divino do juízo continuar, o tempo de provação será retardado. A mensagem da hora do juízo conclama "toda nação, tribo, língua e povo" a se voltar para Ele antes que seja demasiado tarde.

Alguém pode pensar que "a hora do juízo divino" signifique a ação de Deus contra a injustiça comparável ao Dilúvio ou à destruição de Sodoma e Gomorra. Porém este juízo é excluído dessa categoria e situado entre os movimentos finais que precedem a volta de Cristo.

O propósito de Deus não é realizar isto pela força, pois se assim fosse Ele poderia ter erradicado o pecado por esse método logo no início. O juízo aqui é essencial à consumação de todas as coisas. O que está em jogo é a vindicação de Deus e Seus caminhos perante os homens, os anjos, e Suas criaturas através do universo.

Vivemos hoje no grande dia da expiação... Quando se encerrar a obra do juízo de investigação, o destino de todos terá sido decidido ou para a vida, ou para a morte. O tempo de graça finaliza pouco antes do aparecimento do Senhor nas nuvens do céu. - O Grande Conflito, p. 530.

Enquanto o Pai e o Filho estão agora julgando o caso dos homens, estes devem encarar o juízo com um profundo interesse como um assunto de vida eterna ou morte eterna. De outra maneira, que faremos nós diante da terrível contingência de escolher entre o selo de Deus e o sinal da besta? A relação desse ato judicial no santuário celeste com as vidas humanas é de suprema importância. Isto é parte da fase final do ministério sacerdotal de nosso Senhor. Isto constitui para a raça humana a última oportunidade de arrepender-se e a hora final do nosso mundo.

As visões escatológicas dos livros de Daniel e Apocalipse apontam para o triunfo da igreja de Deus. Elas falam dos eventos finais da história do mundo que já agora estão tendo lugar. Somente a ação de juízo pelo Cristo vivo poderá encarar o conflito, banir o pecado e estabelecer a justiça. A história da salvação não poderia terminar de outra forma. Cristo levará o tempo e a história, assim como a conhecemos, a seu ponto final. A igreja remanescente de Deus aguarda com ansiedade o retorno visível de nosso Senhor. O chamado de Deus é para "adorar aquele que fez o céu, a terra, o mar e as fontes das águas".

Vão os bons e os maus continuar a reinar com igual direito? Ou prevalecerá a justiça e a terra será restaurada a seu original estado edênico? O destino da história é um assunto de vital importância. O pecado é um usurpador. Os últimos dias serão dias escuros, de crescente apostasia espiritual.

O apóstolo Paulo profetizou sobre o dia do Senhor:

Ninguém de nenhum modo vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia, e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus... Então serão de fato revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca, e o destruirá pela manifestação da sua vinda. Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais e prodígios da mentira, e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos; é por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira, a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade, antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça. (II Tessalonicenses 2:3-12).

Essa trágica condição do mundo será solucionada por uma decidida ação da parte de Deus no santuário celestial. Sejam quais forem as provações do povo de Deus, nós podemos estar certos de que "a hora do seu juízo" significará o triunfo final e bênçãos eternas para os santos. A Bíblia prevê para o nosso mundo nada menos que completa harmonia com Deus. Essa harmonia será efetivada pela hora do juízo divino e não humano, e será silenciada para sempre a rebelião de homens e anjos. Ao pecado foi dado tempo para que revelasse seu verdadeiro caráter até que hora da crise viesse. Essa hora é chegada. Deus intervirá para estabelecer Sua justiça e Sua igreja, e levará o mundo a um fim, por meio da volta pessoal e visível de Jesus Cristo.

Grande parte do mundo religioso e científico de nosso tempo expressa o desenvolvimento da verdade, religião, cultura e civilização em termos de duração ilimitada. Crê-se que as soluções aos problemas de nosso mundo têm lugar no atual processo histórico. Porém o cumprimento da Palavra e das profecias de Deus demandam um tempo do fim, o fim da história como o homem a tem conhecido por seis mil anos. O clímax da história está aí, quando então as promessas de Deus de um novo céu e uma nova terra, a restauração de todas as coisas à completa harmonia com Deus, serão, em breve, realizadas. Já agora, Deus está dirigindo o curso do mundo e encaminhando este último período de tempo. A chave do passado e a pista para entendermos o presente vem do santuário celestial para o homem. Tal fato nunca se deveria perder de vista.

À luz desse juízo agora em andamento, e da volta iminente de Jesus Cristo, a missão da igreja não é reforma social ou paz mundial ou a extinção da pobreza no mundo - embora, pela virtude do evangelho e do amor de Cristo, reformas sociais ocorram. Sua missão é a regeneração e transformação dos homens pelo poder do evangelho e pelo poder santificador da verdade de Deus mediante o Espírito Santo.

Todos necessitam para si mesmos de conhecimento sobre a posição e obra de seu grande Sumo Sacerdote. Aliás, ser-lhes-á impossível exercerem a fé que é essencial neste tempo, ou ocupar a posição que Deus lhes deseja confiar. Cada indivíduo tem uma alma a salvar ou a perder. Cada qual tem um caso pendente no tribunal de Deus. Cada um há de defrontar face a face o grande Juiz. Quão importante é, pois, que todos contemplem muitas vezes a cena solene em que o juízo se assentará e os livros se abrirão, e em que, juntamente com Daniel, cada pessoa deve estar na sua sorte, no fim dos dias. - O Grande Conflito, p. 528.

A mensagem do juízo proclama em termos inconfundíveis o controle de Deus sobre a história e Sua autoridade sobre a sua igreja. Por esta mensagem, Deus trará o mundo dos homens e as nações a seu fim. Os atuais acontecimentos no mundo só podem ser explicados em termos da hora culminante para Deus. No fim, Deus fará uma última invasão na história por meio do retorno pessoal e visível de Seu Filho. O dia do Homem logo chegará. O desenvolvimento milenar do mal terá seu fim. A velha ordem de coisas desaparecerá. Uma nova criação prevalecerá com a feliz aceitação do governo soberano de Jesus Cristo.

Pela mensagem do juízo, os homens são chamados a prestar completa fidelidade a Cristo. Além situa-se a visão de glorioso triunfo para aqueles que tomam essa decisão. Pela proclamação desta última mensagem no poder do Espírito Santo, a terra será iluminada com a glória de Deus:

Depois destas coisas vi descer do céu outro anjo, que tinha grande autoridade, e a terra se iluminou com a sua glória. Então exclamou com potente voz, dizendo: Caiu, caiu a grande Babilônia, e se tornou morada de demônios, covil de toda espécie de espírito imundo e esconderijo de todo gênero de ave imunda e detestável, pois todas as nações têm bebido do furor da sua prostituição. Com ela se prostituíram os reis da terra. Também os mercadores da terra se enriqueceram à custa da sua luxúria. (Apocalipse 18:1-3).

A verdade de Deus será tão clara e completa, e o juízo tão final e cabal, que provocará um total envolvimento do homem com o Deus do Céu e louvor eterno com o triunfo da justiça.

O Tempo do Juízo

A que período de tempo se aplicam as palavras "vindo é o juízo"? No contexto de Apocalipse 14 a hora do juízo de Deus precede tanto a ira divina nas sete últimas pragas como a segunda vinda de Cristo (leia Apocalipse 14:10, 15, 16). Esse juízo coincide no tempo com a pregação mundial do evangelho. Assim como o evangelho eterno, com a oportunidade de crer e ser salvo, é uma realidade presente, assim é dito do juízo divino como "chegado". Ambos os aspectos da última mensagem ao mundo se complementam. Os versos 6 a 12 de Apocalipse 14 descrevem tanto um juízo que está ocorrendo como um evangelho sendo pregado antes da volta de Cristo, enquanto a porta da salvação ainda está aberta. Os versos 14-20 se referem ao tempo quando a obra de Deus é terminada na Terra.

Aqueles que ouvem e aceitam o evangelho e que são vindicados naquele julgamento celestial serão arrebatados quando Cristo vier. Mediante a mensagem do juízo e do evangelho, eles ouviram a voz do Filho de Deus. Foram vestidos com a justiça de Cristo. Eles, por isso, comparecem diante do trono de juízo de Cristo. Ao abrirem-se os livros de registro, e por meio da confissão de seus nomes diante do Pai e das hostes angélicas, o Filho realiza um ato de juízo a fim de que, à Sua vinda, possa Ele retribuir a "cada homem conforme as suas obras" (Apocalipse 22:12).

O quadro do grande Ceifeiro assentado em uma nuvem branca com uma foice afiada em Sua mão é simbólico. Ao completar-se o Seu ministério sacerdotal como Redentor e Juiz, o Filho do Homem deixa o santuário junto com os Seus anjos para ceifar a seara da terra. Nessa grande passagem Cristo é ordenado pelos anjos do santuário celestial a ceifar a seara da terra (Apocalipse 14:14-20). O tempo de semear a semente da verdade e advertir o mundo passou. O tempo de ceifar é chegado.

Sobretudo, é importante notar que o quadro do juízo pré-advento, pintado por João, situa-se lado a lado com o de Daniel capítulo 7. De acordo com a profecia de Daniel, o "juízo assentou-se" após a perseguição dos santos. Os versos 21 e 25 descrevem a batalha do chifre contra os santos e a entrega dos santos ao seu poder por um tempo, dois tempos e metade de um tempo. Os versos 22 e 26 referem-se ao juízo que se seguiu aos 1.260 anos de opressão e perseguição da igreja. A sequência de tempo é importante. Aqui em Daniel 7, embora a volta de Cristo não seja especificamente mencionada, está definitivamente implicada nas palavras "o reino e o domínio... serão entregues ao povo dos santos do Altíssimo" (verso 27). O Pai e o Filho vieram ao juízo antes de o reino ser dado a Cristo e Seu povo.

Esses dois quadros e as referências ao juízo complementam-se e deveriam ser estudados à luz um do outro. Em ambas as visões Cristo vem ao juízo executar o propósito final de Deus e consumar o plano da redenção. Como consequência desse juízo, o conflito termina com o triunfo de Cristo e Seu povo.

Na visão de Daniel 8 o assunto principal é a purificação ou justificação do santuário celestial, ao fim dos 2.300 anos. As setenta semanas de Daniel 9 - que iniciam a interpretação da profecia das 2.300 tardes e manhãs - começam com a ordem de Artaxerxes para restaurar e reconstruir Jerusalém em 457 a.C. Isto leva à data do término da profecia dos 2.300 anos em 1844 A.D.

Durante grande parte da Era Cristã, o grande conflito girou em torno do ministério de Cristo, nosso Sumo Sacerdote, em Sua luta contra os poderes apóstatas que usurparam as funções e a autoridade de Deus. Por séculos os homens tiveram que submeter-se às leis e aos juízos de uma religião apóstata, blasfemando, assim, do santuário de Deus, e privando os homens da verdade sobre o ministério de Cristo, da justiça e do juízo. A visão desse capítulo demonstra que o governo dominador e enganoso dos usurpadores será finalmente destruído por uma revelação e uma nova compreensão da obra de Cristo no santuário celestial.

Justificação ou purificação do santuário significa que há um princípio eterno de justiça e retidão o qual prevalecerá sobre os enganos e injustiças do homem.

Tendo começado em 1844, o ministério sacerdotal de Cristo e a santidade da lei de Deus serão vistos como a única solução justa para o problema do pecado. Assim, o santuário celestial seria "restaurado a seu legítimo estado" (verso 14). Ele então começaria a "sair vitorioso". Cristo vindicará a Si mesmo e a Seu povo por tal feito.

É importante notarmos que os líderes da igreja e os religiosos do fim do século dezoito e início do século dezenove interpretaram esse tempo profético referente ao juízo e ao santuário como apontando ao fim do mundo e à volta de Cristo em 1844. Eles estavam enganados. Os Adventistas do Sétimo Dia creem que esta profecia se refere ao início da "hora do juízo de Deus", que começou no santuário celestial nessa ocasião.

Assim, as grandes profecias de tempo na história do mundo localizam esse juízo após os 1.260 anos de tribulação para a igreja, ou seja, logo depois de 1798. A profecia dos 2.300 anos identifica essa nova fase do ministério de Cristo como tendo início em 1844. A Bíblia chama esse período de "tempo do fim", culminando com a volta de Cristo.

O Santuário no Céu

Por que razão os Adventistas do Sétimo Dia dão tanta ênfase à obra sacerdotal de Cristo no santuário celestial? O ensino do Novo Testamento sobre o ministério de Cristo como Mediador é uma parte essencial da mensagem do evangelho. Como Sumo Sacerdote, Cristo executa tanto o "diário" como o ministério "anual" do santuário. Desde Sua ascensão ao santuário no Céu, Cristo, nosso Mediador e Intercessor, tem ministrado continuamente Seu perdão e salvação aos pecadores arrependidos. A obra final de expiação ou reconciliação, tipificada pelo dia levítico da expiação, envolve um trabalho culminante de juízo, tendo Cristo como juiz, que anunciará e introduzirá o governo de justiça e o triunfo de Seu povo.

No Apocalipse esse aspecto final do ministério de Cristo está grandemente em evidência. Ao longo de todo o livro a obra do juízo está intimamente associada ao templo do santuário de Deus. Eventos relacionados com o tempo do fim ocupam a maior parte do livro. As frequentes referências ao templo no Céu são significativas.

Duas palavras gregas são traduzidas por "templo" no Novo Testamento. A primeira palavra é hieron. Ela se refere a toda a área consagrada, a qual, por exemplo, constituía o templo de Jerusalém. A segunda, é naos ou santuário. Ela inclui o lugar Santo e o Santo dos Santos, diferindo, assim, de hieron, e "refere-se mais especificamente ao santuário." - J.D. Douglas, The New Bible Dictionary (Win. B. Eerdmans), p. 1247. Kittel diz que "naos denota, em grego, a habitação dos deuses... os recintos sagrados, o altar, a área interior." - G. Kittel, Theological Dictionary of the NT, vol. 4, p. 880, 888.

No Apocalipse as palavras para "templo" é naos. Ela é usada quinze vezes. Nenhuma vez é empregada a palavra hieron. Assim, o templo ou o santíssimo no Céu é dito conter a "arca da aliança" (Apocalipse 11:19; 15:5). Há também o "altar de ouro que estava diante do trono" (Apocalipse 8:3, ver 9:13). Ao longo do livro de João é mostrado em visão o santuário celestial. Em dezoito dos vinte e dois capítulos são feitas referências ao templo ou ao santuário, direta ou indiretamente. Frequentemente João é levado em visão ao lugar da habitação de Deus para testemunhar a ministração sacerdotal de Cristo. Anjos ministradores são representados, vez após vez, saindo do santuário ou do altar ou do templo, com ordens divinas na obra de salvação ou de julgamento (ver Apocalipse 15:5; 14:15, 17, 19; 18:1, 8). As frequentes referências de João ao santuário são extraordinariamente semelhantes ao santuário terrestre, conforme Moisés viu e o construiu. Entretanto, com Moisés as ações ocorrem no santuário terrestre. Com João, as ações ocorrem no santuário celestial.

Tradutores bíblicos com frequência traduzem a palavra naos como "santuário", de preferência à "templo". Não importa como queiramos conceituar a palavra em nossa mente, é claro, pelo contexto em que a palavra é usada, que está envolvido nada menos que a obra sacerdotal de Cristo, tanto de redenção como de juízo. Os Adventistas creem que esse ministério de Cristo no santuário constitui o legítimo Dia da Expiação, e que ele exige seja dada ao mundo a mensagem da hora do juízo, cabendo a eles a sagrada responsabilidade de proclamá-la.

Assim como o Dia levítico da Expiação proclamava as boas novas da purificação ou justificação do santuário e do povo de Deus, também as boas novas por intermédio da obra final da expiação de Cristo significarão o triunfo de Seu povo e a destruição do pecado. João torna isso extraordinariamente claro em suas frequentes referências à ação de Deus no santuário (ver Apocalipse 4 e 5; 6:9, 10; 8:3-5; 9:13; 11:1, 2, 19; 14:1, 15, 17, 18; 16:1, 7, 17; 19:1-5). A vindicação dos santos e a erradicação do pecado não ocorrerão aos poucos. O triunfo final será o resultado do ministério sacerdotal de Jesus Cristo. Seguir a Cristo no santuário é entender os movimentos finais em nosso mundo.

O santuário no Céu é o próprio centro da obra de Cristo em favor dos homens. Diz respeito a toda alma que vive sobre a terra. Patenteia-nos o palco da redenção, transportando-nos mesmo até ao final do tempo, e revelando o desfecho triunfante da controvérsia entre a justiça e o pecado. É da máxima importância que todos investiguem acuradamente estes assuntos, e possam dar resposta a qualquer que lhes peça a razão da esperança que neles há. - O Grande Conflito, p. 528.

Há uma porta. Deus a abriu. Um trono está colocado no santuário, o trono do juízo. Cristo vem ao Pai para receber o livro de Suas mãos. O clímax é a entrega do livro selado ao Cordeiro de Deus (Apocalipse 5). Cristo abre o livro. Em Daniel 7 isto é mencionado como a abertura dos livros. O propósito das negociações diante do Pai no santuário e dos que estão ali assentados é a escolha de alguém digno de abrir o livro que está nas mãos de Deus. O conteúdo daquele livro é não somente os juízos que deverão vir sobre o mundo, mas também a revelação daqueles cujos nomes estão inscritos e cujos destinos devem ser decididos.

Ao lavar Pilatos as mãos, dizendo: "Estou inocente do sangue deste justo", os sacerdotes uniram-se à apaixonada deploração da turba ignorante: "O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos". Deste modo os guias judeus fizeram a escolha. Sua decisão foi registrada no livro que João viu na mão daquele que estava assentado no trono, no livro que ninguém podia abrir. Esta decisão lhes será apresentada em todo o seu caráter reivindicativo naquele dia em que o livro há de ser desselado pelo Leão da tribo de Judá. - Parábolas de Jesus, p. 294.
Anjos uniram-se à obra dAquele que havia aberto os selos e tomado o livro. Quatro poderosos anjos seguram os poderes da terra até que os servos de Deus sejam selados em suas frontes. - The S.D.A. Bible Commentary, Ellen White Comments on Rev. 5:11, p. 967.
Os livros de registro no céu, nos quais estão relatados os nomes e as ações dos homens, devem determinar a decisão do juízo. Diz o profeta Daniel, "assentou-se o juízo e abriram-se os livros". - O Grande Conflito, p. 520.

A abertura do livro ou dos livros envolve uma espécie de exame ou revelação, investigação ou prestação de contas. Os relatórios divinos estão sendo examinados como parte do ministério final de Cristo. O destino dos homens será decidido de acordo com os fatos revelados nos livros de registro. Alguns nomes serão aprovados, outros serão rejeitados. A revelação de quem são os verdadeiros santos está determinada já na abertura dos livros. O juízo não questiona a situação ou segurança do povo de Deus. Ele apenas a manifesta. Os santos não estão em perigo. Deus finalmente atenderá aos rogos dos mártires e de todo o Seu povo.

O juízo demonstrar-se-á um fator essencial na segurança eterna dos santos e na extinção do pecado. O arrependimento não elimina a dívida de um passado pecaminoso com seu permanente registro selado para o dia do juízo. O que se procura é a aprovação universal do juízo de Deus sobre os indivíduos, a garantia de que não haverá ressurreição do passado. Acusações e dúvidas de qualquer espécie serão para sempre solucionadas e silenciadas.

No juízo será visto que o amor de Deus e Sua justiça agiram em conjunto. A lei de Deus foi honrada. Daí em diante a justiça eterna será universalmente aclamada, aprovada por dez mil vezes dez milhares de anjos e criaturas de milhões de mundos. O universo de inteligências morais verá que Deus tem mantido a honra de Seu justo caráter, que Deus não tem de maneira alguma comprometido Sua santidade ao salvar pecadores. O juízo pré-advento obterá de todos um único veredito pedindo que Deus ressuscite os mortos e translade os vivos.

O Juízo Investigativo

Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem viverão. (João 5:24).

Entre os amigos e críticos dos Adventistas do Sétimo Dia, nada tem suscitado mais discussão e oposição do que o ensino de um juízo investigativo no Céu, reservado ao povo de Deus antes da volta de Cristo. Para muitos essa doutrina parece eliminar toda responsabilidade de segurança imediata e criar dúvidas quanto à situação da pessoa diante de Deus. Como pode um cristão nesta vida estar seguro quanto ao seu destino e futuro com Deus até que o juízo pré-advento tenha examinado o caso de cada pessoa e a sentença tenha sido pronunciada?

Se queremos compreender a relação dos santos para com o juízo nós nos devemos limitar estritamente à Palavra de Deus. Há amplas evidências na Escritura que trazem segurança e certeza àqueles que confiam suas vidas a Jesus Cristo.

Por isso, irmãos, procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição; porquanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum. Pois, desta maneira, é que vos será amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. (II Pedro 1:10, 11).
Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão para viverdes outra vez atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai. O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. (Romanos 8:14-16).
Nisto conhecemos que permanecemos nele, e ele em nós, em que nos deu do seu Espírito... Nisto é em nós aperfeiçoado o amor, para que no dia do juízo mantenhamos confiança; pois segundo ele é, também nós somos neste mundo. (I João 4:13-17).
Filhinhos, agora, pois, permanecei nele, para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança e dele não nos afastemos envergonhados na sua vinda. (capítulo 2:28).

Nenhum livro iguala-se ao Apocalipse em escopo e intensidade quanto à natureza do juízo divino que impende sobre a humanidade nestes últimos dias. Ao mesmo tempo, nenhum livro ratifica tão categoricamente a segurança dos santos. Em face do ódio dos homens e dos mais desesperados ataques contra a igreja de Deus, os Seus filhos nada têm a temer (ver Apocalipse 7:9, 13, 14; 14:1-5; 15:2-4; 19:1-9; 20:4, 6).

A New English Bible, traduzindo João 5:24, parece interpretar isto significando que os filhos de Deus "não entram em juízo". De qualquer maneira, o que o apóstolo João afirma é que "nenhuma condenação há para aqueles que estão em Cristo Jesus" (Romanos 8:1). A Bíblia claramente afirma que ninguém escapa ao juízo. Todos passarão sob o mais minucioso escrutínio do juízo de todos os homens.

Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo. (II Coríntios 5:10).
Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós, ou por tribunal humano; nem eu tampouco julgo a ninguém. Porque de nada me argui a consciência, contudo, nem por isso me dou por justificado, pois quem me julga é o Senhor. Portanto, nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não somente trará à plena luz as coisas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá o seu louvor da parte de Deus. (I Coríntios 4:3-5).
De tudo que se tem ouvido a suma é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem. Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas quer sejam más. (Eclesiastes 12:13, 14).
Como está escrito: Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará louvores a Deus. Assim, pois, cada de um de nós dará contas de si mesmo a Deus. (Romanos 14:11 e 12, ver também Mateus 12:36; Lucas 16:2; Hebreus 13:17; I Pedro 4:3-7).

Que os santos estão incluídos no juízo é evidenciado também pela abertura dos livros de registro. Isto inclui o livro da vida com os nomes de todos aqueles que têm professado o nome de Cristo (ver Malaquias 3:16; Filipenses 4:3; Apocalipse 3:5; 13:8; 20:15; 22:19). "Assentou-se o tribunal e abriram-se os livros" (Daniel 7:10) no tempo específico indicado pela visão.

Nenhum outro símbolo pode tão vividamente comunicar o fato de que nada é deixado ou esquecido. Os livros são o infalível transcrito da vida. Os registros da vida dos homens estão sendo abertos diante de Deus no Céu. Eles não estão à disposição de homens ou igrejas na terra.

Os homens frequentemente perguntam: Como pode haver coisas tais como livros e relatórios no mundo espiritual? Admitimos que não devam ser necessariamente livros literais, porém pode haver algo que corresponda a livros. Talvez não haja nenhuma referência específica, gravada ou esculpida, porém pode haver alguma coisa que corresponda ao propósito dos registros. Pode não haver nenhuma leitura literal de acusação ou ensaio de dados de algum manuscrito, mas deve haver algo que torne tudo conhecido e evidente.

A vida de cada homem aparecerá em suas reais proporções, aberta não somente a Deus, mas a todo o universo de seres inteligentes. Assim como há atos, feitos e motivos nos homens, que tornam necessário um juízo, assim há exigências no coração e na lei de Deus, que tornam o juízo necessário. O homem está sendo julgado pelo Filho do Homem. Os desvios da verdade e da justiça não podem ser medidos a não ser pelo padrão da lei e do caráter de Deus. Quando os homens encontrarem a Cristo no trono do juízo, tudo será perfeitamente claro.

Pois, qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos. Porquanto, aquele que disse: Não adulterarás, também ordenou: Não matarás. Ora, se não adulteras, porém matas, vens a ser transgressor da lei. Falai de tal maneira, e de tal maneira procedei, como aqueles que hão de ser julgados pela lei da liberdade. (Tiago 2:10-12).

A Bíblia apresenta o juízo de tal forma que todos os homens sentirão sua realidade. A abertura dos livros no juízo, ou trarão os homens para mais perto dAquele que se assenta sobre o trono ou afastá-los-ão para bem longe.

Responsabilidade implica em prestação de contas. Isto implica juízo. Além disso, deve-se lembrar que o trono do juízo de Deus está agora ocupado. A mais imperativa necessidade moral deste tempo é a firme convicção de que as exigências da eterna lei de Deus estão em pleno vigor, declarando Sua majestade e Sua eternidade e que o homem será julgado por ela.

Esse juízo divino agora em execução deveria dar a cada homem um profundo senso de responsabilidade para com Deus e Sua Palavra, pois o juízo não consiste apenas em condenar o ímpio. Nós todos compareceremos. Nós todos seremos manifestos diante do trono do tribunal de Cristo. Este tempo do fim deve ser um tempo de grande introspecção, de analisarmos a nós mesmos diante de Deus.

O juízo pré-advento deveria fortalecer a confiança e a fé do povo de Deus. O processo de julgar, distinguindo entre o justo e o ímpio, tem até agora sido oculto. Por milhares de anos os vereditos divinos provindos do Deus que julga retamente têm permanecido ignorados. Porém esse juízo revela tudo e confirma o caráter justo de Deus e de Seu povo.

Um Julgamento Desejável

Quando ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam. Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? Então, a cada um deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda por pouco tempo, até que também se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos que iam ser mortos como igualmente eles foram. (Apocalipse 6:9-11).

No quinto selo nós penetramos além do véu do santuário celestial. Em visão, João vê as almas dos mártires que pereceram por causa de sua lealdade para com Deus. Eles são os que do longo período de perseguição durante os 1.260 anos constituíram a igreja de Deus. Assim como o sangue de Abel clamou por justiça (Gênesis 4:10), assim também, ao findar esse longo período, as vozes impacientes dos mártires clamam a Deus: "Até quando, ó Senhor, santo e verdadeiro, não vingas o nosso sangue?" Tal clamor por parte daqueles que não amaram as suas vidas até à morte deve seguramente trazer rápido livramento. Porém é lhes dito que esperem um pouco mais até que os que os seguiam manifestassem uma dedicação a Cristo igual a deles. Como os mártires deram tudo o que tinham, assim também será com os que são chamados a serem verdadeiros e fiéis em face da ordem de adorar a besta e sua imagem e receber sua marca.

O tempo do quinto selo é localizado em relação ao selo seguinte: O sexto selo nos dá uma visão da destruição do mundo natural e o clamor dos perdidos por ocasião da volta de Cristo.

A cada um dos mártires embaixo do altar foi dada uma veste branca. Isto é uma alusão à justiça de Cristo. Nenhum acusador poderá privá-los disto. As vestes brancas de Cristo garantem-lhes o direito à vida eterna. Não importa o que esteja no futuro, eles nada têm a temer. Seu único problema tem a ver com o tempo. Quanto tempo haveria até eles serem vindicados? A resposta foi que eles deveriam esperar um pouco mais. Eles receberiam a justificação final de Deus junto com seus irmãos que os sucedessem. Se eles estivessem em perigo diante de Deus, tal expressão de confiança não haveria. A mais difícil prova perante o tribunal de Deus ainda estaria no futuro. Para eles a batalha terminara. Eles podiam dizer como Paulo em face do martírio:

Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo de minha partida é chegado. Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a Sua vinda. (II Timóteo 4:6-8).

Certas conclusões são possíveis em face dessa revelação concernente ao martírio dos santos:

Primeira, esse juízo envolve toda a igreja de Deus, passado e presente. A igreja do passado e a igreja do presente são uma. A hora do juízo de Deus trará à luz quem são os santos que constituem a verdadeira igreja em todos os tempos.

Segunda, o povo de Deus nada tem a temer quanto ao juízo. Os santos dos últimos dias podem também encontrar confiança e segurança em face do juízo, quando então os seus nomes serão confessados diante do Pai e dos anjos.

Terceira, o "pouco tempo" para esperarem representa o período de 1798 até a volta de Cristo.

Quarta, a resposta de Deus ao apelo por juízo é dada pelas palavras divinas "vinda é a hora do seu juízo". Deus agora responderá aos santos.

Como entenderemos nós o juízo investigativo do povo de Deus? Tal juízo dificilmente significaria que Deus necessita fazer tal investigação presumindo-se que Ele ignore os fatos relativos a Seu povo.

Entretanto, o firme fundamento de Deus permanece, tendo este selo: O Senhor conhece os que lhe pertencem. (II Timóteo 2:19).
Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim. (João 10:14).

Obviamente, não pode haver dúvida na mente de Deus com respeito àqueles que têm mantido a fé. Através dos anos os santos não podem continuar em perigo até a hora do juízo. Que dizer sobre Enoque, Moisés e Elias no Céu e a multidão de mortos que ressuscitou quando Cristo completou Sua obra sobre a terra e subiu ao Céu? Precisam eles esperar até o início do juízo pré-advento para saberem se sua posição no Céu está segura? Podem eles pensar na possibilidade de um engano no veredito divino que levou Deus a ressuscitá-los e transladá-los ao Céu? Certamente não!

Se Deus não necessita de investigação, então por que há uma? Se Deus conhece tudo a respeito dos que são salvos e dos que estão perdidos, por que traz Ele os santos a juízo? Se uma pessoa é perdoada e se torna um redimido filho de Deus ao fim de sua vida, por que trazer o passado à lembrança? Qual então o propósito da fase investigativa do juízo pré-advento, no que se refere ao povo de Deus?

Nas profecias longamente estudadas esse juízo está associado aos eventos cruciais do tempo do fim. Daniel o chama um "juízo... entregue aos santos" ou "em favor dos santos" (Daniel 7:22, N.E.B. e R.S.V.). [na versão de Almeida Revista e Atualizada, lê-se: "fez justiça aos santos"]. Chegou o tempo para esclarecer os registros. Por isso, no Apocalipse, o povo de Deus é encontrado repetidas vezes em cânticos de louvor e adoração porque Deus tomou o juízo em suas próprias mãos. O povo de Deus sabe que Cristo julga com retidão (Apocalipse 19:2); que todos os juízos de Deus são verdadeiros e justos (Apocalipse 16:7). Quando Deus tomar os seus casos, no período que vai de 1844 até o fim do tempo de prova, eles serão plenamente vindicados diante do universo.

Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou a seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura não nos dará graciosamente com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu, ou antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? (Romanos 8:31-35).

Esta hora do juízo aponta para o tempo quando Deus cumprirá Suas promessas aos redimidos. Cristo vem ao Pai para receber o Seu reino - não o território, mas o povo que lhe pertence. Está perto a hora da volta de Cristo. Então Ele ressuscitará todos os milhões que têm guardado a fé. Se Ele os deixasse na sepultura, a morte sairia vitoriosa. Satanás triunfaria. Quando ainda na terra Cristo prometeu confessar o nome dos redimidos diante dos Rei:

Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai que está nos céus. (Mateus 10:32).
O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos. (Apocalipse 3:5).

Evidentemente, esta será uma confissão pública quando Cristo Se levantar por Seu povo. Daniel diz que há milhares de milhares presentes ao iniciar-se o juízo (Daniel 7:10). Por que estão os anjos presentes ao juízo? É necessário o seu testemunho? Não são suficientes os registros dos livros? Deus condescende em mostrar-lhes Sua justiça e Sua retidão no trato com os pecadores. O homem é propenso a culpar a Deus, a questionar e duvidar do Seu caráter de amor e justiça.

Visto serem os anjos "espíritos ministradores enviados para serviço a favor dos que hão de herdar a salvação" (Hebreus 1:14) e desempenharem um importante papel na vida dos homens, observando a verdade a respeito de cada pessoa, o juízo é feito em sua presença e com a aprovação deles.

Toda justiça e todos os juízos de Deus são públicos, não privados. Deus não faz nada escondido do universo, de forma que este não possa ver ou saber, pois o destino e a segurança do universo estão em jogo. Todas as criaturas de Deus têm sido ameaçadas pela obra de Satanás. O inimigo de Deus tem tido muito sucesso em escravizar milhões de filhos de Deus.

Consequentemente, quando Deus se propõe a trazer os redimidos da morte ou transladar os justos vivos, a segurança da ação de Deus deve ser garantida. O pecado não pode surgir uma segunda vez. Somente um universo unido, um universo plenamente reconciliado e em harmonia com Deus, pode garantir isto.

Ao serem abertos os livros de registro no Céu, Cristo levanta-Se e reclama os que Lhe pertencem.

O Intercessor divino apresenta a petição para que sejam perdoadas as transgressões de todos os que venceram pela fé em Seu sangue, a fim de que sejam restabelecidos em seu lar edênico, e coroados com Ele como coerdeiros do "primeiro-domínio"... Pede, para Seu povo, não somente perdão e justificação, amplos e completos, mas participação em Sua glória e assento sobre o Seu trono. - O Grande Conflito, p. 523, 524.

Evidentemente, Cristo não só apresenta Suas reivindicações ao Pai, mas busca também a aprovação do júri celestial, como tal - os representantes de outros mundos e de todos os anjos. A participação de Seu povo como coerdeiros com Ele é um dos grandes momentos na existência de Cristo. Estes são os triunfos de Sua graça. "Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu servo, o justo, com o seu conhecimento justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si" (Isaías 53:11).

Em seus ensinos, Cristo buscava impressionar os homens com a convicção do juízo vindouro e seu caráter público. Este não é o juízo de uns poucos indivíduos ou mesmo de uma nação, mas de um mundo inteiro de seres inteligentes, de seres responsáveis. Isto deve ser realizado na presença de outros mundos a fim de que o amor, a integridade, o serviço do homem para com Deus possa ser honrado ao mais alto grau. - E.G. White, Review and Herald, Nov. 22, 1898.

Visto que Deus submete essa honra do juízo à inspeção pública, poderá haver alguém que conteste as exigências de Cristo? Haverá alguém que procure frustrar os planos de Cristo em tirar o Seu povo da sepultura?

Satanás é o acusador. Ele não tem a intenção de entregar qualquer pecador a Deus se ele puder fazer de outro modo. Ele disputará os reclamos de Cristo até o fim. Faz parte do espírito e obra de Satanás acusar todo pecador arrependido e reclamá-lo como pertencente a ele. Ellen G. White faz algumas observações incisivas sobre esse ponto.

Deus me mostrou o sumo sacerdote Josué, o qual estava diante do Anjo do Senhor, e Satanás estava à mão direita dele, para se lhe opor. Mas o Senhor disse a Satanás: O Senhor te repreende, ó Satanás; sim, o Senhor, que escolheu a Jerusalém, te repreende; não é este um tição tirado do fogo? Ora, Josué, trajado de vestes sujas, estava diante do Anjo. Tomou este a palavra e disse aos que estavam diante dele: Tirai-lhe as vestes sujas. A Josué disse: Eis que tenho feito que passe de ti a tua iniquidade e te vestirei de finos trajes. E disse eu: ponham-lhe um turbante limpo sobre a cabeça. Puseram-lhe, pois, sobre a cabeça um turbante limpo e o vestiram com trajes próprios; e o Anjo do Senhor estava ali. (Zacarias 3:1-5).
Como Satanás acusou Josué e seu povo, assim em todos os séculos ele acusa os que buscam a misericórdia e o favor de Deus. Ele é o "acusador de nossos irmãos", e os acusa "de dia e de noite". Apoc. 12:10. A controvérsia se repete em relação a cada alma que é liberta do poder do mal, e cujo nome é escrito no livro da vida do Cordeiro. Jamais é alguém recebido na família de Deus sem que se excite a decidida resistência do inimigo. - Profetas e Reis, p. 585.
Satanás tinha acusado Jacó perante os anjos de Deus, pretendendo o direito de destruí-lo por causa de seu pecado... Satanás esforçou-se por incutir nele uma intuição de culpa a fim de o desanimar e romper sua ligação com Deus... E assim como Satanás acusou a Jacó, acusará o povo de Deus. Conta com as multidões do mundo como seus súditos... Ele não sabe que seus casos foram decididos no santuário celestial. Tem um conhecimento preciso dos pecados que os tentou a cometer e apresenta esses pecados diante de Deus sob a mais exagerada luz, representando a este povo como sendo precisamente tão merecedor como ele mesmo da exclusão do favor de Deus. Declara que com justiça o Senhor não pode perdoar-lhes os pecados, e, no entanto, destruir a ele e seus anjos. Reclama-os como sua presa e pede que sejam entregues em suas mãos para os destruir.
Acusando Satanás o povo de Deus por causa de seus pecados, o Senhor lhe permite que os prove até o último ponto. Sua confiança em Deus, sua fé e firmeza serão severamente postas à prova... Eles apoderam-se da força de Deus como Jacó se apoderara do anjo. - O Grande Conflito, p. 669-671.

Com a abertura dos livros e a revelação dos registros, qual a reivindicação que subsistirá - a de Cristo ou a de Satanás? Alguém pode concluir dessa situação extraordinária que os registros da vida de todos são conhecidos tanto de Cristo como de Satanás. Porém não é assim, até que as decisões de Deus sejam reveladas. Essa "investigação" não é um juízo precipitado. Com respeito à vindicação final dos santos de Deus não pode haver mera formalidade. O direito de Cristo quanto aos redimidos é disputado por Satanás até o fim. Se as pretensões de Satanás prevalecessem, o plano da redenção teria fracassado. Satanás estaria certo em sua acusação de que as criaturas livres não poderiam obedecer à lei de Deus e cumprir-lhe os ditames, e que se fossem deixados a fazer a própria escolha todos teriam seguido a ele (Satanás).

Não importa quão perfeito possa ser nosso conhecimento sobre todos os aspectos do juízo pré-advento no santuário celestial, esse juízo significa muito para a justiça de Deus e a salvação final de Seu povo. Diante dos claros registros, homem algum pode enfrentar os ataques de Satanás ou silenciar-lhe as acusações. A menos que os que professam seguir a Cristo estejam cobertos com as vestes da justiça de Cristo, as pretensões de Satanás prevalecerão.

O homem não pode, em sua própria força, enfrentar as acusações do inimigo. Com suas vestes manchadas de pecado e em confissão de culpa, ele está perante Deus.  Mas Jesus, nosso Advogado, apresenta uma eficaz alegação em favor de todo aquele que, pelo arrependimento e fé, confiaram a guarda de sua alma a Ele. Ele defende sua causa, e mediante os poderosos argumentos do Calvário, derrota o seu acusador... Ele reclama de Seu Pai misericórdia e reconciliação pera com o homem culpado. Ao acusador do Seu povo Ele declara: "O Senhor te repreenda, ó Satanás. Estes são os que foram comprados com o Meu sangue...".
Todos os que se vestiram da justiça de Cristo estarão perante Ele como escolhidos, e fiéis e leais. Satanás não tem poder para arrancá-los da mão do Salvador. Nenhuma alma que em penitência e fé reclame a Sua proteção, permitirá Cristo que passe para o poder do inimigo. - Profetas e Reis, p. 586-587.

A vinda do juízo e a abertura dos livros significam que a Divindade se tem predisposta a contender com Satanás, o inimigo de Deus e do homem. Conforme Daniel viu em visão, tanto o Pai como o Filho devem vir ao juízo e vindicarem-se a Si mesmos e aos filhos de Deus diante de todos os anjos e das criaturas presentes. Não importa como queiramos conceber esse tribunal no Céu ou como seja pintado pelo profeta em sua apresentação, é claro que a aprovação espontânea de Suas criaturas leais faz parte do triunfo final de Cristo contra Satanás.

Contudo, o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo, e disputava a respeito do corpo de Moisés, não se atreveu a proferir juízo infamatório contra ele, pelo contrário, disse: O Senhor te repreenda. (Judas 9).

Nessa passagem, Cristo e Satanás são apresentados em demanda pelo corpo de Moisés. Moisés havia morrido. A disputa surgiu sobre o plano de Deus em ressuscitá-lo. Esse direito foi resistido pelo diabo. Evidentemente, ambos alegavam ter direito sobre o corpo. Cristo veio para ressuscitá-lo. O diabo tentou evitar isto. Moisés havia assassinato um egípcio, por isso ele era presa de Satanás. Entretanto, Cristo venceu, e Moisés e Elias apareceram com Cristo no Monte da Transfiguração (Lucas 9:29-33). Assim será com respeito a cada filho de Deus.

A questão no juízo pré-advento é entre Cristo e Satanás, entre o caráter santo de Deus e o injusto caráter do diabo, entre as opostas pretensões de ambos em decidir o destino eterno dos homens. O que Cristo fez na cruz deu-Lhe o direito de reclamar a raça humana como Sua propriedade. Mas o triunfo final de Cristo e de Seus santos não está completo até que o juízo tenha vindicado a ambos. Essa será a hora de louvor universal a Deus. Os santos regozijam-se por haver chegado a hora do juízo.

Vi como que um mar de vidro, mesclado de fogo, e os vencedores da besta, da imagem e do número do seu nome, que se achavam em pé no mar de vidro, tendo harpas de Deus; e entoavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e admiráveis são as tuas obras, Senhor Deus, Todo-poderoso! Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei das nações! quem não temerá e não glorificará o teu nome, ó Senhor? Pois só tu és santo; por isso, todas as nações virão e adorarão diante de ti, porque os teus atos de justiça se fizeram manifestos. (Apocalipse 15:2-4).

Aqui situa-se o próprio âmago do juízo dos santos. O juízo deve basear-se em um terreno todo-suficiente. Deus defenderá a honra de Seu caráter, refletido no espelho de Sua santa lei.

Deus mostrará no juízo que não pode haver tolerância de qualquer desvio de Sua vontade, seja por homem, igreja ou demônio. Não haverá acobertamento de dívidas não acertadas. Nenhuma das acusações que Satanás fizer contra os santos diante da corte celestial terá valor. O cancelamento do pecado significará nada menos que o silenciar de todas as acusações pela eternidade. Os juízos de Deus serão verdadeiros e permanecerão para sempre.

Jesus não ratifica nenhuma condenação de Seu povo e, ao mesmo tempo, nenhuma fuga do juízo. Ele baseia o juízo investigativo sobre o firme fundamento de que cada homem é contemplado pelo Céu quando coberto com Sua justiça. Cristo não espera protestos de ninguém a não ser do próprio Satanás. Cristo comparece perante o Pai e as hostes angélicas com plena certeza a respeito de Seus redimidos. Na parábola de Cristo, o único convidado às bodas que realmente correu perigo foi o homem sem as vestes nupciais (ver Mateus 22:1-14).

As cinco virgens prudentes que levavam óleo em suas lâmpadas foram às bodas. Elas eram amigas íntimas do noivo. Não havia possibilidade de serem excluídas. Elas estavam seguras. Porém as cinco virgens tolas que não se prepararam foram expulsas das bodas (Mateus 25:1-13).

O juízo pré-advento é absolutamente real. O Juiz julgará retamente. Nada será arbitrário ou unilateral. Não haverá a mínima desconsideração à santidade de Deus. Se Deus reina, torna-se inconcebível qualquer desprezo à verdade. Devemos nos lembrar de que qualquer alteração da lei de Deus deixaria nosso planeta para sempre manchado pelo pecado. Deus não pode e não terá misericórdia para com o pecado. Satanás e o pecado devem ser completamente desmascarados.

O governo soberano de Deus será para sempre reconhecido não por poder, mas por direito, bem como a justiça de Seu caráter e de Seus santos. A evidência confirmará o direito de Deus reinar em santo amor, pois isto revelará o próprio coração e caráter do Deus eterno.

A justiça de Cristo será a herança do povo de Deus. Seus santos serão achados em Cristo, um com Ele em sentimentos e vida. A atitude cristã para com Deus será de profunda e firme obediência. Essa obediência decorre naturalmente de sua perfeita confiança em Deus. Os cristãos deleitam-se na lei de Deus. A consequência moral de sua fé é aquela obediência espiritual e interior que contrasta com a desobediência e a aberta violação da lei de Deus encontrada no mundo hoje. A fé que atua por amor na guarda dos mandamentos de Deus nunca foi legalismo. Ela é a mais feliz expressão de estar o Espírito habitando no homem.

Irou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes da sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e sustentam o testemunho de Jesus. (Apocalipse 12:17).
Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus. (Apocalipse 14:12).

Para os santos de Deus, o juízo significará satisfação, não temor. Será uma honrosa apresentação diante do Pai e Seus anjos. Cristo mesmo levantar-se-á por Seu povo. A própria presença de seu Advogado diante do Pai é a segurança deles. Além de qualquer dúvida, teorias e juízos humanos, Jesus tornará conhecido o Seu rebanho. Logo que surjam os seus nomes diante do Pai tudo estará bem. O juízo investigativo é uma revelação do amor e da lealdade de Deus em seu mais alto grau.

Os homens de todas as partes precisam entender a responsabilidade de um juízo presente. Jesus Cristo é a mais dominante e revolucionária figura da história humana, de cujo círculo de influência e destino ninguém pode escapar. Ninguém que segue a Cristo e permanece fiel a Ele aqui estará atemorizado diante de Deus. Tão logo os homens entendam o tremendo significado e finalidade desse juízo, eles perdem o direito de serem moral e espiritualmente indiferentes. Há uma Pessoa a quem os homens não podem desprezar. Há uma questão a qual os homens precisam encarar. Que farei com Jesus chamado Cristo?

A majestade espiritual do Deus-homem denunciará os homens em seu tribunal, do qual não se poderão livrar com segurança a menos que Ele os declare Seus discípulos e não inimigos.

A expectativa de sermos chamados a comparecer por nossos registros e prestarmos contas a Deus não exerce sobre os homens o poder que deveria exercer. Em face da vida e morte de Cristo em favor da raça humana, nenhum homem pode crer seriamente que o Cristo vivo não julgará cada indivíduo.

É surpreendente o fato de que os homens vejam a espantosa ação do mal e da rebelião em nosso mundo hoje e possam ainda permanecer indiferentes à última mensagem de Deus, à "hora do juízo divino" que envolve o destino de todos os homens. Essa mensagem é a última palavra da revelação de Deus antes do fim da graça; ela é dada para esta hora e para este tempo.

Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas. Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar estas cousas às igrejas. O Espírito e a noiva dizem: Vem. Aquele que ouve diga: Vem. Aquele que tem sede, venha, e quem quiser receba de graça a água da vida. (Apocalipse 22:14-20).



Postar um comentário

0 Comentários