A Bíblia não me apresenta nenhuma razão para guardar o domingo ou qualquer outro dia instituído pela tradição humana, mas me apresenta todas as razões para guardar o sábado!
Gênesis 2:2 e 3 diz expressamente que Deus, depois de ter concluído toda a obra da criação, abençoou, santificou e descansou no sétimo dia.
Um dia não é considerado santo a não ser que o próprio Deus:
- o tenha abençoado, a fim de torná-lo um canal de bênçãos para a humanidade e objeto especial do favor divino;
- o tenha santificado, atribuindo a esse dia Suas próprias qualidades e o separando para uso sagrado;
- tenha descansado nesse dia, para que o ser humano seguisse Seu exemplo e desfrutasse a oportunidade de tornar-se mais semelhante a Ele.
O sétimo dia é o único dia a respeito do qual Deus diz ser o "Seu dia". Êxodo 20:8 a 11 diz:
Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus… porque, em seis dias, fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o Senhor abençoou o dia de sábado e o santificou.
O texto sagrado lembra mais uma vez que o sábado foi instituído por Deus como dia santo por meio de uma tríplice ação divina.
Nenhum homem pode abençoar e santificar um dia nem descansar nele para torná-lo santo, separado dos demais, como Deus fez. O homem só pode considerar uma bênção aquilo que Deus abençoou, só pode santificar aquilo que Deus santificou, e só pode observar um dia que Deus mesmo observou.
O dia do Senhor é o dia que Ele escolheu como memorial eterno de seu poder criador, o sábado, e Ele nunca, jamais mudou de ideia a esse respeito, assim como não mudou de ideia sobre os outros nove mandamentos de Sua lei.
Deus designou o sábado do sétimo dia como um dia de descanso específico, um memorial construído no tempo, de alcance universal.
Foi esse dia, e nenhum outro, que Deus chamou "dia do Senhor" e, portanto, somente esse dia pode ser reconhecido como tal, pois Deus mesmo o distinguiu dos outros dias da criação.
Argumentar que as bênçãos que Deus reservou para o sábado podem ser obtidas em qualquer outro dia da semana é contrariar a vontade de Deus e trair a própria consciência.
"Sábado" é uma expressão de origem divina que não pode ser usada para designar outro dia de repouso senão o dia para o qual foi originalmente designada, ou seja, o sétimo dia. Nenhuma igreja ou concílio de homens tem prerrogativa para invalidar ou alterar sua observância.
Da mesma forma, referir-se ao sétimo dia como "um" dia de sábado, e não como "o" dia de sábado, segundo diz o mandamento, como se o dia de descanso fosse facultativo, é tão desonesto quanto sustentar que o sábado era só para os judeus, foi abolido por Cristo na cruz e substituído pelo domingo como dia do Senhor.
Ora, uma mudança em qualquer dos mandamentos da lei moral seria tão impossível como uma mudança no caráter de Deus!
É muita pretensão (ou ignorância) imaginar que Deus anulará ou modificará Sua vontade para ajustar-Se aos desejos e caprichos humanos.
A autoridade e o exemplo de Cristo
Não obstante, existem cristãos que acreditam que Jesus aboliu o sábado e procurou afastar as pessoas de sua observância.
A forma como Jesus se relacionou com o sábado e o que Ele ensinou sobre esse dia revelam, porém, exatamente o oposto.
Jesus guardou o sábado (Marcos 1:21; 6:2; Lucas 4:16, 31; 6:6; 13:10), não porque era judeu, mas porque, como o Senhor do sábado, Ele se identifica com esse dia (Marcos 2:28, cf. Êxodo 20:10).
Jesus nunca esteve em conflito com a lei ou com o sábado, mas com a atitude dos líderes judeus, que haviam sobrecarregado a lei (especialmente o sábado) com tradições e mandamentos humanos, tornando quase impossível a sua observância.
No que diz respeito à lei (e ao sábado), Cristo ensinou que o fundamento da verdadeira obediência é o amor (João 14:15), porque Seus mandamentos não são difíceis de guardar (1 João 5:3).
Por isso, Jesus disse que "o sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado" (Marcos 2:27).
E, para deixar claro seu propósito original, realizou muitas curas no sábado (Mateus 12:1-13; Lucas 4:31-37; 13:10-17; João 5:1-9)!
Ao predizer o cerco e a queda de Jerusalém, Cristo exortou Seus discípulos a orar para que sua fuga não ocorresse no inverno, nem no sábado, indicando claramente que, mesmo depois de Sua morte e ressurreição, o sábado ainda deveria ser observado (Mateus 24:20).
Note que somente o Criador tem a prerrogativa de identificar-Se como o Senhor do sábado, o que significa que Cristo, na qualidade de Criador e Legislador, tem plena autoridade para definir qual é o dia de descanso, em que consiste sua natureza e propósito, e como ele deve ser observado.
Na disputa com a liderança judaica, Cristo não ensinou a observância de outro dia, mas a maneira correta de guardar o sábado (Mateus 12:9-12; Marcos 2:23-28; 3:1-6; Lucas 6:1-11).
Com Sua autoridade, Ele repreendeu severamente o modo farisaico de guardar o mandamento (Mateus 12:5-6), e identificou que seu legalismo havia subtraído a alegria do repouso de Deus (João 5:10, 16, 18; 7:22-23; 9:16).
Como o Senhor do sábado, nunca passou pela mente de Cristo anular o mandamento ou modificá-lo de alguma forma. Tudo o que Ele fez foi resgatar o verdadeiro sentido do sábado.
Ele não deu um novo mandamento, nem realizou algum ato, nem deu qualquer instrução aos apóstolos para fazer do domingo um memorial de Sua ressurreição, em substituição ao sábado do sétimo dia (Mateus 28:8-10, 19; Marcos 16:9-16; Lucas 24:44-49; João 20:14-21, 26; 21:1-14; Atos 1:1-9).
O batismo por imersão é o único símbolo que a Escritura reconhece como memorial da ressurreição de Jesus (Romanos 6:3-11).
O sábado da criação ainda é o mesmo de hoje?
A imaginação empenhada em não obedecer a Deus nunca cessa de encontrar motivos para não guardar o sábado.
E assim temos aqueles que sustentam que não há como saber com absoluta certeza se o sábado é o mesmo sétimo dia instituído por Deus na criação. Afinal, dizem eles, no decurso dos séculos houve mudanças e irregularidades no cômputo dos dias que certamente comprometeram o ciclo semanal.
Gênesis 1 e 2:1-3 dissipa qualquer dúvida.
O ciclo semanal (e o sétimo dia) foi estabelecido por Deus. Não depende dos movimentos da terra nem de qualquer fenômeno celeste.
O ciclo dia-noite é determinado pela rotação da terra em torno de seu eixo. O mês corresponde a uma revolução da lua em torno da terra. E o ano é determinado pelo tempo que a terra leva para completar uma volta em torno do sol.
O mesmo não ocorre com a semana. Sua existência só pode ser explicada por uma determinação divina! E se a determinação é de Deus, nenhuma circunstância no âmbito da experiência humana pode frustrar Seu propósito!
Assim sendo, tanto na Bíblia como no registro da história, o ciclo semanal e o sábado são perfeitamente identificáveis e amplamente reconhecidos.
Em seu livro An introduction to the critical study and knowledge of the Holy Scriptures, p. 153 e 154, Thomas H. Horne observou:
Uma das confirmações colaterais mais impressionantes da história mosaica da criação é a adoção geral da divisão do tempo em semanas, que se estende desde os estados cristãos da Europa até as costas remotas da Índia, e prevaleceu igualmente entre os hebreus, egípcios, chineses, gregos, romanos e bárbaros do norte; – nações, algumas das quais tinham pouca ou nenhuma relação com outras, e nem sequer eram conhecidas pelo nome por parte dos hebreus…. Consequentemente, o fato de prevalecer em países distantes e entre nações que não tinham comunicação entre si proporciona uma forte presunção de que deve ter sido derivada de alguma tradição remota (como a da criação), que nunca foi totalmente apagada da memória dos gentios, e cuja tradição é mais antiga do que a dispersão da humanidade em diferentes regiões.
OK. E quanto às mudanças no calendário?
A mudança mais significativa envolveu o calendário chamado juliano, instituído durante o reinado de Júlio César e que esteve em vigor por quinze séculos. O problema desse calendário é que ele computava o ano em 365,25 dias, cerca de 11 minutos e 14 segundos a mais do que o ano trópico. No século XVI, essa discrepância totalizava dez dias.
Para sincronizar o calendário com o ciclo solar, o papa Gregório XIII expediu uma bula que estabelecia os pontos essenciais do novo calendário.
A propósito dessa mudança, o geógrafo e astrônomo lisbonense Manuel Nunes Marques escreveu:
A reforma gregoriana tinha por finalidade fazer regressar o equinócio da primavera a 21 de Março e desfazer o erro de 10 dias já existente. Para isso, a bula mandava que o dia imediato à quinta-feira, 4 de Outubro, fosse designado sexta-feira, 15 de Outubro. Como se vê, embora houvesse um salto nos dias, manteve-se intacto o ciclo semanal.
Por que eu guardo o sábado?
Por tudo o que o sábado representa do ponto de vista da palavra de Deus e do testemunho de Jesus, guardá-lo significa reconhecer o caráter do Deus vivo e Sua soberania em minha vida; em tudo o que tenho e em tudo o que sou!
Existem muitos "deuses" e muitos "senhores". Todos eles "não passam de ídolos; o Senhor, porém, fez os céus" (Salmo 96:5)! O sábado é uma lembrança permanente deste maravilhoso fato.
É também um sinal de santificação e, portanto, de redenção, como diz Ezequiel 20:12:
Também lhes dei os meus sábados, para servirem de sinal entre mim e eles, para que soubessem que eu sou o Senhor que os santifica.
Por isso Deus diz no verso 20:
Santificai os meus sábados, pois servirão de sinal entre mim e vós, para que saibais que eu sou o Senhor, vosso Deus.
Deus nos ordena a santificar "os meus sábados", mas pecadores não podem fazê-lo adequadamente.
Assim, o sábado também me lembra que somente Deus pode santificar os que se achegam a Ele pela fé e capacitá-los a santificar o Seu dia em conformidade com o mandamento!
Então, o que você está esperando? Guarde o sábado você também e desfrute das bênçãos que o Senhor reservou para os Seus filhos nesse dia, aqui e na eternidade!
👉 Para saber o que católicos e protestantes pensam sobre a mudança do sábado para o domingo, clique aqui.
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3 Comentários
É muito importante, descrever a Bíblia para quem tem dificuldade para interpretar o que ela diz.
ResponderExcluirMuito gratificante boa explicação.
ResponderExcluirDeus não muda, a lei de Deus que é reflexo do sEu caráter não muda, o ciclo semanal é imutável, o dia e a noite é imutável, o sábado também é imutável porque foi criado por Deus. O sábado é um presente de Deus para nós. Guardar o sábado nos aproxima mais de Deus, nos dá muitas bençãos. Ótimo texto mano. Temos todos os motivos para guardar o sábado.
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