Esperança em meio à calamidade


Um ano depois, e nos encontramos agora no pior momento da pandemia, com milhares de pessoas em nosso país morrendo diariamente devido à Covid-19 e muitas outras por falta de acesso a um sistema de saúde fragilizado que opera além de sua capacidade.

Nenhuma estatística é capaz de mensurar a dimensão exata dessa tragédia, que chegou até nós com força e tem vitimado, inclusive, os que estão na linha de frente da pregação do evangelho, enquanto outros ainda lutam pela vida em leitos de UTI.

Muitas pessoas estão sofrendo. Muitos de nosso povo estão sofrendo.

Os que demonstram pouca empatia e emoção agem assim não porque se adaptaram ao "novo normal"; tinham pouca empatia antes e continuam tendo pouca empatia agora.

Infelizmente, isso não é menos verdade no que diz respeito aos formadores de opinião ainda apegados à sua forma nada peculiar de promover o reino de Deus; mesmo quando os resultados mostram que sua metodologia é profundamente falha, eles continuam a acreditar que estão certos. Nisso se manifesta sua falta de afeição.

As circunstâncias me fazem lembrar de quando a terra de Israel foi ferida com pestilência por causa do pecado de Davi em recensear o povo (I Crônicas 21), algo que não era prerrogativa do rei (ver Números 1:1-18; 26:1-2) e que foi motivado pelo desejo de seguir os costumes nacionais dos povos pagãos.

Setenta mil haviam sido mortos pela peste em Israel, e a destruição ainda não havia atingido Jerusalém, quando

Levantando Davi os olhos, viu o Anjo do Senhor, que estava entre a terra e o céu, com a espada desembainhada na mão estendida contra Jerusalém; então, Davi e os anciãos, cobertos de panos de saco, se prostraram com o rosto em terra. (I Crônicas 21:16).

Reconhecendo sua culpa, Davi assumiu a responsabilidade da ordem para o censo e pleiteou com Deus a favor de Israel (verso 17):

Não sou eu o que disse que se contasse o povo? Eu é que pequei, eu é que fiz muito mal; porém estas ovelhas que fizeram? Ah! Senhor, meu Deus, seja, pois, a tua mão contra mim e contra a casa de meu pai e não para castigo do teu povo.

O povo não era menos culpado perante Deus, pois, nas palavras de Ellen G. White, "eles próprios tinham acariciado os mesmos pecados que determinaram a ação de Davi" (Patriarcas e Profetas, p. 554.1). Pelo erro de Davi o Senhor puniu os pecados de Israel.

Não estou sugerindo um paralelo entre esse relato e nossa situação atual, embora certamente não sejamos mais recomendáveis aos olhos de Deus do que nossos antepassados da fé. O ponto aqui é a atitude de Davi e dos líderes de Israel diante da crise.

Uma peste tão terrível requeria que o rei se humilhasse perante Deus e clamasse ao Senhor para que a retirasse do meio de Seu povo. Mas ele não estava sozinho: os anciãos, líderes em Israel, se uniram ao rei na atitude penitente e contrita face à calamidade, e Deus ouviu, perdoou e deteve o mal.

O que quero dizer é que a crise que enfrentamos hoje exige de nós mais do que momentos pontuais de oração recheados de música popularesca e sermões pouco expressivos, frequentemente desconectados da realidade. Requer-se de nós um espírito diferente, semelhante ao de Davi e dos anciãos de Israel: humilhação, arrependimento, confissão e abandono do pecado, porque os tempos são maus.

No Dia da Expiação, todo israelita necessitava afligir sua alma diante de Deus, isto é, proceder a um solene exame de consciência, a fim de certificar-se de que nada se interpunha entre ele e o Senhor no dia do julgamento (Levítico 16:29; 23:27).

Se tivesse pecados não confessados ou acariciados, ou se desconsiderasse algum aspecto das instruções de Deus para esse dia, a pessoa não resistiria à prova do juízo de investigação e, consequentemente, seria banida de Seu povo (23:29).

Se a obediência e exame de coração eram para todo o israelita pré-requisitos indispensáveis na antiga cerimônia anual da expiação, muito mais são para nós hoje, visto que nosso Sumo Sacerdote está decidindo a sorte eterna de cada pessoa na obra derradeira de expiação no santuário celestial (Apocalipse 14:6-7).

Em face de tão solene e decisiva obra – cujas movimentações finais se refletem nas múltiplas crises que o mundo enfrenta –, o Senhor Jesus não pode aceitar menos do que isto: um constante abrir de alma ao Senhor, com fervorosas súplicas, jejuns, diligente estudo da Palavra de Deus e vívido interesse pelas almas a perecer.

Sob inspiração divina, o profeta Joel expôs os dez mandamentos do verdadeiro avivamento espiritual e o senso de urgência e abnegação que deve caracterizar o povo de Deus nestes tempos desafiadores:

  1. Tocai a trombeta em Sião.
  2. Promulgai um santo jejum.
  3. Proclamai uma assembleia solene.
  4. Congregai o povo.
  5. Santificai a congregação.
  6. Ajuntai os anciãos.
  7. Reuni os filhinhos e os que mamam.
  8. Saia o noivo da sua recâmara, e a noiva, do seu aposento.
  9. Chorem os sacerdotes, ministros do SENHOR.
  10. E orem: Poupa o teu povo, ó SENHOR.

Essa é a receita de Deus para Sua igreja, e ela nunca foi tão necessária como agora. Em II Crônicas 7:14, o Senhor promete:

Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.

Cristo nos dá todas as razões de que precisamos para cumprir as condições que Ele estabeleceu em Sua promessa. Foi Ele quem levou sobre Si os nossos pecados, ressurgiu triunfante da morte e ministra hoje como nosso Sumo Sacerdote e Juiz à destra de Deus em Seu santuário. Ele é o único caminho, o único remédio para nossa condição aflitiva.

Acheguemo-nos, portanto, a Ele em plena certeza de fé e com inteiro propósito de coração, cumprindo as condições de Sua promessa, a fim de que o Senhor traga perdão, cura e reavivamento para Seu povo. Quem sabe não é para se chegar a este bendito resultado, que o Senhor tem permitido a presente crise até que tenha lugar uma decidida reforma?

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