Uma experiência perturbadora com a música cristã contemporânea


Em meio aos dias comuns, há os que trazem consigo um brilho especial e que, por seu encanto, tornam-se particularmente importantes para nós em relação a todos os demais.

E há também aqueles que, num impulso natural, queremos esquecer; dias cujas sombras parecem nunca se dissipar.

Mesmo tais dias, porém, nos proporcionam lições preciosas, que, se bem compreendidas e assimiladas, contribuem para uma comunhão mais constante e mais íntima com Deus!

O que vou narrar a seguir descreve um desses dias.

Aconteceu há muitos anos. Eu era jovem e, devo dizer, pouco experiente a respeito do que já se tornara a causa de muitos conflitos e divisões na igreja: A música de adoração.

Confesso que, mesmo entre irmãos, a esterilidade das eternas discussões e a obstinada separação em grupos, que ora se chocavam, ora se repeliam, desgostavam-me profundamente.

E um caso que presenciei, que resultou na renúncia do primeiro-ancião e na divisão da igreja, marcou-me por muito tempo.

Mas nada poderia se comparar ao que testemunhei anos depois. Por razões éticas, omitirei o nome do grupo musical e a igreja onde ocorreu o incidente.

Foi numa tarde de sábado, lembro-me ainda com alguma nitidez.

O grupo, que ainda existe, escolhera uma seleção de canções que, por suas características, possivelmente induziriam um transeunte a julgar tratar-se de uma daquelas igrejas pouco ortodoxas, da qual ninguém quer ser vizinho.

Porém, naquela tarde, uma transeunte em particular não pareceu incomodar-se com o barulho.

Magra, cabelos desgrenhados, olhos desproporcionais no rosto decaído e marcado por traços profundos, a mulher, que era alcoólatra, costumava cruzar a rua da igreja embriagada e, ocasionalmente, abordava os irmãos em busca de assistência.

Ora, o grupo ainda cantava, quando a mulher, visivelmente bêbada, entrou no templo e, sem cerimônia, atravessou o corredor central dançando animadamente ao som da música.

À cena tragicômica seguiu-se o terror.

Alguns irmãos procuraram conduzi-la para fora, mas como a mulher passou a emitir gritos terrificantes e a resistir com uma força incomum, a ponto de três, talvez quatro homens (alguns dos quais de compleição robusta) não serem capazes de contê-la, ficou claro que não se tratava apenas de embriaguez, mas de uma possessão demoníaca.

O espetáculo grotesco parecia não ter fim.

À essa altura, a apresentação musical já havia sido interrompida e, em meio à evidente consternação dos cantores e do público, todos ajoelharam e alguém orou.

Alguns minutos depois, não se ouviam mais gritos nem tumultos. Em cada gesto, em cada olhar chamejava um desejo mal disfarçado de retorno à normalidade. O que se seguiu depois, não sou capaz de recordar.

Ao longo da minha vida presenciei muitos casos de possessão em diferentes igrejas, e não é de admirar que muitos deles tenham ocorrido durante sermões ou séries evangelísticas sobre os livros de Daniel e Apocalipse.

Eu mesmo tive a infelicidade de me deparar com essa situação duas ou três vezes, e, para ser honesto, nunca me senti tão impotente.

Posso assegurar-lhe que orações momentâneas não são o bastante. É preciso uma vida impulsionada pela oração e pela presença do Cristo vivo, pois somente por meio dEle os efeitos da possessão desaparecerão juntamente com a causa (Lucas 9:37-42).

No entanto, ao contrário das quedas, convulsões ou gritos que geralmente acompanham esses incidentes, o que havíamos testemunhado naquela tarde foi, pelo menos a princípio, inusitado.

Uma vez no templo, a mulher, então já endemoninhada, não gritara, não se debatera, não ameaçara ninguém; simplesmente dançara ao som do "louvor"!

Em razão da música, o espírito ou espíritos que se apossaram daquela mulher demonstraram estar muito à vontade na casa onde invocamos o nome do Senhor, e não pareceram incomodar-se com a presença dos professos filhos de Deus.

Essa foi uma experiência marcante e, até onde sei, única em sua natureza, e trouxe consigo uma importante lição.

Quando "louvamos" a Deus com estilos musicais que agradam o diabo, não só desonramos o santo nome do Senhor, mas também atraímos para dentro da igreja espíritos de demônios e os convidamos a fazer-nos companhia.

Poderia haver algo mais assustador? Sem dúvida.

No sábado seguinte estávamos cantando com uma naturalidade acintosa os mesmos estilos musicais que foram a causa daquela experiência bizarra e desconcertante!

O que me lembra a frase: Aqueles a quem o diabo deseja destruir primeiro ficam cegos.


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