Três razões para usar o Hinário


Quando eu era criança, lembro-me de que levar o hinário à igreja era parte da cultura adventista.

Geralmente, quem não tinha o hinário era novo na fé ou visitante, caso em que nos sentíamos estimulados a compartilhar nosso exemplar, de modo que ele se sentisse plenamente acolhido e participasse conosco da experiência de adoração.

Posteriormente, muitas igrejas passaram a disponibilizar exemplares extras do hinário destinados exclusivamente aos visitantes.

De praxe, esses exemplares ficavam sobre uma mesinha na recepção e sempre havia uma pessoa atenta que levava um hinário àqueles que, eventualmente, não o haviam recebido à entrada.

Com o tempo, a projeção dos hinos e o playback substituíram o hinário e o piano e, assim, perdeu-se um costume que inspirou gerações de adoradores.

O recurso audiovisual, embora um meio facilitador, logo se tornou fonte de frequentes constrangimentos devido à problemas técnicos ou operacionais, os quais comprometem a adoração.

Além disso, nos cultos e programações especiais da igreja, os hinos do hinário foram substituídos pela chamada música cristã contemporânea, com poesia muito pobre, letras simples e banais e um estilo que certamente exige maior resistência dos tímpanos.

Agora, a massificação, que já havia tornado muitas igrejas cristãs caricaturas de si mesmas, conquistou sua última fronteira: a igreja remanescente.

Diante desse retrocesso, sinto-me justificado a compartilhar com os leitores pelo menos três razões pelas quais convém resgatar a boa prática de ter à mão o hinário e cantar com fervor e entusiasmo seus hinos, seja na igreja, em nossas escolas ou em casa.

1. A maioria dos membros e visitantes da igreja é de origem humilde. Para muitas dessas pessoas, o hinário representa o único contato que elas terão com a música erudita.

No geral, todos somos assaltados pela cultura de massa, que nivela por baixo, desinforma e excita as paixões inferiores.

O hinário influencia no sentido oposto e seu uso pode nos proteger dos males da massificação ao estimular nossa espiritualidade, sensibilidade e bom gosto.

2. A música não é só uma forma de arte. Ela é também, e sobretudo, um veículo condutor de ideias e valores. E não me refiro somente à letra.

Gêneros musicais têm identidade própria e refletem um conceito ou valor específico.

Uma vez que a letra não tem poder de santificar a música, não importa quão cristã uma letra possa ser, se é música popular, transmitirá aos adoradores os valores desse gênero musical aos quais está intimamente associada. O meio é a mensagem! (Escrevi algo sobre isso relacionado ao evangelho. Clique aqui para conferir).

Música popular provoca excitação dos sentidos, ao passo que hinos transmitem poder; um poder que tem acompanhado os adventistas desde sua origem e do qual não podem abrir mão.

3. Conquanto fonte de deleite espiritual, os hinos são como a oração; não são dirigidos ao homem, mas a Deus. Por isso são chamados hinos de louvor ao nosso Deus.

Podemos aplicar à música de adoração o que o apóstolo Paulo escreveu sobre a pregação do evangelho:

Porventura, procuro eu, agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou procuro agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo. (Gálatas 1:10).

É precisamente esta pergunta que necessitamos fazer a nós mesmos no que se refere às nossas escolhas musicais: “Meu louvor agrada a homens ou a Deus?”. Se agrada a homens, tal música não pode servir a Cristo.

O hinário não é perfeito, mas é o melhor que temos. Agrademos a Deus ao oferecer-Lhe com zelo e discernimento o melhor que temos!

Para concluir, certamente há muitas músicas cristãs com alto valor estético e conteúdo espiritual que não estão no hinário e que merecem ser igualmente estimadas. O leitor pode conferir várias delas em minha playlist.

Não obstante, nos momentos de louvor na igreja, nas capelas de nossas escolas e no culto familiar, o hinário é o mais valioso recurso à nossa disposição.

Os preconceitos quanto ao seu uso, principalmente entre os mais jovens, resultam da ignorância a seu respeito.

Como a ignorância não pode ser fonte de autoridade intelectual, recomendo fortemente o site Música Sacra e Adoração, em especial a seção Histórias de Hinos do Hinário Adventista. Depois de conhecê-las, você nunca mais verá o hinário da mesma maneira!

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4 Comentários

  1. Concordo plenamente. E olha que nem sou Adventista de berço. Me converti há somente 15 anos. Cantava na noite MPB, tocava atabaque no centro espírita e muitas músicas pq não são louvores, que ouço na nossa igreja hj, ferem meus ouvidos, imagino os do nosso Deus. Depois que ouvi o seminário "O dilema da distração" minha mente se abriu muito para entender as estratégias de Satanás para disvirtuar-nos do verdadeiro louvor a Deus e entendi que eu mesma já havia cometido erros na hora de escolher "louvores". Que Deus nos perdoe e ilumine.

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    1. Adriana, obrigado por seu testemunho! Ele certamente vai inspirar outras pessoas que sinceramente desejam louvar a Deus corretamente. Eu também assisti ao seminário "O Dilema da Distração" e foi muito proveitoso para mim! Que Deus continue te abençoando! Um abraço fraterno de seu irmão em Cristo!

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  2. Em sua playlist não há músicas em português. Poderia exemplificar com alguma música em nosso idioma?

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    1. Obrigado, Ellen, por seu comentário e interesse!

      Para ser bem honesto, conheço poucas músicas e interpretações em nosso idioma que podem ser consideradas louvor genuíno. Dentre elas, posso indicar-lhe dois exemplos:

      https://www.youtube.com/watch?v=gdvoR1YanRA
      https://www.youtube.com/watch?v=RUvAa9NHLks

      Espero ter ajudado! Que Deus a abençoe ricamente!

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