Nosso Sumo Sacerdote - 5. Dia da Expiação


Por Edward Heppenstall

Na ordem levítica do santuário terrestre, para cada ano o ministério sacerdotal tinha dois aspectos importantes - o diário e o anual.

Ora, a primeira aliança também tinha preceitos de serviço sagrado, e o seu santuário terrestre. Com efeito, foi preparado o tabernáculo, cuja parte anterior, onde estavam o candeeiro, e a mesa, e a exposição dos pães, se chama o Santo Lugar; por trás do segundo véu se encontrava o tabernáculo que se chama o Santo dos Santos, ao qual pertencia um altar de ouro para incenso, e a arca da aliança totalmente coberta de ouro, na qual estava uma urna de ouro contendo o maná, a varão de Arão, que floresceu, e as tábuas da aliança; e sobre ela os querubins de glória que, com sua sombra, cobriam o propiciatório. Dessas coisas, todavia, não falaremos agora pormenorizadamente. Ora, depois de tudo isto assim preparado, continuamente entram no primeiro tabernáculo os sacerdotes, para realizar os serviços sagrados; mas no segundo, o sumo sacerdote, ele sozinho, uma vez por ano, não sem sangue, que oferece por si e pelos pecados de ignorância do povo. (Hebreus 9:1-7. Ver também 9:24, 25; 10:3, 4, 11, 12; 7:26, 27).

O "diário" ou contínuo ministério era realizado cada dia através do ano. O "anual" ocorria em um tempo determinado e terminava no limite de um dia natural. Era chamado Dia da Expiação. O Dia da Expiação era o clímax de todo o sistema levítico, o ponto culminante de todas as cerimônias religiosas. Nesse dia, o sumo sacerdote sozinho entrava no Santíssimo, na presença de Deus, para fazer uma expiação final pelos filhos de Israel e pelo santuário. Cada pecado cometido e cada confissão feita, cada serviço prestado desde o último Dia da Expiação era trazido diante de Deus e constituía uma evidência final para aquele dia. Daí o seu grande significado, pois os serviços daquele dia ensinavam um julgamento final, um veredito procedente do trono de Deus.

Disse mais o Senhor a Moisés: Mas aos dez deste mês sétimo será o dia da expiação: tereis santa convocação, e afligireis as vossas almas; trareis oferta queimada ao Senhor. Nesse mesmo dia, nenhuma obra fareis, porque é o dia da expiação, para fazer expiação por vós perante o Senhor, vosso Deus. Porque toda alma que, nesse dia, se não afligir será eliminada do seu povo. Quem, nesse dia, fizer alguma obra, a esse eu destruirei do meio do seu povo. (Levítico 23:26-30).

Ritual do Dia da Expiação

O ritual realizado nesse dia era único. A cerimônia centralizava-se em dois bodes.

Também tomará ambos os bodes, e os porá perante o Senhor, à porta da tenda da congregação. Lançará sortes sobre os dois bodes: uma, para o Senhor, e a outra, para o bode emissário. Arão fará chegar o bode sobre o qual cair a sorte para o Senhor, e o oferecerá por oferta pelo pecado. Mas o bode sobre que cair a sorte para bode emissário será apresentando vivo perante o Senhor, para fazer expiação por meio dele e enviá-lo ao deserto como bode emissário. (Levítico 16:7-10).

O sumo sacerdote entrava no Lugar Santíssimo com o sangue do primeiro bode para "fazer expiação pelo santuário por causa das impurezas dos filhos de Israel, e das suas transgressões, e de todos os seus pecados" (verso 16). Agora, a expiação havia sido toda feita durante o ano, quando os sacrifícios diários eram oferecidos. Por que não eram eles adequados? Por que requereria o problema do pecado outro ato de expiação?

Evidentemente, havia alguns aspectos do problema do pecado que ainda não haviam sido tratados. Aqui está indicada uma remoção de pecados, não executada pelo serviço diário. A cerimônia com os dois bodes claramente estabelece dois aspectos diferentes no trato com o problema do pecado. O segundo bode, Azazel, não era nem sacrificado, nem o seu sangue aspergido ante o trono de graça no Lugar Santíssimo. Os pecados expiados pelo sangue do primeiro bode eram agora confessados sobre a cabeça do segundo bode, que era "enviado ao deserto pela mão de um homem designado; assim aquele bode levará sobre si todas as iniquidades deles para a terra solitária." (Levítico 16:21 e 22).

Qual o significado de enviar para o deserto o bode emissário, carregando os pecados de Israel para um lugar solitário, uma expulsão sem nenhuma possibilidade de retorno?

Muita da confusão existente sobre os serviços do Dia da Expiação tem surgido da tendência de teólogos e intérpretes bíblicos em crer que os dois bodes representavam a obra de Cristo na cruz. Porém esses dois bodes simbolizam dois aspectos distintos e separados do trato de Deus com o pecado. O primeiro bode, cujo sangue era derramado, apontava para a expiação feita por Cristo pelos nossos pecados. O segundo bode, cujo sangue não era derramado, não tinha parte na efetivação da redenção pessoal. Ao contrário, apontava para a final e total erradicação do pecado, como consequência da redenção efetuada por Cristo. O que é ensinado por meio dos dois bodes é mais do que uma oferta pelo pecado. Nisto está envolvido a eliminação de Satanás e seus seguidores, a erradicação do pecado, conforme simbolizada pelo total isolamento do segundo bode, que simbolizava Satanás.

Dois fatores favorecem a crença de que Azazel seja um ser pessoal. Um deles é o grande número de eruditos e intérpretes bíblicos que sustenta esse ponto de vista. O outro é a evidência do próprio texto de Hebreus. O paralelismo implicado no texto fortemente sugere que Azazel seja um ser pessoal que se levanta contra o Senhor, que também é um ser pessoal. A ligação desses pontos mostra que ambos os bodes são iguais e paralelos nesse particular, ambos são partes integrais do problema do pecado, um servindo como bode pelo Senhor, o outro por Azazel.

A palavra em hebraico para bode emissário é "Azazel"... Muitos eruditos modernos sustentam, juntamente com os judeus, que Azazel denota um espírito pessoal, perverso e sobre-humano, e quase todos concordam que o seu significado básico é "alguém que remove"... Como um dos bodes é pelo Senhor, um Ser pessoal, assim o outro bode deve também ser um ser pessoal; e como eles são evidentemente antagônicos, o mais consistente seria aceitar que Azazel coloca-se em oposição ao Senhor, e, portanto, não pode ser outro além de Satanás. - The S.D.A. Bible Commentary, vol. 1, p. 775.

Além disso, o serviço não era somente uma expiação pelo povo, mas também pelo santuário como um todo, uma purificação total, uma completa remoção do pecado. Isto é definitivamente indicado nas Escrituras, pelas palavras:

Porque, naquele dia, se fará expiação por vós, para purificar-vos; e sereis purificados de todos os vossos pecados, perante o Senhor. É sábado de descanso solene para vós outros, e afligireis a vossa alma; é estatuto perpétuo. Quem for ungido e consagrado para oficiar como sacerdote no lugar de seu pai fará a expiação, havendo posto as vestes de linho, as vestes santas; fará expiação pelo santuário, pela tenda da congregação e pelo altar; também a fará pelos sacerdotes e por todo o povo da congregação. Isto vos será por estatuto perpétuo, para fazer expiação uma vez por ano pelos filhos de Israel, por causa dos seus pecados. E fez Arão como o Senhor ordenara a Moisés. (Levítico 16:30-34).

Para os israelitas, o Dia da Expiação era a prestação humana de contas com Deus, a vindicação final tanto do santuário como do povo. Não havia nada casual nesse dia. Eles aguardavam a chegada desse dia, cada ano, com grande solenidade. Este era um dia de separação. Ele existia, primeiramente, para o benefício daqueles que criam. Ele trazia grande ansiedade e temor para aqueles cujos pecados não haviam sido perdoados. Aquele dia provava a obra de cada homem.

Os israelitas aguardavam com interesse e reverência pelo retorno do sumo sacerdote da presença de Deus no Lugar Santíssimo, pela final vindicação deles, baseada na aceitação e purificação da parte de Deus. Então o sumo sacerdote saía. O povo observava-o, ouvia a solene confissão dos pecados sobre a cabeça do bode vivo, e via o bode ser levado ao deserto. Então eles sabiam que aqueles pecados, em um sentido diferente dos pecados levados pelo primeiro bode, tinham sido banidos para sempre. Nada mais seria ouvido sobre aqueles pecados do ano passado. Eles estavam todos resolvidos.

Os simbolismos e os serviços típicos do santuário levítico são destinados a esclarecer e não confundir. Eles apontavam para as realidades impendentes da obra sacerdotal de Cristo no santuário celestial. Nós estamos aqui envolvidos com o assunto da substância desse ministério e a natureza de tal obra. O Dia da Expiação ensinava a verdade do ministério de Cristo que vai além do calvário, até à solução final do problema do PECADO. Nenhuma verdade sobre Deus ou sobre o ministério de Cristo no Céu pode ser completa sem isto. O cancelamento do pecado envolve mais do que perdão. Ele envolve também o banimento do pecado e de Satanás. O grandioso propósito de nosso Senhor não é somente perdoar pecados, mas triunfar sobre eles e erradicá-los. O ministério de Cristo trará o universo de volta à completa harmonia com Deus. Satanás ainda reina e avança em todas as partes do mundo. O aumento do pecado está além da capacidade de descrever. Porém o pecado e os pecadores serão finalmente isolados, banidos e destruídos. A razão é clara. Não que Deus tenha fracassado em fazer uma expiação completa na cruz. Porém em face da finalidade e eficácia de tal sacrifício, este deve finalmente executar a final e completa destruição de Satanás. Tal ministério não cessará até que todo pecado tenha sido eliminado do universo. Se há algum lugar no santuário levítico e seus serviços onde esta verdade é ensinada e simbolizada, este é o Dia da Expiação.

Deus tinha um propósito em escolher este dia final do ministério no santuário terrestre. Ele lança a pedra fundamental do plano de redenção e restauração total da Terra. O ritual com os dois bodes ensina a própria destruição do mal e de seu originador. Ele aponta para Cristo que em Seu ministério sacerdotal é tanto Redentor como Juiz. Doutra forma o pecado jamais seria destruído. A obra de redenção e a obra de julgamento são ministradas pelo mesmo Sumo Sacerdote. Deus confiou todo julgamento a Seu Filho (ver João 5:22). A eterna misericórdia e graça de nosso Senhor, e a certeza de julgamento para o bem ou para o mal permanecem juntas com a verdade do santuário. Elas serão compreendidas por aqueles que seguem o ministério de Cristo. Deus está empenhado tanto no triunfo da justiça como na derrota do mal. A vitória final virá somente como um resultado do ministério de Cristo em função da redenção e julgamento. Isto é o que ensina o Dia da Expiação.

Purificado de Todos os Pecados Diante do Senhor

Assim fará expiação pelo santuário por causa das impurezas dos filhos de Israel e das suas transgressões e de todos os seus pecados. Da mesma sorte, fará pela tenda da congregação, que está com eles no meio das suas impurezas. Nenhum homem estará na tenda da congregação, quando ele entrar para fazer propiciação no santuário, até que ele saia depois de feita a expiação por si mesmo, e pela sua casa, e por toda a congregação de Israel. Então sairá ao altar, que está perante o Senhor, e fará expiação por ele. Tomará do sangue do novilho, e do sangue do bode, e o porá sobre os chifres do altar ao redor. Do sangue aspergirá com o dedo sete vezes sobre o altar e o purificará e o santificará das impurezas dos filhos de Israel. Havendo, pois, acabado de fazer expiação pelo santuário, pela tenda da congregação, e pelo altar, então fará chegar o bode vivo. Arão porá ambas as mãos sobre a cabeça do bode vivo e sobre ele confessará todas as iniquidades dos filhos de Israel, todas as suas transgressões e todos os seus pecados; e os porá sobre a cabeça do bode, e enviá-lo-á ao deserto, pela mão dum homem à disposição para isso. Assim, aquele bode levará sobre si todas as iniquidades deles para terra solitária; e o homem soltará o bode no deserto. (Levítico 16:16-22).

De acordo com o ritual simbólico, o santuário levítico em todos os seus aspectos era maculado pelo pecado e culpa dos israelitas, pois era feita a expiação e os pecados eram confessados pelo arrependimento do pecador. Com o sacrifício diário pelos pecados de Israel, oferecidos através do ano, aumentava a impureza do santuário, tornando necessária uma purificação anual no Dia da Expiação. Quando chegava esse dia, a purificação do santuário e do povo de Israel constituíam a característica central do ministério sumo sacerdotal. Este era o ponto alto, para o qual o povo de Israel olhava com grande solenidade e significação, pois "naquele dia se fará expiação por vós, para purificar-vos; e sereis purificados de todos os vossos pecados, perante o Senhor" (Levítico 16:30).

Havia, portanto, duas purificações - uma pelo indivíduo, quando ele apresentava seu sacrifício pessoal e confessava seus pecados, pelos quais o santuário imediatamente assumia a responsabilidade; e a outra era a purificação do próprio santuário, no Dia da Expiação. Ambas as purificações eram essenciais.

A purificação do santuário levítico no Dia da Expiação tem seu correspondente no santuário celestial. Na Epístola aos Hebreus, a interpretação correta é dada por comparar os santuários terrestre e celeste e sua obra sacerdotal.

Igualmente também aspergiu com sangue o tabernáculo e todos os utensílios do serviço sagrado. Com efeito, quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão. Era necessário, portanto, que as figuras das coisas que se acham nos céus se purificassem com tais sacrifícios, mas as próprias coisas celestiais, com sacrifícios a eles superiores. (Hebreus 9:21-23).

O pecado mancha. O sangue limpa. Purificar é um aspecto essencial da expiação. Com a confissão e o perdão do pecado, o crente é purificado. Este é um aspecto essencial da experiência do crente com Deus.

Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. (I João 1:7-9. Ver também Apocalipse 1:5).

Essa purificação inicial é efetuada pelo sangue de Cristo e pela aplicação do sangue à vida e experiência do crente. O crente pode estar certo de que ele está perdoado e purificado, pois "nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus" (Romanos 8:1).

Porém o santuário terrestre ensina também outra purificação. De acordo com o modelo, os pecados confessados são figuradamente representados como permanecendo no santuário até a purificação final no Dia da Expiação.

Isto vos será por estatuto perpétuo: no sétimo mês, aos dez dias do mês, afligireis as vossas almas, e nenhuma obra fareis, nem o natural nem o estrangeiro que peregrina entre vós. Porque, naquele dia, se fará expiação por vós, para purificar-vos, e sereis purificados de todos os vossos pecados perante o Senhor. (Levítico 16:29 e 30).
O sangue de Cristo, ao mesmo tempo que livraria da condenação da lei o pecador arrependido, não cancelaria o pecado; este ficaria registrado no santuário até a expiação final; assim, no serviço típico, o sangue da oferta pelo pecado removia do penitente o pecado, mas este permanecia no santuário até o dia da expiação. - Patriarcas e Profetas, p. 370.
No cerimonial típico, somente os que tinham vindo perante Deus com confissão e arrependimento, e cujos pecados, por meio do sangue da oferta para o pecado, eram transferidos para o santuário, é que tinham parte na cerimônia do dia da expiação. Assim, no grande dia da expiação final e do juízo de investigação, os únicos casos a serem considerados são os do povo professo de Deus - O Grande Conflito, p, 520.

Cristo não somente levou todos os nossos pecados à cruz, mas também, em Seu ministério sacerdotal no santuário celestial, continuou Sua obra de salvação e reconciliação. Ele efetuará uma purificação final, uma reconciliação total e uma erradicação completa do pecado, para a glória de Deus e de Suas criaturas leais, através do universo. Então, nenhuma mancha e nenhum resíduo de pecado marcarão Seu santuário ou Seu povo.

No grande dia da paga final, os mortos devem ser "julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras". Apocalipse 20:12. Então, pela virtude do sangue expiatório de Cristo, os pecados de todo o verdadeiro arrependido serão eliminados dos livros do Céu. Assim o santuário estará livre ou purificado do registro de pecado. No tipo, esta grande obra de expiação, ou cancelamento de pecados, era representada pelos serviços do dia de expiação, a saber, pela purificação do santuário terrestre, a qual se realizava pela remoção dos pecados com que ele ficara contaminado, remoção efetuada pela virtude do sangue da oferta para o pecado. Assim como na expiação final os pecados dos verdadeiros arrependidos serão apagados dos registros do Céu, para não mais serem lembrados nem virem à mente, assim no serviço típico eram levados ao deserto, para sempre separados da congregação. - Patriarcas e Profetas, p. 371.

O fato de os pensamentos e atos de todos os homens, bons e maus, serem relatados com vistas ao juízo revela a necessidade de instituir uma purificação conclusiva e final. A abertura dos relatórios divinos, quando "cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus" (Romanos 14:12), requer uma prestação de contas, quando os santos de Deus serão proclamados na presença da corte celestial: "Purificados de todos os pecados perante o Senhor".

Há uma premente necessidade moral e espiritual, de uma clara compreensão do juízo investigativo. A verdade que proclama a redenção de pecadores não está confinada a uma resposta superficial à questão: "Que devo fazer para ser salvo?" Está envolvido nisto uma completa santificação, obediência à vontade de Deus, pureza de vida, perseverança na fé por meio do poder divino, tornado acessível através do ministério sacerdotal do Cristo vivo. As mais solenes verdades de Deus, inalteradas através dos tempos, são comunicadas ao homem desde o santuário divino, por meio do Espírito Santo.

Os que desejam participar dos benefícios da mediação do Salvador não devem permitir que coisa alguma interfira com seu dever de aperfeiçoar a santidade no temor de Deus. As preciosas horas, em vez de serem entregues ao prazer, à ostentação ou à ambição de ganho, devem ser dedicadas ao estudo da Palavra da verdade, com fervor e oração. O assunto do santuário e do juízo de investigação deve ser claramente compreendido pelo povo de Deus. Todos necessitam para si mesmos de conhecimento sobre a posição e obra de seu grande Sumo Sacerdote. Aliás, ser-lhes-á impossível exercerem a fé que é essencial neste tempo, ou ocupar a posição que Deus lhes deseja confiar. Cada indivíduo tem uma alma a salvar ou a perder. Cada qual tem um caso pendente no tribunal de Deus. Cada um há de defrontar face a face o grande Juiz. Quão importante é, pois, que todos contemplem muitas vezes a cena solene em que o juízo se assentará e os livros se abrirão, e em que, juntamente com Daniel, cada pessoa deve estar na sua sorte, no fim dos dias! - O Grande Conflito, p. 528.

O mundo de hoje está passando por um período de mudança revolucionária. A demanda é por um reajustamento radical de todo pensamento e vida. Duas forças lutam pelo domínio sobre os homens - Cristo e Satanás. As forças prevalecentes ao lado de Satanás estão marcadas pelo pensamento desleal, pela rejeição de uma moral que restrinja e discipline e pela apostasia religiosa, afastando-se da Palavra de Deus. As vozes que falam por Deus procuram chamar o homem de volta ao Cristo vivo e à Palavra de Deus. Em vista das alarmantes condições do nosso tempo é urgentíssimo voltarmos à verdade eterna de Deus. Unicamente essa verdade sobrepujará as trevas. A vontade de Deus e a lei de Deus são constantes. Através da igreja remanescente de Deus, a verdade brilha. O Cristo vivo no santuário celestial imprime sobre os homens a necessidade de um reavivamento espiritual para torná-los prontos a enfrentar o julgamento que está ocorrendo agora. Os homens precisam perguntar a si mesmos se estão preparados para possuir, apreciar e obedecer à verdade tal como é em Jesus Cristo.

Nós precisamos pôr a questão diante de nós mesmos: Estamos nós preparados para permanecermos diante de Deus? No terceiro capítulo do Apocalipse, Cristo dirige-Se à igreja laodiceana, procurando despertar o interesse do homem para si mesmo: "Eu sei como és", diz Cristo. "Não és nem frio nem quente. És morno. Tens pouco tempo para preparar-te. O juízo investigativo está às portas. Eu sou o teu advogado de defesa. Eu quero que me possibilites fazer isto por ti. Se assim for, então o juízo investigativo será a teu favor. Nada tens a temer." (Apocalipse 3:14-22).

Por essa razão João, ao dirigir-se às igrejas, fala de Cristo como a fiel e verdadeira testemunha. O quadro parece colocar Cristo no lugar de testemunha ao serem abertos os livros do Céu. O universo está preparado para acatar o julgamento de Cristo. Ele é chamado de Testemunha Fiel porque se pode confiar que Ele falará a verdade e nada mais que a verdade. Nessa investigação, não haverá evasivas do assunto, nem distorções dos fatos da vida dos homens. Somente Cristo pode dar testemunho dos fatos em cada caso.

Cristo não está dizendo que Seus seguidores vão ter um mau tempo nesse juízo nem que as chances do crente não são boas. Cristo não tem o desejo de ser um juiz acusador, mas um amigo amante e salvador. Ele procura agora persuadir os homens a tomar o único caminho para a vida eterna. Ele é pintado como estando à porta do coração humano, buscando entrada. "Aconselho-te", Ele diz, "a abrir a porta, a comprar de mim ouro... e vestes brancas". Aqueles que têm aberto completamente suas vidas a Cristo não temerão o juízo. O que Cristo aconselha pode ser sumarizado em poucas palavras: "Ouro" - fé e amor; vestes brancas - a justiça de Cristo. Ele busca insistentemente despertar no homem a urgência de satisfazer a Deus no juízo. Porém isto custa alguma coisa. O Dia levítico da Expiação exigia que Israel se certificasse de sua situação diante de Deus.

Porque toda a alma, que nesse dia se não afligir, será eliminada do seu povo. (Levítico 23:29).
Vivemos hoje no grande dia da expiação. No cerimonial típico, enquanto o sumo sacerdote fazia a expiação por Israel, exigia-se de todos que afligissem a alma pelo arrependimento do pecado e pela humilhação, perante o Senhor, para que não acontecesse serem extirpados dentre o povo. De igual modo, todos quantos desejem seja seu nome conservado no livro da vida, devem, agora, nos poucos dias de graça que restam, afligir a alma diante de Deus, em tristeza pelo pecado e em arrependimento verdadeiro. Deve haver um exame de coração, profundo e fiel. O espírito leviano e frívolo, alimentado por tantos cristãos professos, deve ser deixado. Há uma luta intensa diante de todos os que desejam subjugar as más tendências que porfiam pelo predomínio. A obra de preparação é uma obra individual. Não somos salvos em grupos. A pureza e devoção de um, não suprirá a falta dessas qualidades em outro. Embora todas as nações devam passar em juízo perante Deus, examinará Ele o caso de cada indivíduo, com um escrutínio tão íntimo e penetrante como se não houvesse outro ser na Terra. Cada um deve ser provado, e achado sem mancha ou ruga, ou coisa semelhante. Solenes são as cenas ligadas à obra final da expiação. Momentosos os interesses nela envolvidos. O juízo ora se realiza no santuário celestial. Há muitos anos esta obra está em andamento. Breve, ninguém sabe quão breve, passará ela aos casos dos vivos. Na augusta presença de Deus nossa vida deve passar por exame. Atualmente, mais do que em qualquer outro tempo, importa a toda alma atender à admoestação do Salvador: "Vigiai e orai; porque não sabeis quando chegará o tempo". - O Grande Conflito, p. 529, 530.

Infelizmente, o homem moderno não está aborrecido por seus pecados. Ele está contente com sua própria justiça. O termo bíblico "pecado" parece ter perdido seu significado para muitos. Em um mundo em que a maioria tem aceitado a posição evolucionista sobre as origens, o pecado é simplesmente um vestígio do passado animal do homem. Mas a Bíblia trata o pecado e a desobediência como o assunto mais sério. O pecado não é só algo para ser lamentado; é um estado do coração e da vida, que é completamente incompatível com Deus e que separará o homem de Deus e o mergulhará em agonia pela perda eterna.

O único remédio é Cristo que bate à porta, o Filho de Deus que levou nossos pecados, que ressurgiu da morte e que vive agora para sempre. O necessário é permitir que Deus recrie nossas vidas em torno do divino centro, que partilha a vida de Cristo, a qual quebra o poder do pecado e liberta o cativo, muda os desejos pecaminosos, restaura as capacidades espirituais da mente e traz a vida completamente em harmonia com a verdade de Deus. Qualquer remédio que falhe em fazer isto pelos pecadores não é salvação verdadeira e não passará no teste do juízo investigativo.

Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou, também ama ao que dele é nascido. Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus, quando amamos a Deus e praticamos os seus mandamentos. (I João 5:1 e 2).

Este é o único caminho. Isto é o que o juízo investigativo revelará em Cristo ou fora de Cristo. O cristão dedicado pode crer com ousadia que nesse juízo Cristo testemunhará de seu triunfo e purificação final ante o universo. A purificação futura dos santos não significa incerteza, mas triunfo ante a corte do Céu. Cristo declarará ante o universo remido que eles estão para sempre livres do pecado; que eles escolheram a justiça e neles o pecado nunca mais poderá ressurgir. Tendo feito este julgamento, a obra do divino Advogado está terminada. Cristo deu o veredito em favor deles. Nada pode agora alterar o veredito.

Todos os que verdadeiramente se tenham arrependido do pecado e que pela fé hajam reclamado o sangue de Cristo, como seu sacrifício expiatório, tiveram o perdão aposto ao seu nome, nos livros do Céu; tornando-se eles participantes da justiça de Cristo, e verificando-se estar o seu caráter em harmonia com a lei de Deus, seus pecados serão riscados e eles próprios havidos por dignos da vida eterna. O Senhor declara pelo profeta Isaías: "Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados me não lembro". Isaías 43:25. Disse Jesus: "O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai, e diante de seus anjos." - O Grande Conflito, p. 523.

"Purificados de todos os pecados diante do Senhor". Esta então é a mensagem final do Dia da Expiação. Que maravilhosas novas do santuário celestial estão proclamadas nessa sentença! O que é receber o veredito de Cristo a nosso favor? A frase "purificado diante do Senhor" é muito expressiva. Ela significa ser totalmente salvo. Ela significa estar coberto com a justiça de Cristo. Ela significa prestar obediência a Deus, "achado por Ele em paz, sem mácula, inculpável" (II Pedro 3:14). Não há maior segurança do que estar "purificado diante do Senhor". Cristo é tudo para nós. "Vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim" (Gálatas 2:20). Conhecemos esta realidade espiritual? Baseamos a nossa esperança eterna sobre isto? Os santos são abençoados para sempre, pois ninguém pode condená-los ou acusá-los como impuros. Eles habitam numa esfera de infinita pureza. Nenhuma concepção pode manchá-los. Nenhuma iniquidade pode tentá-los. Nenhuma impureza pode manchá-los novamente, por toda a eternidade.

A mais grandiosa cena no juízo investigativo é esta proclamação divina desde o trono de Deus. Um acorde de amorável segurança soa através do universo por parte do povo de Deus. "Purificado dos pecados por toda a eternidade" ressoa até os confins do universo. O homem não pode declarar isto por si mesmo. Porém quando Cristo, nosso grande Sumo Sacerdote, proclama-o, ninguém pode contradizê-lo. O Céu foi criado para pessoas espiritual e moralmente puras. Cristo apresenta ante a corte celestial uma hoste daqueles que nunca mais desejarão pecar.

Com essa proclamação, nós nos sentimos transportados por uma divina influência, cujo impulso e direção são derivados unicamente de Cristo. Aqui estão todos os redimidos, totalmente sujeitos a Ele, e em cada cabeça há uma coroa. Qualquer que seja a esperança e alegria que haja nesta presente situação de pecado, não importa quanta tristeza e pesar tenha sido o quinhão dos santos, Cristo declará-los-á além do alcance do pecado e da morte. O povo de Deus reflete somente a presença e a glória de Deus. O legítimo Dia da Expiação que começou em 1844 está cheio de esperança. Os filhos de Deus na terra são esperados no Céu. Uma convincente prova do poder salvador de Cristo é a apresentação de tão grande multidão desses Seus redimidos, purificados, diante do Senhor e diante do universo.

No julgamento agora em processo no santuário celestial, Cristo declara de seus fiéis seguidores: "Limpos para sempre de todos os seus pecados". O coração dos homens pulsa com lealdade e amor por seu Rei. Tal declaração excede todos os clamores e pronunciamentos humanos. Este veredito divino não é a opinião do mais sábio da Terra, nem a tradição do mais velho, nem a voz da maioria, nem o julgamento do melhor. É a palavra de Deus somente. O que ele ordena é pureza eterna e impecabilidade em um universo perfeito.

Cristo disse: "Vinda é a hora do seu juízo". Nenhuma voz no universo a não ser a Sua tem poder. É sob Sua coroa e soberania que os filhos de Deus têm tomado posição. A decisão desse julgamento proclama a firmeza dos santos em sua pureza e santidade diante do Senhor. O juízo revelará a impressão da justiça de Cristo sobre o caráter selado com o selo de Deus. Ninguém estará apto a arrebatá-los de Suas mãos. Que glorioso reconhecimento da parte de Cristo como Rei dos Reis e Senhor dos Senhores! Estamos nós sujeitos a Cristo? Somos dEle? "Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus?" (Romanos 8:33).

Respondi-lhe: Meu Senhor, tu o sabes. Ele, então, me disse: São estes os que vêm da grande tribulação, lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro, razão por que se acham diante do trono de Deus e o servem de dia e de noite no seu santuário; e aquele que se assenta no trono estenderá sobre eles o seu tabernáculo. Jamais terão fome, nunca mais terão sede, não cairá sobre eles o sol, nem ardor algum, pois o Cordeiro que se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima. (Apocalipse 7:14-17).

Quando os santos estiverem sobre o grande mar de vidro entre as multidões de seres celestiais incontáveis como as ondas do mar, vistos do trono do juízo de Cristo, Seus filhos terão um destino feliz daí em diante. Perante aquela corte celestial não será perguntado de onde você é, mas o que você é de Cristo ou fora dEle. "E cada homem que tem esta esperança, purifica-se a si mesmo como Ele é puro." (I João 3:3).

O homem foi criado bom, belo e limpo. Nosso Senhor não trará a Seus filhos menos do que a restauração completa e completa reconciliação em um universo de seres perfeitos. Todo o passado da vida de um homem examinado no juízo torna-se luminoso com Cristo e Sua justiça. O futuro sê-lo-á ainda mais. Eles serão para sempre benditos, pois ninguém pode condená-los ou acusá-los de impureza. O santuário celeste e o governo de Deus serão vistos em toda sua pureza e justiça. Toda dúvida a respeito de Deus, Seu caráter e Seu trabalho para a redenção de nosso mundo, será removida. Seu santuário será indubitavelmente purificado. Nada do pecado restará, nem mesmo os registros. Nenhuma poluição pode macular tal santuário; nenhuma impureza pode profaná-lo.

Mantenhamo-nos fiéis a Cristo para que nossos nomes possam ser pronunciados por Ele com louvor diante do universo e da corte celestial.

Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne, como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus. (II Coríntios 7:1).

Nós insistimos na pureza de vida, de pensamentos e de ação, não como uma base para a salvação, mas como a própria essência do nosso ser em Cristo e pelo veredito divino que todo verdadeiro filho de Deus receberá.

Expiação sobre o Segundo Bode

Dos serviços do Dia da Expiação torna-se claro que o segundo bode exerce uma função integral na solução do problema do pecado.

Mas o bode sobre que cair a sorte para bode emissário será apresentado vivo perante o Senhor, para fazer expiação por meio dele e enviá-lo ao deserto como bode emissário. (Levítico 16:10).
Arão porá ambas as mãos sobre a cabeça do bode vivo, e sobre ele confessará todas as iniquidades dos filhos de Israel, todas as suas transgressões e todos os seus pecados; e os porá sobre a cabeça do bode, e enviá-lo-á ao deserto, pela mão de um homem à disposição para isso. Assim, aquele bode levará sobre si todas as iniquidades deles para terra solitária, e o homem soltará o bode no deserto. (Levítico 16:21 e 22).

Certos fatos importantes estão aqui estabelecidos com respeito ao segundo bode: Primeiro, uma expiação é feita com ele. Segundo, o bode leva pecados, os pecados que são trazidos para fora do santíssimo e confessados sobre ele. Terceiro, ele leva os pecados a um lugar de total isolamento e separação.

Por que é o pecado levado pelo segundo bode? Por que uma expiação é feita com ele, tanto quanto com o primeiro bode? A expiação feita com o sangue do primeiro bode não incluía a completa remoção do pecado. A Escritura claramente afirma que a expiação é feita com ambos os bodes (ver Levítico 16:10, 15-19). Em um caso o sangue era derramado; no outro, não era. Sob o símbolo do bode que era sacrificado, Cristo levou os nossos pecados. A função do segundo bode não é redentora porque não é derramado sangue.

Na cruz, Cristo levou a penalidade do pecado por todos os homens, porém a cruz não erradicou o pecado. Ela lançou os fundamentos para sua final extinção. Satanás ainda está ativo. O pecado ainda reina através de todo o mundo. Satanás está longe de estar isolado do mundo, dos homens e dos eventos, pois "o diabo desceu até vós cheio de grande ira, sabendo que pouco tempo lhe resta" (Apocalipse 12:12). O fato de o segundo bode levar os pecados revela como o pecado será finalmente erradicado, pois o bode jamais era visto outra vez.

Com a transferência do pecado do santuário, toda responsabilidade pelo pecado pertencia agora ao bode emissário. Nenhuma mácula permanecia em qualquer lugar mais. Tanto o santuário como o povo estava purificado. Assim, a remoção do pecado somava-se à reconciliação final de todas as coisas. Somente no ponto de que ele transportasse responsabilidade por pecados é que se diz que a expiação era feita pelo bode emissário.

Como e quando ocorrerá a destruição final do pecado e de Satanás?

Nenhum homem estará na tenda da congregação, quando ele entrar para fazer propiciação no santuário, até que ele saia depois de feita a expiação por si mesmo, e pela sua casa e por toda a congregação de Israel. (Levítico 16:17).

O surgimento do sumo sacerdote apontava para um evento no ministério sacerdotal de Cristo. Um comentário de Westcott em uma revista, interpretando este evento, declara:

Cristo, o Sumo Sacerdote, entra no próprio céu com o sangue de Seu sacrifício. Ele está agora fazendo expiação, e nós, Sua congregação, estamos esperando fora. Nós estamos esperando até que ele venha, o que será Sua segunda vinda. Até esse tempo a expiação continuará... Cristo, como nosso Sumo Sacerdote, está ministrando Seu sacrifício no santuário celeste. - Review of Bishop Brooke Foss Westcott, "Epístola aos Hebreus", em Church Quarterly Review, vol. XXXII, nº LXIII, April, 1891, p. 18.

Nós estamos muito perto da verdade ao afirmarmos que a saída de Cristo do santuário dar-se-á imediatamente após o Seu ministério de intercessão em favor de Seu povo. Por alguma razão, a parte de Satanás na expiação vem depois disto, quando o tempo da volta de Cristo à terra estiver às portas. Isto significa que Satanás não tem parte alguma na obra de redenção, pois esta obra é exclusivamente de Cristo.

A obra final de reconciliação será realizada por Jesus Cristo. O que Ele começou na cruz, Ele terminará como nosso divino Sumo Sacerdote. O Dia levítico da Expiação prefigurava o último e final triunfo de Cristo sobre Satanás. Sem isto, o plano da redenção seria incompleto. A indicação da soberania pessoal de Deus e de Seus princípios faz parte do propósito divino. A estreita perspectiva de alguns que limitam a obra sacerdotal de Cristo a um ministério diário de intercessão não nos deveria privar de uma mais ampla perspectiva que corresponda AO COMPLETO PLANO DA REDENÇÃO. Outros escritos tornam isto claro, especialmente os livros de Daniel e Apocalipse, a serem examinados posteriormente.

A Vindicação de Deus

Uma vez que os dois bodes simbolizam, respectivamente, Cristo e Satanás, o assunto final quando à decisão sobre o pecado está entre Cristo e Satanás. Pelo lado positivo, a expiação inclui a restauração da unidade e harmonia através do universo. Pelo lado negativo, expiação é a eliminação do pecado, satisfazendo assim um universo moral. Enfatizando e dando apoio a isto tudo, está a vindicação do caráter de Deus em face da realidade do pecado, que tem existido e prosperado desde seu início.

Ellen White identifica o banimento do segundo bode com a erradicação do pecado e de Satanás:

A obra de Cristo para a redenção dos homens e purificação do universo da contaminação do pecado encerrar-se-á pela remoção dos pecados do santuário celestial e deposição dos mesmos sobre Satanás, que arrostará a pena final. Assim, no serviço típico, o ciclo anual do ministério encerrava-se com a purificação do santuário e confissão dos pecados sobre a cabeça do bode emissário. Em tais condições, no ministério do tabernáculo e do templo que mais tarde tomou o seu lugar, ensinavam-se ao povo cada dia as grandes verdades relativas à morte e ministério de Cristo, e uma vez ao ano sua mente era transportada para os acontecimentos finais do grande conflito entre Cristo e Satanás, e para a final purificação do universo, de pecado e pecadores. - Patriarcas e Profetas, p. 371.
O bode emissário era enviado para uma terra não habitada, para nunca mais voltar à congregação de Israel. Assim será Satanás para sempre banido da presença de Deus e do Seu povo, e eliminado da existência na destruição final do pecado e dos pecadores. - O Grande Conflito, p. 457.
O bode emissário, levando os pecados de Israel, era enviado "à terra solitária" (Levítico 16:22); de igual modo, Satanás, levando a culpa de todos os pecados que induziu o povo de Deus a cometer, estará durante mil anos circunscrito à Terra, que então se achará desolada, sem moradores, e ele sofrerá finalmente a pena completa do pecado nos fogos que destruirão os ímpios. Assim, o grande plano da redenção atingirá seu cumprimento na extirpação final do pecado e no livramento de todos os que estiverem dispostos a renunciar ao mal. - O Grande Conflito, p. 525.

Assim Ellen White mostra a erradicação do pecado e de Satanás, a ocorrer como parte da obra final de Cristo como Sumo Sacerdote no santuário celestial. O pecado começou aí, com Lúcifer como querubim cobridor ao redor do trono de Deus. Ele será resolvido aí. O santuário celestial é o centro divino do qual todos os atos na grande luta entre Cristo e Satanás são executados e resolvidos.

Todos os significativos tipos levíticos encontram seu cumprimento no grande antítipo do santuário celestial. É uma lástima que os movimentos finais de Cristo, nosso Sumo Sacerdote, tipificados pelo Dia levítico da Expiação, tenham sido ignorados ou maus compreendidos por muitos intérpretes bíblicos e líderes religiosos.

Limitando a expiação à cruz, não admitimos o processo total de cancelamento do pecado e a final purificação do universo, livrando-o do pecado. Se limitarmos "expiação" ou "reconciliação" totalmente à obra de Cristo na cruz, então o escopo da mensagem do santuário é compreendido só em parte. Este amplo quadro da história da salvação até sua consumação final, como é vista a verdade do santuário celestial, dá aos Adventistas do Sétimo Dia uma mensagem especial para o nosso tempo. A verdade sobre o santuário constitui um dos princípios básicos da fé cristã, particularmente para estes últimos dias.

Todos precisam tornar-se mais sábios a respeito da obra de expiação que está ocorrendo no santuário celestial. - Testimonies, vol. 5, p. 575.
Nós estamos no grande dia da expiação, e a sagrada obra de Cristo pelo povo de Deus, que está ocorrendo no presente, no santuário celestial, deveria ser nosso constante estudo. - Ibid., p. 520.

O Santuário: A Solução Divina para o Pecado

O Dia da Expiação, tanto em tipo como antítipo, declara que a solução do problema do pecado é algo sobrenatural. O ministério sacerdotal de nosso Senhor não é meramente uma manifestação do contínuo amor de Deus e da graça salvadora em favor do homem. Ele é também uma batalha contra as forças do mal.

As revelações divinas do santuário ultrapassam as obras humanas ou o natural processo histórico de tempo. A história da salvação é um drama universal executada por Deus de Sua habitação. Por Sua obra de julgamento, Ele, unicamente, realizará a restauração final de todas as coisas. Esta é a perspectiva escatológica à qual o Dia da Expiação aponta, bem com a ação divina de juízo na solução final do grande conflito.

Em certo sentido, o pecado colocou a Deus em julgamento diante do universo. Um astuto e sutil inimigo surgiu no universo e desafiou a Deus. Satanás declarou ser injusta a lei de Deus (ver The S.D.A. Bible Comm., vol. 5, p. 1129, 1130), e acusou-O como responsável pelo pecado (ver O Grande Conflito, p. 722, 723, 570).

Em Seu trato com o pecado, apenas podia Deus empregar a justiça e a verdade. Satanás podia fazer uso daquilo que Deus não usaria: lisonja e engano. Procurara falsificar a palavra de Deus, e representara falsamente Seu plano de governo perante os anjos, alegando que Deus não era justo ao estabelecer leis e regras aos habitantes do Céu... Portanto, deveria ser demonstrado perante os habitantes do Céu, bem como de todos os mundos, que o governo de Deus é justo e perfeita a Sua lei.
Até mesmo ao final da controvérsia no Céu, o grande usurpador continuou a justificar-se... Denunciou os estatutos divinos como restrição à sua liberdade, declarando ser de seu intento conseguir a abolição da lei; que livres desta restrição, as hostes do Céu poderiam entrar em condição de existência mais elevada, mais gloriosa.
Concordemente, Satanás e sua hoste lançaram a culpa de sua rebelião inteiramente sobre Cristo, declarando que se eles não houvessem sido exprobrados, não se teriam rebelado... O mesmo espírito que produziu a rebelião no Céu, ainda inspira a rebelião na Terra. Satanás tem continuado, com os homens, o mesmo estratagema que adotou em relação aos anjos...
Na execução final do juízo ver-se-á que nenhuma causa existe para o pecado. Quando o Juiz de toda Terra perguntar a Satanás: "Por que te rebelaste contra Mim e Me roubaste os súditos de Meu Reino?", o originador do mal não poderá apresentar resposta alguma. Toda boca se fechará e todas as hostes rebeldes estarão mudas.
O universo todo terá sido testemunha da natureza e resultados do pecado. E seu completo extermínio que no princípio teria acarretado o temor dos anjos, desonrando a Deus, reivindicará agora o Seu amor e estabelecerá a Sua honra perante a totalidade dos seres que se deleitam em fazer a Sua vontade, e em cujo coração está a lei divina... Uma criação experimentada e provada, nunca mais se desviará da fidelidade para com Aquele cujo caráter foi perante eles amplamente manifesto como expressão de amor insondável e infinita sabedoria. - O Grande Conflito, p. 539-545.

Mais está envolvido no Dia da Expiação do que apenas a restauração e vindicação final da humanidade. O final ministério sacerdotal de nosso Senhor, banindo Satanás e o pecado, é mais do que um decreto referente ao destino humano. Não somente a terra será restaurada à sua pureza original e os santos a herdarão, mas o universo todo será restaurado à harmonia eterna. A purificação do altar, dos lugares santos e do tabernáculo inclui a vindicação de Deus, Seu governo e Seu caráter.

O tema básico é a manifestação de Deus, quanto à Sua absoluta justiça em todo o Seu trato com os homens e anjos, e na destruição final do pecado e de Satanás, quando o universo todo a uma só voz proclamar que Deus está vindicado. Nesta fase final do Dia da Expiação, Deus trata com a realidade e existência do pecado. A transferência do pecado do santuário para Satanás aponta Satanás como aquele que deve levar a responsabilidade final do pecado.

Mas o plano da redenção tinha um propósito ainda mais vasto e profundo do que a salvação do homem. Não foi para isto apenas que Cristo veio à Terra, não foi simplesmente para que os habitantes deste pequeno mundo pudessem considerar a lei de Deus como devia ela ser considerada; mas foi para reivindicar o caráter de Deus perante o universo... O ato de Cristo ao morrer pela salvação do homem não somente tornaria o céu acessível à humanidade, mas perante todo o universo justificaria a Deus e Seu Filho, em Seu trato com a rebelião de Satanás. - Patriarcas e Profetas, p. 64.

Satanás tem buscado continuamente representar falsamente o caráter de Deus e Seu governo.

Pela mesma representação falsa do caráter divino, por ele dada no Céu, fazendo com que Deus fosse considerado severo e tirano, Satanás induziu o homem a pecar. E, logrando ser bem sucedido nisto, declarou que as injustas restrições de Deus haviam motivado a queda do homem, assim como determinaram a sua própria rebelião. - O Grande Conflito, p. 541.

Deus deve produzir uma final e irreversível solução aos ataques de Satanás. O pecado não é erradicado pela força, do contrário Deus poderia ter tomado conta dele já no seu início. O universo deve servi-Lo para sempre por amor, não por temor. Com este objetivo, Deus executa o programa divino do santuário celestial. A honra do santuário é a honra do trono de Deus. A própria honra e segurança do governo de Deus tem corrido risco por causa do pecado. A purificação do santuário, a remoção dos pecados do santuário, em parte significa a vindicação de Deus.

A última demanda da alma é... que Deus vindicasse Seus caminhos aos homens. Nós estamos mais interessados que Deus faça justiça a Si mesmo do que às nossas esperanças. - P.T. Forsyth, The Justification of God (London: Independent Press, Ltd., 1957), p. 121.

É por esta razão que o Dia da Expiação constitui um juízo para todos os interesses. Assim, os redimidos agradecem e louvam a Deus por Seus justos juízos.

Vi como que um mar de vidro, mesclado de fogo, e os vencedores da besta, da sua imagem e do número do seu nome, que se achavam em pé no mar de vidro, tendo harpas de Deus; e entoavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e admiráveis são as tuas obras, Senhor Deus, Todo-poderoso! Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei das nações! Quem não temerá e não glorificará o teu nome, ó Senhor? Pois só tu és santo, por isso todas as nações virão e adorarão diante de ti, porque os teus atos de justiça se fizeram manifestos. (Apocalipse 15:2-4).

Como então será o pecado tratado diante do universo? A natureza da expiação de Cristo na cruz indica a maneira. A solução é redentiva, não punitiva. O pecado não é sempre castigado com punição. Satanás deve ser mostrado como o único responsável pelo pecado.

Bem podiam, pois, os anjos se regozijar ao contemplar a cruz do Salvador; pois embora não compreendessem ainda tudo, sabiam que a destruição do pecado e de Satanás fora para sempre assegurada, que a redenção do homem era certa e que o universo estava para sempre a salvo. O próprio Cristo compreendeu plenamente os resultados do sacrifício feito no Calvário. A tudo isso olhava Ele quando exclamou na cruz: "Está consumado". - O Desejado de Todas as Nações, p. 570.

O Tempo da Erradicação Final do Pecado

A justiça de Deus requer um juízo final, uma final vindicação de Sua soberana lei e caráter. O juízo atingirá seu clímax no fim do milênio.

Então vi descer do céu um anjo, tinha na mão a chave do abismo e uma grande corrente. Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos; lançou-o no abismo, fechou-o e pôs selo sobre ele, para que não mais enganasse as nações até se completarem os mil anos. Depois disto é necessário que ele seja solto pouco tempo... E sairá a seduzir as nações que há nos quatro cantos da terra..., a fim de reuni-las para a peleja... Marcharam então pela superfície da terra e sitiaram o acampamento dos santos e a cidade querida... Vi um grande trono branco e aquele que nele se assenta, de cuja presença fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono. Então se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras... Então a morte e o inferno foram lançados para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo. E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo. (Apocalipse 20:1-15).

Com referência ao milênio, Satanás é representado como ainda não destruído, mas amarrado, após o que ele irromperá novamente com nova energia e ira somente para participar até o fim da sorte daqueles que verdadeiramente pertencem a ele como originador do pecado. O milênio vem com um acontecimento que conduzirá ao juízo final sobre Satanás e seus seguidores. Isto ocorrerá ao redor do grande trono branco, na cidade santa, a Nova Jerusalém, a qual estará então sobre a terra.

Nessa ocasião, virá o grande panorama pintado por Ellen White no último capítulo de O Grande Conflito, quando toda a história do conflito será passada em revista. Todos os que viveram sobre a terra comparecerão pessoalmente diante de Deus - o justo, dentro da cidade, o mau, fora dela. Cada pessoa, inclusive Satanás, verá seu lugar no tempo e seu destino. A clara manifestação da justiça moral de Deus em lidar com a rebelião de Satanás e seus seguidores estabelecerá o tão antigo assunto do pecado diante do universo e será reconhecido pelo salvo e pelo perdido igualmente.

Através do conflito, a Bíblia apresenta o intenso interesse dos seres celestiais, especialmente no que concerne à moralidade e integridade do governo e do caráter de Deus. É por esta razão que muitas das passagens das Escrituras no livro do Apocalipse, que falam dos juízos de Deus conduzindo à consumação final, são motivos para regozijo e louvor a Deus (ver Apocalipse 11:18; 15:4: 16:5, 7; 19:2). A razão é que este juízo final é a longamente esperada resposta ao clamor daqueles que, durante as eras de reinado do mal, têm clamado por justiça.

O juízo ao redor do grande trono branco é o ajuste final de contas diante do universo, o balanço moral de cada um, inclusive de Satanás.

Esse ajuste final, como tipificado pelos atos do Dia da Expiação e pintado em Apocalipse 20, não é primariamente relativo aos redimidos. Esta é a resolução final do pecado e da justiça na história do conflito. A justiça e a santidade de Deus se têm movido de forma irreversível para o triunfo final.

Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai. (Filipenses 2:9-11).
Tu, porém, por que julgas a teu irmão? E tu, por que desprezas o teu? Pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus. Como está escrito: Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará louvores a Deus. Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus. (Romanos 14:10-12).

Nada tem exercitado tanto a mente e a ação da Divindade como a vindicação do caráter de Deus perante o universo. Isto será feito publicamente numa escala universal. Sem este juízo final, que magnifica a Deus, nenhum verdadeiro fim ao pecado poderá ocorrer. As criaturas de Deus através do Céu e da Terra, tanto salvos como perdidos, voluntariamente reconhecerão a justiça de Deus. Deus e Seu governo terão prioridade no resultado deste conflito. Ele não descansará até que isto se realize.

Como pode Deus assegurar Sua justiça diante de um mundo como este?... Isto é o que queremos em uma real e minuciosa Teodiceia (Justificação de Deus) - a justiça de Deus não somente admitida, mas adorada, não somente sonhada, mas executada - e executada em um mundo não apenas de sofrimento, mas, ainda mais, de pecado. Pode Deus assegurar a tal ponto a Sua justiça que a injustiça do mundo venha a ser para o Seu louvor? Pode um mundo tal, do meio de sua maldade, culpa e miséria e ainda sob a condenação de Seu juízo, vir a chamá-Lo de santo, sábio e bom? Esta seria a suprema Teodiceia, a última justificação de Deus, pronunciada em ação silenciosa pela humanidade que esquece sua própria sorte em completa consideração por Sua justiça e glória. - P.T. Forsyth, The Justification of God, p. 168, 169.

Este é o momento escatológico ao qual apontava o Dia da Expiação, o confronto final entre Cristo e Satanás.

Como podemos estar seguros de que a justiça triunfará sobre o pecado, a menos que este juízo garanta o triunfo de um Deus justo? A verdade sobre o caráter de Deus apelará à razão tanto dos santos como dos pecadores. Este é o clímax no conflito milenar que será decisivo para toda eternidade, a favor do Deus do Céu.

Esta será a ocasião de louvor e regozijo universal, pois o pecado jamais surgirá outra vez. Por seis mil anos, o universo tem testemunhado a ação de um amorável e paciente Deus que não deseja que alguém pereça. Por fim, maior do que todas as realizações humanas na história, está um veredito eterno em favor da justiça de Deus.

O juízo trará todas as coisas às claras... Os homens exclamarão Amém por sua própria condenação eterna... A fim de que Sua justiça, misericórdia, amor e santidade sejam exemplificados, deve ser mostrado que Seu trono é imaculado, que todas essas dúvidas e questões concernentes à Sua administração divina devem ser plenamente conhecidas. Será demonstrado que desde o dia em que Satanás tentou e arruinou a raça humana no Éden, ele tem seduzido homens e mulheres a fazerem o mal, e tem acusado a Deus de injustiça, parcialidade e crueldade. A implantação da eternidade não pode ocorrer até que toda essa falsidade e injustiça tenham sido eliminadas. Isto será feito diante do fascinante trono branco para o universo todo ali reunido. - C.F. Wimberley, The Seven Seals of the Apocalypse (N. York: Fleming Revell, 1922), p. 157-160.

O clímax triunfal não é para o louvor dos homens, mas para o louvor universal a Deus. Aqui finalmente todas as estradas convergirão para Jerusalém com seus triunfos e tragédias. Aqui está revelado o futuro glorioso e o destino eterno daqueles que têm seguido a Cristo. A solução para o problema do pecado é agora realidade. O último inimigo a ser destruído é a morte. De um extremo ao outro do universo reinará reconciliação eterna.

O dramático clímax do legítimo Dia da Expiação é sumarizado por Ellen White, como segue:

O objetivo do grande rebelde tem sido sempre justificar-se e provar ser o governo divino responsável pela rebelião. A esse fim empregou todo o poder de seu pujante intelecto. Trabalhou deliberada e sistematicamente e com maravilhoso êxito, levando vastas multidões a aceitar seu modo de ver quanto ao grande conflito que há tanto tempo se vem desenvolvendo. Durante milhares de anos este chefe conspirador tem apresentado a falsidade em lugar da verdade. Mas, agora, chegado é o tempo em que a rebelião deve ser finalmente derrotada, e descobertos a história e caráter de Satanás. Em seu último e grande esforço para destronar a Cristo, destruir Seu povo e tomar posse da cidade de Deus, o arqui-enganador foi completamente desmascarado. Os que a ele se uniram veem o fracasso completo de sua causa. E ele, objeto de aversão universal...
Todas as questões sobre a verdade e o erro no prolongado conflito foram agora esclarecidas... Os resultados do governo de Satanás, em contraste com o de Deus, foram apresentados a todo universo... A sabedoria de Deus, Sua justiça e bondade, acham-se plenamente reivindicados... À vista de todos os fatos do grande conflito, o universo inteiro, tanto os que são fiéis, como os rebeldes, de comum acordo, declaram: "Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei dos santos...".
Apesar de ter sido Satanás constrangido a reconhecer a justiça de Deus e a curvar-se à supremacia de Cristo, seu caráter permanece sem mudança. O espírito de rebelião, qual poderosa torrente, explode de novo. Cheio de frenesi, decide-se a não capitular no grande conflito. Chegado é o tempo para uma última e desesperada luta contra o Rei do Céu. Arremessa-se para o meio de seus súditos e esforça-se por inspirá-los com sua fúria, incitando-os a uma batalha imediata. Mas dentre todos os incontáveis milhões que seduziu à rebelião, ninguém há agora que lhe reconheça a supremacia. Seu poder chegou ao fim! - O Grande Conflito, p. 722-724. Para uma visão total do quadro, recomendamos a leitura de todo o último capítulo, "O final e glorioso triunfo", p. 715-731, nova edição revisada de O Grande Conflito.

Os homens necessitam hoje de uma fé viva que siga a Cristo no santuário em cima, para crer cada dia nas grandes coisas que podem acontecer a nós e ao nosso mundo - a vitória total de Cristo sobre Satanás e o pecado, uma clara e radiante convicção de que a obra de Deus no santuário celestial e por meio dele dirigi-se agora para o seu destino final, o qual é a vida eterna para todos nós.



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