Nosso Sumo Sacerdote - 6. O Juízo Pré-Advento


Por Edward Heppenstall

Uma das doutrinas históricas dos Adventistas do Sétimo Dia é o ensino relativo ao juízo que antecede à volta de Cristo.

Os Adventistas falam disto como um "juízo investigativo", isto é, a abertura dos livros de registro perante a corte celestial, no santuário do Céu. Durante este tempo de juízo, iniciado em 1844, Deus revela para todos os interessados quem realmente são os salvos de todas as épocas. Seu propósito é assegurar um veredito universal em favor dos santos, antes da ressurreição, com vistas à vindicação deles e de Deus.

Assistido por anjos celestiais, nosso grande Sumo Sacerdote entra no lugar santíssimo, e ali comparece à presença de Deus a fim de Se entregar aos últimos atos de Seu ministério em prol do homem, a saber: realizar a obra do juízo de investigação e fazer expiação por todos os que se verificarem com direito aos benefícios da mesma. - O Grande Conflito, p. 520.

Esta doutrina é significativa para os Adventistas do Sétimo Dia. A posição deles no desenvolvimento da história religiosa e da salvação está ligada ao tempo quando este juízo começou, em 1844, e à natureza do juízo, o qual conclui com o início da provação e é seguido pela segunda vinda de Cristo.

Na tentativa de se estabelecer uma correta interpretação bíblica dessa crença em um juízo pré-advento, certas considerações devem ser conservadas em mente:

Primeiro, por que é necessário um juízo investigativo sobre os santos? Jesus não ensinou: "Em verdade, em verdade vos digo: Quem ouve as minhas palavras e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida" (João 5:24)? Se Cristo prometeu imunidade de juízo aos Seus seguidores, como pode Deus sustentar tal juízo sem quebrar a Sua promessa?

Segundo, nós precisamos também levar em conta que "O Senhor conhece os que lhe pertencem" (II Timóteo 2:19). "Eu conheço as minhas ovelhas e delas sou conhecido" (João 10:14). De acordo com isto, Deus não necessita adiar Seu veredito de absolvição, concernente a Seu povo, até o juízo do último dia. Dificilmente alguém poderia afirmar que Deus não tem certeza sobre quem são os salvos até que ocorra um juízo final e formal. Se isto fosse verdade, como poderia haver qualquer segurança para os santos enquanto na terra? Não repousa sua segurança sobre a clara afirmativa de que "nenhuma condenação há para os que estão em Jesus" (Romanos 8:1)? Não somos nós ordenados, aqui e agora, a tornarmos seguro o nosso chamado e a nossa eleição (ver II Pedro 1:10)? Se o próprio Deus não tomou nenhuma decisão final até depois de 1844, como poderia Paulo ter confiantemente afirmado: "Desde agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele dia, e não somente a mim, mas a todos os que amarem a sua vinda." (II Timóteo 4:8)? Como podia Paulo estar tão seguro naquela ocasião?

Terceiro, a Bíblia declara que "Deus trará a juízo todas as obras, e até o que estiver encoberto, quer seja bom, quer seja mau" (Eclesiastes 12:14). Há amplas evidências bíblicas de que todos os homens, bons e maus, são responsáveis pelos pecados cometidos por eles; de que todos os homens serão chamados a prestar contas de si mesmos no juízo (ver Mateus 12:36; 25:31 e 32; Romanos 2:16; Atos 17:31). Qual é a posição dos santos no juízo? Como são os santos envolvidos em um juízo pré-advento?

Este juízo pré-advento, seu tempo e natureza, é o que desejamos examinar. O que está compreendido na importante declaração: "Vinda é a hora do seu juízo" (Apocalipse 14:7), e na decisiva ação dessa corte, antes que o Filho do homem apareça nas nuvens do Céu para ceifar a terra (ver versos 14-20)? O que tem a Bíblia a dizer sobre esse juízo? Nas visões de Daniel e Apocalipse encontram-se a chave para os atos finais de Deus e seus movimentos nestes últimos dias. Nós podemos ratificar estas profecias e declarar nossa fé no plano e propósito de Deus, por ser o mais inteligível e crucial para todas as pessoas que vivem hoje.

O Juízo Pré-Advento de Daniel 7

A visão de Daniel 7 é dirigida ao profeta pessoalmente e lhe causa considerável ansiedade e aflição. O capítulo está estruturado em três partes:


  1. Versos 1-14: A visão é proferida e relatada como Daniel a viu.
  2. Versos 15-22: Daniel está profundamente interessado em saber o significado de certos aspectos da visão que o perturbaram. O anjo responde e segue-se a interpretação.
  3. Versos 23-27: Novamente o anjo retorna e interpreta mais claramente aqueles aspectos intrigantes da visão: o terrível quarto animal, o pequeno chifre apóstata e todo-poderoso, o juízo, o último ataque daquelas forças oponentes e o triunfo dos santos.


Nessa visão, o juízo é mencionado três vezes: (1) "Assentou-se o tribunal e abriram-se os livros" (verso 10); (2) "Veio o Ancião de Dias e fez justiça aos santos do Altíssimo" (verso 22); (3) "Depois se assentará o tribunal" (verso 26). Essas referências ao juízo culminam nas três partes e nas explicações da visão.

Daniel, o profeta, vê em visão uma série de eventos, um após o outro. "Continuei olhando" é a expressão usada nove vezes para mostrar a sequência das respectivas cenas que apareciam em contínua e sucessiva ação diante dele.

A fim de determinar o tempo quando este juízo começa, é importante, em nosso estudo, reconhecermos a sequência histórica dos poderes que surgiram um após o outro, e o lugar do juízo nessa sequência. Assim como havia um tempo determinado para o leão - império da Babilônia - aparecer, o urso - império Medo-Persa - seguir àquele, o leopardo - nação grega - surgir, e a terrível besta, simbolizando Roma, exceder todas as nações que a precederam, e o Império Romano dividir-se em dez chifres ou nações, e o surgimento do chifre pequeno, assim também havia um tempo quando o juízo de Deus devia começar. Se cada império seguia a outro previamente mencionado, então o juízo dos versos 9, 10, 22, 26 deve também seguir imediatamente após o período de supremacia do chifre apóstata dos versos 8, 21, 25. Porque estas forças representam impérios e poderes surgindo em sucessão, o juízo, então, deve também ser parte dessa sucessão histórica e seguir, no tempo, imediatamente após o período durante o qual Roma papal exerceu sua supremacia sobre a terra.

Que este juízo não é uma ação continuamente ocorrendo é evidente pelo fato de que o juízo somente aparece após o período do pequeno chifre. Nenhum juízo é mencionado como encerrando o período de outros reinos. Deus não é pintado como executando Sua ira sobre cada poder que se sucedeu na terra. Este julgamento é o clímax da história e de todas essas forças que têm exercido domínio na terra, seguindo um após o outro até o juízo ser estabelecido. Até esse tempo, não houve nenhuma interrupção divina. Mudanças no poder dos impérios têm sido feitas. Porém este juízo divino antecipa a derrota de todos os poderes terrestres. Ele prevê o surgimento de um novo poder, o sobrenatural reino de Deus. Daniel 7 é um gráfico da história do mundo, esboçado e profetizado de antemão, o qual revela a consequência final da vitória por parte do povo de Deus, "o povo dos santos do Altíssimo" (verso 27). Os reinos e os poderes do mundo são simbolizados por essas feras e chifres que exercem domínio sobre a terra, cada um por sua vez, até que a corte divina execute o juízo.

O Tempo do Julgamento

Primeiro, o tempo deste julgamento é quando "os tronos foram postos e o Ancião de Dias se assentou, sua veste era branca como a neve, e os cabelos da cabeça, como a pura lã; o seu trono era como chamas de fogo" (verso 9). Esse trono do juízo foi estabelecido em um tempo especial. Os tronos não haviam sido colocados para sempre, a corte não se assentou para sempre. A vinda do Ancião de Dias, Deus o Pai, o Seu ser assentado sobre o trono, revela o início de um grande julgamento por ocasião do qual Deus convoca Seu juízo e Ele mesmo o preside como juiz. A declaração: "O Ancião de Dias se assentou" significa que o Pai está agora no juízo. Somente Deus o Pai é visto assentado no trono. O termo trono vem da palavra hebraica korse. Ela significa um trono de tipo especial, reservado para ocasiões especiais. Em adição ao trono de Deus, são mencionados tronos no plural. Para quem eram reservados os tronos mencionados? Evidentemente está é a cena de uma corte com outros seres, uma espécie de júri celestial, também envolvido na obra de julgamento. Uma vez que esta cena da corte tem lugar no santuário celestial, nós podemos procurar o início de uma nova fase do ministério do santuário que envolva uma obra de julgamento.

Segundo, a ocasião é quando Cristo, o Filho do homem, "dirigiu-se ao Ancião de Dias e o fizeram chegar até ele" (verso 13). Essa vinda de Cristo ao Pai não se pode aplicar à volta de Cristo ao Pai, por ocasião de Sua ascensão. Nenhum livro foi aberto e nenhum juízo iniciou-se naquela época. O tempo do juízo segue-se ao longo período de perseguição da igreja, o aniquilamento dos santos.

Nem mesmo pode essa vinda referir-se à segunda vinda de Cristo. A segunda vinda não é ao Pai, mas à terra. Nessa visão, o Pai e o Filho participam do julgamento em meio a uma majestosa cena da corte no Céu. O juízo que se segue resulta em um veredito "a favor dos santos" (verso 22). Esse juízo estabelece o direito dos santos em possuírem o reino. Depois de realizado o juízo, a Palavra afirma claramente que "veio o tempo em que os santos possuíram o reino" (verso 22). Os santos herdam o reino como um resultado do juízo. Por isso, este julgamento é anterior ao tempo quando "o reino, o domínio e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu, serão dados ao povo dos santos do Altíssimo" (verso 27). Isto terá lugar quando Cristo voltar.

Terceiro, tanto Daniel como João, o revelador, localizam o tempo do julgamento pela frase "tempo, tempos e metade de um tempo" (Apocalipse 12:14). João usa essa frase intercalada com "mil duzentos e sessenta dias" e "quarenta e dois meses" (verso 6; 13:5).

A localização do início deste juízo na sequência histórica da profecia de Daniel é plenamente conclusiva.

Proferirá palavras contra o Altíssimo, magoará os santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a lei; e os santos lhe serão entregues nas mãos por um tempo, dois tempos e metade um tempo. Mas depois se assentará o tribunal para lhe tirar o domínio, para o destruir e o consumir até ao fim. (Daniel 7:25, 26).

Três vezes nesse capítulo o juízo segue-se imediatamente às atividades do poder religioso apóstata simbolizado pelo "chifre que tinha olhos". Daniel coloca o surgimento do "pequeno chifre", com seus 1.260 anos de domínio, após o surgimento dos "dez chifres", os quais resultaram da divisão do Império Romano, imediatamente após o último dos imperadores romanos do Ocidente, em 476 A.D. Este tempo é enfatizado pelo fato que, ao surgir, o chifre apóstata arrancou três dos dez chifres que tomaram o poder como resultado do desaparecimento de Roma no Ocidente.

Esse poder apóstata ia governar por um período de 1.260 anos. O período de supremacia papal começou quando o imperador Justiniano, em 533 A.D., decretou ser o papa a suprema autoridade religiosa e temporal do mundo ocidental. Isto se tornou efetivo em 538 A.D.. Este período terminou quando o papa foi preso em 1798.

Durante esse tempo, "este chifre fazia guerra contra os santos e prevalecia contra eles. Até que veio o Ancião de Dias e fez justiça aos santos do Altíssimo" (versos 21, 22). "Os santos lhe serão entregues nas mãos por um tempo, dois tempos e metade de um tempo. Mas, depois, se assentará o tribunal" (versos 25 e 26). O tempo profético do livro do Apocalipse situa os 1.260 anos na Era Cristã, o tempo quando "a mulher [a igreja] fugiu para o deserto... mil duzentos e sessenta dias... À mulher foram dadas duas asas... para que ela pudesse voar ao deserto... onde ela é sustentada por um tempo, dois tempos e metade de um tempo, fora da vista da serpente" (Apocalipse 12:6-14, ver também 13:5-7). Em sua grande profecia, Cristo se referiu ao mesmo período:

Porque nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido, e nem haverá jamais. Não tivessem aqueles dias sido abreviados, e ninguém seria salvo; mas por causa dos escolhidos tais dias serão abreviados. (Mateus 24:21, 22).

Portanto, o juízo ocorre após os 1.260 anos de supremacia papal e perseguição dos santos. A Escritura fala diretamente sobre este ponto: o poder apóstata fez guerra contra os santos até que veio o Ancião de Dias e o juízo começou (Daniel 7:22). Desta maneira, a profecia localiza o início do julgamento logo após 1798. Ela não diz quando terminará ou quanto tempo durará. O início deste julgamento é um dos grandes momentos na história da salvação. Ele antecipa a vindicação dos santos depois de longos períodos em que os juízos dos homens têm sido frequentemente contra esses santos. Ele proclama e aponta para o triunfo final de Cristo e Seu povo a ser concretizado quando Cristo voltar à terra.

O santuário no Céu é o próprio centro da obra de Cristo em favor dos homens. Diz respeito a toda alma que vive sobre a terra. Patenteia-nos o plano da redenção, transportando-nos mesmo até ao final do tempo, e revelando o desfecho triunfante da controvérsia entre a justiça e o pecado. É da máxima importância que todos investiguem acuradamente estes assuntos e possam dar resposta a qualquer que lhes peça a razão da esperança que neles há. - O Grande Conflito, p. 528.

A Natureza do Juízo

A verdade fundamental da visão e profecias de Daniel é que Deus é o Senhor de tudo. Ele tem um propósito e um fim para o qual se dirigem todas as coisas. Esse fim a Bíblia frequentemente designa pelo termo "juízo" ou "dia do Senhor". A visão de Daniel 7 abrange a história do mundo desde o tempo de Daniel até o triunfo final do povo de Deus e o estabelecimento de Seu reino eterno. O tema central deste capítulo é o conflito entre Deus e Seus santos, de um lado, e a ponta pequena, de outro lado. O conflito foi travado ferozmente até que o Ancião de Dias veio, quando começou o juízo.

Ao procurar compreender a natureza deste juízo, certos fatos significativos são claramente estabelecidos:

Primeiro, o julgamento é atualmente chamado um "juízo" e, como tal, deve ser compreendido (versos 10, 22, 26).

Segundo, essas três afirmações referem-se todas elas ao mesmo juízo. As últimas das referências ao juízo - nos versos 22 e 26 - são parte da interpretação do juízo dada pelo anjo e mencionadas nos versos 9 e 10.

Terceiro, este juízo envolve ambos os lados em luta e prediz o triunfo do povo de Deus e a derrota dos poderes contrários (versos 22, 26, 27). A natureza desse juízo somente pode ser compreendida à luz do contexto dos eventos profetizados e das partes envolvidas. Em todas as três partes do capítulo, o juízo vem após a obra do poder religioso apóstata que se levanta contra Deus e persegue Seu povo a ponto de aniquilá-lo (ver Daniel 7:10, 11, 21, 22, 25-27).

Este juízo estabelece o tempo quando essas forças e nações do mal não mais dominarão os santos e o mundo. O domínio lhes será tirado e dado a Cristo e a Seu povo.

Recapitulando: Há claramente dois aspectos desse julgamento - o juízo é contra os inimigos de Deus e pelos santos. Qualquer interpretação do juízo que siga os 1.260 anos deve, portanto, incluir ambos os aspectos. Por causa do longo período de atividades monstruosas do chifre contra Deus e Seu povo, por terem os santos por tanto tempo sido objeto de condenação e perseguição dos homens, este juízo divino do santuário reverterá o veredito da história em favor deles. Tal veredito traz consigo a promessa de vindicação do domínio do mundo, da salvação eterna e do reino de Deus.

Um Tribunal Divino

Essa visão não retrata a Deus como executando o juízo sobre a terra, mas um juízo ocorrendo no Céu. O estabelecimento desse juízo indica grande solenidade. Jesus, o Filho do Homem, recebe altas honras, tanto por Si mesmo quando por Seus santos. Tudo isso tem lugar entre a mais impressiva das cerimônias, na presença de todos os anjos e inteligências celestiais.

Continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e o Ancião de Dias se assentou; sua veste era branca como a neve, e os cabelos da cabeça como a pura lã; o seu trono era chamas de fogo, cujas rodas eram fogo ardente. Um rio de fogo manava e saía de diante dele; milhares de milhares o serviam, e miríades de miríades estavam diante dele; assentou-se o tribunal, e se abriram os livros. (Daniel 7:9 e 10).

Esta é a fase final da obra sacerdotal de Cristo no santuário do Céu, em favor de Seu povo. A vinda da Divindade ao juízo, nessa ocasião, aponta para o início de uma nova fase da atividade divina no local do trono de Deus, uma obra de juízo. Este continuará, indubitavelmente, até que este ministério sacerdotal esteja completo ao final da prova.

Falando desse evento em Daniel, Ellen White escreve:

Assistido por anjos celestiais, nosso grande Sumo Sacerdote entra no lugar santíssimo, e ali comparece à presença de Deus a fim de Se entregar aos últimos atos de Seu ministério em prol do homem, a saber: realizar a obra do juízo de investigação e fazer expiação por todos os que se verificarem com direito aos benefícios da mesma. - O Grande Conflito, p. 520.

Há uma razão específica por que esse julgamento ocorre no lugar santíssimo do santuário celestial. O juízo pertence a Deus. O juízo no santuário estará acima e além das decisões e poderes dos homens. Isto garantirá um julgamento justo. Os vereditos dos homens na terra são frequentemente errados. O homem não tem condições de saber quem são os salvos, quem os perdidos. Unicamente Deus tem acesso aos corações humanos e às motivações do homem. Mesmo os juízos da Igreja na terra têm por séculos, para muitas coisas, dado um veredito errado. "Ele [Deus] erigiu o Seu trono para julgar" (Salmo 9:7-9). Nenhum homem pode fazê-lo.

A Abertura dos Livros

"O tribunal assentou-se e os livros foram abertos" (Daniel 7:10). Por que são os livros abertos nessa ocasião? Está indicada aqui uma mudança divina na ordem das coisas, a qual afetará o rumo da história e o destino dos homens. Os sucessivos poderes terrenos tem dominado a terra. A vida do homem está caracterizada pelo predomínio de uma ordem pecaminosa. Quão poucos conhecem a natureza e os resultados do conflito entre Cristo e Satanás, a menos que Deus o revele. Embora o futuro dos poderes terrestres esteja oculto aos olhos humanos, não está oculto aos olhos de Deus. O abrir dos livros no juízo não trará nada de novo a Cristo. Somente pela obra do juízo final de Deus, a marcha decadente dos homens será investigada. Há um longo caminho desde o Jardim do Éden até a terra renovada, desde o Gênesis até o Apocalipse. O caminho de Deus, em Seu Filho, é através da redenção e do juízo. Com a abertura dos livros no Céu, Deus garante: um reto juízo, um veredito em favor do Seu povo, a derrota de Seus inimigos e o surgimento de uma nova ordem no mundo.

O lugar dos livros no juízo não é meramente incidental. Eles constituem os registros de Deus (ver Isaías 15:6; Jeremias 17:1; Malaquias 3:16; Lucas 10:20; Apocalipse 20:12). Eles revelam a verdade sobre o homem e sua obra - o relato da vida de cada homem. Os registros, nos livros, constituem atualmente a maior parte das evidências diante da corte. De acordo com a Bíblia, os livros do juízo são abertos somente duas vezes - primeiro imediatamente após os 1.260 anos, e então novamente, no fim do milênio (Apocalipse 20:11-13). Em Daniel 7, os relatórios são abertos antes da vinda de Cristo, a fim de prestar um veredito final que vindicará os santos. Em Apocalipse 20, os livros são abertos em conexão com o juízo ante o grande trono branco e antes da destruição final dos maus. Os dois julgamentos requerem a abertura dos mesmos livros. A primeira abertura envolve o destino e recompensa dos justos; a segunda, o destino e punição dos maus. Em ambos os casos, Deus condescende em tornar os fatos conhecidos. Os julgamentos vindicarão as decisões de Deus e Seu caráter.

A abertura dos livros por ocasião do juízo declara que Deus é justo e reto. Nada é passado por alto. Deus não passou por alto o pecado na cruz, mas julgou-o completamente pela morte de Seu Filho. Assim será no juízo, pois se Deus tolerasse o pecado, ou preferisse ignorar alguns fatos, então nenhum juízo reto seria possível. Deus poderia ser acusado de injustiça ou favoritismo.

Deus tem um relatório exato de toda conta injusta e de todo negócio desonesto. Não se deixa enganar pela aparência de piedade. Não comete erros em Sua apreciação do caráter. Os homens podem ser enganados pelos que são de coração corrupto, mas Deus penetra todos os disfarces e lê a vida íntima. - O Grande Conflito, p. 526.

Deus pode odiar e julgar o pecado somente pelo o que ele é. Em Sua santidade, Ele pode somente chamar o pecador a prestar contas. Aí, diante de Deus, o homem é exposto no mais profundo recôndito de seu próprio coração. O espírito odioso e hostil, o olhar cobiçoso, pensamentos de ira, e desejos secretos não podem ser ocultos a Deus. Com absoluta honestidade, Deus revelará o pecado que se manifesta na forma mais sutil. Mesmo as palavras dos homens são incluídas (Mateus 12:36). Deus não trata com generalizações.

De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem. Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más. (Eclesiastes 12:13 e 14).

Este texto afirma que não somente o mau com sua maldade, mas também o justo com sua bondade será levado a juízo.

Nenhuma Condenação aos que estão em Cristo

Em verdade, em verdade vos digo: Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida. (João 5:24).

Uma vez que Cristo prometeu ao crente isenção do juízo, que queria Ele dizer? No juízo, nenhuma reivindicação de justiça pelas obras, da parte do homem, poderá ocorrer. Aí está revelado o mal enraizado no coração humano. "Como está escrito, não há um justo, não há nem um sequer" (Romanos 3:10). Diante de Deus não há meios de o homem compensar seus pecados e sua própria pecaminosidade. Se no juízo Deus imputasse a cada homem o relato de seus pecados, nenhum homem poderia permanecer diante dele. Pois a "justiça do homem é como trapos de imundícia" (Isaías 64:6).

Não há posição mais perigosa do que crer que os pecados que mancham as páginas dos livros celestiais podem ser apagados por alguma ação da Igreja ou decisão de um sacerdote que alega ter o poder de perdoar pecados. A pretensão de alguma corporação religiosa ou igreja de perdoar pecados e decidir os casos para vida eterna deverá ruir diante do Juiz de toda a terra, que de relance expõe a grande falsidade dos juízos humanos.

O que Cristo promete aqui não é isenção do julgamento, mas isenção da condenação. Como, então, serão os pecadores vindicados diante de Deus? Como poderá ser dado a cada homem o veredito "inocente"? "Portanto, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus", diz Paulo (Romanos 8:1). Na parábola das bodas em Mateus 22, é o próprio Rei que vem examinar os convidados. Unicamente Ele julga e expulsa o homem sem as vestes nupciais. Somente o Rei provê as vestes que representam a justiça de Cristo. Nenhuma veste tecida pelo próprio homem pode garantir um juízo a seu favor. No juízo não é possível a nenhum homem, igreja ou autoridade religiosa na terra substituir as páginas dos livros de registro manchadas pelo pecado por páginas brancas e imaculadas que proclamam ser um homem inocente. Se Deus acusa o homem de acordo com Seu próprio registro, ninguém pode contradizê-lo. Perante Ele, todo julgamento humano é de nenhuma consequência.

Portanto, Cristo promete ao crente liberdade da condenação, pois os registros revelarão um contato salvador da parte dele com Jesus Cristo. A certeza de um veredito favorável ao crente surge do fato de que Jesus Cristo vem ao Pai a favor do arrependido pecador. Unicamente Ele intercede por nós em nossa vindicação final. Somente estando a vida cristã escondida com Cristo em Deus, está ela apta a subsistir.

Deus deseja que pertençamos a Ele de todo coração, mente, alma e forças. Jesus Cristo quer que dependamos exclusivamente dEle. Sem Cristo, os pecados dos homens permanecerão eternamente por pagar.

Nas palavras iniciais do livro do Apocalipse, Cristo disse: "Não temas, eu sou o primeiro e o último, e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da morte e do inferno" (Apocalipse 1:17 e 18). Jesus Cristo guarda essas chaves. Ele tem guardado Seu amado rebanho. Ele vigia sobre os restos mortais de Seus filhos. Agora as chaves tem um propósito nesse juízo. Somente Cristo pode abrir os livros. Somente Ele pode revelar quem realmente lhe pertence, quem tem aceitado o governo de Cristo. Diante de miríades de seres angelicais e de testemunhas universais, esse juízo proclamará um veredito em favor dos troféus de Sua graça.

Vindicação dos Santos

A segurança eterna dos santos não está baseada em processos que tem lugar na história humana, mas no juízo e na direção apontada pelo santuário de Deus.

Em parte alguma de Daniel 7 os santos aparecem correndo risco diante do tribunal divino. Como resultado desse julgamento, tudo o que Deus prometeu a eles recebem-no por meio de Cristo. Este será um juízo a favor deles. Os santos são julgados dignos do reino. O Filho do homem comparece diante do Pai em defesa dos santos e lhes são dadas vestes brancas.

Eu olhava, e o mesmo chifre fazia guerra contra os santos, e prevalecia contra eles; até que veio o Ancião de Dias, e o julgamento foi dado aos santos do Altíssimo; e chegou o tempo em que os santos possuíram o reino. (Daniel 7:21 e 22).

O que significa a declaração "o julgamento foi dado aos santos do Altíssimo" [na versão em inglês]? No hebraico, se lê "dado pelos santos". A versão traduzida da revisada padrão interpreta corretamente o hebraico: "o julgamento foi dado aos santos". A New English Bible diz: "então o julgamento foi dado em favor dos santos". Vários léxicos hebraicos favorecem a última: "o julgamento foi dado em favor de" (Hebrew and English Lexicon of the Old Testament, p. 1088); "o julgamento é pronunciado em favor de" (Koehler and Baumgartner, p. 1065); "a decisão foi proferida a favor de" (Montgomery, em International Critical Commentary).

Todos, exceto a tradução do Rei James, concordam que o sentido é o de um julgamento dado em favor dos santos (em vez de um processo de julgamento no qual eles são chamados a se engajar) e que, como resultado desse veredito, os santos recebem o reino.

Na terra, os santos parecem estar em perigo, porém não diante do trono de Deus. Deus nunca esteve em dúvida a respeito deles. Com Ele nunca houve qualquer questão quanto ao futuro dos santos. O veredito dos homens na terra tem sido, de qualquer maneira, contra eles. Até ao tempo deste juízo, os poderes religiosos e seculares se têm valorizado a si mesmos e desprezado seus semelhantes, por meio de seu próprio juízo. Eles têm medido a fé e a religião por seus próprios conceitos pervertidos a respeito de Deus e da verdade. Suas decisões têm não somente sido injustas em sua maior parte, como também estado em aberta e violenta oposição a Deus e à Sua vontade revelada.

Essa visão do juízo e abertura dos livros de registro é a resposta de Deus aos registros pervertidos da história. A consequência do juízo de Deus contradiz as decisões dos homens. Os pontos de vista, as decisões e pretensões dos poderes religiosos apóstatas, são rejeitados.

Uma das razões para esse juízo é a atividade do poder apóstata da "ponta pequena" contra os santos, que enfrentam oposição e perseguição por 1.260 anos. A justiça foi suprimida. O erro triunfou. Milhões de cristãos foram injustamente condenados e mortos. A menos que Deus intervenha, os santos continuarão em perigo. A resposta de Deus aos seus apelos é um juízo que inverterá o veredito dos homens.

Por milhares de anos os homens têm pregado sobre um juízo vindouro. Poucos têm entendido o quão importante é para Deus a vindicação e o triunfo de Seus santos. Nesse juízo Deus revelará quem são os salvos e quem são os derrotados. Haverá muitas surpresas. Nomes que somente Deus conhece serão encontrados nesses livros. Por fim, os relatórios serão corretos.

O Direito de Reinar

Uma das palavras-chave de Daniel 7 é domínio. A palavra em hebraico é shóltan. Ela significa "o direito de governar", "soberania". Este juízo determina quem tem o direito de reinar, o direito de exercer soberania sobre todas as nações, línguas e povos. Cristo vem ao Pai para receber este domínio. Como resultado desse juízo ou julgamento, o domínio é tomado dos poderes terrestres, que têm exercido o domínio na terra, e dado a Cristo (versos 12-14).

Foi-lhe dado o domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno que não passará, e o seu reino jamais será destruído. (Daniel 7:14).
O reino e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu, serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o seu reino será reino eterno e todos os domínios o servirão e lhe obedecerão. (Daniel 7:27).

Este capítulo contrasta o governo de vários poderes mundiais com o soberano governo de Deus. As nações e os poderosos têm arrebatado os reinos uns dos outros pelo mero poder das armas. Simbolizados por animais selvagens, esses impérios têm chegado ao poder graças à sua força superior. Esse complexo de poder será finalmente mudado, não por uma maior demonstração de força ou poderio físico, mas por um juízo divino.

O que está em jogo é o caráter de Deus e de Seu povo. O que irá garantir a Cristo o domínio será o reconhecimento universal do caráter justo e amorável de Deus. Se fosse uma questão de força, o conflito teria sido resolvido quando o pecado surgiu, pois Deus é onipotente. Satanás e seus representantes serão derrotados porque suas vidas e caráter estão em completa discordância com Deus. Tanto o caráter justo de Deus, revelado através da luta entre Cristo e Satanás, quanto o caráter revelado em Seu povo, torna possível o veredito de que o domínio e o direito de governar a terra lhes pertencem.

Através da controvérsia, Satanás tem lançado dúvidas, que tem existido durante o longo reinado do pecado, sobre o próprio caráter de Deus. Como pode Deus superar e banir essas dúvidas? Como vai Deus, no presente, destruir o direito de Satanás governar no coração daqueles que não têm compreendido claramente esse assunto? O fato de estar o juízo baseado no caráter de Deus garante a vindicação de Deus e de Seus santos. É por esta razão que o juízo pré-advento é um ato exclusivo de Deus. Da mesma maneira em que perdão e redenção são atos exclusivamente de Deus, assim o juízo é a vindicação do caráter de Deus e de Seu direito de governar. Como consequência, todas as criaturas de Deus por todo o universo darão honra, glória e louvor somente a Deus. Satanás e seus seguidores são exterminados a fim de que o justo amor de Deus possa prevalecer.

O juízo é o meio pelo qual o Deus do universo interrompe o mundo de poder e força. O governo de Deus é estabelecido sobre uma base inteiramente nova. Esse juízo é um processo agora em andamento. O período do juízo pré-advento, que começou em 1844, se constitui em um período probatório quando então os homens escolhem ou o governo de Cristo ou o governo do anticristo. Ele declarará com infalível precisão quem tem escolhido o governo de Cristo em seu coração e vida. Ele antecipa a vinda do governo universal de Cristo.

Esse tempo do fim, que precede o retorno de nosso Senhor, julga todos, prova a todos e vindica ou condena a todos. O juízo no santuário celestial revelará quem tem permanecido leal a Deus e à Sua verdade em meio aos poderes demoníacos e apóstatas que tem procurado destruir a terra.

Nós afirmamos, assim, que para os santos esse juízo pré-advento resultará em um verdadeiro e abençoado veredito de vida eterna, um veredito que dá a Cristo o direito de conduzir Seu povo à herança prometida, quando Ele retornar para partilhar com os Seus o domínio e o reino. Por não estar envolvida nenhuma condenação, a abertura dos livros somente pode contribuir para a alegria e segurança futura deles.

A profecia convida os homens a centralizarem sua atenção na obra de Cristo no santuário celestial. O curso deste mundo está sendo agora determinado e dirigido pelo santuário de Deus até ao seu vitorioso clímax. O povo de Deus deve, portanto, manter-se em paciência e com fé. Cristo Se assenta agora no juízo com o Pai. Ele abre os livros do destino. Ele permanece diante do Pai para vindicar Seus seguidores. O significado dessa profecia repousa em sua aplicação à época em que vivemos.

A Mensagem do Juízo

Enquanto a obra do juízo está em andamento no santuário celestial e antes que o Filho do homem apareça nas nuvens dos céus por ocasião de Sua segunda vinda, a terra será iluminada, e o mundo, advertido pela mensagem e pelo movimento de Deus, preparando, assim, o mundo para o Seu retorno. Por meio de Seu povo, Deus está realizando uma obra sobre a terra, pela pregação desta mensagem do juízo, pois é Seu propósito ter sobre a terra, quando Ele vier, uma igreja completamente leal a Ele. O povo de Deus não será manchado por Babilônia, nem se submeterá aos poderes apóstatas recebendo a marca da autoridade da besta. Eles receberão o selo de Deus, a marca de propriedade divina em suas vidas. A mensagem do juízo é o chamado de Deus a todos os homens para uma vida reta, uma responsabilidade pessoal e uma preparação para a volta de Cristo.

Essa mensagem final é também encontrada no livro do Apocalipse, capítulo 14:

Vi outro anjo voando pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam sobre a terra, e a cada nação, e tribo, e língua, e povo, dizendo, em grande voz: Temei a Deus e dai-lhe glória, pois é chegada a hora do seu juízo, e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas... Se alguém adora a besta e a sua imagem, e recebe a sua marca na fronte, ou sobre a mão, também esse beberá do vinho da cólera de Deus, preparado, sem mistura, no cálice da sua ira... Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus... Olhei, e eis uma nuvem branca, e sentado sobre a nuvem um semelhante a filho do homem, tendo na cabeça uma coroa de ouro, e na mão uma foice afiada. Outro anjo saiu do santuário, gritando em grande voz para aquele que se achava sentado sobre a nuvem: Toma a tua foice e ceifa, pois chegou a hora de ceifar, visto que a seara da terra já amadureceu! E aquele que estava sentado sobre a nuvem passou a sua foice sobre a terra, e a terra foi ceifada. (Apocalipse 14:6-16).

A ceifa é o fim do mundo (Mateus 13:39). Como o texto claramente indica, esse juízo é pré-advento. Esta mensagem final proclama duas coisas - o evangelho eterno e a hora do juízo de Deus. Os homens escolherão entre a lealdade à besta, à sua imagem e à sua marca ou a guarda dos mandamentos de Deus, permanecendo leais a Jesus. O assunto será decisivo e final. A última mensagem é para todo o mundo. Todos os homens terão uma última oportunidade. Esta mensagem do juízo surpreende o mundo com a última advertência antes do retorno de Cristo. O julgamento celestial agora impendente decidirá o destino de todos os homens. Por isso, há envolvida aí uma crise para todos os homens. Somente aqueles que subsistirem à plena luz da investigação divina sairão vitoriosos eficientes. Uma acusação no tribunal de Deus põe o homem em confronto com inevitáveis responsabilidades. Os homens que vivem nestes últimos dias devem aprender a pensar mais seriamente em sua responsabilidade para com Deus e Seus mandamentos, e avaliar cuidadosamente, nesse tempo de pecado e desobediência prevalecentes, a possibilidade de perder-se tanto quanto de salvar-se.

Nossos dias são dias de rebelião contra a lei de Deus mais do que qualquer outro tempo desde os dias anteriores ao dilúvio. O diabo tem descido até nós com grande ira, buscando a quem possa devorar (ver I Pedro 5:8; Apocalipse 12:12). As forças satânicas de mundanidade, imoralidade, violência, ódio e desobediência pressionam a mente. Os prazeres sensuais, a excessiva atenção ao banal e superficial, a crescente indiferença aos reclamos de Deus, são armas diabólicas para afastar os homens de Deus. Negligência no preparo pode somente levar o homem à perda final da vida eterna.

Acautelai-vos por vós mesmos, para que nunca vos suceda que os vossos corações fiquem sobrecarregados com as consequências da orgia, da embriaguez e das preocupações deste mundo, e para que aquele dia não venha sobre vós repentinamente, como um laço. Pois há de sobrevir a todos os que vivem sobre a face da terra. Vigiai, pois, a todo tempo, orando, para que possais escapar de todas estas coisas que tem de suceder, e estar em pé na presença do Filho do homem. (Lucas 21:34-36).

Hoje há um grande clamor por libertar-se da autoridade. Mesmo muitos professos cristãos buscam liberdade por meio de uma indiferença quase zombeteira à lei de Deus e à clara verdade de Deus expressa nas Escrituras. Licenciosidade incontrolável é a moda prevalecente. O perigo de uma vida moral decadente é um problema muito maior do que uma religião legalista. De tempos em tempos ouve-se a acusação que classifica como legalismo o apelo da Igreja a uma estreita obediência ao código moral do Decálogo. Tais afirmações escondem os reais problemas de moral de nosso tempo. O número daqueles que são levados ao mau caminho por causa do legalismo religioso hoje em dia é pequeno em comparação com as multidões que estão se tornando escravizadas pela concupiscência da carne.

Em meio a esta divergência de Deus e de Sua verdade, aqueles que desejam encontrar a seu Senhor com alegria quando Ele vier devem apegar-se à verdade e ser fiéis ao Seu Senhor. O terrível poder da frouxidão moral e espiritual em nossos dias tem trazido o mundo à beira do desastre total. O conhecimento desse juízo divino no santuário celestial, a compreensão de que neste exato momento Cristo permanece diante do Pai em favor do homem, deveria levar os homens a um novo empenho de preparar-se para o dia do Senhor, a fim de que a verdade e a graça de Deus possam não ter sido dadas em vão.

Esse juízo mostra que interessa muito a Deus o resultado final de nosso mundo. O Pai, o Filho e o Espírito Santo não podem ter prazer na continuação do pecado e do mal que destroem a terra e os que nela habitam.

A maior necessidade do mundo para este tempo não é um novo programa de paz política ou internacional, mas uma clara compreensão dos movimentos finais de Deus no santuário celestial. Os homens podem encontrar segurança unicamente em Cristo. O juízo oferece grande esperança e inspiração ao povo de Deus. Ele proclama que nenhum desenvolvimento ordinário terá lugar no reino de Deus. O povo de Deus não espera que um progresso político ou religioso salve o mundo. Este mundo está condenado. Esse juízo é a fase final da história da salvação que culminará com o retorno de Cristo à terra. Nisto repousa a esperança da igreja de Deus. O resultado desse juízo ou julgamento estabelece o reinado soberano de Deus e o triunfo de Seu povo, o qual verá o veredito da história invertido, a falsidade dos poderes satânicos e apóstatas expostos e destruídos. Mesmo agora o reino de Deus está se tornando visível naqueles que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus.

Os poderes satânicos fazem guerra contra o povo de Deus que se recusa a adorar a besta e a sua imagem ou receber a sua marca.

O grande propósito da mensagem do juízo é dirigir o povo de Deus a penetrar com os olhos da fé, através da confusão e escuridão de nosso tempo, até o trono de Deus no santuário, a manter sua lealdade a Ele na hora da tentação que virá sobre o mundo.

E nisto conheceremos que somos da verdade, bem como, perante ele, tranquilizaremos o nosso coração; pois, se o nosso coração nos acusar, certamente, Deus é maior do que o nosso coração e conhece todas as coisas. Amados, se o coração não nos acusar, temos confiança diante de Deus; e aquilo que pedimos dele recebemos, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos diante dele o que lhe é agradável. (I João 3:19-22).

Compreender o juízo pré-advento, com todas as suas implicações, significa estar disposto a confiar-se inteiramente a Cristo e a Seu plano, preparando-se, assim, para o dia quando o próprio nome será apresentado nas cortes celestiais para admissão na terra renovada.

Por isso, irmãos, procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição; porquanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum. Pois desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. (II Pedro 1:10 e 11).


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