O próprio Dr. Harry Ironside disse que é importante observar a natureza simbólica do Apocalipse. Ele observou que
"Esse livro é um livro de símbolos. Mas o estudante cuidadoso da Palavra não precisa exercitar sua própria engenhosidade para descobrir o significado dos símbolos. Pode estabelecer-se como um princípio de primeira importância que todo símbolo usado no Apocalipse é EXPLICADO ou ALUDIDO em algum outro lugar na Bíblia." [1] (ênfase minha)
Essa observação do Dr. Ironside é excelente, embora ele mesmo e muitos outros comentaristas não a sigam no que se refere ao símbolo que descreve o Anticristo em Apocalipse 13. Um dos ensinamentos claros das Escrituras estabelecidos no livro de Daniel é que a palavra BESTA (CHAYAH em ARAMAICO – THERION em GREGO) simboliza um reino ou império mundial, não um único indivíduo. De fato, TODOS os comentaristas que já li sobre o livro de Daniel interpretaram a palavra BESTA dessa forma, mesmo aqueles que não aplicam o mesmo significado ao símbolo em Apocalipse 13. Até mesmo o Dr. Ironside ensinou que as grandes BESTAS de Daniel simbolizam grandes REINOS MUNDIAIS. Ele escreveu:
"No sétimo capítulo de Daniel... o homem de Deus... viu... os quatro GRANDES IMPÉRIOS (que) foram representados como quatro BESTAS vorazes tão terríveis que nada na terra corresponde plenamente às descrições das criaturas selvagens aqui descritas." [2] (ênfase minha)
O Dr. Ironside, como muitos outros, embora identifique corretamente as quatro BESTAS de Daniel como QUATRO REINOS MUNDIAIS, NÃO APLICA o MESMO significado ao símbolo em Apocalipse 13. Se tivesse feito isso, teria sido mais consistente em seguir o que ele chamou de princípio de PRIMEIRA IMPORTÂNCIA, de que os símbolos do livro de Apocalipse são explicados em outros lugares da Bíblia.
Sobre os reformadores, Dave Hunt disse de forma dogmática e descarada: "As Escrituras não apoiam a afirmação deles". Certamente as Escrituras os apoiam muito mais do que aqueles que IGNORAM completamente o que Daniel diz sobre as BESTAS-REINOS!
Desde os tempos mais remotos, os homens identificaram as bestas de Daniel como REINOS MUNDIAIS. Cirilo de Jerusalém observou o seguinte:
"Ensinamos estas coisas não por nossa própria invenção, mas tendo-as aprendido das Escrituras divinas, e especialmente da profecia de Daniel... assim como Gabriel, o Arcanjo, interpretou dizendo: a quarta BESTA será um quarto REINO sobre a terra, o qual excederá todos os REINOS; mas que este é o Romano, os escritores eclesiásticos têm declarado." [3]
Jerônimo, Teodoreto e Austin, todos viam as Bestas de Daniel como REINOS e não como indivíduos. TODOS os primeiros escritores teológicos da igreja interpretaram as bestas selvagens como grandes impérios mundiais.
Martinho Lutero declarou:
"Aqui estão duas BESTAS: uma é o império (romano), a outra, com os dois chifres, o papado, que agora se tornou um REINO temporal." [4]
João Calvino disse sobre as BESTAS de DANIEL:
"Está claro que as quatro MONARQUIAS estão aqui representadas." [5]
Mais tarde, Calvino observa a respeito de Daniel:
"Ele diz que uma QUARTA BESTA APARECEU. Ele não lhe dá um nome fixo, porque nunca existiu nada parecido com ela no mundo. O profeta, ao não acrescentar nenhuma semelhança, indica o quão horrível era esse monstro, pois anteriormente ele comparou o Império Caldeu a um leão, o Persa a um urso e o Macedônio a um leopardo." [6] (ênfase dele)
Aqui Calvino mostra claramente que considera as BESTAS como monarquias ou impérios.
Newton, em sua dissertação, observa que
"A quarta Besta será um quarto REINO sobre a terra, o qual será diferente de todos os REINOS, e devorará toda a terra. Esse quarto REINO não pode ser outro senão o Império Romano." [7]
Matthew Henry menciona os vários pontos de vista dos comentaristas com relação à identidade da quarta BESTA, mas em todos os casos se diz que a BESTA REPRESENTA um REINO ou IMPÉRIO, não um homem. Ele escreve:
"Os eruditos não estão de acordo quanto a essa (quarta) BESTA anônima; alguns a consideram o IMPÉRIO romano, que estava em sua glória... outros consideram essa quarta BESTA o REINO da Síria... que era muito cruel e opressivo para com o povo judeu... Nesse ponto, esse IMPÉRIO era diferente dos anteriores." [8] (ênfase minha)
Albert Barnes também descreve as BESTAS de Daniel e Apocalipse como representantes de grandes impérios:
"Nessa descrição, é possível observar que João combinou em um único ANIMAL ou MONSTRO todos aqueles que Daniel trouxe sucessivamente à cena de ação como representantes de diferentes IMPÉRIOS. Assim, em Daniel, o LEÃO é introduzido como símbolo do poder babilônico; o urso, como símbolo do medo-persa; o leopardo, como símbolo do macedônio; e um animal indescritível – a BESTA – feroz, cruel e poderoso, com dez chifres, como símbolo do romano. Em João, há um ANIMAL representando o PODER romano, como se ele fosse composto de todos esses (outros)... Havia uma propriedade óbvia nisso, ao falar do PODER ROMANO, pois ele era, de fato, composto de IMPÉRIOS representados pelos outros animais em Daniel." [9]
Peter Lange, que escreveu em meados do século 19, observou que
"A besta selvagem (de Apocalipse 13) é um composto das quatro bestas de Daniel... Observe-se, no entanto, a esse respeito, que a quarta besta de Daniel, como a BESTA ESCATOLÓGICA REAL, abrange, juntamente com a visão do reino romano, toda a série de potências mundiais que coincidem, em perspectiva, com esse REINO." [10] (ênfase minha)
Elliott observou que Daniel "NÃO está descrevendo a característica de um homem, mas sim a de um 'reino espiritual'." [11] (ênfase minha) Aparentemente, esse ponto não é considerado quando se trata da BESTA do Apocalipse.
Em seu comentário do Apocalipse, Adam Clarke é um bom exemplo de um homem que reconheceu e seguiu o princípio sobre o qual Ironside proclamou ser de grande importância. Clarke NÃO diz, como William R. Newell (e milhares de outros como ele), que a interpretação adequada de Apocalipse 13 DEVE considerar essas duas bestas como dois homens, mas da mesma forma que o intérprete angélico fez em Daniel, como DOIS REINOS.
Clarke escreveu:
"Antes de prosseguirmos na interpretação deste capítulo (Apocalipse 13), será necessário verificar o significado do símbolo profético – a BESTA. Pois a falta de uma compreensão adequada desse termo tem sido uma das razões pelas quais tantas hipóteses discordantes têm sido publicadas no mundo." [12] (E elas certamente se multiplicaram mil vezes desde que Clarke escreveu).
Ele então mostra corretamente que, nessa investigação, é IMPOSSÍVEL recorrer a uma autoridade superior às Escrituras, pois o Espírito Santo é Seu próprio intérprete. O que, então, significa o termo BESTA nas Escrituras? Ele prossegue mostrando que, se em uma visão profética um símbolo é explicado, essa explicação deve governar o símbolo quando ele for usado em outro lugar na Bíblia. [13]
Tendo estabelecido esse fundamento, a interpretação do anjo sobre a última das quatro BESTAS de Daniel deve ser examinada. Daniel estava muito desejoso de "saber a verdade sobre a quarta BESTA, que era diferente de todas as outras, muito terrível, e os dez chifres que tinha na cabeça". O anjo interpreta a visão da seguinte forma: "A quarta BESTA será um quarto REINO sobre a terra, o qual será diferente de todos os REINOS, e devorará TODA TERRA." Clarke então mostra o significado da interpretação do anjo a respeito da BESTA. "Nessa Escritura se declara expressamente que a quarta BESTA deveria ser um quarto REINO sobre a terra; por conseguinte, as quatro BESTAS vistas por Daniel são quatro REINOS: portanto, o termo BESTA é o símbolo profético de um REINO." [14] (ênfase dele)
Clarke continua sua explicação:
"Quanto à natureza do REINO que é representado pela palavra BESTA, obteremos uma luz considerável ao examinarmos a palavra original CHAYAH. Essa palavra do Antigo Testamento é traduzida na Septuaginta pela palavra grega THERION, e ambas significam o que chamamos de BESTA SELVAGEM. THERION é a palavra usada por João no capítulo 13 do Apocalipse." [15]
Logo, se tomarmos a palavra grega THERION nesse sentido de uma BESTA SELVAGEM, então o PODER ou REINO representado deve ter a natureza de uma BESTA SELVAGEM, evidentemente um PODER BELIGERANTE terreno. E a comparação é muito apropriada, pois assim como várias feras selvagens travam uma guerra perpétua no mundo animal, a maioria dos governos no mundo político também o faz. [16]
Diz-se que essa BESTA emergiu do mar, o que corresponde às quatro BESTAS de Daniel; o mar representa grande multidão de nações... e o significado é que todo poderoso IMPÉRIO é erguido sobre as ruínas de muitas nações... Então, segue-se que o REINO ou IMPÉRIO representado pela BESTA é aquele que surgiu das ruínas do império romano ocidental. [17]
Clarke mostra claramente que o termo CHAYAH no Antigo Testamento (provavelmente caldeu, ou o que agora é chamado de aramaico, e que é a raiz de CHEYVA – ANIMAL SELVAGEM) foi traduzida pelos estudiosos da Septuaginta com a palavra grega THERION – BESTA SELVAGEM, e que em cada caso usado em Daniel representa um REINO ou IMPÉRIO mundial, nunca um indivíduo.
Fairbairn corrobora o que Clarke disse. Ele relaciona consistentemente as bestas de Daniel com as bestas de Apocalipse 13:
"Em primeiro lugar, notamos como o Apocalipse representa o PODER MUNDIAL. Em Daniel, ele apareceu como uma sucessão de BESTAS, cada uma simbolizando uma forma nova e um tanto diferente das GRANDES MONARQUIAS DO MUNDO. Mas agora aparece simplesmente como uma BESTA, que, no entanto, teve a mesma origem que as de Daniel, como surgindo do mar, e uma criatura composta, UNINDO as várias formas das três primeiras em Daniel (o leão, o urso e o leopardo), e possuindo também os dez chifres, que foram vistos na quarta... A BESTA do Apocalipse, portanto, é o PODER MUNDIAL, não em suas várias partes ou formas sucessivas de manifestação, mas em sua totalidade. [18]
"A Besta Selvagem do Apocalipse é um grande império mundial. Representa todos os poderes malignos das bestas de Daniel, e muito mais. Pois é um império que não é apenas SIMILAR às outras bestas, mas também diferente delas, pois é mantido unido por um poder espiritual maligno. Nada se compara a esse império entre as ditaduras políticas comuns; ele domina as mentes e os corações dos homens por meio de uma pretensa santidade, de milagres mentirosos e dos dogmas mais estranhos e reivindicações irracionais."
Dean Alford escreveu:
"A mulher sentada sobre a besta selvagem significa o poder de supervisão e controle que o cavaleiro possui sobre sua besta; e nada poderia simbolizar mais adequadamente a superioridade reivindicada e exercida pela Sé de Roma sobre os reinos seculares da cristandade, repletos de nomes de blasfêmia... Os nomes de blasfêmia, que antes eram encontrados apenas nas cabeças da besta, agora se espalharam por todo o seu corpo. E visto que é montada e guiada pela meretriz, a besta é dez vezes mais blasfema em seus títulos e suposições do que antes.
"O mundo pagão reconhecia a divindade apenas nos Césares, assim como em outros homens de destaque deificados. Mas a cristandade tem seus reis ‘mais cristãos’ e ‘mais fieis’, como Luís XIV e Filipe II; seus ‘defensores da fé’, como Carlos II e Tiago II; sua sociedade pérfida e sem princípios, chamados pelo nome sagrado de nosso Senhor, e que realizam a obra de Satanás 'ad majorem Dei gloriam';* seu 'santo ofício' da Inquisição, com seus antros de crueldade mais sombria; finalmente seu 'Patrimônio de São Pedro' e seu 'sacro Império Romano'. Todos eles, e muitos outros, novos nomes de blasfêmia, com os quais a mulher investiu a besta. Não importa para onde você olhe ou para onde vá na cristandade papal, sempre nos deparamos com os nomes de blasfêmia. As tabernas, as lojas, os títulos de homens e lugares estão repletos deles." [19]
Enquanto lia meu Novo Testamento grego, "vi que do mar das nações se levantou a Besta-Therion, a besta selvagem do Apocalipse, e sobre suas cabeças um NOME DE BLASFÊMIA". Certamente, nenhum outro sistema na história conhecida da humanidade mereceu o NOME DE BLASFÊMIA como o papado. Vê-se aqui uma sucessão de homens incomparáveis em venialidade, lascívia, assassinato, massacre e todos os males conhecidos pelos homens, reivindicando ser chamado de Vigário de Cristo e Senhor Supremo do Universo. Será que a profundeza de tal blasfêmia pode ser avaliada? Será que qualquer outra sucessão de homens pode alcançar tal nível de blasfêmia? Ou pode algum homem igualar as blasfêmias combinadas dessa Besta Selvagem do Apocalipse?
Essa besta representa um reino, como revela Daniel, embora pouquíssimos hoje prestem atenção a Daniel. Portanto, o nome de blasfêmia descreve o todo. Pois a blasfêmia de Roma se estende além do papado, à missa e a todas as outras blasfêmias que pretendem roubar de Cristo seu papel exclusivo como o ÚNICO mediador entre Deus e os homens, e que de forma blasfema empurram Maria e os santos como mediadores adicionais. A rejeição da prerrogativa única de Cristo de salvar os perdidos, pela invocação da blasfêmia mais perversa do Purgatório, certamente não pode ser superada.
As verdades teológicas são as mais importantes e, quando elas são distorcidas, mutiladas e substituídas por fábulas humanas, não há blasfêmia maior que o homem mau possa cometer. A batalha das eras é TEOLÓGICA; as baixas nessa guerra são TEOLÓGICAS. As blasfêmias nesse conflito são de ordem espiritual e teológica. Blasfêmia é injúria contra Deus, é passar-se por Deus, é buscar substituir Cristo e ensinar fábulas ofensivas no lugar da verdade divina. O nome de blasfêmia tem a ver primordial e absolutamente com verdades e conceitos teológicos.
O Nome de Blasfêmia tem sido longo e duradouro, ligado a todos os males que os papas de Roma falaram e fizeram. Nenhuma outra organização pode se igualar à duração ou à extensão de tais blasfêmias. O NOME de Blasfêmia se encaixa na BESTA SELVAGEM – THERION – do Apocalipse, pois THERION se refere a um reino, à uma sucessão de homens, como o profeta Daniel claramente revela, e não a um único indivíduo.
A Septuaginta diz:
TAUTA TA THERIA TA TESSARA TESSARES BASILEIAI ANASTESONTAI EPI TES GES. Daniel 7:17.
"Esses quatro animais são quatro reinos que se levantarão sobre a Terra."
William R. Newell demonstra que não aceita a identificação ESCRITURÍSTICA da palavra BESTA quando escreve que as BESTAS de Apocalipse 13 DEVEM SER interpretadas como INDIVÍDUOS. Ou seja, DEVEM SER com base em sua predileção profética particular, certamente NÃO a partir das ESCRITURAS! Tomando a interpretação ANGÉLICA da palavra BESTA como dada nas escrituras proféticas em Daniel, a palavra BESTA DEVE SER interpretada como UM REINO OU IMPÉRIO!
Aqui está William R. Newell e milhares de outros como ele, que ESPIRITUALIZAM a interpretação que as Escrituras dão à palavra BESTA. Ele muda o significado do símbolo e o transforma em um indivíduo. A Bíblia estabelece claramente, em quatro lugares diferentes, o significado do símbolo. Mas os jesuítas e os protestantes modernos que agora os seguem rejeitam o que a Bíblia diz.
Não pude encontrar UM ÚNICO escritor que não identificasse as bestas de Daniel com reinos mundiais. Tampouco encontrei UM ÚNICO escritor que identifique as bestas de Daniel com indivíduos. O Dr. Harry Ironside, juntamente com inúmeros outros, identificam as bestas de Daniel com monarquias ou reinos. Eles NÃO as identificam com indivíduos. No entanto, esses escritores NÃO aplicam esse significado às bestas do Apocalipse. Por quê? Por que eles não seguem a esplêndida regra apresentada pelo Dr. Ironside de que os símbolos usados no Apocalipse são explicados ou mencionados em outras partes da Bíblia?
Patrick Fairbairn observou que os símbolos bíblicos devem sempre ser interpretados do Antigo para o Novo Testamento. "Não foi a imagem do futuro que se lançou de volta ao passado, mas sim a imagem do passado que se lançou para o futuro”. [20] Ele também observou sabiamente que "ao prenunciar coisas que ainda estão por vir, ela (a mente do Profeta) deve se valer daquelas que já existiram". [21]
Em outras palavras, o SIGNIFICADO CONHECIDO do símbolo dado no passado já estabeleceu o precedente para a interpretação futura desse mesmo símbolo. Os grandes IMPÉRIOS MUNDIAIS de Daniel foram retratados por BESTAS SELVAGENS. A forma singular de BESTA SELVAGEM na Septuaginta é THERION. Logo, quando a palavra THERION é usada no Novo Testamento, o significado já estabelecido pela interpretação angélica em Daniel deve se aplicar ao Apocalipse. Se é um império mundial em Daniel, deve ser um império mundial no livro do Apocalipse.
Naturalmente, a razão pela qual os jesuítas fecharam os olhos ao que é claramente revelado nas Escrituras a respeito da natureza da BESTA SELVAGEM é porque, como Larkin observou, o domínio papal correspondia muito intimamente ao reino escatológico da Besta do Apocalipse. Os jesuítas trabalharam para desassociar o domínio papal do domínio da BESTA – o Anticristo. Obviamente, havia dois caminhos abertos para os jesuítas e eles os usaram. Fizeram com que o Anticristo fosse apenas um homem que apareceu no início da história da igreja, ou um homem que não apareceria na história da igreja até o final dela. Dessa forma, eles poderiam afirmar a qualquer um que quisesse ouvir (e a maioria dos protestantes ouviu) que a Besta não poderia simbolizar o domínio papal, já que a Besta era apenas um homem que, ou já apareceu e se foi, ou um homem que ainda está por vir.
O fato de os jesuítas terem promovido e defendido AMBAS as visões é certamente uma questão importante. Pois ao que parece não importava para eles que AMBAS as visões fossem mutuamente excludentes. Se você acredita que o Anticristo surgiu e caiu no primeiro século, então não pode ao mesmo tempo afirmar que ele ainda está por vir. Mas os jesuítas fizeram exatamente isso. Por um lado, alguns jesuítas afirmavam que o Anticristo já havia aparecido e desaparecido, e outros jesuítas afirmavam que o Anticristo ainda não havia aparecido. Portanto, parece que eles estavam preocupados principalmente em tentar refutar a posição dos reformadores e dos puritanos, mesmo que isso significasse CONTRADIZER uns aos outros. Eles também foram bem-sucedidos em colocar os protestantes uns contra os outros. Pois todos os reconstrucionistas seguem o jesuíta Alcazar, enquanto a maioria dos futuristas segue o jesuíta Ribera, de modo que temos o estranho fenômeno de protestantes que creem na Bíblia brigando entre si por causa dos ensinamentos jesuítas. Li um pouco da retórica abrasadora dos reconstrucionistas detonando a posição futurista sem que eles aparentemente percebam que estão defendendo uma doutrina jesuíta, não uma doutrina protestante reformada. Entretanto, à medida que leio mais sobre o reconstrucionismo e os jesuítas, vejo cada vez mais que os reconstrucionistas seguem os jesuítas de perto em sua visão da comunidade, na ideia da guerra cultural e na promoção de uma aliança estratégica com os católicos e sua igreja para combater o humanismo secular.
A escatologia reconstrucionista certamente afeta sua eclesiologia. O Anticristo não poderia ser um aliado de todos esses reconstrucionistas reformados. Portanto, precisavam livrar Roma desse estigma para que ela pudesse se tornar uma aliada.
Como Sir Robert Anderson observou,** foi o poder da verdade que permitiu que os homens enfrentassem Roma. Esse foi o segredo do triunfo dos mártires de Jesus.
"Com o coração abalado pelo temor de Deus, guarnecidos pela paz de Deus e exultando no amor de Deus, derramado ali pelo Espírito Divino, eles defenderam a verdade contra sacerdotes e príncipes unidos e, mesmo sendo considerados hereges, foram fiéis ao seu Senhor na vida e na morte.
"O céu estava tão silencioso naquela época quanto está agora. Nenhuma visão foi vista, nenhuma voz foi ouvida para deter seus perseguidores. Não se testemunhou um único sinal que provasse que Deus estava com eles enquanto enfrentavam a forca ou entregavam seu fôlego de vida na fogueira. Mas com a visão espiritual concentrada em Cristo, as realidades invisíveis do céu encheram seu coração, enquanto passavam de um mundo que não era digno deles para o lar que Deus preparou para aqueles que O amam." [22] [ver nota adicional abaixo]
Os mártires de Jesus mostram a evidência da grande conspiração da história, com o objetivo de silenciar a verdade do glorioso evangelho da graça redentora. Porque nas entranhas dessa grande conspiração apóstata se acha o sangue dos profetas, e dos santos, e de todos os que foram mortos na terra (Apocalipse 18:24).
* Para a maior glória de Deus.
** Sir Robert Anderson, Harry Ironside e Dave Hunt, além de muitos outros, detonam o sistema católico e, ao mesmo tempo, promovem a posição jesuíta sobre o Homem do Pecado. Um estranho fenômeno, para dizer o mínimo.
[Nota adicional: Os mortos em Cristo só receberão o galardão por ocasião da primeira ressurreição, quando Jesus Cristo voltar (1 Tessalonicenses 4:13-18), enquanto os ímpios receberão sua recompensa na segunda ressurreição, depois do milênio (Apocalipse 20:5-10).]
Referências
1. Ironside, op.cit., p. 13.
2. Ibid., p. 224.
3. Newton, Thomas, The Prophecies, J. J. Woodward, Filadélfia, PA, 1835, pp. 212-213.
4. Lutero, Martinho, Works, Baker Book House, Grand Rapids, MI, Vol. VI, p. 484.
5. Calvino, João, Daniel Commentary, Banner of Truth Trust, Edimburgo, Escócia, 1995, p. 13.
6. Ibid., p. 21.
7. Newton, op.cit., p. 201.
8. Henry, Matthew, Commentary, Vol. VI, Fleming H. Revell, p. 1071.
9. Barnes, Albert, Notes on the New Testament, Baker Book House, Grand Rapids, MI, Vol. X., p. 320.
10. Lange, Peter, Commentary, Vol. 12, Zondervan, Grand Rapids, MI, 1960 p. 266.
11. Elliot, E. B., Horae Apocalypticae, Still Waters Revival Books, Edmonton, Alta, Canadá, p. 195.
12. Clarke, op.cit., p.1015.
13. Loc. cit.
14. Loc. cit.
15. Loc. cit.
16. Loc. cit.
17. Loc. cit.
18. Fairbairn, Patrick, Prophecy, Baker Book House, Grand Rapids, MI, 1976, p. 304.
19. Alford, Henry, Greek New Testament, Guardian Press, Brand Rapids, MI, Reimpressão Vol IV, p. 706.
20. Fairbairn, op.it, p. 155.
21. Ibid., p. 137.
22. Anderson, Sir Robert, The Silence of God, Hodder & Stoughton, Londres, 1899, p. 152.
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