Moldar a forma como percebemos a realidade é mais poderoso do que controlar a própria realidade.
Um mundo de percepção rigidamente controlada, em que cada camada é protegida e legitimada por uma autoridade institucional correspondente que se reporta ao topo da hierarquia, é o sonho de todo o regime totalitário.
Na qualidade de mais antiga organização do planeta, cujo protagonismo permitiu que sobrevivesse aos períodos mais conturbados da história, o papado não tem concorrentes quando o assunto é infraestrutura de manipulação da consciência.
Durante séculos, Roma controlou a percepção humana pelo uso da força, restringindo o acesso à Bíblia, proibindo traduções na língua do povo, perseguindo por meio da Inquisição, etc.
Com a fundação da Ordem dos Jesuítas no século 16, o papado passou do óbvio para formas mais sutis de ação.
Em vez de recorrer exclusivamente à violência, concentrou-se também na exploração e controle do entretenimento mais popular da época – o teatro –, para invocar as emoções e os compromissos mais intensos do público e, assim, moldar a cultura a seu favor.
Os jesuítas reconheceram muito cedo o poder do teatro e das artes cênicas como meio de persuasão emocional e doutrinação e os utilizaram ostensivamente para neutralizar a influência protestante.
Eles sabiam que essa forma de entretenimento era um instrumento poderoso para incutir na mente dos espectadores a propaganda da Contrarreforma e, por isso, o palco jesuíta se notabilizou por proporcionar uma experiência sensorial única com base em uma variedade de técnicas e artifícios teatrais, de maneira que o público fosse emocionalmente imerso na mensagem espiritual do drama.
Com o progresso técnico e o surgimento do cinema, os jesuítas viram diante de si a possibilidade de controlar as consciências como nunca antes, dispondo de tecnologias que podem moldar a cultura mais rapidamente do que no passado.
E como o papel dos jesuítas no desenvolvimento da educação artística e teatral europeia (e, indiretamente, do próprio cinema) se mostrou altamente vantajoso para os objetivos da Ordem, era natural que, com o nascimento de Hollywood, eles buscassem transformar o setor em ferramenta estratégica, com o mesmo fim em vista: enfraquecer e destruir o protestantismo.
Para os leitores interessados no tema e que não desejam ser meros espectadores de uma trama ao estilo hollywoodiano na qual são as verdadeiras vítimas, tenho o prazer de compartilhar dois materiais que poderão ser bastante úteis.
O primeiro é um artigo de Henry Schnitzler publicado no Educational Theatre Journal, de dezembro de 1952, "A contribuição dos jesuítas para o teatro", considerado um estudo pioneiro sobre o papel da Ordem no desenvolvimento do teatro europeu entre os séculos 16 e 18.
Embora não explore em profundidade as dimensões políticas do teatro jesuíta no contexto da Contrarreforma, a ênfase do autor nos aspectos técnicos e pedagógicos demonstra claramente como os jesuítas consideravam fundamental que suas apresentações fossem um apelo irresistível aos sentidos, um método inspirado nos Exercícios Espirituais de Inácio de Loyola, fundador da Ordem.
Ao traduzir os Exercícios em experiências visuais e sonoras altamente envolventes, o teatro jesuíta se tornou uma forma de comunicação emocional para fins de propaganda religiosa, combinando ensino, doutrinação e espetáculo.
O autor observa que, com uma habilidade admirável, os jesuítas foram bem-sucedidos em apresentar sua mensagem de maneira atraente, disfarçando-a astutamente sob o manto colorido de um entretenimento esplêndido.
O segundo material é o livro de Shaun Willcock, Hollywood Jesuíta, publicado pelo Bible Based Ministries.
Willcock apresenta evidências bem documentadas da profunda influência dos jesuítas sobre a indústria cinematográfica com o propósito de moldar a moralidade, os valores e a visão de mundo ocidentais de acordo com os interesses de Roma.
Ele também aborda a contribuição dos jesuítas para o desenvolvimento do teatro e seu emprego como meio de persuasão emocional e doutrinária, e argumenta que essa tradição teatral jesuítica possibilitou à Ordem dominar, séculos depois, o cinema como a nova arte dramática do mundo moderno.
O autor divide sua análise em duas partes: (1) o domínio católico durante a chamada "Era de Ouro de Hollywood" (1930–1950), período em que o cinema americano esteve sob influência direta da Igreja por meio de figuras como Joseph Breen e o Código de moralidade; e (2) sua transição e conflito com o comunismo, quando Hollywood se tornou um campo de batalha ideológico que, aparentemente, frustrou as estratégias de Roma, mas que os jesuítas souberam aproveitar a seu favor.
Estes dois materiais estão agora disponíveis no site e eu os recomendo fortemente aos meus leitores, especialmente a obra de Willcock, que adverte sobre os perigos do cinema não só por ser um instrumento de engenharia moral e espiritual a serviço de Roma e dos jesuítas, mas também pela evidente imoralidade e tendências anticristãs de suas produções. Tenho certeza de que o leitor se surpreenderá com as revelações feitas nesse livro.
O artigo de Schnitzler está disponível online. O livro de Willcock pode ser lido no site ou baixado em PDF. Como todas as demais obras oferecidas aqui, esses conteúdos são exclusivos e podem ser acessados sem nenhuma restrição.
Conhecimento é poder, principalmente quando questões de interesse eterno estão em jogo.
Espero, assim, ter contribuído mais uma vez para educação de meus leitores nos assuntos que dizem respeito à nossa condição presente e destino futuro, os quais os autores de nossa tragédia desejam manter em descrédito para sua própria vantagem.
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Boa leitura!
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