Monita secreta – Capítulo 6

Como conquistar as viúvas ricas.

I. Para esse empreendimento, devem ser selecionados jesuítas mais velhos, indivíduos com personalidades vivas e habilidades de conversação envolventes. Esses padres devem visitar mulheres viúvas e, ao observarem qualquer inclinação para a Sociedade, devem lhes apresentar informações sobre as obras e os méritos da Sociedade. Se a viúva manifestar interesse e começar a frequentar nossas igrejas, um confessor dedicado deve ser designado para ela. Esse confessor deve lhe dar orientação semanal, enfatizando a importância de manter seu estado de viuvez, enumerando e exaltando suas vantagens e bênçãos. A viúva deve ser incentivada a empenhar sua fé e considerá-la uma garantia de recompensa eterna e o meio mais eficaz de evitar as dores do purgatório.

II. O confessor deve incentivar a viúva a se envolver em atividades como a decoração de uma capela ou oratório em sua casa, onde ela possa se dedicar à meditação e aos exercícios espirituais. Isso ajudará a desviar sua atenção da companhia e das visitas de possíveis pretendentes. Mesmo que a viúva contrate um capelão particular, nossos jesuítas devem continuar a celebrar a missa para ela, enfatizando especialmente as exortações significativas. Além disso, devemos diligentemente manter nossa influência sobre o capelão.

III. Quaisquer mudanças na governança da família devem ser implementadas com cautela e gradualmente, levando em consideração as circunstâncias específicas do indivíduo, sua residência, suas preferências pessoais e seu nível de devoção religiosa.

IV. Deve-se substituir gradualmente quaisquer empregados domésticos que não se comuniquem e cooperem abertamente com a Sociedade. Quando houver necessidade de substituições, deve-se recomendar pessoas que dependam da Sociedade e estejam dispostas a atender aos nossos desejos. Isso nos permitirá obter uma compreensão abrangente de todos os assuntos familiares.

V. O objetivo principal do confessor deve ser orientar a viúva a confiar totalmente em seu conselho em todos os assuntos, apresentando-o sutilmente como a única base para seu crescimento espiritual.

VI. Deve-se incentivar a recepção frequente dos sacramentos, especialmente o sacramento da Penitência. Isso oferece à viúva uma oportunidade para confessar abertamente seus pensamentos e tentações. A comunhão regular também deve ser incentivada, com a promessa de orações especiais. A recitação diária da ladainha e o exame de consciência também devem ser enfatizados.

VII. Uma compreensão abrangente das inclinações da viúva pode ser aprimorada ainda mais ao incentivá-la a repetir uma confissão geral, mesmo que ela tenha se confessado anteriormente com outro sacerdote.

VIII. O confessor deve enfatizar com frequência as vantagens da viuvez e os desafios potenciais de um novo casamento, destacando particularmente os perigos em que se envolveria e os que principalmente lhe dizem respeito.

IX. Em algumas ocasiões, deve-se introduzir sutilmente a possibilidade de um pretendente que seja conhecido por ser totalmente desagradável para a viúva. Deve-se descrever vividamente os vícios e hábitos indesejáveis dos indivíduos que ela poderia achar atraentes, dissuadindo-a efetivamente de considerar um novo casamento.

X. Quando a viúva demonstrar uma aceitação genuína de seu estado de viuvez, deve-se incentivá-la a adotar uma vida de devoção espiritual. Não uma vida de reclusão, mas sim de engajamento espiritual ativo, semelhante à de figuras renomadas como Santa Paula ou Santa Eustáquia. O confessor deve orientá-la prontamente a fazer um voto de castidade por pelo menos dois ou três anos, impedindo efetivamente qualquer possibilidade de novo casamento. Durante esse período, toda interação social com o sexo oposto, incluindo o contato com parentes e conhecidos, deve ser estritamente limitada sob o pretexto de aprofundar sua conexão espiritual com Deus.

XI. Deve-se incentivar gradualmente a viúva a se envolver em atos de caridade. Entretanto, todas as doações de caridade devem ser cuidadosamente orientadas por seu pai espiritual. É fundamental que seus esforços de caridade contribuam para seu crescimento espiritual. Atos de caridade mal planejados podem inadvertidamente levar ao pecado e podem gerar benefícios espirituais mínimos.


Capítulo 7

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