Hollywood jesuíta – 12. Anos 1970: Roma sob ataque, mas revida

Até então, Hollywood tinha sido vista, pela hierarquia papal, como uma ferramenta grandiosa e poderosa para influenciar as massas na direção de Roma. Mas agora tudo isso havia mudado. O que Roma faria? Como ela revidaria? Poderia sequer revidar?

A influência papista italiana substitui a influência papista irlandesa em Hollywood

Outro grupo étnico de imigrantes ganhou destaque em Hollywood na década de 1970, substituindo o domínio católico irlandês-americano: a influência católica ítalo-americana era agora dominante no setor. Há muitos motivos para essa grande mudança, entre eles o fato de que os ítalo-americanos eram vistos como mais emotivos, mais desconfiados da autoridade e, portanto, mais representativos do que os jovens americanos sentiam e expressavam nas décadas de contracultura dos anos 1960 e 1970. A Máfia, a Irmandade, a Mão Negra, a Cosa Nostra, o Underground, etc., todos se tornaram os temas favoritos de Hollywood, pois a máfia era a principal fonte de inspiração para os jovens americanos e sempre atraiu um público que parecia ter um apetite insaciável por filmes do gênero. O gangsterismo italiano na América sempre esteve intrinsecamente ligado ao catolicismo italiano. Na Little Italy de Hollywood, "Atrás de cada estátua de gesso de Paris da Madonna, escondia-se um assassino siciliano empenhado em sua vingança... cada santuário doméstico continha pelo menos uma vela votiva acesa para um mafioso.... Praticamente qualquer gângster italiano de destaque pode contar com várias biografias cinematográficas luxuosas e uma ou duas séries de televisão. Al Capone, Joe Valachi, Lucky Luciano e Joe Columbo tornaram-se superestrelas da mídia." [478]

Naquela época, o catolicismo de um lugar como Nova York era uma mistura muito estranha. Na verdade, não era bem uma mistura, considerando que os dois elementos principais não se misturavam muito bem. A situação era a seguinte: um "clero" romano dominado por irlandeses-americanos e um "laicato" romano dominado por ítalo-americanos. Hollywood adorava essa dicotomia entre o que era percebido como puritanismo e dogmatismo romanista irlandês e a sensualidade e comportamento sexual desregrado do romanista italiano.

Certamente, os imigrantes romanistas irlandeses do passado chegaram a dominar os cargos sacerdotais da "Igreja" Católica americana e ensinaram a abstinência antes do casamento, a pureza dentro do casamento e a abnegação sexual para aqueles que entraram no sacerdócio ou no convento – mesmo que na prática eles soubessem que essas coisas muitas vezes não eram cumpridas e que eles próprios estivessem longe de serem moralmente puros (como o escândalo de dezenas de milhares de padres predadores sexuais que abusavam de crianças, que irrompeu na década de 1990 e ganhou tanto impulso global depois, provou sem sombra de dúvida). [479] Os imigrantes romanistas italianos, entretanto, não eram tão rígidos e eram muito mais abertamente sensuais. De acordo com um cronista, "Para os italianos, o catolicismo irlandês parecia ser severo, doutrinário, conservador e desprovido de emoção; para os irlandeses, os católicos italianos eram excessivamente supersticiosos, influenciados pelos costumes populares, fatalistas, quase pagãos". [480]

E todo esse romanismo italiano foi sintetizado em quatro filmes da década de 1970 em particular, todos sobre ítalo-americanos: O Poderoso Chefão (1972), O Poderoso Chefão: Parte II (1974), Rocky (1976) e Saturday Night Fever (1977).

Com a ascensão dos papistas ítalo-americanos nas produções de Hollywood e a queda do domínio dos papistas irlandeses-americanos, estes últimos passaram a ser retratados no cinema e na TV como corruptos, racistas, beberrões e hipocritamente religiosos. Foi assim em filmes como Joe (1970), Serpico (1973), Ragtime (1981), The Pope of Greenwich Village (1984) e L.A. Confidential (1997); e em programas de TV como Homicide: Life on the Street (1993-1999), The Fighting Fitzgeralds (2001), etc.

O pêndulo havia voltado a oscilar: mais uma vez, os papistas irlandeses-americanos estavam sendo vistos como eram antes de Hollywood ter feito tanto para transformá-los.

Outro documento importante do Vaticano

Um documento muito importante foi publicado pelo Conselho Pontifício para os Instrumentos de Comunicação Social do Vaticano em janeiro de 1971, intitulado "A Instrução Pastoral sobre os Meios de Comunicação Social" (Communio et Progressio). Vamos examinar alguns aspectos desse documento.

A Seção 26 diz: "A liberdade, que garante a cada um a expressão das próprias ideias e sentimentos, é algo essencial para a formação adequada da opinião pública." Essa frase foi concebida para enganar os desinformados, para fazê-los pensar que a "Igreja" de Roma é a favor da liberdade de expressão e de ideias. Ela nunca foi a favor dessas ou de quaisquer outras liberdades, como sua longa história demonstra amplamente. E, de fato, essa seção continua imediatamente como segue: "Impõe-se, pois, reafirmar, com o Concílio Vaticano II, que a liberdade de expressão, dentro dos limites da moralidade e do bem comum, é um direito dos indivíduos e dos grupos." Ah! Isso revela o jogo, mas infelizmente não para as massas desinformadas, que não veriam nada de sinistro nessa frase, que vem logo após a declaração sobre liberdade de expressão e ideias. Muitos leriam essa frase e pensariam consigo mesmos: "Sim, isso é verdade; a liberdade de expressão não pode ser concedida caso prejudique o bem comum e a moralidade". Mas o que Roma quer dizer com "o bem comum"? Ao comentar essa mesma seção do documento do Vaticano, o autor D.J. Beswick explica corretamente o significado papal por trás dessas palavras:

"Vimos que a exigência de não entrar em conflito com o bem comum é equivalente a agir de acordo com as instruções e orientações da hierarquia católica romana. Portanto, é fácil ver como essa liberdade de expressão deve ser permitida: "dentro dos limites da moralidade e do bem comum". Em termos práticos, isso significa que a liberdade de expressão é permitida desde que não haja crítica pública à Igreja Católica ou à política social católica, ou, em outras palavras, pode-se criticar qualquer coisa ou qualquer pessoa, desde que não se pise nos calos católicos." [481]

Assim, Roma procura controlar a liberdade de expressão, permitindo-a desde que o catolicismo ou qualquer uma de suas obras não seja criticado pela mídia de massa. É claro que, na prática, Roma foi apenas parcialmente bem-sucedida nesse ponto; mas a questão é que esse é o objetivo declarado de Roma, e ela trabalhará constantemente para o dia em que poderá manipular e controlar totalmente a mídia de massa em seu benefício.

A Seção 29 é muito reveladora: "Campanhas e propaganda só serão lícitas na medida em que os seus objetivos e métodos sejam conformes à dignidade do homem, estejam ao serviço da verdade, ou das causas que contribuem para o bem comum dessa nação e do mundo inteiro, dos indivíduos e dos grupos."

Há décadas, Roma vinha promovendo diligentemente sua própria "campanha e propaganda" por meio da TV e do cinema quando isso foi escrito. Esse parágrafo foi uma tentativa de justificar suas ações. Visto que Roma acredita ser a única propagadora e defensora da verdade, quando ela afirma que campanhas e propaganda só são lícitas se "servirem à verdade", isso significa simplesmente que devem servir aos interesses da instituição católica! Para Roma, "causas que contribuem para o bem comum" são causas do interesse dela, pois Roma acredita que o mundo inteiro deve se submeter à sua autoridade.

Em seguida a esse raciocínio jesuítico inteligente, que o público em geral não seria capaz de entender, a Seção 30 declara: "Há tipos de propaganda absolutamente inadmissíveis e diretamente opostos ao bem comum: propagandas, por exemplo, que usam métodos de persuasão onde uma resposta pública e aberta não é possível; que deturpam a realidade ou difundem preconceitos; que espalham meias verdades, instrumentalizam a informação ou omitem elementos importantes. Todos estes métodos, enfim, que inibem a liberdade de discernimento crítico devem ser rejeitados."

Os termos não refletem as definições do dicionário; refletem o que aqueles que os usam querem que signifiquem. Nesse parágrafo, Roma mostra sua antipatia por qualquer "propaganda" que não seja sua própria propaganda (que ela justifica na Seção 29, como visto acima). É apenas a propaganda católica que, no que diz respeito à Roma, "serve à verdade" e é "de interesse público"; portanto, quaisquer pontos de vista diferentes do seu são visto como "propagandas... que deturpam a realidade ou difundem preconceitos; que espalham meias verdades, instrumentalizam a informação ou omitem elementos importantes". O fato de os católicos na mídia de massa deliberadamente deturparem a realidade e distorcerem as mentes com meias verdades, reportagens seletivas e omissões é bom para Roma, porque, como ela declara, a propaganda católica "serve à verdade" e "promove causas que contribuem para o bem comum". Como Beswick comentou, "os ateus-comunistas usam o mesmo raciocínio circular". Ele escreveu ainda que: "Se a propaganda comunista em larga escala representa uma 'lavagem cerebral comunista', então o que representa a propaganda católica em larga escala? Vimos que a promoção de campanhas e propaganda 'com o objetivo de influenciar a opinião pública são lícitas somente quando servem à verdade', mas isso não nos diz nada, porque todas as campanhas e propaganda, sejam elas realizadas por comunistas ateus, católicos ou alguma outra ideologia, alegam servir à verdade e promover causas que contribuem para o bem comum." [482]

A Seção 42 diz: "Contudo, o direito à informação tem de ser limitado sempre que outros direitos se lhe opuserem.... o direito ao segredo, se as necessidades, o dever profissional ou o bem comum, o exigem. Informar, quando está em causa o bem comum, exige sempre prudência e discernimento."

Portanto, informar-se por meio de qualquer fonte de notícias católica ou pró-romanista (jornais, rádio, televisão), não implica garantia de que se está recebendo a história completa. Veja, por exemplo, o abuso sexual de crianças cometido por padres. Isso vinha ocorrendo há centenas e centenas de anos antes de se tornar um escândalo internacional nas décadas de 1990 e 2000. Porventura, isso já havia sido total ou adequadamente relatado pelas fontes da mídia católica antes disso? Não. O motivo: Roma não julgava essas notícias como sendo "do interesse do bem comum". Em vez disso, considerava que essas informações exigiam "prudência e discernimento", pois "o bem comum está em causa". Mas por "bem comum", Roma quer dizer o que é bom para Roma!

De modo que o segredo deve ser aplicado quando o "bem comum" assim o exigir, e como a Ação Católica está trabalhando para o "bem comum", então o segredo é admitido quando as maquinações da Ação Católica assim o exigirem. A completa falta de conhecimento público da Ação Católica mostra que essa diretriz é fielmente aplicada." [483] Agora, um parágrafo muito revelador. A seção 106 declara: "Como representantes da Igreja, bispos, padres, religiosos e leigos são convidados insistentemente a escrever na imprensa, a participar em emissões radiofónicas e televisivas ou a colaborar em produções. Eles são calorosamente incentivados a realizar esse trabalho, que tem consequências muito mais importantes do que normalmente se imagina."

Em obediência a essa diretriz, os padres eram vistos atuando como conselheiros nas produções de Hollywood, mesmo nas mais diabólicas, macabras e sexualmente explícitas, se acreditassem que assim promoveriam a causa do catolicismo. Alguns até se tornaram atores. Isso será bem demonstrado um pouco mais adiante, quando examinarmos o filme O Exorcista.

A Seção 145 diz: "Os centros católicos especializados em cinema devem colaborar com as suas congêneres dos outros meios de comunicação social no esforço de planejar, produzir, distribuir e exibir filmes imbuídos de princípios religiosos. Com discernimento, devem também empregar para o ensino religioso todos os novos desenvolvimentos nesse campo que tornam possíveis produções de baixo custo. Isso inclui discos de gramofone, gravadores de áudio e vídeo, videocassetes e todas as outras máquinas que gravam e reproduzem som ou imagens estáticas ou em movimento."

Naturalmente, foram feitos grandes avanços nesses campos desde que o texto foi escrito, mas assim como a instituição católica fazia largo uso desses equipamentos antiquados, hoje ela faz o mesmo com os novos recursos.

Pieces of Dreams (1970): Hollywood ataca o celibato sacerdotal

No mundo pós-Vaticano II e em meio à iníqua revolução sexual e à filosofia do vale tudo da década de 1960, que varreu toda uma geração de jovens ocidentais desiludidos, literalmente milhares de padres deixaram a "Igreja" de Roma, incapazes de aceitar ou promover seus ensinamentos sobre aborto, contracepção, divórcio, homossexualidade, infalibilidade papal, etc. Para eles, o mundo havia mudado e a "Igreja" havia sido deixada para trás, presa a uma moralidade antiquada que, na opinião deles, estava fora de contato com as realidades do mundo moderno. Em particular, esses jovens padres rejeitavam o celibato sacerdotal como antiquado e desnecessário. Hollywood, é claro, não demorou a abordar esses temas, produzindo filmes que inevitavelmente mostravam padres tendo casos (geralmente com freiras) e depois deixando sua "Igreja". É exatamente isso que ocorre em Pieces of Dreams.

O tema era muito real. Essas coisas aconteciam o tempo todo. Na verdade, elas sempre aconteceram, ao longo dos séculos. A única diferença era que, nos anos 1960 e depois, isso recebeu ampla divulgação, e milhares de ex-padres não se sentiam constrangidos em admitir isso.

M*A*S*H (1970): a religião católica é ridicularizada

Ring Lardner recebeu um Oscar pelo roteiro de M*A*S*H. Um quarto de século antes, ele havia se recusado a testemunhar perante o Comitê de Atividades Antiamericanas da Câmara dos Representantes sobre sua possível filiação ao Partido Comunista, e agora foi recompensado por uma produção que não era apenas uma crítica ao envolvimento dos Estados Unidos em guerras, mas também um ataque direto à religião, em especial à religião católica. Robert Altman, o diretor, era católico e, não obstante, M*A*S*H foi "o primeiro grande filme americano a ridicularizar abertamente a crença em Deus – não uma crença falsa; uma crença real", de acordo com o crítico Roger Greenspun, do New York Times. [484] Claramente, Altman era um romanista muito desiludido. Os capelães católicos eram retratados como tolos, os sacramentos, zombados, e o pecado sexual era glorificado. Personagens que liam a Bíblia e oravam eram ridicularizados. O sexo, de fato, substitui a religião no filme. O sexo, em essência, é a religião, assim como era a religião de multidões de jovens daquela época.

O Poderoso Chefão (1972): reveladas as conexões da máfia com Roma

A atitude de Hollywood em relação à Roma havia mudado radicalmente. Sem nenhum Código de Produção pró-católico, os diretores e produtores sentiam-se livres para produzir o que quisessem e para atacar toda e qualquer religião, inclusive a católica. E eles o fizeram com denodada vingança, retratando temas como intrigas, assassinatos, corrupção, sexo e muito mais como se estivessem intimamente ligados à "Igreja" Católica.

Em 1972, foi lançado O Poderoso Chefão, seguido por O Poderoso Chefão: Parte II em 1974. Esses filmes se tornaram ícones para os cinéfilos. Neles, o romanismo e o submundo do crime organizado da máfia italiana na América estão constantemente entrelaçados e justapostos, com os crimes cometidos na trama sendo vinculados a rituais romanistas solenes. "Do casamento ao batismo em O Poderoso Chefão, da primeira comunhão à oração final na hora da morte em O Poderoso Chefão II, a religião organizada e o crime organizado se revelam como duas faces de uma única moeda manchada de sangue." "O catolicismo é revelado como outro esquema, outro conjunto de oportunidades para obter vantagem mentindo para si mesmo e para os outros, outra hierarquia de poder absoluto cujas mãos são beijadas". [485] Parece um exagero acreditar que a intenção do cineasta de entrelaçar o romanismo com a máfia é apenas porque os personagens são italianos e, portanto, o romanismo é parte integrante de suas vidas, e não por qualquer propósito sinistro de retratar a religião romana como má em si mesma. O diretor do filme, Francis Ford Coppola, um católico, declarou: "Decidi incluir alguns rituais católicos no filme, que fazem parte de minha herança católica.... Eu nunca tinha visto um filme que capturasse a essência do que era ser um ítalo-americano." [486] Mas ele não estava sendo totalmente honesto ao dizer isso. O romanismo é retratado como estando integralmente ligado a figuras malignas da máfia italiana – como acontece no mundo real. Os padres italianos são retratados como menos preocupados com a vida de seus paroquianos italianos do que com os rituais externos e vazios da "Igreja". Desde que os paroquianos participem dos rituais, os padres estão satisfeitos. Eles não pedem mais nada, e os gângsteres continuam a prosperar e a cometer crimes terríveis, enquanto permanecem em boa situação no seio da "Igreja", na qual viveram a vida inteira.

Mean Streets (1972): uma representação sombria da culpa popular

Outro filme que mostra a interação entre o catolicismo e o crime ítalo-americanos, produzido por Martin Scorsese, um católico de Little Italy, em Nova York, que também era ex-seminarista e, portanto, muito familiarizado com o sacerdócio. Foi dito sobre seus filmes que eles são "perturbadoramente sexuais, embaraçosamente pessoais, extremamente violentos e intensamente religiosos". [487]

A história gira em torno de um homem ítalo-americano, católico, envolvido com a máfia, e sua culpa e desejo de perdão e conforto por parte de sua "Igreja", duas coisas que ele simplesmente não consegue encontrar. Tudo o que ele experimenta de sua "Igreja" é mais culpa, não paz ou perdão. Naturalmente, essa é a realidade de milhões e milhões de católicos em todo o mundo: sua "Igreja" os aprisiona em um ciclo aparentemente interminável de culpa e confissão, mas isso não traz paz a ninguém que esteja realmente perturbado por seus pecados. Infelizmente, Scorsese sabia disso muito bem. Contudo, a maioria desses católicos permanece em sua "Igreja" porque é tudo o que eles conhecem, esperando constantemente por aquilo – o perdão dos pecados – que eles nunca poderão encontrar ali, visto que é uma igreja falsa e que proclama um falso caminho de salvação.

Último Tango em Paris (1973): sem indignação católica generalizada

À medida que a década de 1970 avançava, era é um fato cristalino que a moral dos católicos americanos decaía ainda mais, com produções vis e imorais sendo elogiadas em publicações católicas. Por exemplo, em 1973, foi lançado Último Tango em Paris, um filme que continha cenas de nudez, sexo perverso e degradante, masturbação e assassinato; no entanto, os críticos do NCOMP não estavam de acordo sobre o filme, com um padre recomendando uma classificação "A4" e outro crítico chamando o filme de "experiência impressionante e avassaladora". As publicações católicas também estavam longe de ser condenatórias. "A opinião católica na Commonweal, America e Listener refletiu a mudança radical nos Estados Unidos em relação a filmes desse gênero. Não houve nenhum sentimento de indignação moral, nenhuma exigência de boicote nacional por parte dos católicos." [488]

Irmão Sol, Irmã Lua (1973): um Francisco de Assis hippie

Esse filme, sobre a vida do "santo" católico Francisco de Assis, foi produzido pelo católico Franco Zefirelli. Mas retratava Francisco como uma criança florida virtual, sem dúvida para atrair a geração hippie. [489]

Godspell e Jesus Cristo Superstar (1973): Hollywood declara temporada aberta contra o Filho de Deus

Agora que não havia um Código de Produção de autoria jesuíta, nem administradores católicos do Código de Produção respirando em seus pescoços, os produtores esquerdistas de Hollywood declararam aberta a temporada de caça ao verdadeiro e ao falso cristianismo, e até mesmo à pessoa do próprio Senhor Jesus Cristo. Nas produções da época, Cristo é atacado, zombado e ridicularizado. Ele não é retratado como divino, mas apenas como humano - às vezes, humano demais: um hippie errante, um sectário do "amor livre", uma caricatura do tipo "vale tudo", Seus discípulos eram meros groupies do tipo que seguiam as estrelas do rock da época. Godspell e Jesus Cristo Superstar são os exemplos mais flagrantes disso, mas não são os únicos.

O romanismo, contudo, não era uma força desgastada em Hollywood, como demonstra o envolvimento dos jesuítas na indústria cinematográfica. O filme O Exorcista é um exemplo representativo.

O Exorcista (1973): um filme de terror jesuíta

Essa produção não só ultrapassou todos os limites da decência, atingindo novos patamares no gênero de filmes de terror, mas também fez algo mais. "O Exorcista não é apenas um filme de terror; é um filme de terror católico. E, mais especificamente, é um filme de terror jesuíta." [490]

De fato. Mas como isso é possível?

O filme foi lançado em 1973. William Peter Blatty, um americano católico de ascendência libanesa, foi seu roteirista e produtor. Ele se formou na Universidade de Georgetown, uma instituição jesuíta e a mais antiga universidade católica da América. O próprio Blatty havia pensado em se tornar um padre jesuíta. Sua mãe havia falecido recentemente e ele tinha muitas dúvidas sobre a vida após a morte e queria fazer um filme a respeito. Enquanto estava na Georgetown, ele leu sobre um exorcismo católico e decidiu produzir um filme com essa temática. A possessão demoníaca sobre a qual ele leu dizia respeito a um garoto luterano de 14 anos de idade, em Maryland, que havia experimentado fenômenos poltergeist em seu quarto depois de brincar com o tabuleiro Ouija. O pastor luterano da família não pôde fazer nada pelo menino, dizendo-lhes para procurar um padre católico, pois "os católicos sabem sobre coisas assim". Foi o que fizeram, e o garoto teria sido libertado depois que padres jesuítas realizaram rituais de exorcismo durante um mês. O menino foi batizado como católico durante esse período. Em 1950, um dos jesuítas envolvidos palestrou na Universidade de Georgetown, onde Blatty estudava. [491] Isso teve um efeito profundo sobre ele.

Blatty continuou fascinado por exorcismos e, após a morte de sua mãe (e incentivado pelo padre jesuíta Thomas V. Bermingham, que mais tarde interpretou o presidente da Universidade de Georgetown no filme), ele se isolou em 1969 e escreveu um romance intitulado The Exorcist. A obra se tornou um best-seller e posteriormente foi adaptada para as telas.

Assim, o roteirista/produtor do filme era um papista educado por jesuítas; o diretor do filme, por outro lado, era William Friedkin, um judeu agnóstico! Aqui vemos mais uma colaboração papista/judaica em um filme de Hollywood. Desde seus primeiros anos, Hollywood esteve sob a influência de papistas e judeus e, mesmo agora, apesar de o Código de Produção ter sido removido há muito tempo, essa colaboração ainda continua, ocasionalmente.

O Exorcista é sobre uma garota cuja mãe vai à Universidade de Georgetown – a instituição jesuíta em que Blatty estudou e que aparece com destaque no filme de várias maneiras. Quando a menina começa a se comportar de maneira violenta e obscena, mostrando sinais de possessão demoníaca, sua mãe pede a um jovem padre-psiquiatra jesuíta, que começou a questionar sua fé após a morte de sua mãe, para realizar um exorcismo. Ele, juntamente com outro padre exorcista, realiza o ritual, a garota é libertada, mas os dois padres morrem. Esse final, embora defendido por Friedkin, o diretor judeu, foi muito insatisfatório para Blatty, o roteirista-produtor papista, porque transmite a impressão de que o mal havia triunfado, o que não era o que ele pretendia transmitir.

O filme, no entanto, transmitiu outras coisas que Blatty queria dizer. Por exemplo, os jesuítas estão dispostos a morrer por sua religião ao longo de sua história, e muitos deles o fizeram. A morte dos dois exorcistas jesuítas, portanto, era quase esperada (no filme) no sentido de que eles são padres "heroicos" dispostos a dar a própria vida para libertar a jovem do demônio. O padre principal da história grita para o demônio: "Leve-me! Entre em mim!" O demônio atende, e o padre sofre uma morte violenta; contudo, sua morte é vista como um sacrifício de amor pela alma da garota. É por isso que Blatty deu o nome Damien Karras ao personagem: "Damien" era o nome de um "santo" do século III que foi brutalmente assassinado; Era também o nome de um padre do século XIX que morreu de lepra enquanto ministrava aos leprosos em uma ilha do Havaí; e o sobrenome "Karras", explicou Blatty, evocava a palavra latina caritas, ou "amor caridoso". [492]

Até mesmo as dúvidas do padre Karras sobre sua fé e sua luta física com o demônio foram baseadas diretamente no livro didático jesuíta, Os Exercícios Espirituais, escrito pelo fundador do Ordem, Inácio de Loyola. Loyola escreveu que "é característico do espírito maligno assediar com ansiedade, afligir com tristeza, erguer obstáculos apoiados por raciocínios falaciosos que perturbam a alma"; e "a ação do espírito maligno sobre essas almas é violenta, ruidosa e perturbadora". [493]

Ao fazer com que o jesuíta Karras chamasse o demônio para possuí-lo em vez de a garota, e depois fazê-lo morrer como um homem possuído pelo demônio, Blatty afirmou (na revista jesuíta America, em fevereiro de 1974) que o padre agiu por amor e, ao sacrificar sua própria vida dessa forma, derrotou o demônio. No entanto, o diretor Friedkin filmou o fim violento do padre de forma a deixar incerto qual seria o seu destino final. Aqueles que assistiam ao filme tinham que decidir por si mesmos se o padre realmente havia conseguido derrotar o demônio.

Obviamente, nenhum cristão verdadeiro diria tal coisa a um demônio, nem tampouco pode ser possuído por demônios.

Blatty não era apenas um católico educado por jesuítas, mas padres jesuítas reais serviram como consultores para o filme e até atuaram nele. O padre jesuíta William O'Malley fez o papel do padre jesuíta Dyer, e o padre jesuíta Thomas Bermingham fez o papel do presidente da Universidade de Georgetown. Esses homens, que afirmam ser "homens de Deus", "outros Cristos" (como dizem os sacerdotes de Roma), ficaram felizes em participar de uma produção com linguagem vil, violência extrema e sexo pervertido! Isso realmente mostra a natureza do catolicismo. Eles foram capazes de ignorar essas coisas, pois sabiam que isso promovia o poder do romanismo, que era tudo o que importava para eles. Ao se tornarem atores e consultores, esses jesuítas estavam simplesmente obedecendo à diretriz dada na Seção 106 da "Instrução Pastoral sobre os Meios de Comunicação Social" de Roma (Communio et Progressio), emitida apenas dois anos antes, em 1971, que (conforme vimos) declara: "Como representantes da Igreja, bispos, padres, religiosos e leigos são convidados insistentemente a escrever na imprensa, a participar em emissões radiofónicas e televisivas ou a colaborar em produções. Eles são calorosamente incentivados a realizar esse trabalho, que tem consequências muito mais importantes do que normalmente se imagina." Em breve veremos quão importantes seriam essas consequências para Roma quando O Exorcista fosse lançado.

Para obter o máximo de realismo possível dos atores, Friedkin empenhou-se diligentemente no set ao produzir esse filme de terror. Ele e sua equipe disparavam armas de fogo às vezes, simplesmente com o objetivo de deixar os atores tensos e nervosos. O complexo aparelhamento causava dor real em alguns dos atores e seus gritos eram genuínos. Friedkin chegou a dar um tapa no rosto do padre jesuíta O'Malley enquanto as câmeras rodavam, para que a dor real fosse registrada em seu rosto. Às vezes, o cenário era muito frio, chegando a 10 graus abaixo de zero, de modo que os atores realmente sentiam frio e sua respiração ficava congelada, para demonstrar como o demônio sugava o calor do ar. E, além de tudo, ocorreram desastres muito reais no set, como o incêndio de um cenário interno. Começaram a circular rumores de que a produção estava amaldiçoada, rumores que Friedkin ficou feliz em incentivar. Todas essas coisas deixaram todos muito nervosos, o que levou o padre jesuíta Bermingham a "benzer" o set. [494]

Embora Friedkin tenha tentado deliberadamente criar uma atmosfera tensa, dor real, etc., não temos dúvida de que forças demoníacas trabalharam nos bastidores desse filme.

A estreia de O Exorcista foi um grande sucesso, com longas filas e seguranças para evitar tumultos. O público ficou profundamente chocado com sua natureza horripilantemente gráfica. Além de ser repleto de violência, práticas sexuais degradantes e linguagem obscena, o filme contém cenas de urina e vômito e, obviamente, representações gráficas de possessão demoníaca. Seguiu-se uma histeria em massa: algumas pessoas vomitaram enquanto assistiam, outras desmaiaram, outras correram aterrorizadas para as saídas, outras choraram compulsivamente e outras acreditaram que tinham sido possuídas por demônios enquanto assistiam ao filme. Não há motivo para duvidar de que, pelo menos em alguns casos, isso realmente tenha acontecido. Para ajudar no caos, enfermeiras estavam presentes quando o filme estreou em Nova York. Em Los Angeles, um gerente de cinema estimou que, em cada exibição, havia uma média de quatro pessoas que desmaiavam, seis que vomitavam e muitas que deixavam o cinema em pânico. Houve relatos de ataques cardíacos e até mesmo de um aborto espontâneo durante a exibição do filme. Algumas pessoas foram internadas em hospitais depois de assisti-lo. Um garoto britânico aparentemente morreu de um ataque epilético no dia seguinte à exibição do filme; um garoto alemão deu um tiro na cabeça; um adolescente matou uma menina de nove anos e disse que o fez porque estava possuído pelo demônio; um homem matou sua esposa com as próprias mãos depois de acreditar que estava possuído. Na verdade, em todos os lugares havia pessoas afirmando que elas ou seus filhos estavam possuídos. [495] A possessão demoníaca, como mostra a Bíblia, é um fenômeno muito real e, sem dúvida, esse filme de terror foi um instrumento do diabo em muitos casos de possessão real na época.

O "estranho efeito do filme sobre meninas adolescentes" fez com que o British Board of Film Classification se recusasse a permitir a distribuição de cópias na Grã-Bretanha até 1999. Sim, realmente havia um poder sombrio atuando nos bastidores.

Contudo, assim como o conteúdo vil do filme não impediu que os padres jesuítas atuassem nele, também não impediu que certos jesuítas o elogiassem. Por exemplo, na revista jesuíta America, o padre jesuíta Robert Boyle falou bem do filme pela forma como retrata a comunidade jesuíta, entre outras coisas. [496]

Essa disposição dos jesuítas em atuar no filme e elogiá-lo não é nada surpreendente, tendo em vista o lema extraoficial dos jesuítas de que "o fim justifica os meios" e sua forte crença no poder do teatro (e do cinema) de influenciar o público de acordo com as linhas jesuítas. Ao produzir esse filme, Blatty deu ao mundo nada menos que "teatro jesuíta". [497]

O que O Exorcista fez pelo catolicismo foi fenomenal. Como disse uma crítica de cinema, Pauline Kael, da New Yorker, foi "o maior cartaz de recrutamento que a Igreja Católica teve desde os dias mais ensolarados de Going My Way e The Bells of Saint Mary's". O filme "diz que a Igreja Católica é a verdadeira fé, temida pelo Diabo, e que seus rituais podem exorcizar demônios". [498] Precisamente. Assim como aquele pastor luterano orientou uma família de seu rebanho a procurar um sacerdote de Roma para obter ajuda em um caso de possessão demoníaca, agora, após o lançamento do filme, os não papistas começaram a procurar cada vez mais os sacerdotes de Roma para ajudá-los com exorcismos. Como resultado de O Exorcista, pessoas de várias convicções religiosas se convenceram de que, se fosse necessário fazer um exorcismo, era preciso chamar um sacerdote de Roma. Essa fé em padres exorcistas também se refletiu em outros filmes: por exemplo, em The Amityville Horror (1979), em que uma família chama o padre da paróquia para exorcizar sua casa. De fato, esse filme de terror jesuíta aumentou imensamente o poder e o prestígio do sacerdócio romano.

"Para uma América encharcada de promulgações do tipo 'Deus está morto', O Exorcista foi uma revelação surpreendente, um eterno não ao humanismo secular, uma homenagem ao demoníaco e ao angelical, um poema épico do catolicismo." [499]

"Muito antes de William Peter Blatty ler sobre o exorcismo de 1949 em Maryland, ele estava sendo doutrinado pelos jesuítas. Blatty – talvez não intencionalmente – articulou em seu romance e filme temas que lhe haviam sido ensinados durante seus oito anos de educação jesuíta, o que foi notado por jesuítas como Robert Boyle. O Exorcista... [pode ser visto] como uma expressão... de uma complicada espiritualidade jesuíta." [500] Isso é correto. Como mostramos em outra parte deste livro, os jesuítas, quase desde seu início, estavam bem cientes do poder do teatro para comover o público, e escreveram e produziram muitas peças. Posteriormente, com a invenção do cinema, eles continuaram a usar seus métodos com o mesmo objetivo. Deve-se lembrar que, séculos atrás, os jesuítas estavam na vanguarda de produções teatrais elaboradas que deslumbravam o público. E essa estratégia jesuíta é vista claramente em O Exorcista. "As imagens explícitas que dão a O Exorcista grande parte de seu poder surgiram da mesma herança jesuíta." [501]

William Peter Blatty havia, provavelmente sem saber, servido bem a Satanás. Os jesuítas, que durante séculos estiveram na vanguarda da educação, do teatro e, mais tarde, da indústria cinematográfica, precisamente com o objetivo de moldar o mundo à sua própria imagem, haviam moldado e depois orientado Blatty a desempenhar um papel importante no avanço da causa jesuíta/papista. Um filme de terror vil fez maravilhas para a "Igreja" Católica.

É interessante notar que, na época em que O Exorcista foi produzido e lançado, Blatty afirmou que não era mais um católico praticante. Porém, ele não se considerava um "ex-católico", mas apenas um "cristão". Certa vez, ele disse que não existe "ex-católico", pois a religião católica é "como uma mulher com quem você teve filhos; ela está sempre em seu sangue". [502] De fato, mesmo que ele não fosse mais um papista praticante (e com os jesuítas e seus pupilos nunca se pode ter certeza disso), o filme de Blatty ainda era extremamente papista, servindo muito bem aos interesses do Vaticano. Blatty, instruído pelos jesuítas, criou um filme pró-jesuíta que fez maravilhas para a Ordem. As impressões digitais dos jesuítas estão por toda parte.

E ainda assim... embora certamente fosse sua intenção dar ao mundo um filme pró-papista e pró-jesuíta (e para muitos era exatamente isso que ele é, fazendo maravilhas por Roma), para muitos outros teve o efeito oposto; não passava de "um verdadeiro show de horrores desprovido de Deus e de humanidade", [503] na medida em que retrata um Deus fraco e padres muito fracos se opondo a um demônio muito poderoso, uma "Igreja" Católica que usava rituais primitivos, medalhas milagrosas, água benta e cerimônias, em vez de algo realmente genuíno. "A Warner Brothers teve o maior sucesso da temporada de Natal não por celebrar um Deus de amor infantil, mas por oferecer uma obra-prima de terror que chafurdava em maldições, blasfêmias, profanações, arrebatamentos de espíritos, levitações, perversão sexual, histeria, espíritos malignos, frustração, dúvida e desespero. O público não vinha para ser elevado, mas para ser 'enojado'." [504] Há muita verdade nisso. Para muitos, era um filme de recrutamento pró-católico; para muitos outros, era um ataque ao catolicismo, uma negação de seu suposto poder e santidade. Muito disso não agradou a Blatty. Ele discordou do diretor Friedkin sobre o final em que o padre parece ter sido derrotado por Satanás. E ele discordou de Friedkin sobre outras cenas que acabaram sendo excluídas do filme, cenas que Blatty achava que eram cruciais para explicar a teologia por trás do filme. Mas Friedkin queria apenas ação, não pausas para explicações teológicas. Até esse ponto, os jesuítas não tinham tudo o que queriam com as filmagens. Ademais, o filme é tão graficamente horrível que, francamente, é duvidoso que qualquer inclusão de uma teologia romanista numa tentativa de explicar o filme e dar a ele um propósito abertamente católico teria sido bem-sucedida. O filme é tão repleto de imagens de horror – crucifixos cobertos de sangue, vômito, linguagem imunda e, acima de tudo, práticas sexuais degradantes – que qualquer "mensagem" católica evidente teria fracassado. Um crítico o classificou apenas como um "filme pornô religioso". [505]

Mas, como se viu, anos depois William Peter Blatty conseguiu o final do filme que sempre quis. Conforme observamos, ele sempre ficou insatisfeito com o final, pois parecia indicar que o mal havia triunfado. Blatty queria que o filme terminasse de uma forma que ele considerasse edificante. Em 2000, ele e Friedkin reeditaram o filme, acrescentaram onze minutos de novas filmagens e o relançaram, anunciando-o como "A versão que você nunca viu". "Na versão de 2000, Regan [a jovem] não apenas reconhece o simbolismo do colarinho romano do padre Dyer com um beijo afetuoso, mas também sorri e acena para ele enquanto o carro se afasta. Ela passou por algum tipo de transformação. Em vez de dar a medalha de Karras ao Padre Dyer, como faz no filme original, Chris MacNeil [a mãe] fica com ela. Blatty explicou que esse gesto significava que 'ela agora está aberta à fé'". [506] Além disso, o filme agora termina com o padre Dyer encontrando o detetive judeu e saindo de braços dados; e as últimas palavras são: "Deus é grandioso".

Programas de TV americanos pró-papistas da década de 1970

Certos programas de TV americanos foram de especial valor para Roma nessa época. Um deles era The Archie Bunker Show, uma série de comédia muito popular. Carroll O'Connor, o irlandês-americano que interpretava o personagem principal, recebeu o "Prêmio St. Genesius" em Roma, que era concedido periodicamente a atores católicos de destaque. [507]

A influência mundial de Roma sobre a mídia de massa em meados dos anos 1970

A influência maciça do catolicismo na radiodifusão americana na primeira metade da década de 1970 é demonstrada pelo número de programas católicos de rádio e TV, alguns dos quais eram transmitidos há décadas e a maioria era propagada pelo Departamento de Comunicações da Conferência Nacional dos Bispos Católicos e pela Conferência Católica dos Estados Unidos. Em 1974, o  Catholic Almanac listou os seguintes programas de rádio romanistas: Christian in Action, um programa semanal ouvido em mais de 50 estações de rádio; Christopher Radio Programme, um programa semanal ouvido em 937 estações; Christopher "Thought for Today", um programa diário em mais de 2.600 estações; Crossroads, um programa semanal em quase 325 estações e produzido pelos "Padres" e "Irmãos" Passionistas; Guideline, um programa semanal ouvido em aproximadamente 90 estações; e Sacred Heart Programme, cinco programas de 15 minutos e um programa de meia hora produzido semanalmente pelos jesuítas. E listou os seguintes programas de TV católicos: Sacred Heart Programme, um programa semanal produzido pelos jesuítas; Directions, um programa semanal em mais de 100 estações; Look Up and Live, em aproximadamente 120 estações; e Religious Specials, cujas partes católicas eram transmitidas em aproximadamente 175 estações. [508]

Mas não foi apenas nos Estados Unidos que o catolicismo exerceu uma enorme influência na mídia de massa na primeira metade dos anos 1970. Na Grã-Bretanha, os católicos se infiltraram sistematicamente em posições-chave na radiodifusão e em outras áreas da mídia de massa. A edição de 1974 do Official Catholic Directory of England and Wales forneceu os nomes e endereços de 26 padres papistas ligados à BBC como consultores de rádio local; 12 padres ligados às empresas de TV independentes; quatro representantes católicos (dois bispos, um padre e um "leigo") no Comitê Consultivo Religioso Central da BBC e da ITA; o padre que era assistente católico do chefe de transmissão religiosa da BBC; o padre que era assistente católico para transmissão religiosa para o norte da Inglaterra, Midland e País de Gales; o padre que era o representante católico no conselho consultivo religioso da Independent Broadcasting Authority; e o diretor e o conselho de curadores, a maioria dos quais eram bispos, do Catholic Radio and Television Centre em Middlesex. [509]

E se esse era o número de padres envolvidos no sistema de transmissão britânico, pode-se imaginar o número de funcionários católicos distribuídos por todo o sistema.

O mesmo tipo de infiltração papista ocorreu na Nova Zelândia. Era tão óbvio que, em meados da década de 1970, a Radio New Zealand era conhecida coloquialmente, pelos altos funcionários não romanistas do setor de radiodifusão, como "Rádio Vaticano", assim como a NZBC antes dela. A maioria dos cargos importantes era ocupada por papistas. [510] Na verdade, de acordo com um funcionário sênior não-papista da emissora em 1975, 82% de todos os funcionários da NZBC eram papistas e a seção de programação era composta inteiramente por papistas. [511] Isso em um país onde os papistas constituíam apenas 17% da população na época.

Segundo o New Zealand Tablet de 19 de maio de 1976, a Liga das Mulheres Católicas e as escolas católicas estavam procurando promover ativamente o envolvimento na mídia, especialmente na televisão, "para promover os valores cristãos e humanos". [512]

De fato, é correto dizer que em meados dos anos 1970: "Se considerarmos uma visão generalizada do material apresentado em nossos meios de comunicação de massa, há indícios de uma influência católica sistemática na mídia em todo o mundo ocidental"; e "em todo o mundo ocidental, o controle do fluxo de informações nos meios de comunicação de massa é fundamentalmente um fenômeno da Ação Católica". [513]

O movimento conhecido como Ação Católica foi uma das principais influências sinistras nos bastidores para que isso acontecesse. Embora apenas uma minoria dos católicos pertencesse à Ação Católica, cerca de 10%, ela era, no entanto, extremamente poderosa, exercendo uma influência desproporcional sobre a sociedade onde quer que estivesse ativa. Como é verdadeiro este comentário: "No caso da Nova Zelândia, esse número [10% dos católicos] representa 50.000 pessoas. Agora, se, para fins de argumentação, houvesse 50.000 Acionistas Ateus-Comunistas na Nova Zelândia envolvidos em atividades como a programação de radiodifusão (dando um sutil viés comunista a notícias e assuntos atuais etc.)... ou se houvesse suspeita disso – então o não comunista pensante ficaria muito preocupado com as implicações". [514] Por que, então, os católicos não romanos não se preocupavam com a natureza militante da Ação Católica e de outros movimentos papistas e sua infiltração em áreas importantes da sociedade, e por que ainda hoje não se preocupam? Tragicamente, é porque os protestantes e outros esqueceram a verdade sobre o romanismo e seus planos de dominação mundial; planos que são mais insidiosos e, em última análise, mais perigosos do que os de dominação mundial do comunismo internacional ou do islamismo internacional.

"O advogado e escritor católico, o falecido Edmond Paris, mostrou que quando um movimento organizado como a Ação Católica controla a mídia, ele também controla os assuntos do país." [515]

The Omen (1976) e suas sequências: o romanismo retratado como um "cristianismo" fraco e inútil

Esses filmes de terror – The Omen (1976), Damien - Omen II (1978) e The Final Conflict - Omen III (1981) – retratam o triunfo das forças satânicas sobre os padres e rituais católicos e representam os padres como tolos e cômicos, bem-intencionados, mas incapazes de deter as forças das trevas.

The Omen foi adaptado de um romance gótico de David Seltzer, um livro sobre uma época em que "a democracia estava desaparecendo, as drogas que prejudicam a mente haviam se tornado um modo de vida... Deus estava morto". Tratava-se da época da vinda do Anticristo, e a humanidade não podia fazer nada para impedi-la. O catolicismo é retratado como um cristianismo totalmente impotente, uma religião de superstição e, além disso, repleta de padres e freiras que eram, na verdade, satanistas secretos. Na história, a família adotiva do Anticristo é uma família católica disfuncional. O romanismo está em toda parte no filme, mas sempre sob uma luz negativa, uma religião de ritual ineficaz e supersticiosa.

Em Damien - Omen II, esse ataque ao romanismo e ao seu sacerdócio é intensificado. E em The Final Conflict - Omen III, o demônio realmente zomba e sodomiza uma estátua do "Cristo" de Roma. Novamente nesse filme, os sacerdotes são derrotados um após o outro. E ainda assim, no final, supostamente, "Cristo" vence. É uma vitória vazia, no entanto, considerando que em todos os três filmes há horas de celuloide retratando os triunfos e o poder de Satanás.

Rocky (1976) e suas sequências: o romanismo mantém sua cabeça erguida

Esse filme, e suas sequências, giram em torno de um personagem chamado Rocky Balboa, um boxeador ítalo-americano papista, interpretado por Sylvester Stallone, um ator ítalo-americano que se tornou um dos atores mais famosos e mais ricos da história de Hollywood.

Embora a série de filmes seja sobre um boxeador branco de peso pesado que vence boxeadores negros (e, na sequência dos sucessos de boxe de Muhammad Ali, isso foi bem recebido pelo público branco), é também uma produção em que o romanismo desempenha um papel importante, embora geralmente em segundo plano e não de forma explícita. Mas está sempre presente: seja representado por uma imagem de "Cristo" atrás do ringue em um clube de boxe, ou na cena em que Rocky pede a um padre para abençoá-lo, ou naquelas em que o personagem faz uma vigília em um santuário romanista, tem um casamento romanista, ou reza em uma capela hospitalar romanista. Ele pode seduzir a garota antes do casamento, pode ser um boxeador "do lado errado dos trilhos", pode não ser um romanista muito bom, mas no fundo ele ainda é um romanista; esse é o ponto. Ele é um italiano e, portanto, é um romanista. É parte de quem ele é. Foi dito que "a humanidade intrínseca de Rocky e seu amor incondicional pelo casamento, sua esposa e seus filhos oferecem um testemunho comovente da ênfase do catolicismo na santidade da família", [516] e isso pode ser verdade na medida em que Roma sempre enfatizou essas coisas em seu ensinamento; e, naturalmente, isso teria sido um grande impulso para o romanismo em uma época em que Hollywood havia direcionado seus ataques à "Igreja". Mas não nos enganemos aqui: a tão alardeada "ênfase do romanismo na santidade da família" foi, ao longo dos séculos, anulada por suas próprias práticas imorais: o celibato forçado para padres, contrário à instituição do casamento, levando a todas as imoralidades sexuais inomináveis das quais um sem-número deles tem sido culpado; sexo antes do casamento; maridos namoradores facilmente "absolvidos" ao ir à confissão; freiras trancadas em conventos e privadas das alegrias da vida conjugal; crianças e mulheres forçadas a confessar pecados sexuais a um padre solteiro; crianças abusadas por padres; e muito mais.

Além disso, apesar de toda a suposta promoção da santidade do casamento romanista, os filmes estão repletos de violência brutal em nome do esporte, linguagem obscena, etc. Nada disso, porém, parece preocupar os padres e leigos da "Igreja" de Roma.

Contudo, "Poucos retratos cinematográficos contemporâneos de católicos celebram realizações tão emocionantes [como "orgulho italiano, casamento católico e o círculo familiar"].... A maioria dos retratos contemporâneos do catolicismo étnico são sombrios, de vidas atrofiadas, culpa compulsiva e desespero permanente." [517] Isso foi escrito em 1984 e fazia sentido: após o fim da PCA e da Legião, Hollywood declarou guerra à religião católica. Foi um retrocesso cruel, uma reação contra as décadas em que o romanismo tinha sido, pela força, a religião do setor, e os cineastas (em sua maioria judeus) foram obrigados a se curvar ao domínio de Roma, embora estivessem bem cientes de que a imagem açucarada do romanismo frequentemente retratada nas telas estava longe de refletir a realidade sombria. Agora, com tudo isso no passado, os cineastas partiram para o ataque. Mas, para Roma, a franquia Rocky foi uma pausa bem-vinda na batalha.

Lipstick (1976): um ataque à falsa santidade das instituições romanas

Nesse filme, a "Igreja" católica é novamente atacada. Trata-se de um estuprador que é professor de música em uma escola romana para meninas e que é apoiado por freiras que se recusam a acreditar que ele seja culpado – e, no entanto, ele é o criminoso. Outras produções com linhas semelhantes foram lançadas nos anos seguintes.

Os Embalos de Sábado à Noite (1977): um filme de discoteca anticatólico

Depois que os dias do Código de Produção terminaram, Hollywood, em seu ataque total ao catolicismo, concentrou-se com mais frequência na atitude de Roma em relação às questões sexuais. Isso foi visto claramente em Os Embalos de Sábado à Noite, um musical imensamente popular centrado em uma família de imigrantes italianos em Nova York. Um filho é padre, o outro (interpretado por John Travolta) é um ídolo adolescente e astro de discoteca. O pai é um imigrante italiano desempregado, embora trabalhador, que já viveu dias melhores. A mãe é uma católica devota que encontra em sua religião um refúgio da realidade de sua vida e deseja que seu filho rebelde seja padre como seu irmão.

O irmão padre renuncia ao sacerdócio quando percebe que era padre apenas porque era isso que seus pais queriam para ele. E as moças do filme são moças católicas com uma moral muito frouxa. A cultura católica italiana muitas vezes inculcou o grande padrão duplo de moralidade sexual: os homens devem tentar seduzir as moças, mas as moças devem permanecer virgens ou se tornar prostitutas. Não há meio-termo: ou elas devem ser muito liberais ou muito virtuosas.

Tony, o filho rebelde, experimenta a vestimenta sacerdotal de seu irmão ex-padre. "Em uma cena ousada, a metáfora anticatólica mais marcante de todo o catecismo de Hollywood, Tony se imagina estrangulado pelas vestes do antigo credo. A cena, uma pantomima, detalha a ideia central sobre o catolicismo e a sexualidade no filme contemporâneo – o catolicismo é um 'problema' que mata. O catolicismo, afirma essa cena, estrangula os jovens com ideias ultrapassadas, sufoca os desejos e impossibilita o crescimento, a felicidade e a autonomia. Na nova cosmologia da sexualidade do cinema, o catolicismo é a estrela das trevas, o princípio da morte, um credo sombrio impregnado de tanatos e culpa incapacitante." [518] Infelizmente, com o romanismo equiparado ao cristianismo em Hollywood depois de tantas décadas, uma crítica e uma rejeição tão fortes do romanismo em um filme também significa uma crítica e uma rejeição fortes do cristianismo. E foi assim que milhões de pessoas reagiram quando assistiram a filmes como esse. Uma geração inteira de jovens foi influenciada contra o cristianismo por causa do que viu no cinema. Foi um ataque cruel que pouquíssimos cristãos verdadeiros reconheceram como tal na época, ou reconheceram desde então.

The Amityville Horror (1979): retratando a vitória demoníaca sobre os padres

Nesse filme de terror, os demônios são claramente os vencedores, não a instituição católica. A história gira em torno de uma casa mal-assombrada comprada por um homem metodista e sua família católica, e os horrores que vivenciam enquanto vivem nela. Uma freira que tenta entrar na casa é forçada por demônios a fugir, vomitando enquanto faz isso. O padre que tenta confrontar o demônio é preso na casa e dominado pelos demônios. Mesmo de volta à sua própria reitoria, continua a sofrer ataques demoníacos. Ele simplesmente não é páreo para o demônio, como fica bem claro, e acaba cego e desesperado, dependendo dos cuidados de outro padre.

Há também um longo debate teológico entre esse padre e dois outros, que tentam dissuadi-lo de tentar fazer o exorcismo e lhe dizem que se ele prosseguisse estaria desobedecendo a seus superiores. Ele é descrito como um sacerdote modernista que achava que o Concílio Vaticano II da década de 1960 não tinha ido longe o suficiente; e ele lhes suplica que a "Igreja" é seu lar e sua força, e tanto ele quanto a família que está tentando ajudar precisam muito da "Igreja". Mas os outros padres não recomendam nada mais do que férias para ele. Nas palavras de dois pesquisadores, essas cenas do filme "sugerem um segmento sinistro do tratamento dado por Hollywood aos católicos nas décadas de sessenta e setenta. A combinação de mudanças maciças na Igreja e a enorme turbulência no país preparou o terreno para velhos demônios que a nova Igreja aparentemente não conseguia controlar. A Era de Kennedy e as trágicas consequências de Camelot mudaram o foco para a bala magicamente precisa do assassino maligno e para os poderes sombrios do diabo." [519] É verdade que Hollywood se voltou contra a instituição católica, em grande parte, nos anos pós-Código; mas, em contrapartida, deve ser observado outro fato inegável: durante décadas Hollywood foi dominada, até mesmo controlada, pelo romanismo, conforme amplamente documentado aqui. E, como já observamos, sempre há uma reação a esse controle opressivo da instituição religiosa maligna. A reação acaba sendo tão maligna quanto a instituição religiosa contra a qual se está reagindo (veja a Revolução Francesa). Por mais terrível que isso seja, não é nada surpreendente. Roma, com seu domínio sinistro sobre Hollywood durante todas essas décadas, plantou as sementes para a produção de filmes virulentamente antirromanistas que se deleitam em zombar de tudo o que o catolicismo representava nos anos que se seguiram ao fim de seu domínio.

The Wanderers (1979): outra crítica ao catolicismo

Essa é mais uma produção que retrata a vida ítalo-americana, no qual os temas sexuais são abundantes e a atitude da instituição católica em relação ao sexo é ridicularizada.

The Runner Stumbles (1979): mais uma crítica ao catolicismo

Essa produção foi adaptada de um drama homônimo da Broadway e representa outro ataque ao romanismo. Na trama, o padre, interpretado por Dick Van Dyke, e a freira, interpretada por Kathleen Quinlan, não tendo encontrado o que procuravam em suas "vocações", apesar de seu empenho, apaixonam-se; mas a governanta devota do padre assassina a freira, acreditando que ela foi possuída por demônios para seduzir o padre. O padre abandona o sacerdócio e, no túmulo da freira, clama a Deus: "Que tipo de Deus é você? Eu a amava. Eu a amava. Não tenho mais a Igreja. O que você quer de mim?" [520] O filme retrata o romanismo como um fracasso, incapaz de satisfazer os anseios mais profundos do coração (o que é verdade). Um filme como esse jamais poderia ter sido produzido na "Era de Ouro" de Hollywood, quando Joe Breen presidia o setor; mas agora, conquanto o catolicismo ainda fosse uma força poderosa a ser considerada na indústria cinematográfica, não era de forma alguma todo-poderoso. Podia ser livremente criticado, atacado e ridicularizado nas telas, e isso acontecia com frequência. Infelizmente, muitas pessoas, ao assistirem a esses filmes que confundiam o romanismo com o cristianismo, foram induzidas não só a abandonar o romanismo, como também a ignorar o verdadeiro cristianismo.

O demônio havia executado bem o seu trabalho. Por meio de produções pró-papistas e antipapistas, ele estava enganando multidões.


Capítulo 13

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