Culto no trono de Satanás – 1. A mensagem à igreja de Filadélfia

As sete igrejas do Apocalipse

A maioria dos estudiosos conservadores concorda que as sete igrejas do Apocalipse simbolizam sete períodos consecutivos da história da igreja universal, começando nos dias apostólicos e terminando no fim dos tempos. [1]

Hal Lindsey, o renomado autor dispensacionalista, estava certo quando declarou:

"Creio, assim como muitos estudiosos, que essas sete cartas não foram escritas apenas para sete igrejas literais que enfrentavam problemas reais, mas que elas também têm uma aplicação profética à história da igreja. Acredito que essas sete igrejas foram escolhidas e dispostas em sua ordem por nosso Senhor onisciente porque tinham problemas e características que deveriam profetizar sete estágios da história pelos quais a igreja universal deveria passar." [2]

Embora Ellen White discordasse da maioria dos ensinamentos de Lindsey sobre profecia, ela concordou com ele sobre a aplicação histórica das sete igrejas:

"Os nomes dessas [sete igrejas] simbolizam a igreja em diferentes períodos da era cristã. O número sete indica completude e significa que as mensagens se estendem até o fim dos tempos, enquanto os símbolos usados revelam a condição da igreja em diferentes períodos da história." [3]

Ao ler essas citações, podemos formular três conclusões:

Primeira: As sete igrejas representam sete períodos consecutivos da história da igreja, desde os tempos apostólicos até a segunda vinda de Cristo.

Segunda: Como a igreja de Filadélfia é a sexta da série, ela deve representar um período próximo ao fim da história universal da igreja.

Terceira: A sétima igreja é chamada de "Laodicéia", um nome que significa "o julgamento do povo" ou "o povo justo". Sendo esse o caso, concluímos que o julgamento do povo de Deus deve começar algum tempo depois do período da igreja da Filadélfia.

A sequência histórica das igrejas

Em termos gerais, os estudiosos adventistas interpretaram a sequência histórica das sete igrejas da seguinte forma: [4]

Éfeso: A igreja apostólica do primeiro século.

Esmirna: A igreja perseguida pelos imperadores romanos durante o segundo e terceiro séculos.

Pérgamo: A corrupção da igreja desde os dias de Constantino, o Grande, no início do século IV, e que continuou até a ascensão do papado na primeira metade do século VI.

Tiatira: O período de domínio papal durante a Idade Média.

Sardes: A igreja da Reforma Protestante.

Filadélfia: O grande despertar religioso que surgiu no início do século XIX, principalmente no leste dos Estados Unidos.

Laodiceia: A igreja que existe durante o curso do juízo imediatamente antes do fechamento da porta da graça no final da história.

O marco histórico da igreja de Filadélfia

A passagem central que examinaremos neste livro é Apocalipse 3:7-12, onde se encontra a mensagem de Jesus para a igreja em Filadélfia.

Como já enfatizamos, é extremamente importante considerar o cenário histórico dessa igreja. Filadélfia é a sexta da série e surge após os períodos de domínio papal e da Reforma Protestante. Isso significa que a igreja de Filadélfia deve ter surgido por volta de 1798, quando o governo francês infligiu a ferida mortal ao papado. Ela também deve ter surgido imediatamente antes do início do juízo, pois o nome da sétima igreja – Laodiceia – significa "o julgamento do povo".

Em resumo, a igreja de Filadélfia deve ter surgido em algum momento entre 1798, quando o papado recebeu sua ferida mortal, e 1844, quando o juízo investigativo começou no céu em cumprimento à profecia de Daniel 8:14.

Perguntas importantes

Vamos iniciar nosso estudo fazendo algumas perguntas sobre Apocalipse 3:7-9. Comecemos com o verso 7:

"E ao anjo da igreja em Filadélfia escreve: Isto diz aquele que é santo, aquele que é verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi, aquele que abre, e ninguém fecha; e fecha, e ninguém abre."

Três perguntas vêm à mente ao ler esse verso:

  • Quem é esse personagem que tem a chave de Davi?
  • Que chave é essa?
  • O que ela abre e fecha?

Responderemos a essas perguntas, mas, por enquanto, vamos continuar com o verso 8:

"Conheço as tuas obras; eis que diante de ti pus uma porta aberta, que ninguém pode fechar; porque, ainda que tenhas pouca força, guardaste a minha palavra, e não negaste o meu nome."

Esse verso responde a uma de nossas perguntas. A chave abre uma porta. Mas a pergunta permanece: Qual porta?

Vamos continuar com o verso 9:

"Eis farei que alguns dos que são da sinagoga de Satanás, aqueles que se dizem judeus e não são, mas mentem; eis que farei com que venham e se prostrem aos teus pés, e reconheçam que eu te amo."

A leitura desse verso levanta pelo menos três questões:

  • O que é a sinagoga de Satanás?
  • Quem são aqueles que fingem ser judeus e realmente não são?
  • Em que momento da história os membros da sinagoga de Satanás se prostrarão aos pés dos fieis da igreja de Filadélfia?

Passemos agora aos versos 11 e 12:

"Porquanto guardaste a palavra da minha perseverança, [5] também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra. Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa."

Várias perguntas surgem quando lemos estes versos:

  • Por que a palavra "perseverança" é mencionada em conexão com os fieis que viviam durante esse período da história eclesiástica?
  • Que circunstâncias históricas exigiriam essa perseverança?
  • Quando "a hora da provação virá sobre o mundo inteiro"?
  • Esse "tempo de provação" terá algo a ver com a grande tribulação final, que também é conhecida como o "tempo da angústia de Jacó"?
  • Todos os membros desta igreja estarão vivos para testemunhar a segunda vinda de Cristo?

Vamos concluir nossas perguntas lendo o verso 12:

"Ao que vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, e dali não sairá mais; e escreverei sobre ele o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, que é a nova Jerusalém, que desce do céu, da parte do meu Deus, e o meu novo nome."

A leitura desses versos levanta uma grande questão:

  • Por que Jesus promete aos membros da igreja de Filadélfia resultados praticamente semelhantes aos traços que caracterizam os 144.000 no final do livro do Apocalipse? [6]

Depois de ler a passagem e fazer essas perguntas, vamos agora respondê-las. Comecemos com as perguntas que fizemos com relação aos versos 7 e 8.

Ênfase no rei

Para entender o significado da chave e a porta que ela abre, é necessário voltar ao livro de Isaías, onde se encontra o pano de fundo de Apocalipse 3:7, 8.

Em Isaías 22:20-23, encontramos uma profecia extraordinária a respeito de Eliaquim, filho de Hilquias. Colocaremos em itálico as palavras que precisamos estudar mais de perto.

"Naquele dia chamarei Meu servo Eliaquim, filho de Hilquias. Porei sobre ele a tua túnica, porei sobre ele o teu cinto, e lhe darei o teu poder [hebraico memshalach]. Ele será como um pai para os habitantes de Jerusalém e para a tribo de Judá. Porei sobre os seus ombros a chave da casa de Davi; o que ele abrir, ninguém poderá fechar; o que ele fechar, ninguém poderá abrir. Como uma estaca, eu o cravarei em um lugar firme, e ele será como um trono de honra para a dinastia de seu pai." [7]

Essa passagem está repleta de terminologia importante. Vamos começar com o significado das palavras "túnica" e "cinto".

No Antigo Testamento, a palavra hebraica "túnica" [hebraico kethoneth] é usada para descrever as vestes das pessoas comuns e também as dos sacerdotes. Mas a palavra também é usada para descrever a túnica de linho com a qual o sumo sacerdote era vestido. [8] Por outro lado, a palavra hebraica "cinto" (hebraico 'abnet) é usada apenas para o cinturão usado pelos sacerdotes comuns e pelo sumo sacerdote. [9]

Mas é importante enfatizar que quando essas duas palavras aparecem juntas no Antigo Testamento, referem-se exclusivamente à vestimenta do sumo sacerdote. Isso é significativo porque indica, como veremos, que Eliaquim é um personagem que exerce não apenas funções reais, mas também sumo sacerdotais. [10] Embora Eliaquim seja descrito em Isaías 22:20-23 em termos sacerdotais e reais, a ênfase está claramente em sua função real.

Examinemos agora o significado da palavra "poder". A palavra hebraica memshalach está ligada à realeza. No Antigo Testamento, a palavra está ligada à ideia de um rei que governa. Assim, poderia ser traduzida como "reino", "regra", "domínio" ou "senhorio". [11] Ou seja, Eliaquim receberia o poder de governar ou reinar.

O texto deixa claro que esse reinado não seria efêmero e transitório, mas permanente e seguro. A estabilidade absoluta do governo de Eliaquim é descrita pela expressão: "Eu o cravarei como uma estaca em um lugar firme".

Vamos resumir o que estudamos até agora:

  • A ideia central de Isaías 22:20-23 parece ser a de que Eliaquim receberia o poder de "reinar" ou "governar". Isso é indicado pelo uso de palavras e expressões como "poder", "chave da casa de Davi", "trono de honra" e "dinastia de seu pai".
  • Essa passagem nos diz que Deus vestiria Eliaquim com uma "túnica" e um "cinto", termos que, quando usados juntos, descrevem a vestimenta do sumo sacerdote. Em outras palavras, Eliaquim teria duas funções, a de sumo sacerdote e a de rei.
  • A autoridade de Eliaquim para governar seria absolutamente segura e estável.
  • Eliaquim se tornaria o pai dos habitantes de Jerusalém e, particularmente, da casa de Judá, a tribo da qual os reis provinham.

A chave de Davi

O verso 22 nos informa que a chave da casa de Davi seria colocada sobre os ombros de Eliaquim, e o que ele abrisse com essa chave ninguém poderia fechar, e o que ele fechasse, ninguém poderia abrir. É evidente que a chave da casa de Davi está intimamente relacionada à ideia de reinar ou governar, pois os reis de Israel eram da linhagem da casa de Davi. E a declaração de que Eliaquim se tornaria um trono de honra para a dinastia de seu pai dá um toque adicional à ideia de que Eliaquim é um personagem com qualidades reais.

É extremamente importante enfatizar que a profecia de Isaías 22:20-23 é messiânica. Ou seja, a menção de Eliaquim nessa profecia não é primária, mas funcional. Em outras palavras, Eliaquim é um tipo do Messias. O personagem que possui a chave de Davi em Apocalipse 3:7, 8 não é outro senão Cristo Jesus.

O leitor perspicaz notará que a chave de Davi é colocada nos ombros do Messias. Certamente, esse não é um lugar comum para se colocar uma chave. Hoje em dia, colocamos as chaves em um chaveiro, em um bolso ou talvez em uma corrente em volta do pescoço. O que essa expressão enigmática poderia significar? Isaías 9:6, 7, outra profecia messiânica, tem a resposta:

"Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o governo [hebraico mizrach] [12] estará sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz."

O leitor notará que, embora a profecia de Isaías 22:20 coloque a chave da casa de Davi nos ombros do Messias, Isaías 9:6 explica que o domínio ou senhorio seria colocado em Seus ombros. Está claro que o fato de a chave ser colocada nos ombros e destrancar a porta tem algo a ver com governar ou reinar. Essa ligação entre a chave e a ideia de reinar é claramente vista no verso seguinte:

"A vastidão do seu império [hebraico mizrach] e a paz não terão fim, sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, dispondo-o [hebraico kum] e confirmando-o [hebraico ca'ad] em juízo e em justiça, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos Exércitos fará isso."

Precisamos dizer várias coisas sobre esse verso. Primeiro, observamos que há uma ligação temática entre Isaías 22:22 e Isaías 9:6, 7. Ambos mencionam o trono, os ombros, o domínio, a segurança e a estabilidade do reino e a ideia de que o Messias seria o pai de Seu povo.

A expressão "dispondo-o e confirmando-o" é muito interessante. A palavra hebraica kum, que é traduzida como "dispondo-o", significa "colocar em um alicerce seguro, tornar firme, fixar, ancorar". Deus usou a mesma palavra em 2 Samuel 7:13-16 quando assegurou a Davi que seu trono e reino seriam firmemente estabelecidos para sempre:

"Ele edificará uma casa ao meu nome, e eu firmarei [hebraico kum] o trono do seu reino para sempre. Eu serei para ele um pai, e ele será para mim um filho. E, se fizer o mal, castigá-lo-ei com vara de homens e com açoites de filhos de homens; mas a minha benignidade não se apartará dele, como a retirei de Saul, a quem tirei de diante de ti. E a tua casa e o teu reino serão confirmados para sempre perante a tua face, e o teu trono será estabelecido para sempre."

Além disso, a palavra "confirmando-o" [hebraico ca'ad] usada neste verso significa "sustentando, apoiando, afirmando". Está claro que, quando o Messias estabelecer Seu reino, ele será absolutamente firme e estável. [13]

O reino e o juízo

Surge uma pergunta: Como o reino e o trono do Messias seriam confirmados e estabelecidos para sempre? Seriam estabelecidos por força militar ou diplomacia? A resposta é não. O texto nos diz explicitamente que o reino seria estabelecido com juízo e justiça.

Vamos dar uma olhada no significado dessas duas palavras. Comecemos com a palavra "juízo".

A palavra hebraica traduzida como "juízo" em Isaías 9:7 é mishpat. O renomado Léxico Hebraico de Brown, Driver e Briggs nos diz que essa palavra significa "julgamento, ato de decidir um caso, um lugar de julgamento, um tribunal de julgamento, um trono de julgamento, um processo judicial, um procedimento judicial, litígio (perante juízes), um caso, uma causa (levada a julgamento), uma sentença, uma decisão (de um tribunal), execução (de um julgamento), tempo (de julgamento)".

No Antigo Testamento, a palavra mishpat é usada para descrever um processo judicial pelo qual Deus vindica os pobres e desamparados e pune seus opressores. É notável que a palavra também seja usada para descrever o peitoral que cobria o peito do sumo sacerdote e que era chamado de "peitoral do juízo". [14]

Embora a palavra mishpat seja empregada no Antigo Testamento para descrever a execução da sentença proferida na conclusão de um julgamento, ela também é usada para denotar o processo judicial de investigação ou revisão de um caso antes que o veredito seja proclamado e a sentença executada.

Um exemplo marcante desse último significado de mishpat é encontrado em Eclesiastes 12:14, onde o sábio Salomão nos aconselha a temer a Deus e a guardar Seus mandamentos, "pois Deus trará toda obra a juízo [hebraico mishpat], juntamente com toda coisa oculta, seja ela boa ou má". [15]

Isaías 9:7 nos informa ainda que o trono e o reino do Messias seriam estabelecidos com justiça. A palavra hebraica "justiça" [tsedaqah] é a mesma palavra traduzida como "purificado" em Daniel 8:14: [16]

"E ele disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; então o santuário será purificado."

É digno de nota o fato de que, enquanto Daniel 7:13, 14 afirma que o filho do homem entra na presença do Ancião de Dias para receber o reino, a profecia paralela de Daniel 8:14 apresenta o mesmo personagem como o sumo sacerdote (o Príncipe do exército de Jeová) que entra no Lugar Santíssimo para purificar o Santuário por meio de uma obra de julgamento. [17] Não há dúvida de que o personagem real e sacerdotal descrito nas profecias de Daniel 7 e 8 é o mesmo encontrado em Isaías 2:20-23, Cristo Jesus.

Há ocasiões no Antigo Testamento em que as palavras "juízo" e "justiça" estão ligadas à ideia de governar ou reinar. Por exemplo, em 2 Samuel 8:15, lemos:

"E Davi reinou sobre todo o Israel; e Davi administrou o juízo [hebraico mishpat] e a justiça [hebraico tsadaqah] a todo o seu povo." [18]

Jeremias 23:5, 6 contém uma profecia que é claramente messiânica, na qual as ideias de reinado, juízo e justiça estão interligadas:

"Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo, e ele reinará como Rei, o qual será ditoso, e executará juízo [hebraico mishpat] e justiça [hebraico tsedaqah] na terra. Em seus dias Judá será salvo, e Israel habitará em segurança; e este será o nome pelo qual será chamado: O Senhor, nossa justiça."

Vários conceitos encontrados em Isaías 9:7 também são encontrados na majestosa cena de Daniel 7:26, 27. [19]

"Mas o Juiz se assentará, e eles tirarão o seu domínio [do chifre pequeno opressor], para que ele seja destruído e arruinado até o fim, e para que o reino, o domínio e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu sejam dados ao povo dos santos do Altíssimo, cujo reino é um reino eterno, e todos os domínios o servirão e lhe obedecerão."

As três portas do santuário

Depois de mostrar que tanto Isaías 22:20-23 quanto Isaías 9:6, 7 descrevem um reino que será estabelecido e confirmado em juízo e justiça, estamos prontos para descobrir qual porta Jesus abriu e qual fechou com a chave de Davi no início do período da Igreja da Filadélfia.

O santuário hebraico tinha três portas:

  • A porta entre o acampamento de Israel e o pátio.
  • A porta entre o pátio e o Lugar Santo.
  • A porta entre o Lugar Santo e o Santíssimo.

A pergunta que devemos responder é a seguinte: Qual porta Jesus abriu no início do período da Igreja de Filadélfia?

A primeira porta e a encarnação

A primeira porta do santuário foi aberta quando Jesus veio do céu para a terra para morrer por nossos pecados. A porta do pátio estava voltada para o leste e, em sua encarnação, Jesus veio do leste. [20] No pátio do santuário estava o altar do sacrifício, uma peça de mobília que representava a morte de Jesus. Foi na Terra que Jesus se apresentou como o Cordeiro de Deus para morrer por nossos pecados. [21] Essa porta não é mencionada explicitamente no livro de Apocalipse e, portanto, não nos deteremos nela. [22]

É óbvio que essa não pode ser a porta que foi aberta durante o período da igreja de Filadélfia. O leitor perguntará: Por que não? A resposta é óbvia: A igreja de Filadélfia, sendo a sexta da série, representa um período próximo ao fim da história da igreja universal, e Jesus morreu por nossos pecados no início da era cristã, durante o período da primeira igreja.

A segunda porta e a ascensão

Vamos agora estudar a segunda porta. Apocalipse 4:1, 2 menciona uma porta que João viu aberta no céu. Nós nos perguntamos: Para onde essa porta levava? Vejamos.

"Depois disto olhei, e eis que uma porta se abriu no céu; e a primeira voz que ouvi, como de trombeta, falando comigo, disse: Sobe para aqui, e mostrar-te-ei as coisas que depois destas hão de acontecer. E logo fui tomado pelo Espírito, e eis que estava posto um trono no céu, e um assentado sobre o trono."

Aqui nos é dito explicitamente que João viu um trono no céu atrás de uma porta aberta. A curiosidade nos leva a perguntar: Que lugar específico do céu estava atrás dessa porta? A resposta é inequívoca: O Lugar Santo do santuário celestial. E como sabemos disso? Simplesmente por causa da mobília que João viu ali.

O discípulo amado viu ali as sete lâmpadas de fogo que estavam no Lugar Santo:

"E do trono saíam relâmpagos, e trovões, e vozes; e diante do trono ardiam sete lâmpadas de fogo, que são os sete espíritos de Deus." [23]

Outra peça de mobília que ficava no Lugar Santo era o altar de incenso:

"E, havendo tomado o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro; e todos tinham harpas e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos." [24]

Em Apocalipse 4:1, 2 João viu Deus, o Pai, sentado sozinho em um trono. Não há nenhuma evidência no texto de que o Pai tenha chegado ali de outro local; Ele simplesmente estava ali.

No meio do trono onde o Pai estava sentado havia quatro seres viventes que são identificados em Isaías 6:1-3 como serafins. [25] Ao redor do trono estavam os vinte e quatro anciãos que são membros do grande conselho celestial, ou seja, os representantes dos mundos que nunca pecaram. [26]

Mas faltava alguém na cena de Apocalipse 4. O Pai estava sentado no trono, e o Espírito Santo estava diante do trono. [27] Os serafins e os representantes dos mundos estavam ali, mas Jesus estava ausente. É óbvio que, se a cena em Apocalipse 4 estivesse ocorrendo após a ascensão de Jesus, tanto o Pai quanto o Filho estariam sentados no trono, pois o Novo Testamento nos diz repetidamente que Jesus sentou-se à direita do Pai quando ascendeu. [28] No contexto imediato de Apocalipse 4 há um verso que explica onde Jesus se sentou quando subiu ao Céu:

"Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono, assim como eu também venci, e me assentei com meu Pai no seu trono." [29]

A hoste angelical também estava ausente nessa ocasião. Os querubins e serafins estavam ali, mas a hoste angelical não. Isso levanta a questão: Onde estava a hoste angelical quando João viu essa cena?

Ademais, não há uma única menção à redenção neste capítulo. O hino cantado pelos seres viventes e pelos anciãos louva a Deus, o Pai, porque todas as coisas foram criadas por Sua vontade: [30]

"Senhor, tu és digno de receber glória, honra e poder, pois criaste todas as coisas, e por tua vontade elas existem e foram criadas." [31]

Onde estavam Jesus e o exército angelical na cena que João viu em Apocalipse 4? Por que não há nenhuma alusão à redenção na passagem? A resposta simples a essas perguntas é que Jesus e a hoste angelical estavam a caminho da Terra para o céu por ocasião da ascensão, o evento descrito em Atos 1:9-11.

No capítulo 5, Jesus, "o cordeiro imolado", [32] e o exército angelical [33] finalmente chegaram da Terra ao céu e se juntaram ao Pai, ao Espírito Santo, aos seres viventes e aos anciãos no Lugar Santo. Em seguida, foi cantado um hino que engrandecia o Redentor que acabara de chegar do campo de batalha com feridas recentes em Seu corpo. [34]

A conclusão é inevitável. A porta mencionada em Apocalipse 4:1, 2 foi aberta imediatamente antes de Jesus ascender da Terra ao céu para iniciar Sua obra de intercessão no Lugar Santo na presença do Pai. Esse é o mesmo evento que Pedro descreveu em seu sermão no dia de Pentecostes. [35]

Em Apocalipse 4:5, encontramos um detalhe muito interessante a respeito do Espírito Santo. Nesse texto nos é dito que antes de Jesus chegar ao céu, as sete lâmpadas estavam ardendo diante do trono no Lugar Santo, [36] mas no capítulo seguinte, [37] quando Jesus chegou da Terra ao céu, somos informados de que os sete espíritos foram enviados à Terra. Sem dúvida, essa mudança se deve ao fato de que no dia de Pentecostes o Espírito Santo foi derramado sobre os apóstolos.

Em O Desejado de Todas as Nações, Ellen G. White confirma a interpretação que estamos desenvolvendo. Segundo ela, os capítulos 4 e 5 de Apocalipse foram cumpridos quando Jesus ascendeu ao céu para interceder junto a Seu Pai no Lugar Santo. Depois de descrever a procissão triunfal de anjos que escoltou Jesus da Terra para o céu, Ellen White diz o seguinte a respeito de Sua chegada diante do Pai: [38]

"Ali está o trono, e ao redor dele o arco-íris da promessa [Apocalipse 4:1, 2]. Ali estão os querubins e os serafins [os quatro seres viventes]. Os comandantes das hostes angelicais, os filhos de Deus, os representantes dos mundos que nunca caíram [os 24 anciãos], estão reunidos. O conselho celestial diante do qual Lúcifer acusou Deus e Seu Filho, os representantes daqueles reinos sem pecado, sobre os quais Satanás pensou em estabelecer seu domínio, estão todos ali para dar as boas-vindas ao Redentor. Eles estão ansiosos para celebrar Seu triunfo e glorificar seu Rei." [39]

Mas, neste momento de expectativa, Jesus interrompeu abruptamente a celebração:

"Mas, com um gesto, ele os interrompe. Ainda não; ele não pode receber agora a coroa de glória e o manto real. Ele entra [Apocalipse 5:7] na presença de seu Pai [que está sentado no trono]. Ele aponta para Sua cabeça ferida, Seu lado perfurado, Seus pés dilacerados; Ele levanta Suas mãos com os sinais dos cravos [Ele se apresenta como o Cordeiro que foi morto]. Ele apresenta os troféus de Seu triunfo; oferece a Deus o molho das primícias, aqueles que foram ressuscitados com Ele [Mateus 27:51-53] como representantes da grande multidão que sairá da sepultura por ocasião de Sua segunda vinda [I Tessalonicenses 4:15-17]. Ele se aproxima do Pai, diante de quem há regozijo por um pecador que se arrepende. Desde antes do estabelecimento dos alicerces da Terra, o Pai e o Filho haviam se unido em uma aliança para redimir o homem, caso ele fosse vencido por Satanás. Eles se deram as mãos em uma promessa solene de que Cristo seria o fiador da raça humana. Cristo cumpriu essa promessa. Quando, na cruz, Ele exclamou: 'Está consumado', dirigiu-Se ao Pai. A aliança havia sido plenamente cumprida. Agora Ele declara: Pai, está consumado. Eu fiz a tua vontade, meu Deus. Eu completei a obra da redenção. Se a tua justiça for satisfeita, 'aqueles que me deste, quero que, onde eu estiver, estejam também comigo' [Ele inicia Seu trabalho de intercessão].

"Então a voz de Deus é ouvida proclamando que a justiça foi satisfeita. Satanás foi derrotado. Os filhos de Cristo, que labutam e lutam na Terra, são 'aceitos no Amado'. Perante os anjos celestiais e os representantes dos mundos não caídos, eles são declarados justificados. Onde Ele estiver, ali estará Sua igreja. 'A misericórdia e a verdade se encontraram: a justiça e a paz se beijaram'. Os braços do Pai envolvem Seu Filho, e a ordem é dada: 'Que todos os anjos de Deus O adorem'." [40]

Agora devemos perguntar: Foi a porta do Lugar Santo que Jesus abriu com a chave da casa de Davi? Há três razões convincentes pelas quais essa não pode ser a porta que Jesus abriu quando ascendeu da Terra para o céu:

Primeiro, a porta já estava aberta antes de Jesus subir ao céu. Não há nenhuma evidência no texto de que Jesus tenha usado a chave de Davi para abri-la. É óbvio que Jesus não poderia ter aberto a porta antes de entrar na presença de Seu Pai!

Em segundo lugar, quando Jesus ascendeu, Ele não entrou no Lugar Santo para realizar uma obra de julgamento, mas sim para iniciar Sua obra de intercessão, aplicando os benefícios de Sua expiação. [41] No santuário hebraico, o juízo não ocorria no Lugar Santo no dia de Pentecostes, no início do ano religioso, mas sim no Lugar Santíssimo, no grande Dia da Expiação, no final do ano.

Ainda mais importante é o fato de que a igreja de Filadélfia é a sexta da série e, sendo assim, ela deve representar um dos estágios finais da história eclesiástica. É evidente que Jesus ascendeu durante o período da primeira igreja, Éfeso.

Por essas razões, a porta que foi aberta com a chave de Davi diante de Filadélfia não pode ser a do Lugar Santo, pois essa porta já estava aberta por ocasião da ascensão de Jesus.

A terceira porta do santuário

O livro do Apocalipse menciona outra porta que se abriu em algum momento após a ascensão? Sem dúvida! Apocalipse 11:19 descreve uma porta que se abriu no céu no final da história da Igreja, durante o período da sexta trombeta. [42]

“E o santuário [grego naos] de Deus se abriu no céu, e a arca da Sua aliança foi vista no santuário [grego naos]. E houve relâmpagos, e vozes, e trovões, e um terremoto, e grande saraivada."

Em contraste com a porta de Apocalipse 4:1, 2, que já estava aberta quando João a viu, a porta de Apocalipse 11:19 foi aberta em um momento específico no final da história eclesiástica (entre a sexta e a sétima trombetas). A implicação clara é que essa porta deve ter permanecido fechada até aquele momento. A abertura dessa porta nos lembra daquela que foi aberta com a chave de Davi diante da igreja de Filadélfia, a sexta igreja.

O templo do tabernáculo

O idioma grego usa duas palavras diferentes que são traduzidas para o inglês como "temple" (templo). Uma é jieron e a outra é naos. A palavra jieron não é encontrada no livro de Apocalipse, mas naos aparece 16 vezes, e em todas elas parece ser uma palavra técnica que se refere ao Lugar Santíssimo do santuário celestial. [43]

Outra razão pela qual é irrefutável que em Apocalipse 11:19 a palavra naos se refere ao Lugar Santíssimo do santuário celestial é que, quando a porta foi aberta, a arca da aliança, uma peça de mobília que estava no Lugar Santíssimo, foi vista. A menção em Apocalipse 11:19 de relâmpagos, trovões, fogo, vozes e um terremoto quando a arca da aliança foi vista no santuário lembra o momento em que Deus proclamou Sua lei no Monte Sinai em meio a fenômenos semelhantes. [44]

A arca da aliança e a lei no Santíssimo eram o foco de atenção no grande Dia da Expiação, no outono, no final do ano religioso judaico. Nessa festa, o sangue do bode para o Senhor era aspergido sobre o propiciatório para purificar o santuário dos pecados de Israel que haviam sido registrados ao longo do ano.

O grande Yom Kippur era o dia do julgamento de Israel! Aqueles que afligiam suas almas eram aceitos pelo Senhor e seus pecados eram apagados do santuário. [45] Por outro lado, aqueles que não se afligiam eram eliminados do meio do povo. Portanto, a purificação do santuário e a obra de juízo são duas maneiras de descrever a mesma realidade.

Como observamos, o Dia da Expiação ocorria no outono, no final do ano religioso judaico, enquanto a Páscoa, [46] a festa dos Pães Ázimos, [47] a festa das Primícias, [48] e o Pentecostes, [49] eram celebrados na primavera do ano, no início do ano religioso judaico. As festas da primavera tinham como foco o pátio e o Lugar Santo do santuário. As festas de outono tinham como foco o Santíssimo.

A porta aberta em Apocalipse 4 e 5 não pode ser a mesma aberta em Apocalipse 11:19 porque, quando aquela porta foi aberta, o candelabro e o altar de incenso foram vistos no Lugar Santo, ao passo que, quando esta última porta foi aberta, a arca da aliança foi vista no Lugar Santíssimo.

Em resumo, Apocalipse 4 e 5 descreve a ascensão de Jesus ao Céu no ano 31, quando a história da igreja começou no dia de Pentecostes. Mas Apocalipse 11:19 descreve um evento que deveria ocorrer no final da história da igreja, no Dia da Expiação.

Insistimos que a porta que se abriu diante da igreja de Filadélfia [50] e a abertura da porta do Santíssimo em Apocalipse 11:19 [51] descrevem o mesmo evento no mesmo momento histórico. A porta se abriu diante da igreja de Filadélfia durante o período da sexta igreja após os 1.260 anos de domínio papal, e a porta do Lugar Santíssimo se abriu durante o período da sexta trombeta, quando o santuário celestial começou a ser medido. [52]

Daniel e a abertura da terceira porta

Daniel 7 nos apresenta o momento cronológico exato em que a porta do Santíssimo foi aberta com a chave de Davi para dar início ao juízo. Neste capítulo, encontra-se a sucessão de reinos que governaram desde os dias de Daniel até o momento em que Cristo estabelecerá Seu reino eterno no final da história. Vamos resumir a sequência histórica dos reinos:

  • Leão (Babilônia) 605-539 a.C. (Daniel 7:4).
  • Urso (Medos e Persas) 539-331 a.C. (Daniel 7:5)
  • Leopardo (Grécia) 331-168 a.C. (Daniel 7:6)
  • Dragão (Império Romano) 168 a.C. - 476 A.D. (Daniel 7:7)
  • Dez chifres (Império Romano dividido) 476 d.C. - 538 d.C. (Daniel 7:7, 23)
  • Chifre Pequeno (Roma Papal durante os 1.260 anos) 538 d.C. (Daniel 7:7, 23) - 1798 d.C. (Daniel 7:8, 24, 25)
  • Juízo divino (o Filho do Homem vem a Seu Pai para receber o reino após um juízo justo) 1844 d.C. (Daniel 7:9, 10, 13, 14)
  • Após o juízo, o Pai dará a Jesus um reino universal e eterno (Daniel 7:14, 22, 26, 27).

Como podemos ver, após o fim do período de supremacia papal em 1798 d.C., o Ancião de Dias foi para o trono do juízo, seguido logo depois por Jesus. [53] Os critérios usados no juízo são os Dez Mandamentos [54] e eles se encontravam no Santíssimo. Isso significa que o juízo deveria ocorrer no Lugar Santíssimo em algum momento após 1798 d.C., mas antes da segunda vinda de Jesus.

Há várias ideias relacionadas entre Daniel 7, Apocalipse 3:7, 8 e conceitualmente com Isaías 22:20-23; 9:6, 7.

Primeiro, como já vimos, Daniel 7 e Apocalipse 3:7, 8 ocorrem dentro da mesma estrutura histórica. A cena do juízo em Daniel 7 ocorre depois que o papado governou por 1.260 anos, ou seja, depois de 1798. Da mesma forma, a descrição da sexta igreja em Apocalipse 3:7, 8 ocorre após o período de Tiatira, ou seja, após os 1.260 anos de governo papal.

Em segundo lugar, ambos os contextos ressaltam o fato de que o Messias estabeleceria um reino universal e eterno por meio do juízo atrás da porta aberta que leva ao Lugar Santíssimo.

Vejamos mais de perto o momento em que o Ancião de Dias passou do Lugar Santo para o Lugar Santíssimo:

"Observei até que foram postos uns tronos, e se assentou o Ancião de Dias, cuja veste era branca como a neve, e o cabelo da sua cabeça como pura lã; o seu trono eram chamas de fogo, e as suas rodas, fogo ardente. Uma torrente de fogo saía e se derramava diante dele; milhares de milhares o serviam, e milhões de milhões estavam diante dele; o Juiz se assentou, e os livros se abriram." [55]

É imperativo fazer alguns comentários sobre essa passagem. É razoável concluir que os tronos onde os 24 anciãos estavam sentados no Lugar Santo quando Jesus ascendeu foram posteriormente transferidos para o Lugar Santíssimo para o início do julgamento em 1844. O fato de os tronos terem sido colocados no Lugar Santíssimo indica que eles não estavam ali antes.

O fato de o Ancião de Dias [56] ter se sentado indica que ele não estava sentado antes. E a menção às rodas do trono denota claramente que ele foi movido do Lugar Santo para o Lugar Santíssimo. A expressão "milhares de milhares e milhões de milhões" é semelhante à de Apocalipse 5:11 e refere-se à mesma hoste angelical mencionada no texto, que também foi transferida do Lugar Santo para o Santíssimo.

Quando Daniel 7:10 diz que o Juiz se assentou e os livros foram abertos, isso indica que o juízo estava ocorrendo no Lugar Santíssimo, pois o apóstolo Tiago nos diz que todos nós seremos julgados pela lei da liberdade e essa lei estava no Lugar Santíssimo.

É óbvio que a cena em Daniel 7 não pode ser a mesma de Apocalipse 4 e 5, pois enquanto neste último texto apenas um livro foi visto e estava selado, em Daniel 7 vários livros são mencionados como tendo sido abertos.

Mesmo uma leitura superficial de Daniel 7:21, 22 indica, sem dúvida, que o Pai estava em outro lugar antes de chegar ao local onde o juízo começou:

"E vi este chifre guerrear contra os santos, e prevalecer sobre eles, até que veio o Ancião de dias, e foi dado o juízo aos [em favor dos] santos do Altíssimo; e veio o tempo em que os santos receberam o reino."

Depois de descrever o movimento do Ancião de Dias do Lugar Santo para o Santíssimo, Daniel 7:13, 14 diz que Jesus O seguiu para o mesmo lugar a fim de receber o reino por meio de uma obra de justiça e juízo:

"E olhei numa visão noturna, e eis que vinha com as nuvens do céu um semelhante a um filho de homem, que se dirigiu ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele. E foi-lhe dado o domínio, e a glória, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino, um reino que jamais será destruído."

Em resumo, Apocalipse 5 descreve Jesus no momento em que ele foi levado da Terra para o céu por uma nuvem de anjos em Sua ascensão. [57] Quando chegou ao céu, Ele se apresentou ao Pai [58] no Lugar Santo para iniciar seu ministério como intercessor.

Porém, em Daniel 7:13, 14, os anjos levaram Jesus do Lugar Santo para o Santíssimo no final da história da Igreja a fim de iniciar uma obra de juízo, após a qual Ele receberia um reino universal e eterno.

Seria impossível enfatizar demais o motivo pelo qual Jesus abriu a porta e foi até Seu Pai no Lugar Santíssimo. Daniel 7 deixa bem claro que Ele veio para tomar posse de Seu reino por meio de um juízo e que, ao final desse juízo, Seu reino seria universal e eterno. Isso liga claramente Daniel 7:13, 14, 27, 28 com Isaías 9:6, 7 e 22:22.

Daniel 7:26, 27 enfatiza o fato de que, quando o juízo terminar, Jesus receberá o reino conforme mencionado em Isaías 9:6, 7.

"Mas o Juiz se assentará, e o seu domínio [do chifre pequeno] lhe será tirado, para que seja destruído e arruinado até o fim, e para que o reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu sejam dados ao povo dos santos do Altíssimo, cujo reino é um reino eterno, e todos os domínios o servirão e lhe obedecerão."

A sinagoga de Satanás

Examinemos agora a expressão "sinagoga de Satanás" encontrada em Apocalipse 3:9. Essa designação parece indicar que os crentes genuínos e os falsos crentes deveriam coexistir na igreja de Filadélfia:

"Eis farei que alguns dos que são da sinagoga de Satanás, os que se dizem judeus e não são, mas mentem; eis que farei com que venham e se prostrem aos teus pés, e reconheçam que eu te amo."

O que significa essa expressão enigmática? Devemos levar em conta vários fatores no processo de decifrar seu significado.

Antes de tudo, é importante lembrar que a terminologia judaica está presente na descrição de várias das sete igrejas. Por exemplo, na igreja de Pérgamo, menciona-se o falso profeta Balaão e na igreja de Tiatira é feita referência a Jezabel. E em conexão com as igrejas de Esmirna e Filadélfia, a sinagoga de Satanás é mencionada.

Até mesmo o teólogo dispensacionalista Hal Lindsey seria forçado a admitir que essa terminologia judaica não se aplica ao Israel literal, porque as sete igrejas descrevem a história da igreja universal e não a história do Israel literal. Portanto, essa terminologia judaica deve ser entendida simbolicamente. Ou seja, a expressão "sinagoga de Satanás" deve ser aplicada aos falsos cristãos e não aos judeus literais.

Para decifrar o significado da expressão "sinagoga de Satanás", é imperativo responder à seguinte pergunta: Após o dia de Pentecostes, qual é o verdadeiro Israel de Deus? Vários textos do Novo Testamento indicam que um israelita ou judeu genuíno é aquele que realmente aceitou Jesus como Salvador pessoal. Aqui estão alguns exemplos.

Em uma terminologia simples e clara, o apóstolo Paulo explicou que há judeus literais que não são judeus em um sentido espiritual:

"Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na carne; mas é judeu o que o é interiormente, e circuncisão a que é do coração, em espírito, não em letra; cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus." [59]

Nesse texto, fica claro que, de acordo com o apóstolo Paulo, um judeu genuíno é aquele cujo coração foi circuncidado pelo Espírito Santo. Ou seja, os judeus segundo a carne que rejeitaram Cristo não são considerados por Deus como verdadeiros judeus.

Em Romanos 9:6-8, Paulo enfatiza novamente o fato de que há israelitas genuínos e também falsos israelitas. Por um lado, ele define os judeus genuínos como aqueles que aceitaram a promessa da vinda do Messias por meio de Isaque. Por outro lado, ele define um falso judeu como aquele que é um mero descendente físico de Abraão.

"Não que a Palavra de Deus tenha falhado; porque nem todos os que descendem de Israel são israelitas, nem por serem descendentes de Abraão são todos filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência. Isto é: Não são os filhos segundo a carne que são filhos de Deus, mas os que são filhos segundo a promessa são contados como descendentes." [60]

Em Gálatas 3:29, o apóstolo identifica novamente o verdadeiro Israel. Em uma linguagem categórica, ele afirma que aqueles que foram batizados em Cristo são os verdadeiros filhos de Abraão:

"Não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher, porque todos vós sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros segundo a promessa."

Muito antes de Paulo aceitar o Messias na estrada para Damasco e, assim, tornar-se um judeu genuíno, Jesus havia estabelecido enfaticamente a distinção entre meros judeus físicos e judeus espirituais.

Encontramos uma história interessante em João 1:47-49. Ali nos é dito que, quando Jesus viu Natanael debaixo de uma figueira, [61] Ele o identificou como um verdadeiro israelita. E por que Ele o identificou assim? Simplesmente porque Natanael confessou que Jesus era o Messias, o Rei de Israel:

"Quando Jesus viu Natanael vindo a ele, disse a seu respeito: Eis aqui um israelita, em quem não há dolo [grego pseudos, "falsidade"]. Natanael lhe perguntou: Como me conheces? Respondeu-lhe Jesus: Antes que Filipe te chamasse, quando estavas debaixo da figueira, eu te vi. Respondeu-lhe Natanael: Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel."

Em João 8, encontramos registrada uma conversa entre Cristo e um grupo de judeus de nascimento. Eles se gabavam de serem filhos de Abraão, mas Jesus rejeitou essas afirmações. Na verdade, Jesus disse que, em vez de serem filhos de Abraão, eles eram filhos do pai deles, o diabo. Vejamos um pouco da conversa registrada no verso 37:

"Eu sei que sois descendentes de Abraão [eram descendentes literais de Abraão, mas não no sentido espiritual]; mas procurais matar-me, porque a minha palavra não encontra lugar em vós. .... Vós sois do diabo, vosso pai, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele é homicida desde o princípio, e nunca permaneceu na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira." [62]

Vemos, então, que havia judeus natos e judeus espirituais nos dias da teocracia judaica. Da mesma forma, na igreja de Filadélfia, no final da história, haveria cristãos genuínos e falsos cristãos.

Em uma linguagem gráfica, Jesus descreveu como, no tempo do fim, haveria pessoas que professariam ser cristãs sem realmente o serem:

"Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome, e em teu nome não expulsamos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? E então lhes direi: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade." [63]

É particularmente importante lembrar (para referência futura) que esses falsos crentes reivindicariam o nome de Jesus dizendo: "Senhor, Senhor", mas, em vez de fazer a Sua vontade, seriam praticantes do mal. A palavra "maldade" aqui é anomias, que é traduzida em 1 João 3:4 como "transgressão da lei". Ou seja, esses falsos crentes reivindicariam o nome de Jesus enquanto transgrediam a lei de Deus impunemente! [64]

Jesus também se referiu a esses falsos crentes na parábola das dez virgens. Todas as virgens diziam estar esperando a vinda de Jesus para a festa de casamento. Todas elas tinham lâmpadas que representavam a Palavra de Deus. [65] Mas cinco delas tinham um relacionamento superficial e nominal com Jesus e, quando chegou a hora do casamento, a porta foi fechada e as virgens tolas foram deixadas do lado de fora. [66] Quando vieram mais tarde e clamaram: "Senhor, abre-nos", Jesus proferiu as terríveis palavras: "Não vos conheço". [67]

Ellen White traçou um paralelo entre o pecado capital dos falsos judeus nos dias de Jesus e o que será cometido pelos falsos cristãos no tempo do fim:

"O grande pecado dos judeus foi o fato de terem rejeitado Cristo. O grande pecado do mundo cristão consistiu em rejeitar a lei de Deus, que é o fundamento de Seu governo no céu e na Terra." [68]

À primeira vista, o pecado dos judeus nos dias de Cristo e o pecado dos cristãos no final da história parecem ser muito diferentes. Mas um exame mais cuidadoso indica que ambos são culpados do mesmo pecado. Como isso é possível?

Ellen White deixa claro que a lei de Deus foi incorporada em Jesus e, portanto, é uma representação exata de Seu caráter. Em outras palavras, a lei é uma transcrição de quem Jesus é em Sua pessoa:

"Ele era a personificação da lei de Deus, que é uma representação exata [uma transcrição] de Seu caráter." [69]

Ellen White repete o mesmo conceito:

"A glória de Cristo é revelada na lei, que é uma transcrição de Seu caráter." [70]

Como um cristão pode professar amar Jesus e, ao mesmo tempo, odiar a lei, que é uma cópia fiel de Seu caráter? Não pode. Contudo, muitos cristãos professos de hoje afirmam amar Jesus e, ao mesmo tempo, querem pregar a lei (que é um reflexo de Seu belo caráter) na cruz. Dizer que a lei foi pregada na cruz equivale a pregar Jesus na cruz porque a lei é um reflexo de Sua própria pessoa!

Ellen White explicou em termos inequívocos o que Deus dirá a esses falsos cristãos no dia do juízo:

"No juízo, Deus perguntará àqueles que professavam ser cristãos: 'Por que professastes crer em Meu Filho e continuastes a transgredir Minha lei? Quem exigiu isso de vossas mãos, para que pisásseis Minhas regras de justiça?'" [71]

A sinagoga de Satanás em 1844

Pouco depois que o papado recebeu sua ferida mortal em 1798, surgiu um movimento no leste dos Estados Unidos composto por pessoas de todas as denominações protestantes. Aqueles que pertenciam a esse movimento anunciaram que Jesus estava vindo para purificar o mundo com fogo em 1843. Com o passar desse ano, a data foi mudada para a primavera de 1844 e depois para o outono de 1844. Quando os mileritas proclamaram essa mensagem, foram ridicularizados pelas igrejas protestantes da época. A maioria dos cristãos que professavam amar Jesus e que diziam ansiar por Sua vinda zombaram da mensagem e dos mensageiros. De fato, a maioria dos que proclamaram a mensagem foi expulsa de suas igrejas, inclusive a família Harmon.

Os cristãos nominais que pertenciam a essas igrejas professavam amar Jesus, mas ultrajavam os fieis de Deus que proclamavam a hora do juízo divino. Isso fez com que os mensageiros proclamassem a mensagem do segundo anjo e chamassem os fieis de Deus para fora da Babilônia, ou seja, para fora das igrejas apóstatas. Os falsos crentes que rejeitaram a mensagem da hora do juízo e zombaram dos mensageiros eram a sinagoga de Satanás da época. Professavam amar Jesus, mas rejeitavam a mensagem de Sua vinda. Afirmavam ser cristãos, mas mentiam.

E, como veremos mais adiante neste estudo, quando Jesus entrou em 1844 no Lugar Santíssimo pela porta que Ele havia aberto com a chave para iniciar o juízo, esses supostos cristãos se recusaram a entrar com Ele e, consequentemente, rejeitaram a lei e o sábado (bem como as outras doutrinas distintivas da Igreja Adventista) e ultrajaram aqueles que entraram.

A perspectiva de Apocalipse 12 e 13

Os livros de Daniel e Apocalipse estão intimamente relacionados. O primeiro é profecia, o último, revelação. Em Apocalipse 13, encontramos a mesma sequência de poderes e eventos que vimos em nosso estudo de Daniel 7. Vamos ler Apocalipse 13:2:

"E a besta que vi era semelhante a um leopardo, e os seus pés eram como os de um urso, e a sua boca como a de um leão. E o dragão [72] lhe deu o seu poder, e o seu trono, e grande autoridade."

Esse verso descreve uma besta que herdou as características de todas as bestas anteriores. Tinha boca de leão, pés de urso, corpo de leopardo e recebeu seu poder do dragão. Em seguida, no verso 5, somos informados de que essa besta governou pelo mesmo período que o chifre pequeno:

"Também lhe foi dada uma boca que proferia grandes coisas e blasfêmias; e lhe foi dada autoridade para agir por quarenta e dois meses." [73]

Depois de governar por 42 meses, essa besta recebeu uma ferida mortal:

"Se alguém leva em cativeiro, vai em cativeiro; se alguém mata à espada, deve ser morto à espada. Aqui está a paciência e a fé dos santos." [74]

A sequência de poderes em Apocalipse 13 pode ser ilustrada assim:

  • Leão (Babilônia)
  • Urso (Medo-Pérsia)
  • Leopardo (Grécia)
  • Dragão (Império Romano)
  • Dez chifres (Império Romano dividido)
  • Besta (o papado de 538 a 1798 d.C.)

Como vimos em nosso estudo de Daniel 7, depois que esses reinos governaram, Deus convocou um juízo no Lugar Santíssimo do santuário celestial. Da mesma forma, depois de mencionar esses mesmos reinos, o livro do Apocalipse fala da hora vindoura do juízo divino:

"E vi outro anjo voar pelo meio do céu, e tinha o evangelho eterno, para o proclamar aos que habitam sobre a terra, e a toda nação, e tribo, e língua, e povo, dizendo com grande voz: Temei a Deus, e dai-lhe glória, porque é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas." [75]

Note que, embora o evangelho eterno seja pregado na Terra, o processo de julgamento ocorre no céu. Isso indica claramente que a porta da graça não será fechada enquanto o juízo estiver em andamento no céu, e que o juízo ocorre antes da segunda vinda de Jesus.

Mas assim que as mensagens dos três anjos forem proclamadas ao mundo e o juízo for concluído, Jesus virá à Terra em uma nuvem com uma coroa na cabeça para tomar posse de todos os reinos da Terra. [76]

Vamos agora completar o quadro que começamos acima:

  • Leão (Babilônia) (Apocalipse 13:2).
  • Urso (Medo-Pérsia) (Apocalipse 13:2)
  • Leopardo (Grécia) (Apocalipse 13:2)
  • Dragão (Império Romano) (Apocalipse 13:2)
  • Dez chifres (Império Romano dividido) (Apocalipse 13:1, 2 e 12:3)
  • Besta (Chifre Pequeno: Papado) (Apocalipse 13:5)
  • A hora do juízo divino (Apocalipse 14:6, 7)
  • Jesus toma posse dos reinos do mundo (Apocalipse 14:14).

Alguns podem criticar este livro por se concentrar mais na lei e no juízo do que no evangelho do amor. É possível que perguntem: O primeiro anjo não prega o evangelho da salvação a toda nação, tribo, língua e povo, e o evangelho eterno não ensina as boas novas de que Cristo viveu e morreu por nós?

A resposta é um retumbante Sim! Mas aqueles que têm um conceito desequilibrado e superficial de salvação geralmente ignoram que o primeiro anjo não apenas anuncia os privilégios conferidos pelo evangelho, mas também proclama os deveres que ele exige. [77] Como veremos, concentrar-se nos privilégios sem os deveres não é apenas perigoso, mas mortal!

Em uma série de imperativos, o evangelho eterno nos ordena categoricamente a:

  • Temer a Deus [78]
  • Dar glória a Ele [79]
  • Proclamar que estamos agora mesmo na hora do juízo [80]
  • Adorar a Deus porque Ele é o Criador [81]

Depois que o primeiro anjo anuncia a chegada da hora do juízo, o segundo anjo proclama que Babilônia caiu por ter rejeitado essa mensagem:

"Seguiu-o outro anjo, dizendo: Caiu, caiu Babilônia, a grande cidade, porque deu a beber a todas as nações do vinho da ira da sua prostituição." [82]

A sequência das mensagens do primeiro e do segundo anjo em Apocalipse 14:6-8 é exatamente paralela à sequência de eventos em Apocalipse 3:7, 8. O primeiro anjo anuncia a hora do juízo divino e o segundo proclama a queda de Babilônia. A mensagem para a igreja na Filadélfia apresenta a porta aberta para o Lugar Santíssimo para o início do juízo, seguida pela menção da sinagoga de Satanás. Assim, a "Babilônia" mencionada em Apocalipse 14:8 equivale exatamente à sinagoga de Satanás em Apocalipse 3:7, 8.

A sequência cronológica de Daniel 7 e Apocalipse 13 e 14 e sua relação com Apocalipse 3:7, 8 pode ser ilustrada da seguinte forma:


Notas e referências

1. Este livro aceita a interpretação tradicional das sete igrejas. Embora alguns estudiosos adventistas questionem a ideia de que elas representam sete épocas da história universal da igreja, creio que tanto a evidência interna do livro do Apocalipse quanto a evidência externa da história demonstram conclusivamente que as sete igrejas, além de serem igrejas literais na Ásia Menor, descrevem simbolicamente sete períodos consecutivos da história universal da igreja.

2. Hal Lindsey, Vanished Into Thin Air, p. 276.

3. Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 585. [Todas as referências ao Espírito de Profecia são das edições em espanhol.]

4. Um fato digno de nota é que alguns estudiosos protestantes de hoje também discernem nas primeiras cinco igrejas uma descrição da igreja apostólica, da igreja perseguida pelos imperadores romanos, da igreja que se comprometeu nos dias de Constantino, o Grande, da igreja papal durante a Idade Média e da igreja na época da Reforma Protestante. Mas esses mesmos estudiosos tornam-se incertos e nebulosos quanto ao significado dos períodos representados pelas duas últimas igrejas: Filadélfia e Laodiceia.

5. A palavra "perseverança" é a mesma usada em Apocalipse 13:10 e 14:12 para descrever a atitude que os fieis de Cristo terão quando estiverem prestes a passar pela grande tribulação final. A palavra jupomone seria melhor traduzida como "paciência perseverante".

6. Assim como os filadelfianos, os 144.000 do livro de Apocalipse servem no templo dia e noite, têm o nome de Deus na testa e são especialmente identificados com a Nova Jerusalém.

7. Nova Versão Internacional.

8. Ver Êxodo 28:4; Levítico 8:7.

9. Ver Êxodo 28:4; Levítico 8:7.

10. Há dois personagens na Bíblia que cumprem a dupla função de rei e sacerdote. O primeiro é Melquisedeque e o segundo é Cristo, que é descrito como "sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque" (ver Gênesis 14:18-20; Salmo 110:1-4; Hebreus 7).

11. Por exemplo, a palavra é usada em Gênesis 1:16, onde se diz que Deus criou o sol para governar o dia e a lua para governar a noite. Em I Reis 9:19, a palavra é usada para descrever a esfera de domínio do rei Salomão e, no Salmo 145:13, a expressão "o teu reino é o reino eterno" é colocada em paralelismo sinônimo com "o teu senhorio [hebraico memshalach] em todas as gerações".

12. A palavra hebraica mizrach é sinônimo de memshalach e significa "realeza", "domínio" ou "governo".

13. A palavra ca'ad é usada em Provérbios 20:28 da seguinte forma: "A misericórdia e a verdade guardam o rei, e com clemência o seu trono é sustentado (hebraico ca'ad)."

14. Ver Éxodo 28:15, 29, 30.

15. Ver também o uso de mishpat em Números 35:12; Deuteronômio 1:17; 16:18, 19; 2 Samuel 15:2, 6; I Reis 3:28 e Salmo 9:7, 8, onde o conceito de um juízo de investigação é descrito.

16. Em Daniel 8:14, a palavra está no niphal ou voz passiva.

17. Enquanto em Daniel 7 Cristo é visto entrando na presença de Seu Pai a fim de receber o reino (Daniel 7:13, 14), em Daniel 8 Ele é visto entrando no mesmo lugar para purificar o santuário (Daniel 8:14). Em outras palavras, há uma estreita relação entre a purificação do santuário e a posse do reino por Jesus. Juntando as duas descrições, descobrimos que Jesus purifica o santuário a fim de receber o reino. Ao purificar o santuário com o registro dos pecados que seu povo confessou e superou, Jesus revela quem serão os súditos de seu reino.

18. Ver também 2 Samuel 15:2, 6; 1 Reis 3:11, 28.

19. Em ambas as passagens, o Messias estabelece um reino eterno de extensão universal, o qual é estabelecido por meio do juízo.

20. Lucas 1:78, 79.

21. João 1:29; I Pedro 1:18-20; Apocalipse 1:5, 6.

22. O livro do Apocalipse trata principalmente dos eventos que ocorrem após a ascensão de Jesus. Embora seja verdade que Apocalipse 11:2 menciona o pátio do templo, não há menção à porta que leva ao pátio.

23. Apocalipse 4:5. Ellen G. White declara explicitamente: "Aqui foi permitido ao profeta contemplar o primeiro plano do santuário celestial, onde viu as 'sete lâmpadas de fogo' e o 'altar de ouro do incenso', representados pelo candelabro de ouro e o altar de incenso no santuário terrestre." O Grande Conflito, p. 566, 467.

24. Apocalipse 5:8. Veja também Apocalipse 8:3, 4; Lucas 1:8-10.

25. Os serafins e os quatro seres viventes têm seis asas e cantam "Santo, Santo, Santo".

26. Embora o espaço não permita um estudo detalhado dos vinte e quatro ancião, os interessados podem encontrar uma exposição sobre esse assunto no site www.secretsunsealed.org.

27. O Espírito Santo é descrito simbolicamente como "os sete espíritos diante do trono".

28. Ver Lucas 20:42; Atos 2:33, 34; Romanos 8:34; Colossenses 3:1; Hebreus 1:3; 8:1; 10:12; 12:2; I Pedro 3:22; Apocalipse 12:5.

29. Apocalipse 3:21.

30. A Bíblia afirma claramente que todas as coisas foram criadas pela vontade do Pai por meio de Jesus Cristo (ver Colossenses 1:16; Hebreus 1:1, 2). Por assim dizer, o Pai foi o arquiteto da criação e Jesus o construtor.

31. Apocalipse 4:11.

32. Apocalipse 5:5, 6.

33. Apocalipse 5:11.

34. Essa é a cena descrita em Apocalipse 5:5, 6, 9-11.

35. Ver Atos 2:25-36.

36. As sete lâmpadas cheias de óleo simbolizam o Espírito Santo. Ele é uma pessoa (I Coríntios 12:13; Efésios 2:18; 4:4), mas o uso do número sete denota Sua plenitude.

37. Apocalipse 5:6.

38. Incluí minhas próprias notas explicativas entre colchetes para deixar clara a conexão entre Apocalipse 4 e 5 e a passagem em O Desejado de Todas as Nações, p. 772, 773. O leitor notará que o livro do Apocalipse emprega linguagem simbólica, como "aquele que estava assentado no trono", "quatro seres viventes", "vinte e quatro anciãos", "um cordeiro como tendo sido morto". Por outro lado, Ellen White interpreta essa terminologia simbólica como se aplicando a Deus, o Pai, aos querubins e serafins, aos representantes dos mundos que nunca pecaram e a Cristo. Embora Apocalipse 4 e 5 nunca identifique pelo nome a pessoa que estava sentada no trono, Ellen White diz explicitamente que era Deus, o Pai.

39. Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 772, 773.

40. Ibid.

41. Hebreus 7:25; 1 João 2:1; Romanos 8:34.

42. O leitor atento notará que, na ordem textual de Apocalipse 11, a abertura do templo no verso 19 parece vir cronologicamente após a sétima trombeta mencionada nos versos 15-18. Mas é importante lembrar que o livro do Apocalipse não foi escrito em ordem cronológica. De fato, um estudo cuidadoso de Apocalipse 11:19 revela que esse verso inicia um novo ciclo no livro do Apocalipse. Em vez de ser a conclusão do capítulo 11, esse verso na verdade constitui a introdução dos capítulos 12-14. Ellen White entendeu isso, pois sempre que se refere a esse verso, ela o aplica à abertura do Lugar Santíssimo em 22 de outubro de 1844.

43. Por exemplo, Apocalipse 15:5 descreve a abertura do "templo [grego naos] do tabernáculo do testemunho" no céu. Enquanto o "tabernáculo do testemunho" se refere ao santuário celestial como um todo, o templo do tabernáculo se refere ao Lugar Santíssimo desse santuário. Por assim dizer, o Santíssimo é o templo do templo.

44. Êxodo 19:16-19.

45. Levítico 23:29.

46. A festa da Páscoa representava a morte de Cristo na cruz (1 Coríntios 5:7, 8).

47. A Festa dos Pães Ázimos simbolizava o fato de que o corpo de Jesus no túmulo não se corrompeu (Atos 2:27-31; Êxodo 16) porque não havia pecado nele.

48. A festa das Primícias representava a ressurreição de Jesus (1 Coríntios 15:20).

49. A festa de Pentecostes apontava para a entronização de Jesus com seu Pai no Lugar Santo quando ele ascendeu ao céu (Atos 2:33-36).

50. Apocalipse 3:7-12.

51. Apocalipse 11:19.

52. Ver Apocalipse 11:1, 2.

53. Ver Daniel 7:9, 10, 13. Não há dúvida de que o Pai estava no Lugar Santo com Jesus até esse ponto, pois quando Jesus ascendeu, ambos estavam sentados no mesmo trono (Apocalipse 3:21).

54. Tiago 2:12 diz que seremos julgados pela lei da liberdade.

55. Daniel 7:9, 10.

56. O personagem que, em Apocalipse 4:2, estava sentado no trono.

57. Ver Atos 1:9-11.

58. Ver Apocalipse 5:7.

59. Romanos 2:28, 29.

60. Romanos 9:6-8.

61. A figueira era um símbolo do povo de Israel.

62. João 8:37, 44.

63. Mateus 7:21-23.

64. O fato de que haveria crentes genuínos e falsos na igreja também é visto na parábola da pesca (Mateus 13:47-50), na parábola do grande banquete (Mateus 22:1-14) e na parábola do trigo e do joio (Mateus 13:37-40).

65. Salmo 119:105.

66. O casamento não se refere à segunda vinda de Cristo, mas ao momento em que Jesus fecha a porta da graça depois de ter definido, no juízo, quem são Seus verdadeiros discípulos e quem não são. Sobre esse ponto, veja a parábola em Mateus 22:1-14.

67. Note a semelhança entre Mateus 25:10 e 7:23.

68. Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 25.

69. Ellen G. White, Comentário Bíblico Adventista, vol. 5, p. 1105.

70. Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, vol. 1, p. 283.

71. Ellen G. White, Comentário Bíblico Adventista, vol. 7-A, p. 294.

72. De acordo com Apocalipse 13:2, esse dragão tinha dez chifres, assim como o dragão de Daniel 7.

73. O chifre pequeno governou por três anos e meio e a besta governou por quarenta e dois meses. O ano profético tem 360 dias. Portanto, três anos e meio multiplicados por 360 resultam em 1.260 dias. E quarenta e dois meses multiplicados por 30 também resultam em 1.260 dias. Na profecia, os dias representam anos, portanto, são 1.260 anos.

74. Apocalipse 13:9, 10.

75. Apocalipse 14:6, 7.

76. Conforme explicado em Apocalipse 14:14.

77. Com relação aos cristãos que exaltam a graça em detrimento da lei, Ellen White afirma: "Devido ao hábito de desprezar a lei e a justiça divinas, a extensão e o demérito da desobediência humana, os homens facilmente adquirem o hábito de não apreciar a graça que proporcionou a expiação do pecado. Assim, o evangelho perde seu valor e importância na mente dos homens, e eles logo deixam de lado a própria Bíblia." O Grande Conflito, p. 519.

78. A expressão "temei a Deus" é um chamado para obedecer à lei, pois o temor de Deus na Bíblia está sempre ligado à obediência reverente à Sua vontade (ver, por exemplo, Eclesiastes 12:13, 14).

79. Que é um chamado para revelar o caráter de Deus em nossa vida e cuidar do corpo que pertence a Ele (ver Mateus 5:14-16; I Coríntios 6:19, 20; I Coríntios 3:16, 17).

80. Que começou em 1844 no Lugar Santíssimo do santuário celestial.

81. O sinal visível da adoração ao Deus verdadeiro é a observância do sábado do sétimo dia como um dia de descanso.

82. Apocalipse 14:8.


Capítulo 2

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