Eles existem


Há muitas pessoas que conheço que parecem não enxergar que vivemos tempos históricos – tempos que prenunciam acontecimentos da maior importância, repletos de perigos, mas também de oportunidades para o povo de Deus.

Alguns desses queridos irmãos ocupam cargos de prestígio na liderança da igreja, outros se distinguem por seus ministérios de apoio, e outros são formadores de opinião de grande envergadura intelectual, cujas contribuições para o crescimento e fortalecimento da igreja são inegáveis.

Contudo, quando se trata de encarar de frente um problema que não se limita às questões de saúde pública, de maneira a avaliar criticamente suas implicações políticas e, sobretudo, espirituais, a reação desses irmãos é tal que me sinto como se tivesse sido involuntariamente imerso nas circunstâncias fictícias de Invasores de Corpos, em que "Geoffrey não é mais o Geoffrey".

Mas não fui o único a viver essa experiência incomum. Figuras improváveis – e isso é realmente interessante – estão começando a enxergar o que muitos de nós, cristãos adventistas, não querem ver.

Naomi Wolf é uma dessas figuras.

Escritora, jornalista e feminista radical, defensora do aborto e dos direitos LGBTQ, Wolf não é exatamente o tipo de pessoa que um crente conservador procuraria em busca de conselhos sobre valores morais cristãos.

Não obstante, ao ler o artigo que ela publicou em 9 de janeiro, percebi mais claramente quão verdadeiras são as palavras que Jesus dirigiu a alguns fariseus incomodados com a reação do povo à Sua entrada triunfal em Jerusalém: "Asseguro-vos que, se eles se calarem, as próprias pedras clamarão" (Lucas 19:40).

Com o título sugestivo "É Hora dos Intelectuais Falarem sobre Deus?", Wolf, que é uma crítica das políticas sanitárias em vigor, começa seu texto descrevendo a reação extremamente negativa de uma ampla gama de profissionais que ela conhece, os quais, influenciados pela narrativa oficial sobre a Covid-19, tornaram-se pessoas muito diferentes.

Com o passar dos meses, amigos e colegas meus com alto grau de instrução, pensadores críticos, jornalistas, editores, pesquisadores, médicos, filantropos, professores, psicólogos – todos começaram a repetir apenas os pontos de vista da MSNBC e da CNN, e logo se recusaram abertamente a examinar quaisquer fontes – até mesmo fontes revisadas por pares em revistas médicas – até mesmo dados do CDC – que contradissessem esses pontos de vista. Essas pessoas literalmente me disseram: 'Não quero saber disso; não me mostre'. Logo ficou claro que, se absorvessem informações que fossem de encontro à 'narrativa' que estava se consolidando, corriam o risco de perder status social, talvez até empregos; portas se fechariam, oportunidades seriam perdidas.

Mais adiante, ela observa com evidente espanto:

Sistemas de crenças inteiros foram abandonados de forma indolor e da noite para o dia, como se essas comunidades estivessem sob o domínio de uma alucinação coletiva, como a mania de bruxas dos séculos XV a XVII no norte da Europa. Pessoas inteligentes e informadas de repente viram coisas que não existiam e foram incapazes de ver coisas que estavam incontestavelmente diante de seus olhos.

Em face desta descida ao abismo manifestada no que ela comparou com uma alucinação coletiva, Wolf escreve que, meses antes, havia perguntado a um renomado ativista da liberdade médica como ele permaneceu resiliente em sua missão, mesmo tendo a reputação manchada e enfrentado ataques à sua carreira e ostracismo social. Ele respondeu citando Efésios 6:12:

"Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes."

A resposta surpreendente fez Naomi Wolf pensar a respeito e, à medida que os dias passavam, essas palavras faziam mais sentido para ela. Wolf expressou seus pensamentos em um encontro para defensores da liberdade médica realizado no Vale do Rio Hudson:

Naquela reunião no bosque com a comunidade da liberdade de saúde, confessei que havia começado a orar novamente. Isso foi depois de muitos anos pensando que minha vida espiritual não era tão importante e, certamente, muito pessoal, quase embaraçosa, e, portanto, não era algo que eu deveria mencionar em público.

Eu disse ao grupo que agora estava disposta a falar sobre Deus publicamente, porque eu havia analisado o que havia caído sobre nós de todos os ângulos, usando minha educação e minhas faculdades críticas; e que se tratava de algo tão elaborado, abrangente e cruel, com uma imaginação quase sobre-humana, extravagante e barroca, constituída da essência da própria crueldade – que eu não conseguia admitir que isso havia sido realizado por meros humanos trabalhando no nível humano desajeitado no espaço político estúpido.

Para Wolf, o que está acontecendo nos últimos 24 meses é tão surreal que ela não encontra no âmbito de sua experiência a explicação para tudo isso, restando-lhe acreditar que se trata da ação de forças sobrenaturais das trevas. Apesar de sua formação acadêmica e histórico profissional, ela se sente incapaz de explicar o declínio civilizacional de outra forma, a não ser nos termos de Efésios 6:12.

Senti ao nosso redor, na natureza majestosa do horror do mal que nos rodeia, a presença de 'principados e potestades' – níveis de escuridão e de forças desumanas e anti-humanas quase imponentes. Nas políticas que se desenrolam ao nosso redor, vi repetidas vezes resultados anti-humanos: políticas destinadas a aniquilar a alegria das crianças, a literalmente sufocá-las, restringindo sua respiração, fala e riso; a aniquilar a escola e os laços familiares; a aniquilar igrejas, sinagogas e mesquitas; e, dos altos escalões, da própria tribuna do presidente, exigências para que as pessoas fossem coniventes em excluir, rejeitar, descartar, afastar, odiar seus vizinhos, entes queridos e amigos.

Vi política ruim durante toda a minha vida e esse drama que se desenrola ao nosso redor vai além da política ruim, que é tola e controlável e não tão assustadora. Isso é assustador, metafisicamente assustador. Em contraste com a infeliz má administração humana, essa escuridão tem o matiz do mal puro e elementar que subjazia e conferia uma beleza tão hedionda à teatralidade do nazismo...

Wolf diz que "a própria imponência do mal ao nosso redor, em toda a sua nova majestade", a levou a acreditar na "presença, na possibilidade e na necessidade de uma força contrária – a de um Deus", pois, de acordo com ela, um mal de tal magnitude deve significar "que existe um Deus contra o qual esse mal concentra sua malevolência".

"Como escritora liberal clássica em um mundo pós-guerra, dizer essas coisas em voz alta representa um grande salto para mim", confessa.

Lembre-se, Naomi Wolf é uma intelectual de esquerda, considerada uma importante porta-voz da terceira onda do movimento feminista. E é precisamente isso que torna suas palavras tão surpreendentes.

Ela observa que os intelectuais pós-modernos não devem falar ou crer em assuntos espirituais, pelo menos não publicamente. Devem ser discretos em suas referências a Deus, e certamente não devem falar sobre o mal ou as forças das trevas.

Mas Wolf acredita que "é hora de começar a falar novamente sobre o conflito espiritual", "porque penso que é nisso que estamos envolvidos, e as forças das trevas são tão assustadoras que precisamos de ajuda".

"Qual é o objetivo desta batalha espiritual?", ela pergunta. "Parece ser nada menos que a alma humana". E então conclui:

Penso que estamos em um momento inédito na história – globalmente – em que, pessoalmente, acredito que não temos outra escolha a não ser pedir ajuda a seres – ou a um Ser – melhor armados do que nós para combater a verdadeira escuridão. Talvez descubramos se eles existem, se Ele ou Ela existe, se pedirmos a ajuda de Deus.

Quando alguém como Naomi Wolf escreve nesses termos, é hora de prestar atenção no que está acontecendo à nossa volta e considerar seriamente as palavras do Senhor Jesus em Apocalipse 3:11:

"Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa."


[Revisado em 30 de março de 2024]

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