Como as muitas advertências e apelos decisivos encontrados nas Escrituras (Gênesis 6:3; Deuteronômio 30:15-20; I Reis 18:21; Oséias 14:9; Amós 5:14; Jonas 1:1-2, etc.), a mensagem do segundo anjo consiste de um solene aviso motivado pelo amor e pela misericórdia de Deus.
Trata-se, porém, de uma advertência final relacionada aos últimos dias e que tem em vista os que não atenderam a mensagem do primeiro anjo. Esse derradeiro aviso denuncia a iniquidade de um falso sistema religioso - a antítese do evangelho eterno - e nos exorta a não sermos cúmplices de seus crimes (Apocalipse 18:4).
A palavra "Babilônia" é mencionada seis vezes no Apocalipse (14:8; 16:19; 17:5; 18:2, 10 e 21).
Nesses textos, Babilônia é identificada como um poder que "tem dado a beber a todas as nações do vinho da fúria da sua prostituição". Ela é chamada de "a grande, a mãe das meretrizes e das abominações da terra", "morada de demônios, covil de toda espécie de espírito imundo e esconderijo de todo gênero de ave imunda e detestável" - uma descrição em termos simbólicos de sua decadência moral e espiritual.
Devido a essa condição, "lembrou-se Deus da grande Babilônia"; a "poderosa cidade" "será arrojada", e "jamais será achada".
Babilônia é símbolo de uma apostasia institucionalizada, de alcance mundial (Apocalipse 14:8; 16:13-14), através da qual Satanás espera enredar a humanidade num espírito de rebelião contra o governo de Deus. A apostasia em escala ecumênica é a estratégia diabólica que reflete a própria natureza da antiga Babilônia em seu afã de ser independente de Deus e elevar-se ao nível da divindade (Jeremias 51:25, 17-18 e 47).
Com efeito, o nome "Babilônia", usado no Apocalipse para designar esse fenômeno religioso dos últimos tempos, não foi uma escolha incerta.
Sem dúvida alguma, há algo de essencial da Babilônia histórica presente em sua congênere escatológica. Aquela possui características que nos ajudarão a identificar esta última, cuja queda moral, seguida de sua queda literal, é antecipada na mensagem do segundo anjo (Apocalipse 14:8).
A definição, contudo, é tanto histórica como teológica, e depende de uma busca a partir do Antigo Testamento.
A primeira referência bíblica à Babilônia remonta a Ninrode, fundador da cidade (Gênesis 10:8-10), e à torre de Babel (11:1-9). A palavra "Babilônia" deriva de "Babel", que significa "porta dos deuses" segundo textos babilônicos antigos.
O Comentário Bíblico Adventista observa que esse significado possivelmente fosse secundário, e que o nome viesse originalmente do verbo babilônico babalu, que significa "espalhar" ou "desaparecer". Pode ser que os babilônios não tivessem orgulho de um nome que os lembrava do inglório clímax de planos anteriores para a cidade, e assim eles inventaram uma explicação que fazia com que o nome parecesse ser um composto das palavras bab, "porta", e ilu, "deus". (1) Temos aqui a origem dos subterfúgios típicos da mentalidade politicamente correta!
Ninrode era o poderoso caçador diante do Senhor (a Septuaginta traduz a expressão como "contra o Senhor"), cujas habilidades o tornaram proeminente entre seus contemporâneos. Ele foi o pioneiro na construção de cidades, o primeiro homem mencionado na Bíblia como soberano de um reino.
Era natural, portanto, que as cidades por ele fundadas - a primeira das quais foi Babel - refletissem o caráter de seu fundador. O possível papel da religião na transformação dos povoados em cidades, e a reivindicação dos antigos soberanos ao status de representantes dos deuses, nos dão uma ideia do tipo de influência embrionária que Ninrode exerceu em seu tempo.
Na literatura rabínica, Ninrode é considerado o protótipo de um povo rebelde, o soberbo e idólatra "que fez com que todas as pessoas se rebelassem contra Deus".
De acordo com essa perspectiva, na qualidade de primeiro caçador, Ninrode foi o primeiro a introduzir o consumo humano da carne, e também o primeiro a guerrear contra outros povos. Ele é geralmente considerado como tendo sido quem sugeriu a construção da torre de Babel e que esteve à frente desse projeto. Na cultura árabe, Ninrode é considerado o exemplo supremo do tirano. (2)
Seja como for, a construção de Babilônia por Ninrode culminou na apostasia da torre de Babel. Deus prometera a Noé e sua família que o mundo jamais seria destruído novamente por um dilúvio, mas seus descendentes rejeitaram a promessa divina e decidiram construir uma estrutura que rivalizasse com o Céu.
O movimento era apóstata e resultou da incredulidade do povo na promessa de Deus (Gênesis 9:8-17). Desobedecendo às instruções divinas de que deviam espalhar-se por toda a Terra (Gênesis 9:1, 7, 18 e 19), edificaram uma cidade e uma torre em torno das quais pretendiam notabilizar o seu nome e o nome de seus deuses.
Entretanto, ao invés de se tornar um monumento em homenagem ao orgulho de seus construtores, Babel e sua torre converteram-se num memorial de sua loucura obstinada e inconsequente. Confundindo e dispersando os rebeldes, Deus impediu que seu empreendimento aviltasse o mundo ainda na flor de sua infância (Gênesis 11:4-9).
Nesses textos, Babilônia é identificada como um poder que "tem dado a beber a todas as nações do vinho da fúria da sua prostituição". Ela é chamada de "a grande, a mãe das meretrizes e das abominações da terra", "morada de demônios, covil de toda espécie de espírito imundo e esconderijo de todo gênero de ave imunda e detestável" - uma descrição em termos simbólicos de sua decadência moral e espiritual.
Devido a essa condição, "lembrou-se Deus da grande Babilônia"; a "poderosa cidade" "será arrojada", e "jamais será achada".
Babilônia é símbolo de uma apostasia institucionalizada, de alcance mundial (Apocalipse 14:8; 16:13-14), através da qual Satanás espera enredar a humanidade num espírito de rebelião contra o governo de Deus. A apostasia em escala ecumênica é a estratégia diabólica que reflete a própria natureza da antiga Babilônia em seu afã de ser independente de Deus e elevar-se ao nível da divindade (Jeremias 51:25, 17-18 e 47).
Com efeito, o nome "Babilônia", usado no Apocalipse para designar esse fenômeno religioso dos últimos tempos, não foi uma escolha incerta.
Sem dúvida alguma, há algo de essencial da Babilônia histórica presente em sua congênere escatológica. Aquela possui características que nos ajudarão a identificar esta última, cuja queda moral, seguida de sua queda literal, é antecipada na mensagem do segundo anjo (Apocalipse 14:8).
A definição, contudo, é tanto histórica como teológica, e depende de uma busca a partir do Antigo Testamento.
Uma breve volta ao passado
A primeira referência bíblica à Babilônia remonta a Ninrode, fundador da cidade (Gênesis 10:8-10), e à torre de Babel (11:1-9). A palavra "Babilônia" deriva de "Babel", que significa "porta dos deuses" segundo textos babilônicos antigos.
O Comentário Bíblico Adventista observa que esse significado possivelmente fosse secundário, e que o nome viesse originalmente do verbo babilônico babalu, que significa "espalhar" ou "desaparecer". Pode ser que os babilônios não tivessem orgulho de um nome que os lembrava do inglório clímax de planos anteriores para a cidade, e assim eles inventaram uma explicação que fazia com que o nome parecesse ser um composto das palavras bab, "porta", e ilu, "deus". (1) Temos aqui a origem dos subterfúgios típicos da mentalidade politicamente correta!
Ninrode era o poderoso caçador diante do Senhor (a Septuaginta traduz a expressão como "contra o Senhor"), cujas habilidades o tornaram proeminente entre seus contemporâneos. Ele foi o pioneiro na construção de cidades, o primeiro homem mencionado na Bíblia como soberano de um reino.
Era natural, portanto, que as cidades por ele fundadas - a primeira das quais foi Babel - refletissem o caráter de seu fundador. O possível papel da religião na transformação dos povoados em cidades, e a reivindicação dos antigos soberanos ao status de representantes dos deuses, nos dão uma ideia do tipo de influência embrionária que Ninrode exerceu em seu tempo.
Na literatura rabínica, Ninrode é considerado o protótipo de um povo rebelde, o soberbo e idólatra "que fez com que todas as pessoas se rebelassem contra Deus".
De acordo com essa perspectiva, na qualidade de primeiro caçador, Ninrode foi o primeiro a introduzir o consumo humano da carne, e também o primeiro a guerrear contra outros povos. Ele é geralmente considerado como tendo sido quem sugeriu a construção da torre de Babel e que esteve à frente desse projeto. Na cultura árabe, Ninrode é considerado o exemplo supremo do tirano. (2)
Seja como for, a construção de Babilônia por Ninrode culminou na apostasia da torre de Babel. Deus prometera a Noé e sua família que o mundo jamais seria destruído novamente por um dilúvio, mas seus descendentes rejeitaram a promessa divina e decidiram construir uma estrutura que rivalizasse com o Céu.
O movimento era apóstata e resultou da incredulidade do povo na promessa de Deus (Gênesis 9:8-17). Desobedecendo às instruções divinas de que deviam espalhar-se por toda a Terra (Gênesis 9:1, 7, 18 e 19), edificaram uma cidade e uma torre em torno das quais pretendiam notabilizar o seu nome e o nome de seus deuses.
Entretanto, ao invés de se tornar um monumento em homenagem ao orgulho de seus construtores, Babel e sua torre converteram-se num memorial de sua loucura obstinada e inconsequente. Confundindo e dispersando os rebeldes, Deus impediu que seu empreendimento aviltasse o mundo ainda na flor de sua infância (Gênesis 11:4-9).
A torre de Babel neobabilônica
Recalcitrar é resistir obstinadamente,
desobedecendo. Esta palavra incomum expressa bem o espírito de Babilônia ao
longo da história.
C.W. Ceram observa em seu livro Deuses, Túmulos e Sábios que quando as pirâmides egípcias desmoronavam ou sofriam danos e saques por ladrões, ninguém se levantava para reconstruí-las ou mesmo abastecê-las de novos tesouros. Em contrapartida, os zigurates babilônicos, arruinados e destruídos várias vezes, foram sempre reconstruídos e novamente adornados. (3)
A última reconstrução do zigurate derivado da torre de Babel original, da qual não resta nenhum vestígio, foi empreendida durante o império neobabilônico. A propósito desta iniciativa, acham-se registradas as seguintes palavras de Nabupolassar:
E Nabucodonosor, seu filho, prossegue:
A pirâmide escalonada ou zigurate era o santuário do povo, objeto de romaria dos milhares que veneravam Marduk como deus soberano.
Depois de oferecer-lhe sacrifício, a multidão deixava o templo baixo e subia a enorme escada que conduzia ao primeiro pavimento da torre babilônica, a trinta e três metros de altura, enquanto os sacerdotes, à frente, atingiam, por outro lanço de escada, o segundo pavimento. A partir daí subiam por passagens secretas que conduziam ao cimo da torre e ao santuário de Marduk, ao qual o povo comum não tinha acesso. Acreditava-se que nesse local o próprio Marduk se revelava, e apenas uma mulher previamente escolhida podia permanecer ali para o prazer do deus.
C.W. Ceram observa em seu livro Deuses, Túmulos e Sábios que quando as pirâmides egípcias desmoronavam ou sofriam danos e saques por ladrões, ninguém se levantava para reconstruí-las ou mesmo abastecê-las de novos tesouros. Em contrapartida, os zigurates babilônicos, arruinados e destruídos várias vezes, foram sempre reconstruídos e novamente adornados. (3)
O Zigurate de Ur, no atual Iraque, cuja fachada foi reconstruída nos anos 80. |
A última reconstrução do zigurate derivado da torre de Babel original, da qual não resta nenhum vestígio, foi empreendida durante o império neobabilônico. A propósito desta iniciativa, acham-se registradas as seguintes palavras de Nabupolassar:
Naquele tempo, Marduk ordenou que se construísse a Torre de Babel, que tinha enfraquecido e desmoronado em tempos anteriores a mim, que assentasse os seus alicerces no seio do mundo subterrâneo e erguesse o seu cume procurando alcançar o céu.
E Nabucodonosor, seu filho, prossegue:
Para erguer o cume de Etemenanki de modo que rivalizasse com o céu, eu pus a minha mão. (4)
A pirâmide escalonada ou zigurate era o santuário do povo, objeto de romaria dos milhares que veneravam Marduk como deus soberano.
Depois de oferecer-lhe sacrifício, a multidão deixava o templo baixo e subia a enorme escada que conduzia ao primeiro pavimento da torre babilônica, a trinta e três metros de altura, enquanto os sacerdotes, à frente, atingiam, por outro lanço de escada, o segundo pavimento. A partir daí subiam por passagens secretas que conduziam ao cimo da torre e ao santuário de Marduk, ao qual o povo comum não tinha acesso. Acreditava-se que nesse local o próprio Marduk se revelava, e apenas uma mulher previamente escolhida podia permanecer ali para o prazer do deus.
Em redor, cercadas por um muro, erguiam-se as casas onde ficavam os peregrinos que vinham de longe para os grandes festejos, enquanto se preparavam para a procissão. Aí também se encontravam as casas dos sacerdotes de Marduk, os quais, como ministros de um deus que coroava reis, deviam ser poderosos. Tal era o pátio em cujo centro se erguia Etemenanki, um Vaticano babilônico, se bem que mais sombrio e de um esplendor ciclópico. (5)
Um modelo paralelo de salvação
O zigurate "Etemenanki - a "Pedra fundamental do Céu e da Terra" - erguido em honra ao deus Marduk e cercado por diversas construções relacionadas ao culto místico da cidade, constituía uma contrafação que, desde os seus primórdios, desafiava a Deus e Seu modelo divino de redenção centralizado em Jesus Cristo - a "Pedra Angular" (Salmo 118:22; Mateus 21:42; Atos 4:11; Efésios 2:20; I Pedro 2:4-8).
O meio de salvação de Deus, do qual os israelitas foram depositários, conservadores e testemunhas, baseava-se na justificação pela fé, representado pelos serviços típicos do santuário hebreu. Mediante esse sistema típico e sacrifical, Deus prometia e revelava o método divino de redenção que viria por meio de Jesus Cristo.
O modelo de salvação babilônico, ao contrário, fundamentava-se na justificação pelas obras, expressa na torre de Babel. A insistência desse modelo idolátrico em afirmar-se no lugar do método divino de salvação é a epítome da rebeldia que caracteriza Babilônia, tanto a histórica quanto a escatológica.
Não admira que Isaías 14 estabeleça uma relação tipológica entre o soberbo rei dos caldeus e a obstinada rebelião de Lúcifer no Céu. Por seu espírito, Babilônia tornou-se símbolo de descrença, rebeldia e idolatria, concentrando uma miscelânea de crenças e práticas religiosas que abrangiam diferentes formas de misticismo, como a adoração do sol e a astrologia, por exemplo.
A despeito das oportunidades que seus monarcas e súditos tiveram de conhecer o verdadeiro Deus, Babilônia permaneceu obstinada em seu caminho. Falando através do profeta Jeremias, o Senhor lamentou por fim a sorte da ímpia cidade:
Entre 539 e 538 a.C., os persas, liderados por Ciro, dominaram a Babilônia de Belsazar (Daniel 5), preservando a torre de Babel remanescente. Esta, contudo, foi posteriormente destruída por Xerxes, que não deixou senão ruínas. Os mistérios da religião babilônica foram preservados por seus sacerdotes e transferidos para Pérgamo, na Ásia Menor, motivo porque Cristo considerou esta cidade a sede do "trono de Satanás" (Apocalipse 2:13).
Quando o rei de Pérgamo, Átalo III, cedeu o seu reino aos romanos, o culto místico de Babilônia foi transferido para Roma, que desde então tem sido a sede desse falso sistema religioso.
O mesmo espírito que motivou os idealizadores de Babel no passado perpetua-se na atual "confusão" religiosa. Ellen G. White assinala esse fato com notável percepção:
É desse modo que as características da Babilônia histórica - a confusão religiosa, o orgulho e a opressão - reaparecem no símbolo de Babilônia empregado por João no Apocalipse.
Isso porque a antiga cidade é usada na Bíblia como prefiguração da moderna Babilônia. Se a primeira tenazmente resistiu a Deus e à Sua mensagem de salvação, é certo que esta última apresentará o mesmo comportamento, não obstante sua aparência de piedade.
Nosso desafio nos próximos artigos consistirá em identificar este fenômeno escatológico que o Apocalipse chama de "Babilônia".
1. Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 1. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2011, p. 279 e 280.
2. Emil G. Hirsch, M. Seligsohn, Wilhelm Bacher. "Nimrod". Em Jewish Encyclopedia.com. Acesso em: 22 set. 2015, 14h30min.
3. C.W. Ceram. Deuses, Túmulos e Sábios: As Grandes Descobertas da Arqueologia. São Paulo: Melhoramentos, 1992, p. 254.
4. Ibid., p. 254 e 252.
5. Ibid., p. 255.
6. Ellen G. White. Patriarcas e Profetas. Tatuí, SP: CPB, 2007, p. 79.
O meio de salvação de Deus, do qual os israelitas foram depositários, conservadores e testemunhas, baseava-se na justificação pela fé, representado pelos serviços típicos do santuário hebreu. Mediante esse sistema típico e sacrifical, Deus prometia e revelava o método divino de redenção que viria por meio de Jesus Cristo.
O modelo de salvação babilônico, ao contrário, fundamentava-se na justificação pelas obras, expressa na torre de Babel. A insistência desse modelo idolátrico em afirmar-se no lugar do método divino de salvação é a epítome da rebeldia que caracteriza Babilônia, tanto a histórica quanto a escatológica.
Não admira que Isaías 14 estabeleça uma relação tipológica entre o soberbo rei dos caldeus e a obstinada rebelião de Lúcifer no Céu. Por seu espírito, Babilônia tornou-se símbolo de descrença, rebeldia e idolatria, concentrando uma miscelânea de crenças e práticas religiosas que abrangiam diferentes formas de misticismo, como a adoração do sol e a astrologia, por exemplo.
A despeito das oportunidades que seus monarcas e súditos tiveram de conhecer o verdadeiro Deus, Babilônia permaneceu obstinada em seu caminho. Falando através do profeta Jeremias, o Senhor lamentou por fim a sorte da ímpia cidade:
Queríamos curar Babilônia, ela, porém, não sarou; deixai-a, e cada um vá para a sua terra; porque o seu juízo chega até ao céu e se eleva até as mais altas nuvens. (Jeremias 51:9)
Entre 539 e 538 a.C., os persas, liderados por Ciro, dominaram a Babilônia de Belsazar (Daniel 5), preservando a torre de Babel remanescente. Esta, contudo, foi posteriormente destruída por Xerxes, que não deixou senão ruínas. Os mistérios da religião babilônica foram preservados por seus sacerdotes e transferidos para Pérgamo, na Ásia Menor, motivo porque Cristo considerou esta cidade a sede do "trono de Satanás" (Apocalipse 2:13).
Quando o rei de Pérgamo, Átalo III, cedeu o seu reino aos romanos, o culto místico de Babilônia foi transferido para Roma, que desde então tem sido a sede desse falso sistema religioso.
A versão moderna de Babilônia
O mesmo espírito que motivou os idealizadores de Babel no passado perpetua-se na atual "confusão" religiosa. Ellen G. White assinala esse fato com notável percepção:
No professo mundo cristão, muitos se desviam dos claros ensinos da Bíblia, e edificam um credo com especulações humanas e fábulas aprazíveis; e apontam para a sua torre como um caminho para subir ao Céu. Os homens ficam tomados de admiração ante a eloquência, enquanto esta ensina que o transgressor não morrerá, que a salvação pode ser conseguida sem a obediência à lei de Deus. Se os professos seguidores de Cristo aceitassem a norma de Deus, esta os levaria à unidade; mas enquanto a sabedoria humana for exaltada sobre a Sua santa Palavra, haverá divisões e dissensão. A confusão existente entre credos e seitas em conflito uns com os outros, é apropriadamente representada pelo termo "Babilônia", que a profecia aplica às igrejas amantes do mundo, dos últimos dias. (6)
É desse modo que as características da Babilônia histórica - a confusão religiosa, o orgulho e a opressão - reaparecem no símbolo de Babilônia empregado por João no Apocalipse.
Isso porque a antiga cidade é usada na Bíblia como prefiguração da moderna Babilônia. Se a primeira tenazmente resistiu a Deus e à Sua mensagem de salvação, é certo que esta última apresentará o mesmo comportamento, não obstante sua aparência de piedade.
Nosso desafio nos próximos artigos consistirá em identificar este fenômeno escatológico que o Apocalipse chama de "Babilônia".
Notas e referências
1. Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 1. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2011, p. 279 e 280.
2. Emil G. Hirsch, M. Seligsohn, Wilhelm Bacher. "Nimrod". Em Jewish Encyclopedia.com. Acesso em: 22 set. 2015, 14h30min.
3. C.W. Ceram. Deuses, Túmulos e Sábios: As Grandes Descobertas da Arqueologia. São Paulo: Melhoramentos, 1992, p. 254.
4. Ibid., p. 254 e 252.
5. Ibid., p. 255.
6. Ellen G. White. Patriarcas e Profetas. Tatuí, SP: CPB, 2007, p. 79.
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