O Dia da Expiação e o juízo



Terminamos nosso último post (clique aqui para ler) mencionando os dois tipos de serviços realizados no antigo santuário hebreu: os serviços diários, ministrados pelos sacerdotes no átrio e no primeiro compartimento do tabernáculo, chamado o Santo Lugar, e que consistiam nos sacrifícios da manhã e da tarde (Êxodo 29:38-39; Números 28:3-4); e a cerimônia anual, que ocorria no segundo compartimento do tabernáculo, chamado Santo dos Santos ou Santíssimo, e ao qual somente o sumo sacerdote tinha acesso, uma vez por ano (Levítico 23:26-32; 16).

Ao compreender o significado e a dimensão espiritual de cada um desses serviços sagrados, esperamos compreender a natureza e a plena significação do juízo pré-advento anunciado pelo primeiro anjo em Apocalipse 14:7.

Os serviços diários


As ofertas diárias ou contínuas de um cordeiro pela manhã e outro à tarde eram o centro da adoração dos israelitas, preparadas de modo que todos pudessem participar (Levítico 6:9 e 13). Elas apontavam para Cristo, o Cordeiro de Deus (João 1:29), como única solução para o problema do pecado e da morte.

Os sacrifícios diários lembravam ao israelita sua constante necessidade e dependência de um Salvador, e por meio deles reconhecia a autoridade da lei de Deus, confessando sua culpa e demonstrando fé no Messias que viria para tirar os pecados. As ofertas contínuas representavam que o perdão e a aceitação da parte de Deus por intermédio do Redentor prefigurado nos sacrifícios eram continuamente oferecidos a todos os que, pela fé, desejassem obtê-los.

Uma das mais importantes cerimônias diárias do santuário consistia nos sacrifícios pelos pecados de um sacerdote ou de toda a congregação, nos quais o sacerdote oficiante espargia parte do sangue diante do véu no Lugar Santo (Levítico 4:1-21). Nos casos de sacrifícios pelos pecados de um príncipe ou de uma pessoa comum, o sangue era espargido sobre os chifres do altar do holocausto, e o sacerdote responsável comia uma parte da carne do animal (Levítico 4:25 e 30; 6:24-30).

Em todos os casos, a obra do sacerdote oficiante simbolizava o perdão e a purificação do pecador e a transferência simbólica dos pecados confessados do penitente para o santuário. Embora a transgressão fosse perdoada, e o pecador, libertado da condenação com base na promessa, figuradamente os pecados perdoados ao longo do ano durante os serviços diários permaneciam registrados no santuário, de modo que contaminavam os lugares santos (ver Jeremias 17:1).

É evidente que certos aspectos do pecado não recebiam um tratamento adequado através dos serviços contínuos ou diários, e permaneciam em aberto até que uma solução definitiva purificasse o santuário e, consequentemente, o povo.

Aqui entrava o serviço anual de expiação. Os sacrifícios diários oferecidos pelos pecados de Israel através do ano maculavam cumulativamente o santuário levítico, porque todos os dias se fazia a expiação do pecador arrependido, cujos pecados confessados eram simbolicamente gravados no santuário, o que demandava uma purificação anual. Esta se realizava por meio de um rito solene chamado Dia da Expiação. Mediante esse ministério sumo sacerdotal, purificavam-se tanto o santuário como o povo (Levítico 16:16, 19, 30 e 33).

Uma dupla purificação, portanto, era realizada nos serviços do tabernáculo: a primeira, pelo indivíduo, cujos pecados ele confessava no transcorrer do ano ao apresentar seu sacrifício pessoal, e pelos quais o santuário imediatamente assumia a responsabilidade; a segunda, em favor do próprio santuário, cujos registros de pecados confessados ao longo do ano eram removidos no Dia da Expiação. Note que a duas purificações eram indispensáveis.

Por sua natureza, a purificação do santuário levítico mediante o rito anual de expiação prefigurava o juízo que precede o segundo advento de nosso Senhor, contemplado pelo profeta Daniel em visão (Daniel 7:9-14; 8:14), e que se refere ao mesmo juízo anunciado pelo primeiro anjo em Apocalipse 14:7. Uma vez que compreendamos o Dia da Expiação típico e sua significação, entenderemos mais profundamente seu cumprimento em Cristo como nosso Sumo Sacerdote no santuário celestial (Hebreus 8:1-2).

O Dia da Expiação


O Dia da Expiação, ou Dia do Juízo, era o clímax de todo sistema levítico, o ponto culminante de todas as cerimônias religiosas dos israelitas. Nesse dia, o sumo sacerdote, sozinho, entrava no compartimento do santuário chamado Santíssimo, na presença de Deus para fazer uma expiação final pelos filhos de Israel e pelo santuário.

Cada pecado cometido e cada confissão feita, cada serviço prestado desde o último Dia da Expiação era trazido diante de Deus e constituía uma evidência final para aquele dia. O serviço anual ensinava um julgamento final, um veredito procedente de Deus contra o pecado e a favor do transgressor arrependido.

O rito anual de expiação era realizado aos dez dias do sétimo mês do calendário judaico (Levítico 23:27). A ordem de Deus a Moisés era bem clara; tratava-se de uma santa convocação em que o israelita deveria afligir sua alma, isto é, proceder a um solene exame de consciência perante Deus tendo em vista que, nesse dia, se faria uma expiação pelo santuário, pelos sacerdotes e por todo o povo (Levítico 16:33). Nenhuma obra era permitida nessa ocasião, e o indivíduo que não estivesse em harmonia com Deus seria eliminado do Seu povo (Levítico 23:28-29).

Em contraste com o ritual diário (Levítico 1:1-4), o Dia da Expiação lidava com todos os pecados de todo o povo (Hebreus 7:27; Levítico 16:30), que figuradamente haviam sido transferidos para o santuário pelos sacrifícios diários trazidos pelos israelitas ao longo do ano. Com efeito, através da expiação anual era realizada uma purificação abrangente, em que se restaurava o tabernáculo à sua pureza e santidade originais e se purificava o povo de seus pecados.

Embora fosse um ato coletivo, lidando com Israel como um todo, o Dia da Expiação tinha também um caráter pessoal, visto que cada indivíduo tinha uma papel a desempenhar no sentido de entregar-se inteiramente ao Senhor, descansando nEle e se humilhando diante dEle (Levítico 23:29) O rito anual de expiação ilustrava a solução final de Deus para o problema do pecado e a consumação da redenção prefigurada nos serviços diários.

Descrição sucinta do ritual


Além de um novilho e um carneiro, dois bodes eram requeridos para a purificação do santuário (Levítico 16:5-10). O sumo sacerdote os colocava diante do Senhor, à entrada do tabernáculo, e lançava sorte sobre eles. O bode escolhido para o Senhor, representando Jesus Cristo, era oferecido por oferta pelo pecado, pois sem derramamento de sangue não pode haver remissão (Hebreus 9:22). O outro bode, chamado Azazel, permanecia vivo.

Depois de imolado, o sangue do bode da oferta pelo pecado era trazido pelo sumo sacerdote para dentro do santuário e aspergido sobre o propiciatório, a tampa da arca que continha os Dez Mandamentos (Levítico 16:15), simbolizando que o juízo divino é aplicado mediante os méritos do sacrifício de Jesus pelo pecado. É através de Seu sangue que somos perdoados e reconciliados com Deus (João 3:16; I João 1:7). Em seguida, o sumo sacerdote espargia o sangue sobre o altar de incenso e sobre o altar de holocaustos (Levítico 16:18-19), fazendo, assim, expiação por todo o santuário e pelo povo (Levítico 16:33-34).

O bode Azazel, por sua vez, não sendo sacrificado, não prefigurava uma expiação com função redentora. Depois de fazer a expiação ou purificação completa do santuário, o sumo sacerdote trazia o bode vivo e sobre ele confessava todas as iniquidades dos israelitas, todas as suas transgressões e pecados, transferindo-os simbolicamente para o animal e enviando-o ao deserto pela mão de um homem previamente escolhido. Solto no deserto, o bode Azazel levava sobre si todas as iniquidades do povo para a terra solitária (Levítico 16:20-22). Esse animal, portanto, era um veículo pelo qual o pecado e as impurezas eram levados ao deserto, para bem longe do povo e do tabernáculo.

Note que a transferência simbólica de todos os pecados confessados para o pode Azazel ocorria somente depois da obra de purificação do santuário realizada pelo sumo sacerdote no Lugar Santíssimo com base no sangue do bode oferecido como oferta pelo pecado. Em outras palavras, o bode "por Azazel" só era figuradamente responsabilizado pelos pecados que levara Israel a cometer depois de completada a expiação redentiva por meio do sangue do bode "pelo Senhor":

Havendo, pois, acabado de fazer expiação pelo santuário, pela tenda da congregação, e pelo altar, então, fará chegar o bode vivo. (Levítico 16:20)

O bode para Azazel não era imolado. Seu sangue não era trazido nem para dentro do véu do santuário para ser espargido sobre e perante o propiciatório, nem era posto nas pontas do altar de sacrifícios e dispersado sobre ele sete vezes (Levítico 16:15-19). Por conseguinte, não fazia de maneira simbólica a necessária purificação do tabernáculo, do altar e do povo.

O bode vivo não levava figuradamente sobre si os pecados no sentido vicário, como Jesus. O Messias levou sobre Si os pecados de muitos (Isaías 53:12; I Pedro 2:24), assumindo Ele mesmo a responsabilidade pelos pecados e concedendo aos pecadores pleno perdão e purificação. Por suas características, o bode Azazel jamais poderia representar esse tipo de expiação.

Não obstante, Levítico 16:10 afirma que o bode para Azazel era apresentado vivo perante o Senhor a fim de fazer expiação. Visto que o animal não era sacrificado e que, portanto, não realizava simbolicamente expiação de natureza redentora, que tipo de expiação prefigurava então?

Tratava-se de uma expiação punitiva, como em Números 25:6-13, em que Finéias, filho de Eleazar, o sumo sacerdote, atravessou com uma lança a Zinri e Cosbi. A atitude de Zinri em trazer uma mulher midianita ao acampamento para manter relações sexuais com ela enquanto uma praga dizimava os israelitas envolvidos no incidente de Sitim, revela o grau de apostasia a que havia chegado o povo. O verso 13 declara que a atitude de Finéias demonstrando zelo por Deus "fez expiação pelos filhos de Israel".

Assim, a cerimônia do bode vivo efetuava uma expiação punitiva, através da qual se removiam e eliminavam do acampamento o pecado e a impureza, os quais eram atribuídos ao agente que os originou.

Durante o Dia da Expiação havia uma confrontação entre Deus e outro poder, respectivamente simbolizados pelo bode para o Senhor e o bode para Azazel, este último representando um poder adversário, fonte original do pecado e da impureza. Transferindo os pecados do povo para Azazel, através do bode, esse poder era identificado como o originador do pecado, e, portanto, devia ser finalmente responsabilizado. (1)

Os israelitas aguardavam com grande solenidade, interesse e reverência os desdobramentos do Dia da Expiação, visto que nessa ocasião efetuava-se a vindicação final tanto do santuário como do povo. Os atos de cada homem eram provados diante de Deus, e exigia-se dos participantes uma preparação antecipada, a fim de que não fossem surpreendidos pela ansiedade e temor provocados por pecados não confessados.

Efetuada a final vindicação do povo com base na aceitação e purificação da parte de Deus, o sumo sacerdote deixava o Lugar Santíssimo e, diante dele, transferia simbólica e solenemente todos os pecados do ano passado para a cabeça do bode vivo, banindo-os para sempre do arraial. Os que haviam permanecido em harmonia com os requisitos deste dia podiam agora descansar no Senhor com a plena certeza de que não haveria mais memória dos pecados passados.

O Dia da Expiação prefigurava a obra celestial de Cristo


Por meio de seus símbolos impressivos, o Dia da Expiação anunciava a vitória final de Cristo sobre os poderes do mal, trazendo esperança ao povo de Deus e a certeza de que Seu trono permanecerá seguro para sempre. As acusações de Satanás contra o governo divino comprovar-se-ão definitivamente infundadas, e ele, como o causador do pecado e da morte, deverá assumir a responsabilidade final por eles.

Tanto em tipo como em antítipo, o Dia da Expiação revela que a solução definitiva do problema do pecado é de natureza sobrenatural, e inclui, por um lado, a restauração de tudo o que foi perdido pelo pecado, e de outro, a remoção e eliminação do pecado satisfazendo uma necessidade moral. Em ambos os aspectos, o caráter e o governo de Deus são vindicados, e o Seu povo, redimido.

O ministério sacerdotal de Cristo no Céu constitui, pois, além de uma demonstração do amor de Deus pelos pecadores, uma efetiva reação divina contra as forças do mal, que resultará na completa erradicação do pecado e da morte.

A fase final do programa divino de redenção revela a existência e realidade do pecado e apresenta o trato de Deus com relação a esse problema. Não é possível que Deus e o pecado coexistam indefinidamente. A justiça de Deus requer um tratamento adequado ao problema do pecado.

O juízo final vindica o caráter de Deus e a eternidade de Sua lei, ao mesmo tempo em que salva e redime o Seu povo. O ápice desse juízo ocorre depois do milênio, quando Satanás e seus seguidores terão a mesma sorte (Apocalipse 20:1-15). Esse derradeiro evento cumpre a última parte da cerimônia típica de Expiação, na qual o bode Azazel era simbolicamente responsabilizado pelo pecado.

Ellen G. White identifica o banimento do segundo bode com a extinção do pecado e seu autor, ocorrendo como parte final da obra de Cristo como nosso Sumo Sacerdote no santuário celestial:

Visto que Satanás é o originador do pecado, o instigador direto de todos os pecados que ocasionaram a morte do Filho de Deus, exige a justiça que Satanás sofra a punição final. A obra de Cristo para a redenção dos homens e purificação do Universo da contaminação do pecado, encerrar-se-á pela remoção dos pecados do santuário celestial e deposição dos mesmos sobre Satanás, que cumprirá a pena final. Assim no cerimonial típico, o ciclo anual do ministério encerrava-se com a purificação do santuário e confissão dos pecados sobre a cabeça do bode emissário. Em tais condições, no ministério do tabernáculo e do templo que mais tarde tomou o seu lugar, ensinavam-se ao povo cada dia as grandes verdades relativas à morte e ministério de Cristo, e uma vez ao ano sua mente era transportada para os acontecimentos finais do grande conflito entre Cristo e Satanás, e para a final purificação do Universo, de pecado e pecadores. (2)

Conclusão


À luz do que foi exposto até aqui, podemos concluir o seguinte:

1. Os serviços típicos do santuário terrestre, que consistiam de cerimônias diárias e anuais, eram "figura e sombra das coisas celestes" (Hebreus 8:5; 9:9 e 23). Cristo, nosso grande Sumo Sacerdote, é "ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem" (Hebreus 8:2).

2. O ciclo completo do ritual diário ou regular no santuário levítico representava a contínua eficácia do sacrifício todo-abrangente de Cristo consumado "uma vez por todas" na cruz, e Sua obra como nosso Mediador junto ao Pai, no santuário "não feito por mãos" (Hebreus 9:11, 23 a 28), aplicando individualmente os benefícios desta provisão a todos os que O recebem como seu Salvador.

O sacerdócio de Cristo no Céu é, portanto, um ministério de intercessão realizado no poder de Sua oferta sacrifical (Hebreus 7:25-27). Esta obra redentora provê, entre outros benefícios, perfeita segurança (Hebreus 10:19-23), salvação completa (Hebreus 7:25) e acesso a Deus (Hebreus 4:14-16).

3. O rito anual da expiação prefigurava uma fase especial do ministério intercessor de Cristo no santuário celestial - uma obra incluindo juízo (Daniel 7:9-10, 13-14; 8:14; Hebreus 9:23).

Por meio de Seu perfeito sacrifício, Cristo levou sobre Si as penalidades do pecado por todos os homens, mas a cruz não erradicou o pecado. Satanás ainda continua em atividade, e o pecado ainda prevalece no mundo, multiplicando suas terríveis mazelas.

A cruz, porém, lançou as bases para sua extinção. A obra de julgamento é, pois, o clímax da obra redentora de Deus em Cristo, cumprindo a cerimônia típica do Dia da Expiação, que apontava para a restauração final da criação de Deus à sua condição original, livre do pecado e da impureza.

Segundo o profeta Daniel, este juízo, chamado investigativo, tem lugar depois do período de supremacia do "chifre pequeno" e antes do segundo advento de Cristo (Daniel 7:21-22 e 27). Além de vindicar o caráter e o governo de Deus, esse juízo faz justiça aos Seus santos, permitindo-lhes possuir o reino preparado desde a fundação do mundo (Mateus 25:34).

4. O Dia da Expiação típico centralizava-se em dois bodes. Ambos faziam uma obra de expiação (Levítico 16:10, 15 a 19). Em um caso, porém, o sangue era vertido, no outro, não. Sob a figura do bode que era sacrificado, Cristo levou nossos pecados.

Esta função redentora não era prefigurada pelo segundo bode porque seu sangue não era derramado (Hebreus 9:22). Os pecados removidos do Lugar Santíssimo com base na oferta do bode pelo pecado eram simbolicamente trazidos pelo sumo sacerdote para fora do tabernáculo e confessados sobre o bode vivo, que os levava para longe do arraial, a um lugar de total isolamento e separação.

Esse animal levava os pecados não no sentido vicário, como Jesus, mas como veículo responsável pelas faltas que incitara Israel a cometer, e, assim, representava uma expiação punitiva, e não redentora.

5. Dentro do simbolismo do Dia da Expiação, o sangue derramado do bode "pelo Senhor" cancelava a culpa do pecador arrependido, e purificava o santuário dos registros de pecados.

Somente depois de completada a expiação, o bode "por Azazel" era declarado culpado pelas iniquidades, transgressões e pecados que induzira Israel a cometer, sendo levado vivo para uma região solitária, para bem longe do povo e do tabernáculo (Levítico 16:20-22).

A purificação do santuário levítico no Dia da Expiação tem seu cumprimento na derradeira atividade conduzida por Cristo no santuário celestial (Hebreus 9:21-23; I João 1:7-9; Apocalipse 11:19). Nesta fase especial e final do ministério redentor de Cristo, os pensamentos e atos de todos os homens, sejam bons ou maus, são trazidos a juízo.

A abertura dos relatórios divinos (Daniel 7:9-10) requer uma prestação de contas, uma purificação conclusiva e definitiva em seus efeitos. Somente os santos de Deus poderão ter uma sentença a seu favor (Daniel 7:22, 26 e 27).

O Dia da Expiação típico ensinava também outra purificação: a do próprio santuário, que figuradamente retinha os pecados confessados durante o ano. Este evento representava a purificação do santuário celestial dos registros de pecados que constam dos livros do Céu (sobre os relatórios divinos, ver Êxodo 32:32-33; Salmo 69:28; Jeremias 17:1; Daniel 12:1; Malaquias 3:16; Lucas 10:20; Apocalipse 3:5; 20:12).

Quando a obra sumo sacerdotal de Cristo for encerrada, a responsabilidade final por esses pecados será atribuída a Satanás, o agente que os originou. A restrição divina que lhe é imposta durante o milênio e sua posterior extinção (Apocalipse 20:1-3, 7-10) é simbolizada pelo banimento e morte do bode Azazel na terra solitária.

A obra final do Senhor no santuário celestial culminará com a completa vitória de Cristo sobre Satanás e o pecado, trazendo vida eterna a todos os que creem no Filho de Deus (João 1:12).

A atividade de julgamento exercida por Cristo no Céu e prefigurada na antiga cerimônia anual de expiação purifica os lugares celestiais dos pecados registrados e concede purificação final aos fiéis seguidores de Cristo (Hebreus 9:23; 10:19-23).

Também aponta para o estabelecimento do reino eterno de Deus (Hebreus 12:28), quando todos os inimigos de Cristo, que já foram derrotados (Hebreus 2:14), serão feitos como "estrados dos Seus pés" (Hebreus 10:13; Salmo 110:1).

O juízo pré-advento culminará com o juízo executivo, que consumirá os adversários de Deus (Hebreus 10:27), banindo para sempre a presença do pecado no Universo.

Notas e referências


1. A propósito do termo "Azazel", o Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, edição 2011, vol. 1, p. 838 e 839, observa o seguinte: "Alguns estudiosos defendem, com os judeus, que Azazel denota um espírito pessoal, sobrenatural e pérfido; e quase todos concordam que a raiz da palavra significa 'aquele que remove', o removedor, especificamente, o que remove através de 'uma série de atos'... Como um bode é para o Senhor, um ser pessoal, o outro bode também deve ser para um ser pessoal; e como ambos são, evidentemente, antitéticos, o ponto de vista mais consistente é que Azazel se opõe ao Senhor, e, portanto, só pode ser Satanás." Para uma discussão mais detalhada sobre o significado de Azazel, ver Questões sobre Doutrina, Edição anotada (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2008), p. 284 a 287.

2. Ellen G. White. Patriarcas e Profetas. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2007, p. 255.

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