Hollywood jesuíta – 14. Do século XX ao século XXI

Hollywood não era totalmente anticatólica no final dos anos 90

No capítulo anterior, vimos que, no final da década de 1980, Hollywood não só havia se livrado de todos os vestígios remanescentes da censura católica, como também tornara-se decididamente anticatólica em grande parte de suas produções. No entanto, não seria correto dizer que Hollywood havia se livrado completamente da influência católica.

De acordo com um padre de Roma que passou a maior parte de sua vida sacerdotal em Hollywood, no final de 1998 o setor de entretenimento não era anticatólico. O padre Bud Kieser, ex-personalidade da TV, produtor de cinema, autor e fundador de um prêmio católico de entretenimento, disse sobre o setor: "Eles gostam de nós. Eles não gostam da nossa posição sobre o controle de natalidade. Não gostam de nossa posição sobre o aborto. Não gostam de nossa posição sobre as mulheres sacerdotes. Mas, em geral, eles gostam de nós. Gostam de nós por estarmos ao lado dos pobres e por servirmos honestamente aos pobres. Um grande número de estúdios em Los Angeles doou um valor muito significativo ao Cardeal [Roger] Mahony [de Los Angeles], para seu fundo de bolsas de estudo no centro da cidade. Dinheiro significativo." [534]

O que ele disse sobre os estúdios doarem dinheiro para Roma era verdade. Rupert Murdoch, o influente magnata da mídia e católico, doou, em 2000, US$ 10 milhões para a construção de uma nova catedral católica em Los Angeles. Murdoch tinha grandes participações nos setores de cinema, TV e publicações, incluindo a Fox Television, a 20th Century Fox Films, o London Times e o New York Post, as editoras Harper Collins e Zondervan. Embora suas produções cinematográficas e televisivas fossem imorais, o cardeal Roger Mahony aceitou prontamente sua doação e, em janeiro de 1998, tornou Murdoch e sua esposa membros da Pontifícia Ordem de São Gregório Magno. Esse título de cavaleiro é concedido em nome do papa de Roma e supostamente é dado a pessoas de "caráter ilibado" que "promoveram o interesse da sociedade, da Igreja [Católica Romana] e da Santa Sé". [535] Evidentemente, Murdoch e sua esposa fizeram exatamente isso.

Uma nova mudança estava ocorrendo nessa fase (final da década de 1990). O catolicismo havia dominado Hollywood durante sua "Era de Ouro"; depois, os liberais e marxistas assumiram uma posição de domínio por algumas décadas, de modo que, no final dos anos 1980, o poder de Roma sobre o setor havia sido severamente reduzido. Porém, no final da década de 1990, algo extraordinário aconteceu: Hollywood liberal/esquerdista e o catolicismo, conquanto certamente não se fundissem de fato, começavam a encontrar pontos em comum em determinadas esferas. Isso se estendeu até os anos 2000.

Sim: em Hollywood, e praticamente em toda parte, a instituição católica e os liberais/esquerdistas, e até mesmo os marxistas, estavam descobrindo que tinham coisas em comum. Como disse o padre Kieser, os últimos encontravam muito o que admirar nos programas sociais da primeira, mesmo quando rejeitavam suas doutrinas e suas posições sobre questões específicas. Isso estava de acordo com a estratégia jesuíta/papista desde os anos que antecederam o Concílio Vaticano II, nos anos 1960. A partir de então, toda a instituição católica se inclinou fortemente para a esquerda, até mesmo promovendo seu próprio tipo de comunismo, conhecido como teologia da libertação, e uma agenda em favor dos pobres que era muito atraente para os liberais e os vermelhos, independentemente do que pensavam sobre a posição de Roma em outras questões. O terreno em comum eram as causas esquerdistas da "justiça social", inclusive em Hollywood. Evidentemente, a animosidade anterior não era nem de longe tão grande.

Em um curto espaço de tempo, Hollywood, dominada pela esquerda, passou a adotar uma abordagem diferente ao produzir filmes de natureza religiosa. Vamos examinar essa mudança.

Hollywood e o retorno da "espiritualidade"

Segundo Jack e Pat Shea, especialistas de Hollywood, em 2001, um interesse renovado pela "espiritualidade" estava se espalhando pela indústria. [536]

Os Shea, um casal de roteirista e diretor católico, disseram que os filmes e programas de TV recentes marcaram um retorno à discussão de temas espirituais. "As pessoas estão definitivamente mais interessadas em espiritualidade atualmente", disse Jack Shea, que foi presidente do Directors Guild of America. Segundo sua esposa Pat, diretora da Catholics in Media Association, isso foi demonstrado pelo sucesso de séries de TV como The West Wing e Touched by an Angel. Ela disse: "Nós [Hollywood] ficamos tão secularizados e tínhamos tanto medo de falar qualquer coisa sobre religião. Agora, não há problema algum em dizer que você é religioso".

Portanto, num primeiro momento, houve a censura católica; mais tarde, em reação à essa censura e também em sintonia com a época, houve o período das produções virulentamente antirreligiosas e até anticatólicas procedentes de Hollywood; depois, quando essa reação antirreligiosa arrefeceu e a sociedade entrou na fase dos ensinamentos da Nova Era, do misticismo católico e de outras novas e estranhas experiências religiosas (novamente em reação à fase antirreligiosa), Hollywood despertou para o fato de que "há ouro naquelas colinas" – as colinas da religião.

Há alguns anos, os Shea vinham se reunindo com o arcebispo John Foley, presidente do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais, bem como com outras autoridades papistas, em conversas com representantes do setor de entretenimento. Jack Shea disse que os produtores e roteiristas estavam cada vez mais interessados na atitude da "Igreja" Católica em relação à mídia e mais conscientes de que a "Igreja" de Roma não a "condenava".

Note o que estava acontecendo em Hollywood: a "espiritualidade" ganhava novamente terreno, mas no que consistia? Na espiritualidade mística católica e em outras formas de espiritualidade religiosa, principalmente de natureza oriental (embora isso não tenha sido declarado pelos Shea). Por que isso aconteceu? Hollywood não estava subitamente se convertendo ao romanismo. Não se tratava de um retorno à Hollywood sob o tacão de ferro da PCA, controlada pelos papistas, e da Legião da Decência romanista. Na verdade, os produtores de Hollywood e outros se conscientizaram novamente do valor financeiro de produzir filmes e séries de TV que atendessem ao público religioso. Não pessoas verdadeiramente cristãs, mas pessoas religiosas. Isso não mostrava, de forma alguma, uma conversão semelhante à da estrada de Damasco ocorrendo na indústria! Como sempre, o que importava era o dinheiro. Pat Shea admitiu isso na entrevista, quando disse: "Também temos que lembrar à Igreja que nós [Hollywood] somos uma entidade comercial, um negócio. É preciso caminhar nessa linha tênue entre o aspecto de entretenimento do que fazemos e a responsabilidade de nossa influência sobre nosso público".

Os Shea destacaram a enorme influência da "Igreja" Católica nas artes ao longo dos séculos. Jack Shea disse que a "Igreja" deveria "continuar envolvida no cinema, na televisão e em todo o entretenimento, porque é assim que você alcança as pessoas. Essa é a linguagem das pessoas hoje". Pat Shea disse que a "presença de pessoas da Igreja [no setor] traz à mente nossa tremenda influência na sociedade – não só na sociedade americana, mas onde quer que nossos produtos sejam exibidos".

De fato. E assim a tensão entre os desejos da imensamente poderosa "Igreja" de Roma e os desejos da Hollywood liberal/esquerdista continuou. Durante décadas, Roma dominou o setor; mais tarde, os liberais/esquerdistas/vermelhos passaram a dominar a indústria. Com o tempo, Roma mudou sua tática, mas nunca perdeu de vista o desejo de dominar a fábrica de sonhos de Hollywood. Ela continuou a exercer uma forte influência nos bastidores e sempre esperou e trabalhou por mais.

Vamos examinar o que aconteceu na primeira década do século XXI, pois, embora isso revele o contínuo cabo de guerra entre o catolicismo e o liberalismo/esquerdismo em Hollywood, também revela uma aproximação entre ambos, uma descoberta de algum ponto em comum em que poderiam cooperar, por mais inacreditável que fosse. E esse ponto em comum era frequentemente encontrado nos lugares mais improváveis.

O fenômeno Harry Potter

A partir da primeira adaptação cinematográfica da série de livros Harry Potter, em 2001, cada história foi transformada em um filme de sucesso de bilheteria. Inúmeros volumes foram escritos sobre essa série, e não é minha intenção entrar em detalhes sobre a natureza ocultista desses livros e filmes voltados para o público infantil, pois isso iria além do objetivo deste livro. O fato de que eles promovem agressivamente a bruxaria e outros aspectos do ocultismo foi exaustivamente documentado por muitos pesquisadores. Não há absolutamente nenhuma dúvida do grande perigo espiritual que as histórias representam para as crianças. Elas proporcionam às mentes e corações jovens uma doutrinação sobre a bruxaria, e sua influência tem sido incalculável. [537]

Conforme demonstrado antes, ao longo das décadas, Hollywood deixou de ser um setor fortemente influenciado pela Igreja Católica para se tornar um setor no qual o catolicismo (e, por extensão, o verdadeiro cristianismo) era frequentemente alvo de ataques e ridicularizações (embora a influência católica/jesuíta ainda estivesse presente). Considerando o esquerdismo radical de Hollywood, não é de surpreender, então, que as versões cinematográficas dos livros Harry Potter fossem vistas como uma ferramenta surpreendentemente útil para promover sua agenda e corromper as mentes e os corações das crianças.

Não obstante, apesar da bruxaria e do paganismo evidentes nos filmes, as instituições e as pessoas nominalmente "cristãs" já haviam se degradado e se afastado da verdade bíblica a tal ponto, que as histórias de Potter foram de fato elogiadas por revistas neo-evangélicas como World e Christianity Today, e por indivíduos neo-evangélicos e hereges absolutos como Charles Colson, [538] Rick Warren, [539] etc. A "Igreja" Anglicana (que não merece esse nome mais do que o romanismo) até publicou um guia aconselhando as pessoas a usar Harry Potter para divulgar a mensagem "cristã"! Um ex-arcebispo de Canterbury, George Carey, descreveu a história como "muito divertida" e um exame sério do bem e do mal. [540]

Líderes católicos também elogiaram os filmes. Roma sempre foi hábil em transformar até mesmo as coisas mais improváveis em sua vantagem. Num passado não tão distante, ela teria condenado veementemente filmes como Harry Potter, mas agora adotava uma abordagem diferente. Cientes de que um grande número de católicos assistiria aos filmes, os padres procuraram encontrar algo, qualquer coisa "boa", a que pudessem se agarrar e, em seguida, contaram uma história bizarra sobre como até mesmo esses filmes sombrios, ocultistas e saturados de bruxaria poderiam ser empregados para o bem! Inacreditável? É de se esperar que sim. Mas aqui está a prova:

Michael Bernier, um padre de Westfield, Massachusetts, descreveu a si mesmo como um "Pottermaníaco" e, em 2007, disse que os "cristãos" (ou seja, os papistas) não deveriam temer essa devoção a um menino bruxo. "A princípio, isso parece suspeito e perigoso", disse ele. Mas ele afirmou que a magia presente nas histórias não era feitiçaria e prosseguiu dizendo, de forma surpreendente: "Há uma grande quantidade de imagens e simbolismos cristãos nos livros. E acho que isso responde, pelo menos em parte, a um anseio que temos por Cristo". [541] Que cegueira total! Ver "imagens e simbolismo cristãos" em livros sobre um mago! E quanto a responder a qualquer anseio que as pessoas tenham por Cristo, pode-se dizer com certeza que J.K. Rowling, a autora dos livros, não tinha isso em mente quando os escreveu. Mas essa sempre foi a maneira de Roma: aproveitar o que as pessoas já aceitam e acreditam e, em seguida, "batizá-lo", dando-lhe o melhor toque papal que puderem. Foi isso que Roma fez com os feriados pagãos da antiguidade, com os locais sagrados do paganismo antigo, com os deuses e semideuses pagãos e seus templos, etc. [542]

Bernier acrescentou que esperava que os leitores aceitassem a "bondade" dos livros e o prazer da leitura: "São livros maravilhosamente escritos que agradam a crianças e adultos. São fáceis de ler e divertidos".

Antes de se tornar papa, quando ainda era cardeal, Joseph Ratzinger (que se tornou Bento XVI) era o chefe da Congregação para a Doutrina da Fé do Vaticano (a antiga Inquisição) e, como tal, ele respondeu a um livro escrito sobre os perigos das histórias de Harry Potter enviando uma nota à autora, agradecendo-a pelo livro e dizendo que, se as acusações fossem verdadeiras, seriam motivo de grande preocupação. O padre Bernier afirmou que, como resultado desse fato, muitas pessoas acreditaram erroneamente que Bento XVI "se manifestou contra os livros de Harry Potter". Ele disse: "O Papa Bento XVI não disse nada sobre os livros de Harry Potter em si. Não sei se ele sequer os leu".

Seja qual for a opinião de Ratzinger sobre as histórias, ficou evidente que em 2009 e no lançamento do próximo filme da série, Harry Potter e o Enigma do Príncipe, o Vaticano só tinha elogios. Declarou que o filme deixou claro o antigo debate sobre o bem e o mal. O jornal do Vaticano, L'Osservatore Romano, disse que esse filme foi a melhor adaptação dos livros até o momento. Embora tenha criticado a autora Rowling por deixar de fora qualquer "referência explícita ao transcendente" em suas histórias, disse que a última parte, no entanto, deixou claro que o bem deve vencer o mal "e que, às vezes, isso exige custos e sacrifícios". [543] Assim, o Vaticano estava disposto a ignorar a natureza ocultista dos filmes para extrair alguma moral nebulosa sobre a superação do mal pelo bem.

Em 2011, quando o último filme da série, Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2, foi lançado, a crítica do L'Osservatore Romano afirmou que, embora pudesse ser assustador demais para espectadores jovens, ele defendia os valores da amizade e do sacrifício! "Quanto ao conteúdo", escreveu um crítico no jornal, "o mal nunca é apresentado como fascinante ou atraente na saga, mas os valores da amizade e do sacrifício são destacados. Em um longo e singular arco, por meio de dolorosas passagens em que se lida com a morte e a perda, o herói e seus companheiros amadurecem desde a leveza da infância até a complexa realidade da vida adulta." [544]

A que ponto chegou a instituição católica! De uma época em que, por meio do Breen Office e da Legião da Decência, condenava qualquer produção que não fosse levemente papista e exigia reformas, até os dias de hoje, em que busca ativamente e elogia vagas alusões a conceitos como amizade e sacrifício num filme com tema ocultista! Isso, é claro, alinha-se perfeitamente com as estratégias jesuítas que observamos antes. Ao medir a direção dos ventos e observar o rumo da sociedade e da própria igreja, os jesuítas fizeram o que sabem fazer de melhor: rebaixaram os rigorosos padrões morais de outrora para manter sua influência sobre o povo.

O crítico prossegue dizendo que os jovens que cresceram com Potter e seus amigos "certamente entenderam que a magia é apenas um pretexto narrativo útil na batalha contra uma busca irrealista pela imortalidade". Considerando que até mesmo muitos adultos teriam que ler essa frase duas vezes para entender seu significado, é totalmente absurdo acreditar que as crianças viam as histórias de Potter dessa forma! Milhões delas foram absorvidas pela magia da série, acreditaram no poder da magia e da feitiçaria como resultado e tiveram uma profunda doutrinação sobre bruxaria e ocultismo.

Outro crítico, na mesma edição do jornal do Vaticano, afirmou que a saga de Potter defende valores que os "cristãos" (isto é, papistas) e outros compartilham, e oferece oportunidades para que os pais "cristãos" conversem com seus filhos sobre como esses valores são apresentados de forma especial na Bíblia. Assim, vemos novamente o método de Roma: peneirar o mal oculto da história para supostamente extrair o estranho "valor" que todas as pessoas compartilham. Essa abordagem pecaminosa também foi seguida por muitos "evangélicos". Em vez de ir à fonte de toda a verdade, a Bíblia, eles preferiram deixar que seus filhos aprendessem "valores" em um filme sobre bruxaria e depois tentaram, de alguma forma, fazer com que as crianças se interessassem pela Bíblia! Almas cegas e perdidas, ignorantes do Evangelho e estranhas a Cristo, o Senhor.

Esse crítico escreveu: "Harry Potter, embora nunca tenha se declarado cristão, conclama o mago das trevas a corrigir seus caminhos, arrepender-se do que fez e reconhecer a primazia do amor sobre todas as coisas, para que não seja condenado eternamente". Esse revisor católico foi incapaz de entender que alguém como Harry Potter estava tão perdido, tão condenado eternamente por seus pecados, quanto o mago das trevas contra o qual luta! Isso se deve ao fato de que esse revisor, como todos os papistas, era um homem perdido, ignorante do Evangelho de Cristo. Para ele, alguém como Harry Potter é "bom", ainda que não seja cristão, e, portanto, (por implicação) não seria condenado como o mago das trevas. Essa é a suposta salvação pelas próprias obras, que é a crença de Roma. Mas esse não é o ensinamento da Palavra de Deus, a Bíblia.

Ele também escreveu que esse filme demonstra que "dos puros de coração, como o jovem Harry, pronto para morrer por seus amigos", vêm grandes lições! Na verdade, tratava-se de um ramo do reino de Satanás (o romanismo) elogiando outro ramo do mesmo reino (o ocultismo)! O Senhor Jesus Cristo falou sobre os puros de coração, mas alguém como Harry Potter (se ele existisse) não estaria entre eles. Os "puros de coração" (Mateus 5:8) são aqueles que purificaram seus corações pela fé no Senhor Jesus Cristo (Atos 15:9), e em nenhum outro.

Como tudo isso foi possível? A resposta é simples: Roma estava seguindo as táticas que havia começado a usar quando os jesuítas deixaram de apoiar a censura católica de cima para baixo por meio do Breen Office e da Legião da Decência e, em vez disso, procuraram influenciar o cinema de forma mais sutil, elogiando tudo o que podiam, encontrando "moral" mesmo quando não havia nenhuma e trabalhando nos sets como consultores. Como não podiam impedir que os católicos fossem ao cinema, os jesuítas passaram a adotar uma nova tática, a única possível para Roma: "se não pode vencê-los, junte-se a eles". No típico estilo jesuíta, ao parecerem progressistas e modernos para seu povo, em lugar de velhos ranzinzas e estraga prazeres, eles sentiram que essa seria a maneira de manter o controle sobre seus rebanhos. "Não condene e proíba. Pelo contrário, elogie o que puder e emita advertências brandas sobre o que for demasiadamente questionável" – essa foi, em resumo, a tática que eles empregaram desde que abandonaram o Breen Office. "Torne-se tudo para todos os homens", o lema jesuíta que não passa de uma distorção do ensinamento bíblico, está no centro dessa tática; fundir o romanismo com o mundo, tanto quanto possível. Nos primeiros séculos da era cristã, Roma, a fim de manter a lealdade das massas de pagãos que batizava e declarava como "cristãos", preservou seus templos pagãos e até mesmo seus deuses, mas deu-lhes os nomes de "Cristo", "Maria", os "santos", etc., mantendo assim as massas felizes e o fluxo de dinheiro (o resultado final). E hoje, séculos depois, a mesma tática tem sido empregada: As massas querem entretenimento. Então, de acordo com a mentalidade dos jesuítas, é muito melhor deixá-las ter o que querem. Basta manter uma aparência de "supervisão" espiritual, dizendo a elas para "terem cuidado" com o que consomem, enquanto elogiam tudo o que puderem.

O Senhor dos Anéis (2001): um filme "fundamentalmente católico"

A adaptação cinematográfica do romance ficcional de J.R.R. Tolkien, O Senhor dos Anéis, estreou em 2001. De acordo com Tom Shippey, um proeminente especialista em Tolkien e estudioso da língua e literatura inglesa antiga na Universidade de St. Louis, afiliada aos jesuítas (não é notável a frequente presença dos jesuítas?), a narrativa apresentada em O Senhor dos Anéis é "fundamentalmente católica". [545] Entretanto, ele acrescentou: "À primeira vista, não parece. Os personagens apresentam-se desprovidos de qualquer afiliação religiosa. Eles existem em um vazio histórico, em uma era pré-cristã. No entanto, eles possuem um senso da revelação que está por vir. Eles se assemelham aos filósofos retratados no Inferno de Dante, que existiam antes de Cristo e se encontram no primeiro círculo do inferno."

Shippey prossegue, destacando que "The Inklings" era o nome do grupo de escritores do qual Tolkien fazia parte com seu amigo C.S. Lewis, que era anglicano. Lewis, enquanto membro dos Inklings, escreveu As Crônicas de Nárnia.

Tolkien foi criado como católico. Sua mãe se converteu ao romanismo quando Tolkien era criança. Quando ela morreu, ele foi criado por um padre e permaneceu um romanista devoto por toda a vida. Contudo, ele estava perfeitamente disposto a escrever a série de livros do Anel, que Shippey descreveu como "história alternativa". Ele disse: "Tolkien deixou lacunas ajustadas ao Antigo Testamento – no início da pré-história de Tolkien, as pessoas vieram ao mundo pela primeira vez fugindo do que parece ser o Jardim do Éden". Tolkien "estudou a literatura dos tempos pré-cristãos e de conversão", e ensinou a Edda, que era uma história islandesa de crenças nórdicas pré-cristãs. Ele também formou um clube, chamado "Coalbiters", para o estudo e a propagação da mitologia nórdica. [546]

Esse católico, portanto, adorava estudar e propagar o paganismo, e a adaptação cinematográfica de seu livro foi mais um impulso nesse sentido. Era um paganismo que Roma estava disposta a aceitar como sendo de alguma forma pró-papista. Na verdade, O Senhor dos Anéis poderia ser considerado um resumo da abordagem pós-código do jesuitismo em relação ao cinema: encontrar alguma maneira de usar filmes flagrantemente pagãos para promover o catolicismo, mesmo que de forma indireta e tênue.

Tudo isso se encaixava perfeitamente na abordagem pós-Vaticano II de Roma para converter o mundo ao catolicismo: o movimento inter-religioso, a busca de pontos em comum com religiões pagãs, a mistura do catolicismo com várias práticas e perspectivas religiosas pagãs, de modo a atrair o maior segmento possível da sociedade.

A Paixão de Cristo (2004): a inimizade entre a Hollywood católica e a Hollywood liberal/esquerdista

Apesar dessa nova era de tréguas desconfortáveis e de busca de um terreno comum, a multidão liberal/esquerdista/marxista de Hollywood ficou horrorizada quando um dos principais atores e diretores do setor foi longe demais e produziu um filme claramente pró-católico, sem se comprometer com os produtores esquerdistas ou atenuar a mensagem religiosa.

Em 2004, o ator e diretor Mel Gibson, um católico devoto e tradicionalista, lançou A Paixão de Cristo. O filme foi um sucesso fenomenal nas bilheterias, arrecadando US$ 370,3 milhões nos EUA no final do primeiro ano e US$ 611,9 milhões em todo o mundo; mas foi ridicularizado e efetivamente boicotado por Hollywood e pela imprensa liberal/esquerdista. De fato, Gibson financiou a produção do filme por conta própria, pois os principais estúdios de cinema não quiseram produzi-lo. Além disso, eles se voltaram contra Gibson, retratando-o como um católico "estranho" que não aceitava a autoridade do atual papa ou o uso do inglês na missa romana. Começaram a circular avisos de que o filme era antissemita, uma acusação que Gibson negou veementemente. Dado o controle esquerdista/liberal/judaico-vermelho da maior parte de Hollywood e seu ódio a qualquer coisa considerada "cristã", esse nível de antagonismo não foi nada surpreendente.

Muito do que segue abaixo foi extraído e adaptado de um artigo escrito pelo autor na época em que o filme foi lançado, "The Passion of the Christ: Outreach for Antichrist". [547] Apenas acrescentei material complementar.

Antes do lançamento oficial do filme, Gibson percorreu o país, exibindo uma prévia para grupos de católicos e protestantes conservadores. Ele mostrou o trailer para a Associação Nacional de Evangélicos em Colorado Springs, Colorado, e para 350 jesuítas na Universidade Loyola Marymount em Los Angeles, Califórnia. Falando com um repórter, Gibson brincou que estava nervoso com a reação dos jesuítas: "Somos católicos, certo? Temos medo dos jesuítas. Todo bom católico tem", disse ele. [548]

Em 2003, antes da estreia do filme, o diretor de marketing da Gibson's Icon Productions contratou a A. Larry Ross Communications (ALRC) para promover o filme entre os cristãos professos. Ross foi durante anos o diretor de mídia e relações públicas de Billy Graham. A ALRC realizou bem seu trabalho: a promoção maciça entre os "evangélicos" valeu a pena. Quando o filme estreou, já havia recebido uma enorme quantidade de publicidade gratuita, que havia passado quase totalmente despercebida pela grande mídia de Hollywood.

A cegueira espiritual dos chamados "evangélicos" era tamanha que muitas igrejas reservaram salas de cinema inteiras para si, e algumas até realizaram cultos no local após a exibição do filme! Ted Haggard, presidente da Associação Nacional de Evangélicos dos EUA, disse que o filme inspiraria os crentes por décadas ou até mesmo séculos. [549] Billy Graham o endossou com veemência – o mesmo homem que endossou o pontífice romano, João Paulo II, aceitando-o quando o homem que ocupava o cargo que há séculos os protestantes reconhecem como sendo o do Anticristo bíblico o chamou de irmão. [550] Jack Graham, presidente da Convenção Batista do Sul, o endossou. James Dobson, aquele promotor da psico-heresia, o endossou. [551] Assim como muitos outros em todo o mundo. Como o Senhor Jesus disse: "São cegos, guias de cegos. E se um cego guiar outro cego, ambos cairão no fosso" (Mateus 15:14).

Gibson disse durante as prévias do filme: "O Espírito Santo estava trabalhando através de mim nesse filme. Eu apenas dirigia o tráfego". E: "Acho que o Espírito Santo é real. Acredito que ele está olhando favoravelmente para este filme. E ele queria ajudar." [552] Apesar de suas afirmações piedosas, sua linguagem grosseira mostrava sua verdadeira cor – mas os "evangélicos" estavam dispostos a fazer ouvidos moucos para isso. Em uma entrevista, ele falou sobre alguns estudiosos católicos e judeus que lhe enviaram um relatório detalhando o que eles consideravam imprecisões no filme: "Eles sempre [expletivo suprimido] brincam com isso, sabe?" E: "Judas é sempre uma espécie de amigo de um combatente da liberdade chamado Barrabás, entende? É [palavrão excluído]. É um [palavrão excluído] revisionista. E é disso que esses acadêmicos gostam".

A aceitação desse filme pelos "evangélicos" ilustra o que dissemos anteriormente – que, na época em que o filme foi lançado, muitos que afirmavam (falsamente) ser cristãos não viam nenhum problema em Hollywood. Não faz muitos anos que os pastores evangélicos pregavam regularmente contra filmes ímpios, e os membros de suas igrejas não tinham permissão para assisti-los se quisessem permanecer como membros. Mas, à medida que a maré de iniquidade subia mais e mais, as vozes que pregavam corajosamente contra ela tornavam-se cada vez mais raras. A "Igreja" professa foi engolida pelo mundo. O mundo entrou na "Igreja" professa, e a "Igreja" justificou sua atitude dizendo que precisava ser "relevante", "manter-se atualizada", etc. Os "cristãos" professos começaram a assistir a filmes ímpios, bem como a absorver a impureza de Hollywood em suas próprias casas por meio de seus aparelhos de TV e, mais tarde, por meio de vídeos e DVDs. E os pastores nada fizeram. De fato, na maioria das vezes, eles eram tão culpados quanto seus rebanhos. Coisas como santidade e separação do mundo eram agora consideradas resquícios de uma era anterior. Para multidões que hipocritamente se chamavam de "cristãos", o guia da TV tornou-se mais importante do que a Bíblia, e eles conheciam os nomes e as histórias de suas "estrelas" favoritas melhor do que os heróis da fé. A televisão trouxe a fossa de Hollywood para os lares com o simples toque de um botão, e a maioria dos que professavam o nome de Cristo não se importava. Entregavam-se alegremente a tudo isso e olhavam com desdém para aquelas vozes solitárias no deserto que ousavam reagir contra essa maldade. No entanto, a Palavra de Deus diz claramente: "Não porei coisa má diante dos meus olhos" (Sl.101:3); "tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai" (Fp.4:8).

O fato de um filme como A Paixão, produzido por um homem como Mel Gibson, ser tão aceitável para o mundo "evangélico" representa uma acusação terrível contra os homens que ocupam os púlpitos "evangélicos". Uma grande parte da culpa pela aceitação emocional desse filme pelo chamado mundo "evangélico" tinha de ser colocada diretamente nos pés dos chamados "pastores", os homens que desonraram os púlpitos das igrejas "evangélicas". Os bancos seguem os púlpitos. Quando os pastores se desviam, as ovelhas os seguem rapidamente. Quão solene é a palavra em Tg.3:1: "Meus irmãos, não vos torneis, muitos de vós, mestres, sabendo que havemos de receber maior juízo [margem: julgamento]".

O fato de multidões de "evangélicos" nominais terem se reunido em massa para assistir a esse filme revelou a total cegueira espiritual que pairava, como uma nuvem espessa, sobre o mundo "cristão" professo, além da chocante falência espiritual da grande maioria dos homens que estão atrás dos púlpitos. A empresa de produção de Gibson, que não demorou a aproveitar a oportunidade de ganhar mais dinheiro com o filme, comercializou-o como "talvez a melhor oportunidade de divulgação em 2000 anos" – e o mundo "evangélico" caiu nessa propaganda de marketing enganosa.

Como um homem como Mel Gibson poderia produzir um bom filme bíblico? Mesmo sem considerar que ele é um católico tradicionalista, ele havia estrelado filmes violentos, brutais e sangrentos, repletos de linguagem chula e imoralidade sexual. Como, então, ele poderia voltar suas mãos sujas para um assunto tão solene como a crucificação do Senhor da Glória (não obstante a verdade de que nenhum homem pecador e mortal pode retratar adequadamente o Senhor Cristo nas telas) e lidar com esse tema com reverência, temor santo e com os olhos voltados para a glória de Deus? Isso era impossível. A Bíblia foi escrita por homens santos de Deus, movidos pelo Espírito Santo; e são os homens santos de Deus, homens chamados pelo Espírito Santo, que devem ensiná-la e expô-la às almas. Os homens do mundo não podem ensinar ao verdadeiro cristão o significado genuíno de qualquer parte da santa Palavra de Deus, e nenhum cristão deve jamais recorrer aos mundanos para receber tal instrução. O que, então, os chamados "evangélicos" estavam fazendo, reunindo-se para serem ensinados sobre o (suposto) significado da crucificação por um homem perverso, imoral e idólatra como Gibson? E o que eles estavam fazendo, ao tomar o trabalho de tal homem e procurar usá-lo para evangelismo? Eles eram cegos, loucos, aqueles que "comem e bebem com os [espiritualmente] ébrios" (Mt 24:49). Como ébrios, não conseguiam discernir a verdade, pois de fato eram estranhos a ela.

A razão pela qual esse filme é tão aceitável para muitos que professavam (falsamente) ser cristãos é o fato de Hollywood ser tão aceitável para eles; Hollywood, com toda a sua violência, adultério, fornicação, sodomia, linguagem chula, etc. Esse é um filme extremamente violento e, não muitos anos antes, a maioria das pessoas não estaria disposta a expor-se à uma brutalidade tão extrema; porém, anos de exposição constante e diária ao "sangue e violência" de Hollywood as haviam dessensibilizado, a ponto de o espectador médio ter se acostumado a isso. Ele não vê nada de errado. Pelo contrário, deseja e busca essas coisas. Assim como os antigos romanos nos anfiteatros, que tinham uma sede insaciável de sangue e assistiam com prazer às agonias dos cristãos sendo despedaçados por animais selvagens, os espectadores atuais anseiam por mais "realismo" nos filmes, e Hollywood está pronta para satisfazê-los. A Bíblia revela a depravação total da humanidade; e certamente essa depravação é revelada na chamada indústria do "entretenimento".

A Paixão de Cristo foi descrito pela revista Time como "carnificina carmesim a partir do momento em que Jesus é condenado, meia hora após o início do filme de 127 minutos". [553] A revista prossegue dizendo que é um filme para "estômagos de ferro; pessoas que conseguem suportar o nojo enquanto são edificadas". Afirma que Mel Gibson inventou "um novo gênero – o filme de arte religiosa splatter". É um "banquete implacável e quase pornográfico de carne esfolada. Gibson nos dá o sangue de Cristo, não em um cálice de comunhão, mas em galões. Sangue jorrando do corpo acorrentado de Jesus; sangue escorrendo até os pés da cruz." É tão violento que, em alguns lugares, os cinemas realmente forneciam "sacos de enjoo" para a plateia! E, no entanto, apesar de tamanha e horripilante violência, muitos "cristãos", (não menos do que aqueles que não faziam tal profissão, mostrando assim que, na realidade, não há diferença entre eles!), com um apetite aparentemente insaciável por violência e sangue, e sem ver mal nisso, agora podiam satisfazer-se assistindo a esse filme num contexto supostamente "cristão" – "santificando-o" supostamente. Quão verdadeiro é o seguinte comentário: "O prazer macabro de hordas de cristãos professos pela violência desse filme contrasta fortemente com a atitude dos seguidores de Cristo que testemunharam Sua crucificação – 'E todos os seus conhecidos, e as mulheres que o seguiram desde a Galileia, estavam de longe, vendo estas coisas' (Lucas 23:49). Eles não conseguiam suportar a visão de Seus sofrimentos de perto, mas exibiram a reação natural de abominação à visão dos sofrimentos de um ente querido e, por isso, 'estavam de longe'." [554]

Mel Gibson foi criado como católico e se considerava um tradicionalista católico. Ele adorava a missa em latim, a blasfêmia central do romanismo. Ele tinha um padre no set do filme, que oferecia missa e ouvia as confissões de qualquer pessoa que quisesse se confessar. Quando perguntado em uma entrevista se alguém poderia ser salvo sem a "Igreja" Católica, Gibson respondeu previsivelmente: "Não há salvação para aqueles que estão fora da Igreja". [555] E, no entanto, esse romanista devoto e fanático, que falava a doutrina romana oficial, foi aclamado como um verdadeiro cristão pelos "evangélicos" cegos!

Portanto, no que diz respeito a Gibson, o objetivo do filme era mostrar a suposta conexão entre a cruz e a blasfêmia romana do chamado "sacrifício da missa". Isso é exatamente o que Roma sempre alegou: "O sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício: Esse sacrifício divino que é celebrado na missa, o mesmo Cristo que se ofereceu uma vez de forma sangrenta no altar da cruz, está contido e é oferecido de forma incruenta." [556] Isso é uma negação absoluta do sacrifício único e suficiente do Senhor Jesus Cristo na cruz pelos pecados de Seu povo. As palavras do Senhor na cruz, "Está consumado" (Jo 19:30), não são compreendidas por nenhum romanista, pois acreditam que na missa o sacrifício de Cristo é reencenado, dia após dia e ano após ano, centenas de milhares de vezes em todo o mundo. Os romanistas não entendem que as palavras de Cristo se referem ao fato de que Sua grande obra foi concluída e nunca mais será repetida em qualquer forma ou sentido [a]. Como, então, um filme sobre a crucificação produzido por um romanista devoto poderia ser biblicamente preciso? E, no entanto, pastores "evangélicos" reservaram salas de cinema inteiras para exibir esse filme para seus rebanhos!

Jim Caviezel, que pretendeu interpretar "Jesus" no filme, é um católico devoto que usa o rosário, assiste à missa regularmente e se confessa. Durante as filmagens, ele e Gibson iam diariamente à missa juntos, com Caviezel dizendo: "Preciso disso para interpretar esse cara" (um verdadeiro cristão não se referiria ao seu Senhor e Salvador de forma tão irreverente como "esse cara"), e ele se confessava regularmente, dizendo: "Não queria que Lúcifer tivesse controle sobre a atuação" (mal sabia ele que Satanás controlava toda a atuação do início ao fim). Ele carregava o que acreditava ser um pedaço da verdadeira cruz em seu corpo em tempo integral, bem como relíquias de vários "santos" católicos. Entretanto, esse é um homem que, apesar de toda a sua "devoção", já havia estrelado filmes repletos de profanação, violência, sexo, etc. E esse era o homem cujo rosto se tornou a imagem de Cristo na mente de milhões de pessoas em todo o mundo!

E o que o próprio Caviezel disse sobre o filme? "Esse filme é algo que acredito ter sido feito por Maria para seu Filho." [557]

Caviezel afirmou que muitos membros da equipe de produção se converteram ao catolicismo. E, não obstante, os "evangélicos" o aclamaram como um recurso evangelístico maravilhoso! O filme levou pobres almas às garras do Anticristo Papal – e eles o elogiaram por levar almas a Cristo.

Para todos os verdadeiros protestantes bíblicos, o fato de esse ser um filme católico é motivo suficiente para rejeitá-lo totalmente. Mas estamos em uma época em que muitos, que se dizem cristãos, não veem nenhum problema no catolicismo. O diabólico movimento ecumênico tem feito muito bem o trabalho do diabo. Não faz muito tempo que os pastores pregavam regularmente contra o catolicismo, chamando-o do que ele é: a Mãe das Meretrizes e das Abominações da Terra (Apocalipse 17:5). Nenhum membro de suas igrejas tinha permissão para ter qualquer comunhão espiritual com os papistas (2Co 6:14-18; Ap 18:4,5). Mas tudo isso mudou.

Os "evangélicos" modernos estão dispostos a abandonar quase todos os padrões bíblicos e a adotar o lema jesuíta de que "os fins justificam os meios". Se, na opinião deles, "almas forem salvas" ao assistir ao filme, ou "cristãos forem edificados", ou "tiverem sua fé aprofundada", então o fim justificava os meios. Eles professam ser "crentes na Bíblia" e diziam em alto e bom som: "Não acreditamos em nada além do que a Bíblia ensina!" Mas isso é uma mentira. A realidade é que eles creem em muitas coisas que a Bíblia não ensina – e rejeitam muitas coisas que ela ensina.

Além disso, ao contrário do que muitos "evangélicos" parecem pensar, o filme não foi baseado apenas nos relatos dos Evangelhos sobre a crucificação de Cristo. Gibson também o baseou, em grande parte, nas visões de duas freiras místicas católicas, Anne Catherine Emmerich e Maria de Ágreda. Emmerich alegou ter tido visões dos sofrimentos, da morte e da ressurreição de Cristo, e essas visões foram registradas em seu livro, The Dolorous Passion of Our Lord Jesus Christ. É fácil ver de onde Gibson tirou o título de seu filme! Quanto a Maria de Ágreda, ela escreveu um livro intitulado The Divine History and Life of the Virgin Mother of God as Manifested to Mary of Agreda. Sobre as visões de Emmerich, Gibson admitiu abertamente: "Ela me forneceu coisas que eu nunca teria imaginado". [558] Se esse é realmente um filme baseado nos relatos do Evangelho, por que Gibson precisou "imaginar" alguma coisa? Tudo o que é necessário está nas Escrituras. Mas é claro que Roma nunca acreditou nisso. Aquelas duas freiras não acreditavam nisso. Foi por isso que elas prontamente acrescentaram suas próprias "coisas" e, assim, Gibson prontamente as sorveu.

O filme sutilmente dá a impressão de que foi realmente Maria quem ofereceu Cristo como sacrifício, e não Deus, o Pai. "'A Paixão de Cristo' nos deixa com uma visão do sacrifício de Cristo que é apenas dolorosa [dolorosa: cheia de pesar; triste; pesarosa; sombria] e que põe em nítido relevo a noção católica não apenas da importância da agonia de Cristo, mas também a de Maria em 'oferecer seu Filho'. Em uma entrevista ao Zenit, o Serviço de Notícias Católico, o padre Thomas Rosica... ilustrou como 'A Paixão de Cristo', de acordo com a teologia católica, usa conteúdo extrabíblico para exagerar enormemente o papel de Maria.... 'A Mãe do Senhor está convidando cada um de nós a compartilhar sua dor e contemplar seu Filho'. Esse uso de material extrabíblico, a ênfase no sofrimento físico, o exagero do papel de Maria e a teologia explicitamente católica não devem nos surpreender, no entanto, pois são todas marcas registradas da principal inspiração para esse filme: The Dolorous Passion of Our Lord Jesus Christ [de Anne Catherine Emmerich]." [559]

Ademais, há "flashbacks" não bíblicos da infância de Jesus com Maria (novamente promovendo o romanismo, o culto a Maria). Quanto a Satanás, ele é retratado como "uma criatura andrógina, um Gollum com estranho apelo sexual, que se arrasta pela multidão, fazendo travessuras". [560]

O filme é, portanto, uma mistura herética de aspectos extraídos dos relatos do Evangelho, do misticismo católico, dos pensamentos do próprio Mel Gibson, de uma licença criativa injustificável e da doutrina católica.

Quais foram alguns dos frutos desse filme?

Algo extraordinário, algo diabolicamente maligno, foi testemunhado em tudo isso: esse filme impulsionou o movimento ecumênico do diabo! Durante décadas, Roma fez tudo o que estava ao seu alcance para atrair os chamados "evangélicos" para o seu redil; e estava sendo bem-sucedida. Mas esse filme empurrou os "evangélicos" ainda mais para os braços da "Mãe Roma". Os "evangélicos" saudaram Mel Gibson como um "cristão católico nascido de novo", um verdadeiro oximoro [ou uma expressão contraditória], pois nenhum católico é um verdadeiro cristão. Quando o Senhor salva um adepto dessa religião falsa, Ele não o deixa nesse erro e heresia. Ele o tira de lá, assim como faz com qualquer membro de qualquer religião falsa que Ele salva. Se Gibson tivesse sido verdadeiramente convertido a Cristo, ele teria se arrependido de seus pecados, o que incluiria o arrependimento de atuar e produzir seus filmes anteriores, e teria abandonado o romanismo. "Pelos seus frutos os conhecereis" (Mateus 7:16).

A Paixão foi um grande avanço para o movimento ecumênico. Promoveu o catolicismo em grande escala entre os "evangélicos". "O filme de Mel Gibson destrói a Palavra de Deus para o benefício de uma igreja maldita com um evangelho maldito.... Estamos em mais um ponto de virada na história da Igreja." [561] O ex-sacerdote Richard Bennett declarou: "A aceitação do filme de Gibson pela igreja evangélica fornece uma visão chocante – talvez apocalíptica – do estado do cristianismo popular atual. Será que a história revelará esse dia como o momento em que o evangelicalismo, em nível popular, se fundiu com a Igreja Católica?" [562] Certamente isso promoveu muito a fusão tão desejada pelos ecumênicos. O muro de separação entre o catolicismo e o "evangelicalismo" vinha desmoronando há décadas, e esse filme representou outro ataque muito poderoso a esse muro, fazendo-o desmoronar ainda mais.

O filme gravou na mente de milhões de pessoas uma imagem gráfica de "Cristo" que é totalmente falsa. Para milhões de pessoas, o rosto de Jim Caviezel se tornou o rosto de Cristo, da mesma forma que milhões de pessoas, por muitos séculos, gravaram uma imagem de Cristo em suas mentes formada pela observação de estátuas ou pinturas. Depois de assistir ao filme, o arqui-ecumenista Billy Graham disse: "Toda vez que eu pregar ou falar sobre a cruz, as coisas que vi na tela estarão em meu coração e mente." [563] Ele apenas expressou o que milhões de pessoas sentiram. Mas tudo isso é idolatria. "Guardai-vos, pois, bem; porque não vistes semelhança alguma no dia em que o Senhor vos falou em Horebe, do meio do fogo; para que não vos corrompais, e façais para vós imagem de escultura, semelhança de qualquer figura, semelhança de homem ou de mulher" (Deut. 4:15,16).

Após o filme A Paixão, Mel Gibson foi aclamado por carismáticos, pentecostais e neo-evangélicos ingênuos e tolos como um homem cristão maravilhoso. Eles ignoraram o fato de que ele é romanista, defende as doutrinas romanas heréticas e blasfemas de sempre e havia produzido um filme extremamente pró-papista. E, no entanto, com o passar do tempo, além de seu romanismo, Gibson demonstrou, por meio de sua conduta pecaminosa, como é um homem não regenerado. Entre outras coisas, ele se divorciou de sua esposa, com quem estava casado há mais de trinta anos, e foi morar com sua namorada, com quem teve uma filha – tudo isso depois de ter produzido A Paixão. Em 2006, Gibson foi abordado por excesso de velocidade e embriaguez. Ele xingou os policiais que o prenderam e fez vários comentários antissemitas, incluindo a acusação de que os judeus eram "responsáveis por todas as guerras do mundo". [564] Mas o mundo "evangélico" em geral não se importou: Gibson era seu herói.

A Paixão de Cristo fez maravilhas para o catolicismo e chocou Hollywood. Revelou que, mesmo depois de muitos anos de propaganda liberal/esquerdista/marxista antirreligiosa por meio do cinema, ou, no mínimo, de referências muito diluídas, efeminadas e místicas à "religião" em algumas ocasiões, ainda havia milhões de espectadores que eram devotamente religiosos (não cristãos, mas religiosos) e que estavam dispostos a apoiar produções abertamente religiosas. Assim, a batalha continuou entre a religião e o secularismo e, de fato, entre o romanismo conservador que não estava disposto a fazer concessões e o romanismo "progressista"/liberal nas mãos dos jesuítas, disposto a fazer concessões ao mundo não romano para conseguir o que queria por outros meios.

Hollywood ficou chocada no início. Sua agenda de se opor a qualquer coisa que fosse descaradamente religiosa, abertamente "cristã" (de acordo com seu falso entendimento de "cristianismo"), foi ameaçada pelo estrondoso sucesso de A Paixão. Hollywood estava servindo aos ídolos do humanismo secular, do marxismo, do misticismo oriental e da espiritualidade da Nova Era. Mas agora o amor de Hollywood por outro ídolo entrou em ação: o ídolo de Mamon. Havia muito dinheiro a ser ganho com o atendimento aos gostos religiosos dos católicos e protestantes. Esses grupos não haviam desaparecido, apesar do ataque implacável de liberais, esquerdistas, marxistas, humanistas seculares e outros em Hollywood e em outras partes influentes da sociedade. Ídolos ideológicos são muito bons – ser evangelista da causa liberal/esquerdista/marxista e tudo o mais - mas, no final das contas, os figurões de Hollywood ainda se curvavam diante do ídolo Mamon acima de todos os outros. Era hora de começar a ordenhar as massas religiosas.

A Disney foi a primeira a aderir ao movimento.

As Crônicas de Nárnia (2005): fantasia ocultista de um católico enrustido

O texto a seguir foi extraído e adaptado de um artigo escrito pelo autor na época em que a versão cinematográfica de O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa foi lançada. O artigo é intitulado "The Chronicles of Narnia": Occult Fantasy of a Closet Roman Catholic. [565] Há também alguns trechos de outro artigo do autor, "Faith-Based" Films or Hollywood Heresy? [566]

A mundialmente famosa série de romances de fantasia de C. S. Lewis, As Crônicas de Nárnia, foi por muito tempo elogiada como "alegoria cristã" em muitos círculos eclesiásticos. O próprio Lewis foi descrito em muitos desses círculos como "o maior escritor cristão do século XX".Em 2005, o primeiro livro da série, O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, foi adaptado para as telas pela Disney e foi um sucesso de bilheteria. É o primeiro de uma série de filmes baseados nos romances de Nárnia. A grande questão é: por quê?

Durante décadas, Hollywood ignorou o potencial de mercado de milhões de "cristãos" nominais. Promoveu tudo aquilo a que o cristianismo se opõe: violência, profanação, pecado sexual de todos os tipos, nudez, embriaguez, dentre outros. Empenhou-se ao máximo em zombar dos cristãos, retratar os ministros protestantes como fanáticos perigosos e de olhos selvagens, ridicularizar a Bíblia e atacar tudo o que os cristãos prezam. Ao mesmo tempo, porém, algo estava ocorrendo no mundo "cristão". Os tempos estavam mudando, e milhões de pessoas que afirmavam ser "cristãos nascidos de novo" não eram mais tão antagônicos à Hollywood quanto as gerações anteriores. Os homens nos púlpitos não mais trovejavam contra o cinema. E os ouvintes frequentavam regularmente as salas e absorviam a mesma impureza que o público em geral desfrutava. A grande maioria das pessoas que agora professavam o nome de Cristo não era, de fato, verdadeiramente nascida de novo! Eram meramente discípulos da nova doutrina, popular, fácil – "chame-se de cristão, mas faça parte do mundo também" –, que vinha se espalhando pelas igrejas há anos. Um falso "evangelho", certamente, mas que milhões consideram verdadeiro.

Contudo, apesar de aceitarem tanta imundície de Hollywood, muitos desses "cristãos" professos ainda se recusavam a assistir a filmes que eram demasiadamente depravados e também mantinham seus filhos longe dessas produções. Estavam dispostos, porém, a assistir a filmes com temas supostamente "cristãos". Afinal, eram cristãos nominais! Hollywood, não obstante, os ignorava.

Até, é claro, a estreia de A Paixão de Cristo.

Como vimos, quando o filme de Mel Gibson chegou às telas, foi um sucesso estrondoso, e isso surpreendeu Hollywood. As massas de mundanos não regenerados que, no entanto, se autodenominavam "cristãos" se aglomeraram para assistir ao filme e, sem dúvida, deixaram Mel Gibson bastante feliz. De repente, Hollywood acordou e reagiu. Ali estava um nicho de mercado muito lucrativo, de fato! Um nicho que Hollywood estava ignorando!

"A Paixão realmente surpreendeu Hollywood", disse John Buckeridge, editor da Christianity Magazine (certamente não recomendada para nenhum cristão verdadeiro!). Ela publicou uma matéria de capa sobre como as igrejas poderiam se vincular ao lançamento de Nárnia para promover uma mensagem "cristã". [567] "Todos pensaram que seria um sucesso", disse Buckeridge. "O que eles não perceberam foi que há um público para um filme com uma mensagem cristã." Deixando de lado sua inferência de que A Paixão é um filme cristão, ele estava correto ao dizer que o filme surpreendeu Hollywood e fez com que os cineastas percebessem que havia um vasto nicho de mercado inexplorado. "A Disney reconheceu o mercado. Em Hollywood, o dinheiro fala", acrescentou Buckeridge. É verdade! Mas isso não parecia preocupá-lo nem um pouco, nem ele parecia notar o paradoxo óbvio de dizer que Mamon é o deus de Hollywood e, ainda assim, apoiá-la por produzir um filme (O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa) com o que ele dizia ser uma mensagem "cristã"! Jesus disse: "Ninguém pode servir a dois senhores... Não podeis servir a Deus e a Mamom" (Mateus 6:24). Segundo a própria admissão de Buckeridge, Hollywood servia a Mamon. Portanto, não poderia estar servindo a Deus. Não obstante, ele recomendou que as igrejas explorassem Nárnia! "Esse filme pode ser tão bem-sucedido quanto A Paixão de Cristo no que diz respeito a desencadear o diálogo. Há uma parábola cristã ali", disse ele.

De fato, muitas "igrejas" ficaram empolgadas, acreditando que esse filme representava a maior oportunidade evangelística desde A Paixão de Cristo, do ano anterior. No entanto, semelhante a este filme católico antibíblico, aquele também revelou o extenso analfabetismo bíblico e a confusão doutrinária predominantes em várias igrejas. A verdade sobre Nárnia e sobre o próprio Lewis é consideravelmente mais sombria do que a maioria dos "evangélicos" conhece ou, infelizmente, compreende.

Milhões de "evangélicos" (juntamente com católicos, anglicanos, metodistas, pentecostais, carismáticos, etc.) afirmaram por muitos anos que As Crônicas de Nárnia era uma maravilhosa "alegoria cristã", e continuaram a fazê-lo depois. Russ Bravo, diretor de desenvolvimento da Christian Publishing and Outreach, disse: "Há claros paralelos cristãos que podem ser extraídos do enredo" dos livros de Nárnia. Conforme observado acima, John Buckeridge, editor da Christianity Magazine, disse: "Há uma parábola cristã ali". [568] E a revista neo-evangélica e ecumênica Christianity Today, ao recomendar a série Nárnia, disse: "Em Aslan [o leão das histórias], Cristo se torna tangível, conhecível, real"; e: "Cristo não veio para acabar com o mito, mas para levar tudo o que há de mais essencial no mito para dentro de si mesmo e torná-lo real." [569] Que absurdo!

Eis algo realmente sinistro: os livros de Nárnia são vendidos não apenas em livrarias cristãs, mas também em livrarias ocultistas, e são recomendados pelos promotores do jogo ocultista "Dungeons and Dragons"! [570] Surpreendente: uma série de livros, escrita por um homem que se diz "cristão" e saudada por muitos "cristãos" declarados como "alegoria cristã", mas cuja mensagem é tal que os ocultistas ficam felizes em vendê-los. As igrejas se apressaram para apoiar o filme, incentivando seus rebanhos a assisti-lo e, no entanto, enquanto esses professos "cristãos" assistiam ao filme no cinema, sem dúvida misturavam-se com bruxas, satanistas e outros ocultistas na plateia que extraíam sua própria "mensagem" do filme. Os filhos professos da luz lado a lado com os filhos das trevas, assistindo ao filme juntos, e ambos saindo do cinema satisfeitos, um grupo convencido de que acabara de ver uma maravilhosa "alegoria cristã", o outro grupo ciente de que acabara de ver uma fantasia ocultista!

Pois é exatamente disso que tratam as histórias de Nárnia: ocultismo, mitologia pagã, magia. Lewis tomou emprestado elementos da Bíblia, mas envolveu as histórias em mitologia pagã e ocultismo absoluto. Ele inventou um ensinamento religioso híbrido, de acordo com seu próprio fascínio profundo pela mitologia pagã, magia e ocultismo.

Muitos dos personagens de Nárnia são, na verdade, deuses e demônios da mitologia pagã! Aslan é o leão semelhante a um deus que é visto como Cristo nas histórias; no entanto, na mitologia pagã, esse leão representa o sol. Em O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, diz-se que Aslan "vai e vem"; tem olhos, rosto e pelo "dourados"; tem "hálito quente"; espalha raios de luz dourados; é grande e brilhante; etc. E, de acordo com o Dictionary of Mythology, Folklore and Symbols, de Gertrude Jobes, o sol é visto como um leão, de cor dourada, com sua respiração simbolizando os raios solares, etc. Ademais, os antigos adoradores do sol acreditavam que esse astro morria quando atingia seu ponto mais ao sul, trazendo o inverno. Ele "renascia", ou ressuscitava, quando voltava para o norte, trazendo a primavera. Na série Nárnia, quando Aslan retornava a Nárnia, era primavera; e depois de morrer à noite, ele ressuscitava no início da manhã! [571]

Em outra história da série, As Crônicas de Nárnia: Príncipe Caspian, o deus pagão Baco aparece, juntamente com "moças selvagens". Elas dançam uma "dança mágica" selvagem em um "bosque" (um local de adoração pagã, Êxodo 34:13; 1 Reis 15:13; 16:33; etc.) na "noite de verão", sentadas em um "amplo círculo ao redor de uma fogueira", com vários tipos de vinho disponíveis e "bolos de trigo". Lewis simplesmente copiou as doutrinas pagãs que envolviam Baco. No paganismo, Baco era o deus do vinho; ele atraía mulheres para si, que dançavam e eram possuídas por poderes ocultos; a noite de verão é um festival de bruxas realizado em 24 de junho; há dança, festa, bolos e vinho!

Ao longo dos livros de Nárnia, Lewis escreve sobre dríades, ninfas, sátiros, faunos, etc. O Cromwell Handbook of Classical Mythology classifica esses seres como demônios. Os livros de Lewis também tratam de práticas ocultas como alquimia, clarividência, astrologia, observação de cristais, necromancia, magia, talismãs, etc. O Senhor proíbe essas práticas ocultas em muitas partes de Sua Palavra, por exemplo, Dt. 18:9-14; Gl. 5:20; Is. 8:19,20; Atos 7:42,43.

C. S. Lewis (1898-1963) foi um escritor, crítico, professor de literatura inglesa, um homem que ocupou cargos seniores nas universidades de Cambridge e Oxford, e é elogiado (incorretamente) como um "apologista cristão". O neo-evangélico ecumênico, J. I. Packer, chamou-o de "nosso santo padroeiro" (uma escolha interessante, considerando que são os romanistas, e não os evangélicos, que têm "santos padroeiros"). [572] De acordo com a revista longe de ser evangélica Christianity Today, Lewis "chegou a ser o Aquino, o Agostinho e o Esopo do evangelicalismo contemporâneo" (outra escolha interessante, considerando que Aquino era um apologista católico, Agostinho, um dos primeiros "católicos" doutrinários, e Esopo, embora tenha ensinado muitas verdades morais com suas histórias, era um pagão). [573] Mas apesar do fato de que os livros de Lewis sobre apologética "cristã" o classificam, na visão de muitos – romanistas, anglicanos, liberais, "evangélicos" – como um dos mais brilhantes defensores do cristianismo no século XX, os fatos contam uma história muito diferente. Já é preocupante saber que ele é tão admirado por católicos, protestantes, conservadores e liberais – obviamente, ele não era um teólogo sólido, mas "de base ampla" e ecumênico; há, contudo, muitas evidências que mostram que tipo de "apologista cristão" ele realmente era.

Desde muito jovem, Lewis sentiu-se atraído por fantasia e ficção ocultistas; por exemplo, mitologia nórdica e celta, magia, etc. Ele mergulhou profundamente na mitologia nórdica. Aos 12 anos de idade, ele já era "viciado" em fantasia, elfos, etc. Ele mesmo disse que chegou às fronteiras da alucinação. Sua literatura favorita em seus primeiros anos incluía as obras de fantasia ocultista de E. Nesbit. Vinte e cinco anos depois de alegar ter se tornado cristão (ele claramente nunca se converteu de fato), ele disse que ainda lia essas obras com prazer. E essa mistura ímpia de luz e escuridão, de um pouco de verdade misturada com magia, mito, etc., aparece em seus vários escritos. [574] Ele também mergulhou nos escritos do ateu e antigo autor de ficção científica, H. G. Wells. Na escola, frequentou uma "igreja" anglo-católica de alto nível, mas gradualmente abandonou o que considerava ser seu "cristianismo" em favor do ocultismo, especialmente as mitologias nórdicas.

Aos 27 anos, ele conheceu J. R. R. Tolkien, e eles se tornaram amigos íntimos. Tolkien, autor da fantasia ocultista O Senhor dos Anéis, era um católico devoto. Eles se encontravam semanalmente para beber, fumar e discutir suas histórias. Tolkien falava com Lewis sobre o "cristo" católico e trabalhou com Lewis até que ele aceitasse o relato de Cristo como um "mito verdadeiro". [575] Isso é um oximoro, se é que já existiu um mito verdadeiro. Ou a narrativa de Cristo é verdadeira ou é um mito. Não pode ser as duas coisas. É blasfêmia falar da história do Senhor e Salvador dessa forma. Mas isso se encaixa perfeitamente no amor de Lewis pela mitologia, na qual ele estava mergulhado.

Lewis acabou se unindo à instituição anglicana e era anglo-católico em sua doutrina, mas foi muito influenciado por Tolkien e, no fundo, Lewis era claramente um "papista enrustido". Ele certamente não era evangélico! A revista ecumênica Christianity Today, que elogiou Lewis e recomendou sua série de livros Nárnia, ainda assim teve de admitir que Lewis era "um homem cuja teologia tinha elementos decididamente não evangélicos". [576] E até mesmo o autor ecumênico neo-evangélico, J. I. Packer, que usou linguagem papista e chamou Lewis de "nosso santo padroeiro", admitiu que Lewis "não era evangélico"; no entanto, ele se tornou o suposto "apologista" mais lido dos princípios "cristãos" entre os "evangélicos" professos!

Lewis não tinha interesse em julgar a solidez ou não de certas tradições denominacionais. No prefácio de seu famoso livro, Cristianismo Puro e Simples, ele escreveu: "Aqui cabe um aviso ao leitor: não oferecerei qualquer tipo de ajuda a ninguém que esteja em dúvida entre duas ‘denominações’ cristãs; em outras palavras, não espere de mim qualquer orientação no sentido de você se tornar um anglicano, católico romano, metodista ou presbiteriano.... desde que me tornei cristão, penso que talvez o melhor favor que possa fazer aos incrédulos que me cercam é explicar e defender a crença que tem sido comum a quase todos os cristãos de todos os tempos."

Um evangélico? Nem um pouco. Ele era totalmente ecumênico.

Seu objetivo declarado, em Cristianismo Puro e Simples, é apresentar "um cristianismo acordado, ou comum, ou central ou simples". Em outras palavras, aquelas doutrinas que são comuns a todos os que se dizem "cristãos", incluindo papistas, anglicanos, ecumênicos, liberais, etc. Ele estava tão preocupado em atingir esse objetivo que submeteu partes de seu livro à crítica de quatro eclesiásticos: um anglicano, um metodista, um presbiteriano e um católico. [578] Ele acreditava que a pessoa é livre para escolher a "tradição" que mais lhe agrada. Doutrina sólida e prática piedosa eram coisas que Lewis não considerava.

Ele era tão hábil em reduzir o "cristianismo" a um denominador comum muito, muito baixo, um "cristianismo simples", como ele mesmo o chamava, que seus escritos, além de serem aceitos por católicos, "evangélicos", liberais, ecumênicos, etc., são aceitáveis até mesmo para os mórmons! Em abril de 1998, o professor mórmon Robert Millet, reitor da Universidade Brigham Young, falou no Wheaton College sobre o tema de C. S. Lewis e disse que Lewis "é tão bem recebido pelos santos dos últimos dias [ou seja, cultistas mórmons] por causa de sua visão ampla e inclusiva do cristianismo". [579]

Lewis não acreditava na doutrina bíblica da substituição penal e, portanto, promoveu uma falsa doutrina da expiação. Ele negava a doutrina da depravação total do homem. Acreditava nas heresias papais da regeneração batismal, da salvação pelas obras, da missa, do purgatório e da oração pelos mortos. Ele não acreditava na doutrina bíblica do arrependimento. Não acreditava que as Escrituras Sagradas fossem inerrantes e, portanto, rejeitava a doutrina da inspiração divina da Bíblia. [b] Acreditava na evolução teísta. Negava a doutrina do inferno. [c] Acreditava que a salvação dos incrédulos era possível. [d] E também solicitou os "últimos ritos" da instituição católica em seu leito de morte. [580]

Lewis não se filiou abertamente à "Igreja" Católica. Mas, apesar de defender algumas doutrinas não-papistas, não há dúvida de que ele era um "papista enrustido", como mostram as evidências acima; e os papistas adoraram seus escritos e o reivindicaram como um dos seus. Em um artigo favorável a Lewis publicado no The Catholic Herald, intitulado "Why ever didn't C. S. Lewis become a Roman Catholic?", o autor escreveu: "podemos dizer com certeza que estamos honrando a memória de um homem cuja mente era naturaliter Catholica". [581]

Michael Coren, um autor papista que escreveu uma biografia de Lewis para adolescentes, C. S. Lewis: The Man Who Created Narnia, foi questionado pela agência de notícias católica, Zenit: "O que os católicos precisam saber sobre C. S. Lewis?" Esta foi sua resposta: "Eles devem saber que ele não era católico, mas isso não significa que ele não teria se tornado um, eventualmente. G. K. Chesterton tornou-se católico em 1922, mas na verdade já o era há 20 anos". Ele continuou dizendo: "Lewis... era um homem de sua formação, mas suas opiniões eram muito católicas: ele acreditava no purgatório, acreditava nos sacramentos, confessava-se." [582]

Não é de admirar que, à luz da crença de Lewis e da propagação dos ensinamentos papais, ele tenha sido descrito por um teólogo jesuíta de alto escalão como "provavelmente o apologista cristão mais bem-sucedido do século XX". [583]

Mas Lewis realmente aderiu à instituição católica antes de sua morte? Os papistas dizem que não; mas ele confessou seus pecados regularmente a um sacerdote de Roma e recebeu o sacramento romano dos "últimos ritos" em 16 de julho de 1963. [584] E é altamente improvável que ele tivesse recebido os "últimos ritos" se não tivesse de fato se convertido formalmente a Roma! Portanto, há mais no amor de Lewis pelo romanismo do que parece à primeira vista. Há aspectos de tudo isso que são muito misteriosos. Ele certamente parece ter sido um papista antes de sua morte.

Conforme observado acima, quando o filme do primeiro livro foi lançado, as "igrejas" se empolgaram, convencidas de que representava uma grande oportunidade evangelística.

Os criadores do filme fizeram um esforço conjunto para incluir organizações "cristãs" em toda a produção. E os líderes religiosos (especialmente selecionados!) tiveram uma prévia em 140 locais nos Estados Unidos. Michael Flaherty, presidente da Walden Media, disse que essa prévia foi apenas um aspecto da promoção do filme. "Estamos dispostos a conversar com quase todos os públicos que queiram ouvir sobre os filmes que produzimos", disse ele ao jornal Texas Catholic. "As pessoas parecem estar interessadas no fato de que estamos visitando as igrejas para promover esse filme, mas também estamos visitando escolas, bibliotecas, grupos de escoteiros e escoteiras. Estamos indo a todos os lugares." [585] Ou seja, mais uma vez o motivo era o dinheiro. Não importava se os grupos interessados eram igrejas católicas ou evangélicas, escolas seculares ou bibliotecas – o filme foi promovido para todos porque eles sabiam que atrairia a todos. O conteúdo supostamente "cristão" foi suficientemente minimizado para não ofender ninguém e, ainda assim, estava suficientemente presente para que pudesse ser interpretado da maneira que o espectador desejasse. Como disse Flaherty: "Estamos interessados em contar grandes histórias e ser fiéis aos temas originais do autor. Muitas vezes, essas grandes histórias que queremos contar contêm elementos de fé, e não nos esquivamos disso. Se as pessoas interpretarem os temas originais do livro como tendo elementos de fé, provavelmente verão esses mesmos temas no filme."

Meros "elementos de fé"; pessoas "interpretando a história para ter esses elementos de fé"; isso foi o que passou por "entretenimento cristão". Se esse fosse realmente um filme cristão, a mensagem cristã seria clara, ousada e abrangente na trama. Mas não é.

Flaherty admitiu o verdadeiro motivo por trás desses filmes quando disse que os produtores de Hollywood "estarão abertos a qualquer público potencialmente lucrativo. Se isso ajudar a vender ingressos, os cineastas vão enfatizar os elementos cristãos nos filmes". E esse é o resultado final! Os produtores de Hollywood não exerceram repentinamente a fé em Deus, mas certamente tinham fé de que filmes religiosos poderiam gerar lucro, e certamente tinham fé no público "cristão" crédulo que gastaria seu dinheiro para assistir a esses filmes!

Na Grã-Bretanha, uma editora que se autodenomina "evangélica" enviou pacotes especiais de Nárnia para as igrejas. A Christian Publishing and Outreach (CPO), que distribuiu material para 20.000 igrejas, procurou a Disney e obteve permissão para usar duas imagens do filme em seus pacotes. Russ Bravo, diretor de desenvolvimento da CPO, que forneceu pôsteres, DVDs, cartões de convite e folders, disse: "Muitas igrejas têm feito pedidos e organizarão seus próprios eventos. Observamos uma demanda muito grande em toda a linha. Temos um guia do que fazer, esboços que dão aos ministros ideias sobre como elaborar sermões e material para escolas dominicais". [586]

Será que as coisas realmente caíram tão baixo? Será que o mundo "evangélico" realmente afundara a tal ponto que os ministros receberam esboços de sermões baseados em um filme da Disney inspirado num livro de fantasia ocultista de um autor anglo-católico não regenerado? Era essa agora a fonte para os sermões dos ministros – um filme em vez da Bíblia? Sim, as coisas haviam chegado a esse ponto. Uma ou duas gerações atrás, os ministros pregavam contra o cinema; agora eles iam ao cinema para obter seu material de sermão!

No Reino Unido, a organização metodista Methodist Children escreveu um culto especial sobre Nárnia. [587] Para não ficar para trás, a Catedral de Manchester organizou um dia de Nárnia; e a "igreja" anglicana St Luke's, em Maidstone, decidiu distribuir ingressos gratuitos para pais solteiros, como também havia feito quando A Paixão foi lançado! "Estamos distribuindo ingressos no valor de £10.000 para famílias monoparentais da região e arredores", disse um porta-voz da "igreja". "É um presente de Natal da igreja para as famílias que talvez não tenham condições de ir ao cinema." £10.000 poderiam comprar muitas Bíblias para distribuição gratuita, ou folhetos missionários; o tipo de coisa que se espera que uma igreja faça. Mas não se tratava de uma igreja cristã. Para essa "igreja" anglicana, seu conceito de "alcance" e "evangelismo" era levar as pessoas a uma sala de cinema para assistir a um sucesso de bilheteria de Hollywood!

Qualquer noção de que os cristãos sejam separados e não maculados pelo mundo foi descartada há muito tempo pela maioria das instituições que falsamente se autodenominam "igrejas" no Ocidente. Diante do rápido esvaziamento dos bancos e da correspondente perda de renda, elas decidiram que precisavam reescrever o Evangelho, redefinir o cristianismo e se tornar modernas e "relevantes" no mundo; em uma palavra, tornar-se exatamente o que a Bíblia proíbe (Jo 17:11,14-16; 1 Jo 2:15-17; 2 Co 6:14-18; Tg 1:27). A Palavra de Deus é ignorada pela maioria dos que se dizem "cristãos" atualmente e, em seu lugar, formularam sua própria política – estar no mundo o máximo possível; mostrar ao mundo que "é legal ser cristão" e que ser um cristão não significa, em nenhum sentido, que a pessoa deva negar a si mesma qualquer coisa. Sua atitude é: "Podemos ter o mundo e Jesus também!" Sua mensagem é: "Ser cristão não significa que você não possa sair para uma noite na cidade. Os cristãos podem participar de praticamente todas as atividades que qualquer outra pessoa participa; a única diferença é que temos Jesus como nosso Salvador!" A tragédia é que eles são "cristãos" só no nome. Estão tão perdidos quanto qualquer outra pessoa. A Bíblia é muito clara: "Todo aquele que invoca o nome de Cristo aparte-se da iniquidade" (2 Timóteo 2:19). Eles nunca conheceram o Senhor e Salvador, o santo, inocente e imaculado Filho de Deus, que é separado dos pecadores (Hb 7:26) e que veio a este mundo "para salvar o seu povo dos pecados deles" (Mt 1:21).

A Disney, é claro, estava rindo à toa, grata pelos milhares de fiéis crédulos que ingenuamente presumiram que esse filme era um ótimo entretenimento cristão para seus filhos. Rendeu mais dinheiro – muito mais dinheiro – e o dinheiro, afinal de contas, é o deus de Hollywood.

O filme é uma fantasia ocultista que supostamente apresenta "o Evangelho" na forma de magia, feitiçaria e mitologia pagã. Centenas de milhares, talvez milhões de crianças, já cada vez mais paganizadas e abertas às artes negras por meio de uma enxurrada de ocultismo e aventuras fantasiosas, principalmente pelos livros e filmes de Harry Potter, foram agora ainda mais doutrinadas em crenças e práticas pagãs, mesmo quando as "igrejas" lhes diziam que a série de livros Nárnia era cristã. Que confusão espiritual e devastação isso criou nos corações e mentes jovens!

Hollywood produz outros filmes "baseados na fé" após o sucesso de A Paixão e As Crônicas de Nárnia

O conteúdo a seguir foi extraído e adaptado de um artigo escrito pelo autor, intitulado "Faith-Based" Films or Hollywood Heresy? [588]

No passado, os cristãos professos sabiam que, em geral, não se podia confiar em Hollywood quanto à produção de entretenimento decente, moral e enobrecedor. Os pregadores não apoiavam o "entretenimento" pecaminoso proveniente da indústria cinematográfica. E o lixo ímpio que Hollywood produzia era, na maioria das vezes, evitado por aqueles que se diziam cristãos evangélicos.

Além de produzir filmes imorais, ao longo dos anos a indústria cinematográfica tem produzido com frequência filmes que são ataques diretos à fé cristã. Nesses filmes, Cristo, o Senhor, Seu Evangelho e Seus seguidores são ridicularizados.

Ocasionalmente, os produtores fizeram "épicos" bíblicos, como Os Dez Mandamentos, de Cecil B. DeMille, ou Jesus de Nazaré, de Franco Zeffirelli, e outros do gênero; ou se concentraram em relatos bíblicos que continham muita luta ou romance (como Sansão e Dalila, um tema favorito por motivos óbvios nesta era de imoralidade sexual), e alguns desses filmes foram considerados "precisos" e "autênticos"; mas, além de geralmente não serem nem de longe tão biblicamente precisos quanto pretendem, esses filmes não foram produzidos para promover a fé cristã, evangelizar os perdidos ou edificar os verdadeiros crentes em sua fé. São simplesmente tentativas dos cineastas de lucrar muito com sagas bíblicas arrebatadoras, e foram, amiúde, bem-sucedidos nisso.

Na década de 1980, a indústria cinematográfica tornou-se cada vez mais difundida na sociedade; e, ao mesmo tempo, como as igrejas estavam se afastando de seus fundamentos doutrinários e da separação prática do mundo, os pastores não pregavam mais contra o entretenimento ímpio. Os cristãos professos assistiam mais e mais aos filmes, independentemente do conteúdo, e sem muita condenação dos púlpitos, se é que havia alguma, pois os mercenários que os ocupavam sabiam de que lado estava a manteiga do pão. Além disso, os pastores eram, com muita frequência, tão devotos do santuário de Hollywood quanto qualquer outra pessoa.

Depois veio a invenção dos vídeos, que levou o cinema diretamente para as salas de estar de milhões de pessoas em todo o mundo. De repente, os pastores se viram na contingência de condenar não só a exibição de filmes pecaminosos, mas também, para serem coerentes, a exibição dos mesmos filmes nos lares de seus rebanhos. E isso era algo para o qual a maioria dos pastores simplesmente não estava preparada. Eles contemporizaram, permaneceram em silêncio, seus próprios filhos consumiam em casa o lixo de Hollywood e, em pouco tempo, ocorreu uma revolução que continua até hoje. Os cristãos nominais estavam assistindo a tudo e a todos, aparentemente sem nenhuma consciência disso. O setor de entretenimento é um monstro muito diferente do que era nos anos 1970. Hoje ele é onipresente. Está em todos os lugares que vamos, e somos bombardeados pelas músicas e filmes que produz. Os aparelhos de TV estão em lojas, shoppings, carros e, às vezes, em todos os cômodos dos lares. Muitas pessoas alugam DVDs várias noites por semana – certamente assistem à TV durante toda a noite. De fato, muitas pessoas também assistem à TV quase o dia todo, inclusive no trabalho. Em 2007, o conteúdo de filmes e programas de televisão se tornou o tópico de conversação mais popular nos Estados Unidos, de acordo com o Barna Research Group! [589] E o resto do mundo não ficou muito atrás. Os computadores fornecem acesso instantâneo ao mundo de faz-de-conta de Hollywood e seus equivalentes. As chamadas "estrelas" são vistas em toda parte, em capas de revistas, pôsteres, etc. Vivemos realmente em um mundo saturado de entretenimento.

Os cineastas, não obstante, ignoraram, até então, esse vasto e crescente mercado com conteúdo especificamente "cristão" (ou o que se passa por tal). Afinal, os milhões de supostos "cristãos" que frequentavam os cinemas e compravam ou alugavam os vídeos ou DVDs estavam tão satisfeitos em consumir o que Hollywood vomitava quanto aqueles que não faziam profissão de cristianismo! Não se importavam se os filmes glorificavam a violência, ou eram repletos de imoralidade sexual de todos os tipos, ou de linguagem chula e blasfêmia. De vez em quando, um proeminente comentarista "cristão" criticava a impureza glorificada nos filmes, mas quase nenhum deles jamais advogou a única resposta bíblica: afastar-se deles. Lamentavam a impureza, mas continuavam a assisti-los, juntamente com os milhões de outros que seriam encontrados nos bancos das igrejas nas manhãs de domingo, embora suas noites de sexta e sábado fossem ocupadas com entretenimento ímpio, e o resto das noites da semana fosse dedicado a absorver o mesmo conteúdo em casa. Um estudo de uma importante empresa de marketing de Hollywood, a MarketCast, sugeriu que os "cristãos", além de assistir prontamente ao "entretenimento" mainstream, também eram atraídos por conteúdo violento – até mesmo os mais conservadores entre eles! Joseph Helfgot, presidente da MarketCast, disse: "Há um vento soprando na comunidade de produção sobre responder à religião. Mas quando se trata de filmes, as pessoas distinguem entre questões morais e questões de entretenimento. E a maioria das pessoas, mesmo as muito religiosas, está muito satisfeita com seus filmes." [590]

Que condenação para aqueles que se autodenominam cristãos! A maioria das pessoas, mesmo as muito religiosas, está muito satisfeita com os filmes que são lançados. Elas assistirão precisamente aos mesmos filmes que aqueles que não professam fé em Cristo!

Mas, naturalmente, sendo religiosas, elas também adorariam assistir a filmes "religiosos"; e Hollywood não atendia a essa demanda. Na verdade, era muito antirreligiosa.

Até à estreia de A Paixão de Cristo.

Como observamos, este filme “gore” católico cativou audiências em todo o mundo, alegando fornecer um retrato preciso e autêntico da crucificação de Cristo, embora estivesse longe disso. Não muito antes, um filme desse tipo teria sido rejeitado por protestantes evangélicos. No entanto, os tempos mudaram. Aqueles que se identificam como evangélicos não são mais os mesmos de antes! Eles se transformaram em entusiastas frequentadores de cinema, com um grande número deles não hesitando em assistir a cenas de violência extrema. Sua visão do catolicismo também mudou graças a décadas de influência do movimento ecumênico, sendo enganados por seus pastores espiritualmente cegos que afirmam que o romanismo é meramente "outra igreja cristã" e que os católicos são "irmãos e irmãs no Senhor", entre outras coisas. Ademais, a esmagadora maioria deles tornou-se tão desinformada sobre a sã doutrina bíblica que prontamente aceitou o Arminianismo, [e] abordagens evangelísticas superficiais e falsas como o "evangelismo cinematográfico", o "evangelismo musical", o "apelo ao altar" e a "oração do pecador", juntamente com a falsa noção de que devem estar "no mundo (ou seja, participando de atividades mundanas) para ganhar o mundo" – um conceito que é claramente contrário a João 17:14-16, 2 Coríntios 6:14-18 e passagens semelhantes.

Assim, quando A Paixão de Cristo foi lançado, milhões de pessoas correram para os cinemas, impulsionadas por seus pastores. Ministros protestantes se referiram a este filme "papista" como um "verdadeiro filme cristão" e uma ferramenta evangelística poderosa, talvez uma das maiores de todos os tempos. Foi então que Hollywood percebeu o vasto mercado "cristão". Evangélicos e fundamentalistas somam dezenas de milhões somente nos Estados Unidos, e muitos milhões mais no resto do mundo. É verdade que um grande número de supostos "cristãos" há anos demonstrava estar mais do que disposto a assistir a tudo que os não-cristãos viam; mas A Paixão de Cristo provou que eles também assistiriam em massa a um filme "cristão". Além disso, um filme assim atrairia ainda mais supostos "cristãos", aqueles um pouco mais criteriosos do que a maioria, que ainda mantinham alguns padrões e não assistiriam a filmes que fossem um ataque direto à sua moral ou fé. "Um segmento do mercado está sedento por esse tipo de conteúdo [ou seja, conteúdo religioso]", disse Simon Swart, gerente geral da unidade de entretenimento doméstico da 20th Century Fox nos EUA. [591] A Fox Faith, divisão "cristã" da Fox, declarou que estava visando, em particular, evangélicos ou "cristãos nascidos de novo", que muitas vezes haviam rejeitado o entretenimento popular por considerá-lo ofensivo. De fato, a 20th Century Fox Home Entertainment construiu uma rede de frequentadores de cinema "cristãos evangélicos", incluindo 90.000 congregações e um banco de dados com mais de 14 milhões de lares, em sua maioria, "evangélicos".

Após o fenomenal e inesperado sucesso de A Paixão de Cristo, Hollywood despertou. O filme arrecadou centenas de milhões de dólares em bilheteria mundial. Os cifrões começaram a brilhar nos olhos dos produtores. Havia um mercado enorme e inexplorado – e extremamente lucrativo. Eles agora sabiam que milhões de supostos "cristãos" correriam para assistir a filmes que se diziam "cristãos". E nem seriam muito exigentes – eles praticamente devorariam qualquer conteúdo religioso ou pseudorreligioso que Hollywood lhes oferecesse!

O vice-presidente da Universal Pictures, Marc Shmuger, disse sobre o mercado "evangélico": "É uma comunidade bem formada, é identificável, tem gostos e preferências muito específicos. Em todos os aspectos, você precisa personalizar sua mensagem para sua audiência." [592] Essa citação mostra claramente que, para os produtores, tudo se resume ao lucro. Alguns estúdios, inclusive, passaram a recorrer a especialistas em "marketing cristão" para rastrear seus roteiros em busca de conteúdo que pudesse ser questionável para "cristãos" e para criar planos de marketing direcionados a esse público.

E assim os cineastas passaram a incluir elementos em seus filmes que acreditavam agradar aos "cristãos", e a remover o que pensavam que os ofenderia. Um exemplo de acréscimo: no filme Sr. e Sra. Smith, que trata de assassinos profissionais, a cena em que o carro de um vizinho é roubado, um crucifixo é visto pendurado de forma conspícua no espelho retrovisor, e os atores usam jaquetas emprestadas com a inscrição "Jesus Rocks" enquanto trabalham infiltrados. O diretor do filme disse: "Decidimos fazer do vizinho, de quem é o crucifixo, um cristão descolado, jovem e legal. Está literalmente lá sem outra razão a não ser que eu pensei: isso é legal." [593]

Um exemplo de remoção: durante as filmagens de Plano de Voo, o ator Peter Sarsgaard foi instruído a omitir a palavra "Jesus" de seu diálogo. "Eles disseram: 'Você não pode dizer isso. Você não pode usar o nome do Senhor em vão'", disse Sarsgaard sobre os produtores do filme. [594]

Se tais adições e remoções satisfazem os que se dizem "cristãos", então é chocante o que hoje passa por "cristianismo"! Um crucifixo em uma cena, antigamente, não empolgaria ninguém além de um católico. E se aqueles que se autodenominam evangélicos se impressionam porque algum cineasta ímpio colocou um crucifixo em uma cena específica ou fez os atores usarem jaquetas com as palavras "Jesus Rocks", então o que passa por "cristianismo evangélico" está tão longe de ser bíblico que não há palavras para descrevê-lo adequadamente. O mesmo vale se a remoção de um único uso do nome do Senhor faz com que "cristãos" presumam que o filme é bom!

Com o estrondoso sucesso de A Paixão de Cristo, Hollywood percebeu que não bastava fazer pequenas alterações em seus filmes; era preciso criar longas-metragens inteiros para atrair o público "cristão".

Como vimos, o próximo grande filme supostamente "cristão" foi As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa. Após o enorme sucesso comercial de ambos os filmes, a 20th Century Fox anunciou que produziria até uma dúzia de grandes filmes com "temática de fé" por ano, direcionados a evangélicos, sob sua nova divisão "baseada na fé", a FoxFaith. O Los Angeles Times descreveu o anúncio como "o maior compromisso desse tipo por um estúdio de Hollywood". Mas, certamente, não foi o único estúdio a assumir um compromisso. Novamente, direto da fonte, ficamos sabendo o tipo de filme "cristão" que seria produzido. "Queremos impulsionar o valor da produção, não fazer sermões em vídeo ou proselitismo", disse Simon Swart, da unidade de entretenimento doméstico da Fox nos EUA. [595] "Não estamos aqui para fazer proselitismo, estamos produzindo entretenimento", afirmou Steve Feldstein, vice-presidente sênior da Fox Faith. [596] Tragicamente, milhões de supostos "cristãos" se regozijaram com esse interesse hipócrita e motivado pelo lucro de um grande estúdio em produzir tais filmes.

Não se engane: Hollywood continuava abertamente anticristã. Os estúdios e produtores estavam dispostos a produzir alguns filmes com "temática cristã" se acreditassem que isso lhes renderia dinheiro. Mas era extremamente ingênuo pensar que os cineastas haviam, de repente, passado por algum tipo de conversão! Era tudo uma questão de lucros. A Paixão de Cristo provou que havia uma vasta audiência "cristã" disposta a gastar seu dinheiro nesse tipo de filme, e os cineastas correram para lucrar com isso. Contudo, a indústria cinematográfica ainda estava comprometida com sua agenda de produções hostis ao cristianismo bíblico, aos verdadeiros cristãos, ao Evangelho de Cristo e à própria Pessoa do Senhor Jesus. A indústria não havia mudado.

Apesar disso, os "evangélicos" espiritualmente cegos eram incapazes de ver o que havia acontecido! Na verdade, eles acolheram a mudança! Um número crescente de igrejas começou a usar telas semelhantes às de cinema nos púlpitos, onde trechos de filmes, tanto religiosos quanto seculares, eram disponibilizados para download pelas igrejas e usados para ilustrar o sermão do pastor! Professos "cristãos" podiam facilmente recontar cenas de seus filmes favoritos, mas achavam difícil recordar o tema central do sermão da semana anterior – e pastores e igrejas estavam bem cientes disso, e assim recorriam ao uso de trechos de filmes em seus sermões. Acreditavam que, ao fazer isso, haviam tornado suas igrejas mais relevantes para a sociedade! Quão enganados estavam. Tudo o que haviam feito, ao integrar a cultura popular com sua versão do "evangelho", foi criar um "evangelho" híbrido que não era nada além de "outro evangelho", e não o Evangelho do Senhor Jesus Cristo! Quando um homem atrás do púlpito afunda a tal ponto que precisa salpicar seu sermão com cenas de filmes de Hollywood, ele reconhece que a indústria – a Hollywood ímpia e perversa – é, no que lhe concerne, mais poderosa que o Deus da Bíblia, e que tais artifícios são necessários hoje para que as pessoas "compreendam o Evangelho".

Tal é o estado do que se passa por "cristianismo" no século XXI.

O Exorcista: O Início (2005): a "Prequela" dos filmes O Exorcista

Esse filme, um suposto "prelúdio" dos filmes anteriores de O Exorcista, teoricamente aborda o período em que o padre-exorcista católico descobriu sua "vocação". Apesar de ter sido descrito por um crítico de cinema católico como "às vezes lúgubre e grotesco" e "muitas vezes explorador", esse mesmo crítico, que elogiou o filme original de O Exorcista como "profundamente católico" e "supervisionado a cada passo por consultores teológicos jesuítas", declarou sobre a mais recente produção: "Ainda assim, com todas essas ressalvas, ele tem seus méritos e possui uma estrutura católica." E: "No geral, o filme é uma experiência avassaladora para os sentidos, algo, naturalmente, que a maioria das pessoas que vão assisti-lo deseja. Os espectadores deveriam tentar também absorver uma boa lição católica ou duas." [597] Incrível! Em vez de simplesmente afirmar que não vale a pena ver tal filme, ele conclamou os espectadores a tentar extrair uma ou duas lições católicas dele! O que padres e críticos haviam dito sobre os filmes Harry Potter, este crítico fez o mesmo em relação a O Exorcista: O Início: tentou encontrar qualquer fio tênue de "bem" (de acordo com sua definição) e então usá-lo para justificar a exibição do filme, alegando que tinha mérito e uma estrutura católica!

Como vimos, essa tem sido a estratégia jesuíta/papista desde que eles rejeitaram a PCA e seu Código.

O Código Da Vinci (2006): ficção anticatólica, mas favorável à Roma

Nem tudo em Hollywood seguia novamente a vontade de Roma. Não obstante, Roma transformou o que pôde em sua vantagem. O que segue é um trecho adaptado de um artigo escrito pelo autor na época em que O Código Da Vinci estava causando alvoroço mundial. O artigo intitula-se "Exposing The Da Vinci Code". [598]

O romance no qual o filme foi baseado, escrito por Dan Brown, foi publicado pela primeira vez em 2003. Em abril de 2005, 17 milhões de cópias haviam sido vendidas em todo o mundo, em 44 idiomas. Alguns afirmaram que foi a obra de maior sucesso na história depois da Bíblia. Permaneceu na lista de mais vendidos do New York Times por três anos. Em 2006, surgiu a versão cinematográfica – e, assim como o romance, representa um ataque frontal ao Senhor Jesus Cristo, ao Seu bendito Evangelho e à Sua verdadeira Igreja. Apresentou um "cristo" falso e uma falsa representação do que a Bíblia ensina, e milhões foram enganados, acreditando que o cristianismo é uma mentira, construída sobre falsidade e engano. A maioria das pessoas é extremamente ignorante tanto da verdade bíblica quanto da história real, e, portanto, incapaz de discernir a diferença entre fato e ficção na trama. Nisso reside seu imenso perigo. Apresenta "outro Jesus" e "outro evangelho" (2 Cor. 11:4).

O presidente da Sony Pictures (responsável pelo filme), antes de se tornar produtor, declarou: "O mais impressionante sobre este livro é o quão provocador ele é: será tudo verdade ou não? Como livro de história, é extraordinário. Como exploração da evolução de uma religião específica, é extraordinário." [599] Note como essa obra ficcional foi descrita como "um livro de história" – não ficção, mas não ficção!

De fato, milhões de pessoas se convenceram de que era substancialmente verdadeiro, mesmo sendo apresentado como ficção, a ponto de um grande número delas ter visitado os locais mencionados na trama, como a Abadia de Westminster, na Inglaterra, o Louvre, em Paris, a Capela Rosslyn, na Escócia, o Château de Villette perto de Versalhes, etc. O proprietário do Château afirmou: "Este livro revelou a verdade que os católicos têm escondido por milhares de anos.... O livro é ficção, mas é baseado na verdade." [600]

Então, sobre o que é O Código Da Vinci afinal?

Rejeitando completamente a verdade bíblica sobre o Senhor Jesus, o autor escreveu que a divindade de Cristo foi um mito inventado pelo imperador romano Constantino no século IV d.C. O romance de Brown apresenta uma suposta grande "conspiração": que Maria Madalena na verdade se casou com Jesus Cristo, que eles tiveram filhos – e que "a Igreja" encobriu essa verdade, destruindo o caráter de Maria ao escrever sobre ela nos relatos do Evangelho como uma mulher imoral! Além disso, o autor afirmou que o "Santo Sangue" é a suposta linhagem de Cristo e Maria Madalena; e que o "Santo Graal" não é um cálice, mas a própria Maria!

Para apoiar sua teoria, Dan Brown alegou que os Manuscritos do Mar Morto mostram uma associação mais forte de Maria Madalena com Cristo do que o que lemos na Bíblia. Ele também fez referências aos chamados "Evangelhos perdidos". [601]

Ele alegou que na pintura chamada "A Última Ceia", de Leonardo da Vinci, Maria Madalena é retratada à direita de Cristo – supostamente uma apóstola junto com os outros apóstolos. Afirmou que seu lugar foi usurpado por uma hierarquia masculina, suprimindo assim o "sagrado feminino". E assegurou que a instituição católica organizou um encobrimento maciço dessa verdade.

A trama faz referência aos chamados "evangelhos" gnósticos, como O Evangelho de Maria. Outras fontes usadas por Brown foram: A Deusa nos Evangelhos: Resgatando o Feminino Sagrado e A Enciclopédia de Mitos e Segredos da Mulher. Estes títulos dão uma boa ideia das inclinações intelectuais e espirituais de Brown. [602]

De acordo com a narrativa, o historiador da corte, Sir Leigh Teabing, um excêntrico obcecado pelo "Santo Graal", abriga Robert Langdon, professor de Simbologia Religiosa de Harvard, em seu castelo francês. Outra personagem é Sophie, uma criptologista francesa capaz de decifrar códigos e enigmas, que trabalha com Langdon. Teabing mostra a Sophie O Evangelho de Maria, supostamente escrito em grego no segundo século d.C. Seria melhor citar diretamente do livro neste ponto: [603]

"'Não vou aborrecê-los com as inúmeras referências à união de Jesus e Madalena', disse Teabing. 'Isso já foi explorado à exaustão por historiadores modernos. Gostaria, no entanto, de destacar o seguinte.' Ele apontou para outra passagem. 'Isto é do Evangelho de Maria Madalena.

"'Sophie não sabia que existia um evangelho nas palavras de Madalena. Ela leu o texto:

"'E Pedro disse: 'O Salvador realmente falou com uma mulher sem nosso conhecimento? Devemos voltar e todos ouvi-la? Ele a preferiu a nós?'

"'E Levi respondeu: 'Pedro, você sempre foi irascível. Agora vejo você contendendo contra a mulher como um adversário. Se o Salvador a fez digna, quem é você para rejeitá-la? Certamente o Salvador a conhece muito bem. É por isso que ele a amou mais do que a nós."

Teabing explica que Pedro tinha ciúmes de Maria Madalena. "'Os riscos eram muito maiores do que mero afeto', disse Teabing a Sophie, 'porque neste ponto dos evangelhos, Jesus suspeita que em breve será preso e crucificado.'" Então ele diz à Maria como dar continuidade à sua Igreja! Teabing acrescentou: "'Ouso dizer que Pedro era algo como um sexista.'"

"'Este é São Pedro', disse Sophie; 'a rocha sobre a qual Jesus edificou Sua Igreja.'" Ao que Teabing replicou: "'O mesmo, exceto por um detalhe. De acordo com estes evangelhos inalterados, não foi a Pedro a quem Cristo deu instruções para estabelecer a Igreja Cristã. Foi à Maria Madalena.'"

O livro prossegue: "Sophie olhou para ele. 'Está dizendo que a Igreja Cristã deveria ser continuada por uma mulher?' 'Esse era o plano. Jesus foi o feminista original. Ele pretendia que o futuro da Sua Igreja estivesse nas mãos de Maria Madalena.' 'E Pedro tinha um problema com isso', disse Langdon, apontando para A Última Ceia. 'Aquele é Pedro. Pode ver que Da Vinci estava bem ciente de como Pedro se sentia em relação a Maria Madalena.'" Foi sugerido a Sophie que, na pintura de Leonardo, Pedro se inclinava ameaçadoramente em direção a Maria, e deslizava sua mão em forma de lâmina pelo pescoço dela.

Em seguida, Teabing retira um gráfico de genealogia e mostra a Sophie que Maria Madalena era da Casa de Benjamim, e, portanto, de descendência real. Sophie é informada de que Maria Madalena não era pobre, mas que "ela foi reformulada como uma prostituta para apagar evidências de seus poderosos laços familiares." "Mas por que", ela pergunta, "a Igreja primitiva se importaria se Madalena tivesse sangue real?" É explicado a ela que foi sua união com Cristo que preocupou a Igreja primitiva, e não seu sangue real. "Como sabe, o Livro de Mateus nos diz que Jesus era da Casa de Davi. Um descendente do Rei Salomão – Rei dos Judeus. Ao casar-se com a poderosa Casa de Benjamim, Jesus fundiu duas linhagens reais, criando uma forte união política com o potencial de fazer uma reivindicação legítima ao trono e restaurar a linha de reis como era sob Salomão."

Então Teabing lançou sua bomba: "A lenda do Santo Graal é uma lenda sobre sangue real. Quando a lenda do Graal fala do cálice que conteve o sangue de Cristo, ela fala, na verdade, de Maria Madalena, o ventre feminino que carregou a linhagem real de Jesus."

"'Mas como Cristo poderia ter uma linhagem a menos que...?' Sophie fez uma pausa e olhou para Langdon. Langdon sorriu suavemente. 'A menos que tivessem um filho.'"

"'Eis aqui', proclamou Teabing, 'o maior acobertamento da história humana. Não apenas Jesus Cristo era casado, mas Ele era pai. Minha querida, Maria Madalena era o Vaso Sagrado. Ela era o cálice que gerou a linhagem, e a videira de onde brotou o fruto sagrado!'"

A Bíblia, a Palavra de Deus, refuta as mentiras de Brown:

Em primeiro lugar, a divindade de Cristo não foi uma invenção do imperador Constantino no século IV. A Bíblia está repleta de referências claras à Sua divindade. Para listar apenas algumas das muitas passagens que a revelam: Salmos 45:6,7 com Hebreus 1:8,9; Isaías 7:14 com Mateus 1:22,23; Isaías 9:6; João 1:1; Atos 20:28; Romanos 9:5; Filipenses 2:5-8; Colossenses 2:9; 1 Timóteo 3:16. Dan Brown demonstrou tanto seu total desprezo pela Palavra de Deus quanto sua ignorância abissal da Bíblia e da história ao fazer essa afirmação absurda.

Em segundo lugar, o Senhor Jesus Cristo não se casou com Maria Madalena, nem gerou filhos com ela ou com qualquer outra pessoa. O Filho de Deus veio a este mundo para salvar pecadores – essa foi Sua missão divina (1 Timóteo 1:15). Maria Madalena foi uma dessas pecadoras salvas pela graça de Deus mediante a fé em Cristo. Ele expulsou sete demônios dela (Marcos 16:9; Lucas 8:2).

A Bíblia nos diz muito pouco sobre Maria Madalena. Ela estava com Maria, a mãe do Senhor, e algumas outras mulheres, perto da cruz quando Jesus foi crucificado (João 19:25). Ela sentou-se em frente ao sepulcro quando Jesus foi colocado nele (Mateus 27:6); e bem cedo no primeiro dia da semana, o dia de Sua ressurreição, ela veio para ver o sepulcro e ungir o corpo de Jesus com especiarias, e o encontrou vazio; e ela foi a primeiríssima a quem o Jesus ressuscitado se apresentou após Sua ressurreição (Mateus 28:1-10; João 20:1-18; Marcos 16:1-11; Lucas 24:1-10). Ela foi uma discípula devotada e fiel do Senhor Jesus.

Não há uma única palavra sobre ela ser da Casa de Benjamim! E Jesus certamente não se casou com ela! A fantasia de Dan Brown não foi a primeira a sugerir que o Senhor Jesus se casou com Maria Madalena; é uma mentira que surgiu muitas vezes antes. Isso se deve a uma suposição (porque é disso que se trata) de que Maria Madalena era a prostituta mencionada em Lucas 7:37-50. Não há absolutamente nada para apoiar essa suposição. Eram duas mulheres diferentes [f]. No entanto, homens ímpios adoram apresentar essa sugestão de um casamento entre Cristo e uma suposta prostituta, pois isso faz com que Cristo pareça ser um homem de moralidade duvidosa. Eles pintam todo o cenário em suas mentes: o fundador de uma nova seita fisicamente atraído por uma mulher muito mundana. Ignoram completamente que em nenhum lugar nos é dito que Maria era uma prostituta e, além disso, o Senhor Jesus a libertou do poder de Satanás, e ela se tornou uma discípula devota e santa. Isso não é "picante" o suficiente para suas mentes pecaminosas!

Quando Jesus encontrou Maria Madalena depois de ressuscitar dos mortos, o que Ele lhe disse? "Não me toques; porque ainda não subi para meu Pai" (João 20:17). Ele sequer a deixou tocá-Lo! Ele lhe disse para ir e contar aos Seus discípulos que Ele iria subir; e foi isso que ela fez imediatamente (João 20:17,18). Depois disso, Ele não apareceu a ela sozinha, embora ela certamente tenha passado tempo com Ele na companhia de todos os Seus outros discípulos, antes de Sua ascensão.

O Senhor Jesus Cristo não se casou com ninguém. O casamento foi ordenado por Deus para o bem da humanidade. Cristo é Deus desde a eternidade; Ele veio em carne, sem deixar de lado Sua divindade, mas assumindo uma natureza humana em união com Sua natureza divina; e Ele veio a este mundo para adquirir uma "noiva" com Seu próprio sangue. Mas Sua "noiva" consiste em todos os eleitos, todos aqueles por quem Ele deu Sua vida e derramou Seu sangue. A verdadeira Igreja é a noiva mística de Cristo. Ele não tem noiva física, nem nunca precisou de uma (2 Coríntios 11:2; Efésios 5:23-32; Apocalipse 19:6-9; 21:9). Nem o Senhor Jesus gerou filhos fisicamente. A Bíblia diz que Seus "filhos" espirituais são Seu povo eleito, por quem Ele morreu (Hebreus 2:13).

É nada menos que heresia e blasfêmia dizer que o Filho de Deus, perfeitamente sem pecado, casou-se com uma mulher e gerou filhos. Isso é de fato proclamar "outro Jesus" (2 Coríntios 11:4) – não o verdadeiro Jesus Cristo revelado em Sua Palavra. Não importa se existem pergaminhos que supostamente mostram uma associação mais forte de Maria Madalena com Cristo do que o que lemos na Bíblia – é a Bíblia que é divinamente inspirada (2 Timóteo 3:16). Não precisamos esperar até o século XX e a descoberta de certos pergaminhos para averiguar a verdade sobre Cristo e Maria Madalena – os livros que compõem as Sagradas Escrituras, divinamente inspirados, foram escritos no primeiro século d.C., durante a vida dos apóstolos e, ademais, foram conhecidos pela verdadeira Igreja desde então (veja, por exemplo, Colossenses 4:16; 2 Pedro 3:15,16; Apocalipse 1:1-3,10,11). A Palavra de Deus está estabelecida. Nenhum outro escrito deve ser adicionado a ela.

Quanto aos chamados "evangelhos gnósticos": um dos personagens do romance de Brown os descreve como os "evangelhos inalterados". Ao fazer essa afirmação, ele insinua que os quatro Evangelhos encontrados no Novo Testamento sofreram alteração e, portanto, não são confiáveis. Ele não pôde apresentar nenhuma evidência para isso, naturalmente. No entanto, milhões de leitores aceitaram a ideia.

Gnosticismo, palavra derivada do grego que significa "conhecimento", foi uma heresia que surgiu nos primeiros séculos da era cristã. Os gnósticos alegavam possuir um conhecimento oculto especial relacionado a Deus, salvação, etc. O Gnosticismo não é cristão em nenhum sentido, pois é antibíblico e não bíblico. Aspectos dele foram expostos e refutados pelos escritores inspirados das Escrituras do Novo Testamento (por exemplo, Colossenses 2:8-23; 1 Timóteo 1:4; Tito 1:14; 1 Timóteo 6:20; 1 Coríntios 8:1). Homens não regenerados estão sempre buscando conhecimento extra, e há uma atração particular por um suposto conhecimento que é "oculto" da maioria e conhecido apenas por alguns poucos escolhidos. Nisso reside a atração do Gnosticismo, em todas as suas formas, incluindo as modernas; e nisso reside também a atração da fantasia de Dan Brown para muitos: a obtenção de "conhecimento" supostamente oculto por séculos, "pistas" ocultas em lugares misteriosos, e sugestões tentadoras de algo além da percepção das massas.

Os homens procurarão avidamente na Bíblia por supostas mensagens ou informações "ocultas", enquanto ignoram, ou deixam de ver, a mensagem clara e direta da Bíblia – o Evangelho de Jesus Cristo, o Evangelho da salvação. Ou então, buscarão ansiosamente fora da Bíblia por supostas mensagens "ocultas" que, para eles, contradizem e anulam a verdade bíblica (como em O Código Da Vinci). Em todo caso, Satanás é o vencedor. Por meio desses expedientes, ele impede que os homens conheçam o Evangelho de Jesus Cristo, o único Salvador dos pecadores. Isso porque, "em nenhum outro há salvação, pois também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos" (Atos 4:12). Homens perdidos buscam avidamente por conhecimento "oculto" aqui, ali e em todo lugar; mas o verdadeiro conhecimento salvífico do Evangelho lhes está oculto, a menos que (e até que) o Senhor abra seus olhos. Verdadeiramente, "se o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século [Satanás] cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus" (2 Coríntios 4:3,4).

Em terceiro lugar, é uma total falácia afirmar que Maria Madalena deveria dar continuidade à Igreja de Cristo, pois "Jesus era o feminista original"; mas que seu lugar foi usurpado por uma hierarquia masculina, suprimindo assim o "sagrado feminino"; e que "a Igreja" encobriu a "verdade" sobre Cristo e Maria Madalena, destruindo seu caráter ao descrevê-la nos relatos do Evangelho como uma mulher imoral. Uma fantasia após a outra da imaginação de Dan Brown!

Não há, afinal, nenhuma "verdade" a encobrir. Cristo não era casado com Maria, e eles não tiveram filhos. Os relatos do Evangelho não dizem muito sobre Maria Madalena. Os escritores dos Evangelhos não a descreveram como uma mulher imoral. Muito poucos detalhes de sua vida são fornecidos.

O Novo Testamento deixa bem claro que Cristo escolheu os apóstolos, e que todos eles eram homens. O lugar de Maria não foi usurpado por uma "hierarquia masculina" – para começar, ela nunca teve um lugar como parte do grupo de apóstolos.

Quanto ao "sagrado feminino", isso é pura bobagem. É atraente para muitos nesta era de feminismo militante e de adoração a deusas por adeptos da Nova Era, bruxas e outros. Milhões hoje estão se voltando para a adoração de uma divindade feminina, e qualquer coisa que promova esse conceito na mente do público em geral é bastante aceitável. Falar sobre o "sagrado feminino" foi uma maneira infalível de Brown aumentar as vendas de seu livro.

Além disso, acreditar na absurdidade desse "acobertamento" é crer que os quatro Evangelhos foram escritos pela "Igreja" (ou seja, na visão de Brown, pela "Igreja" Católica), em vez de por Mateus, Marcos, Lucas e João. Isso, se verdadeiro, significaria que os quatro Evangelhos são meras fabricações, às quais foram anexados os nomes dos quatro homens para lhes dar autenticidade. Isso, porém, não é verdade. Os relatos do Evangelho foram escritos por homens que viveram no primeiro século d.C. e que eram cristãos, discípulos de Cristo. A "Igreja" Católica, que só veio a existir séculos depois, não teve absolutamente nada a ver com a autoria deles. A instituição católica é culpada de muitos acobertamentos ao longo de sua história, mas este não foi um deles. Ela não poderia "acobertar" algo quando nem sequer existia!

Sobre a suposta "evidência" na famosa pintura "A Última Ceia", de Leonardo da Vinci: vamos por um momento assumir que da Vinci realmente retratou Maria Madalena à direita de Cristo, supostamente como uma apóstola. Temos certeza de que as autoridades na pintura negariam que ele tenha feito tal coisa, mas, por um instante, vamos supor que sim. E daí? Devemos ser tão tolos a ponto de fazer da mera pintura de um artista católico (por mais brilhante que seja) a nossa autoridade? Devemos ignorar o testemunho da própria Palavra de Deus, a Bíblia, atestada por muitas provas irrefutáveis, em favor desta suposta "pista oculta" em uma pintura? Será que o mundo enlouqueceu? Evidentemente sim, quando milhões de leitores crédulos podem rejeitar a verdade da Palavra de Deus com "evidências" tão frágeis.

A história de Brown apresenta Pedro como um homem "sexista", ciumento e irascível (pois ele supostamente sabia que Cristo queria que Maria estabelecesse Sua Igreja, mas era muito avesso a isso), e até mesmo um homem que contemplou o assassinato de Maria Madalena. Que terrível distorção da verdade sobre o piedoso apóstolo Pedro, um fiel cristão e ministro! Uma leitura simples das próprias epístolas de Pedro, ou de seu sermão no dia de Pentecostes, fornecerá ao leitor uma imagem precisa deste humilde e zeloso servo de Cristo. Nada no relato bíblico apresenta Pedro como tendo ciúmes de Maria Madalena, irascível, com intenções assassinas; e quanto a esse termo moderno e "politicamente correto", "sexista", é patético demais para ser descrito em palavras.

Essa obra de ficção configura-se, portanto, como um ataque direto ao Senhor Jesus Cristo, ao retratá-Lo como um mero homem que teve um filho com Maria Madalena. É também um ataque ao Evangelho de Cristo, pois, obviamente, quem crê e segue Jesus Cristo, estaria seguindo apenas um homem, se Ele fosse o que o livro afirma. Ademais, ao fazer referência aos chamados "evangelhos" gnósticos – que não são divinamente inspirados, mas sim obras de inimigos da verdade – O Código Da Vinci induz as pessoas a aceitar tais mentiras como a "verdade do Evangelho".

Contudo, essa ficção também é um ataque à verdadeira Igreja de Cristo. Alguns poderiam argumentar: "Mas é um ataque à instituição católica, não à verdadeira Igreja!". A questão não é tão simples. Nada que Dan Brown escreveu poderia expor sequer uma fração das mentiras, falsas crenças, tradições humanas e massivos acobertamentos que caracterizam o catolicismo romano. A verdade sobre o catolicismo é muito mais horripilante do que qualquer coisa na ficção de Dan Brown. Ele escreveu sobre como a instituição papal supostamente inventou uma história sobre Maria Madalena e a incorporou aos relatos evangélicos da vida de Cristo. Isso é ficção, não fato. Roma não fez tal coisa. Mas o que o sistema papal fez? Batizou a doutrina pagã da deusa-mãe adorada em todo o mundo, chamando essa falsa divindade de "a Virgem Maria", e a exaltou a uma posição até superior à de seu próprio falso "cristo"! Concedeu à "Maria" poderes que a verdadeira Maria, a mãe do Senhor, nunca teve; ordena a seus cegos aderentes que orem a ela, cantem hinos em sua homenagem, construam santuários em sua honra, e a estabelece como auxiliadora de Cristo na salvação do mundo! Verdadeiramente, o romanismo inventou uma história sobre Maria: não a "Maria Madalena" da imaginação de Dan Brown, mas a "Maria" adorada por mais de um bilhão de católicos em todo o mundo como a "Mãe de Deus"! A verdade é realmente mais estranha que a ficção.

O problema com o ataque de O Código Da Vinci ao romanismo é o seguinte: ele apresenta a instituição "romana" como "a verdadeira Igreja". Assim, qualquer coisa na história que exponha a falsidade da "Igreja" romana é vista pelos milhões de leitores como expondo o cristianismo verdadeiro! Dessa forma, ao apresentar o catolicismo como "a Igreja", induz seus leitores a crer que o cristianismo é uma mentira; uma farsa!

Contrariando as expectativas, O Código Da Vinci, apesar de sua postura anti-romanista, acabou jogando a favor de Roma. Mas como?

A primeira maneira pela qual isso aconteceu foi quando a Opus Dei usou a história a seu próprio favor. Dan Brown escreveu sobre a Opus Dei no livro. A Opus Dei (do latim "Obra de Deus") é uma organização católica secreta, extremamente poderosa e rica. Os membros da Opus Dei incluem padres e leigos, homens e mulheres, casados e solteiros, e muitos ocupam posições-chave nos negócios, na política, etc. Frequentemente, sua afiliação à organização é desconhecida por outros. Esses são fatos! Então, Brown viu uma oportunidade de incluir a Opus Dei em seu livro de conspiração, retratando-a como profundamente envolvida na proteção da "Igreja" contra seus inimigos: assassinando, drogando pessoas, etc. A Opus Dei, é claro, negou todas essas acusações: à medida que as vendas do livro disparavam, o site da Opus Dei declarou: "A Opus Dei é uma instituição católica e adere à doutrina católica, que condena claramente o comportamento imoral, incluindo assassinato, mentira, roubo e, em geral, agressão a pessoas".

Independentemente desses desmentidos, qualquer um com compreensão da verdadeira história do catolicismo sabe que a doutrina católica nunca impediu a instituição de se envolver em assassinato, mentira, roubo, etc. A história está repleta de evidências. A Ordem dos Jesuítas, por si só, foi culpada de todas essas coisas e mais (embora haja a impressão de que os jesuítas e a Opus Dei são inimigos, nem sempre é o caso nos bastidores). O fato é que a Opus Dei, assim como a Ordem dos Jesuítas, é uma organização perigosa determinada a atingir seus objetivos. Brown estava correto nesse ponto. Essa é a razão por que sua história se tornou tão popular: havia verdade suficiente nela para fazer com que tudo parecesse plausível na mente de milhões.

No entanto, de forma surpreendente, ainda que O Código Da Vinci não retrate a Opus Dei sob uma luz favorável, a organização soube aproveitar o livro para sua própria vantagem. Por exemplo, na Grã-Bretanha, um programa da Radio 4 em 27 de outubro de 2005 alegou ter recebido "acesso irrestrito" à Opus Dei; e o programa "Opus Dei e o Código Da Vinci" do Channel 4 TV foi ao ar em 12 de dezembro de 2005. Contudo, os entrevistadores de ambos os programas trataram a Opus Dei com extrema delicadeza. "Os entrevistadores não pressionaram questões e não aprofundaram. Isso presumivelmente era uma condição para o acesso à Opus. Um dos investigadores era um ex-monge. O suposto 'acesso irrestrito' foi encenado e – principalmente limitado – aos aposentos femininos. (As mulheres na Opus são completamente separadas e inferiores aos homens.)... O Channel 4 havia levantado a questão: 'A Opus Dei merece sua representação sinistra?' O veredito brando do programa era uma conclusão previsível." [604]

Dada a enorme influência que os membros da Opus Dei exercem em todas as áreas, incluindo a mídia, isso não é surpreendente.

A Opus Dei, entretanto, não esgotou a história de Dan Brown a seu favor. No programa de TV, 60 estudantes da London School of Economics foram mostrados participando de uma palestra em 5 de maio de 2005, intitulada "O Código Da Vinci e a Opus Dei: O Código Da Vinci, Fato ou Ficção? A Opus Dei Conta Tudo". O palestrante era Andrew Soane, Diretor do Escritório de Informações da Opus Dei na Grã-Bretanha. Outro diretor da Opus, Jack Valero, disse: "Há alguns anos, a Opus Dei era praticamente desconhecida fora dos círculos católicos. Agora, 70 milhões de pessoas já ouviram falar da Opus Dei. Elas ouviram um monte de mentiras. Agora podemos explicar o que é a Opus Dei e o que ela faz.... É uma grande oportunidade."

Valero também disse: "As pessoas leem o livro e ligam". Quando o entrevistador lhe sugeriu: "Dan Brown é seu melhor agente de recrutamento", Valero respondeu: "Talvez ele tenha feito algo que não pretendia."

Além disso, o jornalista católico John L. Allen escreveu um livro intitulado Opus Dei: Secrets and Power Inside the Catholic Church. A ele foi concedido acesso ao pessoal e aos registros da Opus Dei, algo que não foi permitido a outros. No entanto: "Allen usa a caricatura ficcional da Opus Dei em O Código Da Vinci para apresentar argumentos a favor da Opus. Mesmo onde a crítica à Opus é inevitável, ela é atenuada e super qualificada. Este livro poderia levar muitos pais católicos a ter uma visão mais favorável da Opus." [605]

Assim, a Opus Dei conseguiu, de fato, usar o interesse sem precedentes no livro de Brown para atrair a atenção das pessoas para a organização e até mesmo para recrutar novos membros!

A segunda forma pela qual o livro e o filme O Código Da Vinci acabaram favorecendo Roma é a seguinte: algumas das coisas que Brown escreveu sobre a instituição católica e a Opus Dei são verdadeiras. Contudo, o problema reside na mistura da história, que combina uma parcela de verdade com muitos erros. Assim, por um lado, há aqueles que não conseguem distinguir o que é fato do que é ficção e, consequentemente, acreditam nas mentiras e fantasias do autor relacionadas ao Senhor Jesus Cristo, ao Seu Evangelho, etc. Por outro lado, há quem compreenda que se trata de ficção e chegue à seguinte conclusão: "O livro é uma obra de ficção, por admissão do próprio autor; é apenas uma história; não deve ser levado a sério; e, portanto, não há razão alguma para acreditar que haja algo sinistro sobre a Igreja Católica. Ele estava escrevendo uma história, nada mais." Como resultado, no futuro, essas pessoas tenderão a descartar as obras de pesquisadores sérios sobre as ações perversas, intrigas, planos, esquemas e assassinatos de Roma, vendo-as da mesma forma! Sempre que uma obra séria surgir, expondo algum aspecto das ações sombrias do sistema papal, a tendência será de muitos a rejeitarem levianamente como "uma teoria da conspiração tipo Código Da Vinci". Especialmente porque, diante de toda a publicidade negativa gerada pelo livro, o Vaticano empenhou-se em reverter o tipo de instituição retratada na obra. É mestre em reformas sutis.

De qualquer forma, os propósitos de Satanás foram satisfeitos. E o mesmo se aplica a O Código Da Vinci, de Dan Brown.

Bispos publicam documentos para orientar papistas no relacionamento com a mídia

A relação de amor e ódio entre a instituição católica e Hollywood continuou. Em 2006, conferências episcopais emitiram diretrizes para os católicos sobre como lidar com a mídia. A conferência dos bispos australianos publicou um documento intitulado "Vá e Conte a Todos: Uma Carta Pastoral sobre a Igreja e a Mídia". Reconhecendo o que considerava aspectos positivos da mídia, o documento conclamou os católicos a serem "usuários críticos", e não "consumidores passivos". A mídia, segundo o documento, deveria ser usada para comunicar o "evangelho" católico. Mais tarde no mesmo ano, os bispos canadenses publicaram o documento "A Mídia: Um Desafio Fascinante para a Família". Nele, afirmam que o imenso poder da mídia pode ser positivo, se ela informar e educar. "Mas também tem a capacidade de prejudicar a família ao apresentar uma visão falsa da vida, do amor, da família, da moralidade e das crenças religiosas." O documento recomenda que as famílias vejam a mídia criticamente e reajam ao viés da mídia contra a religião mediante protestos. Também estabelece uma série de recomendações para os pais sobre como instruir seus filhos no uso da mídia. [606]

Rocky Balboa (2006): outro filme pró-católico

O texto a seguir é um excerto e adaptação de um artigo escrito pelo autor, Rocky Balboa: a "Christian Boxer"? [607]

A Paixão de Cristo deu o pontapé inicial, e a partir daí, um filme após o outro foi produzido com uma temática supostamente "cristã", ou, no mínimo, com supostas conotações "cristãs". Em 2006, Hollywood apresentou Rocky Balboa, descrito como "a rodada final da premiada franquia Rocky".

O ator Sylvester Stallone criou o personagem "Rocky", um boxeador peso-pesado, décadas antes em um filme homônimo, seguido por uma série de sequências. Então, em 2006, ele produziu e atuou no que ele disse ser o último filme da série. Exceto que este foi divulgado como um filme para edificar a fé "cristã"!

Incrível? Surpreendente? Isso revela as profundezas às quais aqueles que se dizem "cristãos" haviam descido, quando foram capazes de elogiar um filme de boxe como contendo uma mensagem "cristã" que deveria ser estudada, discutida, promovida e até mesmo usada como uma ferramenta de alcance evangelístico!

Qual é o tema do filme? A seguir, uma visão geral retirada do site RockyResources.com, com os comentários do autor inseridos nos pontos apropriados:

"Rocky Balboa é uma história inspiradora que retrata um homem que atende com honra ao chamado de sua vida. Com todas as probabilidades contra ele, Rocky encontra algo a oferecer [Qual "chamado"? – o "chamado" de socar outro homem por fama ou dinheiro? A chamada "Igreja" atingiu o estágio em que o esporte sangrento do boxe agora deve ser visto como um chamado, se um homem for "bom" nele? Aparentemente sim].

"A maior história de azarão do nosso tempo está de volta para uma rodada final da franquia Rocky, vencedora do Oscar. O ex-campeão dos pesos pesados ​​Rocky Balboa sai da aposentadoria e volta ao ringue, enfrentando um novo rival em uma era dramaticamente diferente.

"Após uma luta de boxe declarar Rocky Balboa vitorioso sobre o atual campeão Mason 'The Line' Dixon, a paixão e o espírito do lendário lutador são reacendidos. Mas quando seu desejo de lutar em competições regionais menores é superado por promotores que pedem uma revanche da luta, Balboa precisa ponderar os riscos mentais e físicos de uma luta de exibição de alto nível contra sua necessidade de estar no ringue [Sua necessidade de estar no ringue? Certos homens realmente têm necessidade de ser boxeadores? Uma "necessidade" costumava significar alimento, roupa, abrigo. Outras coisas eram "desejos". Mas, aparentemente, o personagem fictício Rocky tem a "necessidade" de ser boxeador. Alguém mais teria a "necessidade" de ser um lutador de faca, talvez? Afinal, se um homem tem a "necessidade" de ser boxeador, então tudo é possível. E, mais importante, alguns cristãos têm essa "necessidade"? Aparentemente sim, a se acreditar na fanfarrice sobre esse filme].

"Rocky Balboa nos motiva a enfrentar nossos próprios desafios com perseverança, apoio da comunidade e oração [Oração? Rocky ora pela vitória no ringue? Outros oram para que ele vença? Que alguém sequer imagine que um filme sobre um campeão de boxe possa motivar alguém a enfrentar seus desafios com oração já é chocante o suficiente. No que se tornou o "cristianismo" moderno?].

"A história apresenta uma oportunidade dinâmica para discussões profundas sobre onde encontramos nossa coragem, como superamos perdas e permanecemos fiéis, e o que definimos como vitória." [A Bíblia oferece respostas perfeitas para todas essas questões. A verdadeira coragem vem do Senhor; os crentes permanecem fiéis a Ele pela Sua graça, pois Ele capacita cada um de Seus eleitos a perseverar até o fim. E quanto à verdadeira definição de superação e vitória, a Bíblia afirma: "Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé" (1 João 5:4). No entanto, aparentemente, somos levados a discutir esses assuntos, guiados por um filme sobre um campeão de boxe! Nem mesmo um filme sobre a vida de Paulo, Pedro, Davi ou Moisés – mas sim um filme sobre um boxeador fictício chamado Rocky! "O Senhor é o meu pastor", escreveu Davi no Salmo 23:1, e o Espírito Santo "guiará a toda a verdade" (João 16:13). Contudo, Rocky se tornaria o "pastor" de um vasto número de cegos frequentadores de cinema, guiando-os, se não a toda a verdade, pelo menos a uma boa parte dela (segundo acreditam). Em vez de se voltarem para Cristo, multidões de "frequentadores de igreja" agora se voltam para o cinema e para as superestrelas em busca de respostas para os problemas da vida. E o mais trágico de tudo é que um grande número deles sequer vê algo de errado nisso. Suas vidas são tão dominadas e controladas por Hollywood que nem percebem o problema!]

E o que dizer do homem que criou e interpretou o papel de "Rocky"? Segundo Stuart Shepard, no Citizenlink.com da Focus on the Family, Sylvester Stallone se considera "renascido". Ele disse isso durante uma teleconferência com pastores e líderes religiosos, conforme noticiado no RockyResources.com. Mas vamos aprofundar um pouco mais. A Focus on the Family era tão ecumênica que não se preocuparia em fazer essa distinção, mas nós devemos fazê-la: Stallone é, por sua própria admissão, um católico. Assim, quando ele falou em ser "renascido", devemos ter em mente que ele evidentemente quis dizer isso no sentido católico. E o que significa? De acordo com o Cânon 208 do Código de Direito Canônico Católico, o "renascimento" de uma pessoa ocorre quando ela é batizada! E o Cânon 849 afirma que, pelo batismo católico, "as pessoas... nascem de novo como filhos de Deus". Dessa forma, um católico significa algo radicalmente diferente de um verdadeiro cristão quando fala em ser "renascido".

Stallone afirmou: "Fui criado em um lar católico, um lar cristão, e fui a escolas católicas e me foi ensinada a fé e fui o mais longe que pude com ela. Até que um dia, sabe, saí para o chamado mundo real e fui apresentado à tentação. Eu meio que me perdi e fiz muitas escolhas ruins."

Stallone falou de romanismo e cristianismo como sendo uma e a mesma coisa. É assim que um romanista falaria, é claro, e os ecumênicos da Focus on the Family, entre outros, aceitariam prontamente os romanistas como cristãos. Mas o fato é que o romanismo não é cristão, e há um mundo de diferença entre um "lar católico" e um lar cristão. É a diferença entre trevas e luz.

Ele disse que percebeu que sua fama não era a parte mais importante de sua vida, e que Deus poderia ajudar uma pessoa a superar seu passado. "Quanto mais vou à igreja, e quanto mais me entrego ao processo de crer em Jesus e ouvir Sua Palavra e tê-Lo guiando minha mão, sinto como se a pressão tivesse saído de mim agora."

Stallone também disse: "Você precisa ter a experiência e a orientação de outra pessoa. Você não pode treinar a si mesmo. Eu sinto o mesmo sobre o cristianismo e sobre o que a Igreja é: A Igreja é a academia da alma."

Quando disse isso, Stallone tinha sessenta anos. E como muitas pessoas que atingem essa idade, ele sem dúvida havia começado a pensar sobre a morte e a vida após a morte. Ele sem dúvida percebeu que a fama é passageira, que a vida em si é curta, e todo o dinheiro e fama do mundo não podem levar um homem ao céu. E então ele se voltou para uma falsa religião, como tantos fazem em seus últimos anos. Que tragédia.

Stallone disse que o infame personagem Rocky foi criado para refletir a natureza de Jesus! Durante a teleconferência com pastores e líderes religiosos, ele declarou: "É como se ele estivesse sendo escolhido, Jesus estava sobre ele, e ele seria o cara que viveria o exemplo de Cristo. Ele é muito, muito perdoador. Não há amargura nele. Ele sempre oferece a outra face. E é como se toda a sua vida fosse sobre serviço."

Já é chocante o suficiente que homens que se autodenominavam "pastores e líderes religiosos" se dessem ao trabalho de ter uma conferência com Stallone sobre esse filme e sua suposta "fé cristã". Qualquer verdadeiro pastor, diante da oportunidade de falar com Stallone, a usaria para testemunhar-lhe sobre Cristo, o Salvador. Mas não – esses homens conversaram com ele com o propósito de ouvir o que ele tinha a dizer sobre as "lições de fé" de seu filme de boxe!

Isso já era suficientemente chocante. Mas Stallone comparar seu personagem com o Senhor Jesus Cristo?! – parece que não há limites para o declínio de falsos ministros, guias cegos de cegos, pois não refutaram imediata e veementemente tal noção perversa. Stallone disse: "é como se a vida inteira dele [de Rocky] fosse sobre serviço." Um boxeador cuja vida inteira é sobre serviço? Um boxeador que "estava sendo escolhido, guiado por Jesus e que viveria o exemplo de Cristo"? Onde estava a condenação de tal lixo por parte dos "pastores e líderes religiosos"? Um silêncio ensurdecedor.

Em uma seção do site intitulada "Líderes de Fé Respondem" (também chamada "Pastores e Líderes: Sua Resposta"), era possível ver o tipo de homens (e mulheres!) descritos como "Líderes de Fé" e "Pastores". Para citar apenas alguns:

Stuart Shepard, Editor-Chefe da Citizenlink.com, da Focus on the Family: "Stallone falou sobre ter renascido em uma teleconferência com pastores e líderes religiosos a respeito dos elementos de fé do improvável sexto filme (Rocky).... Tenho que confessar que fui conquistado pela história de redenção da vida real que ouvi. Eu acredito nisso."

O que esperaríamos desta fonte em particular? Focus on the Family: ecumênica, repleta de psicologia.

Dick Rolfe, da The Dove Foundation: "Tive uma impressão geral muito favorável do filme.... Uma profanidade bíblica é o único 'obstáculo' em um filme de outra forma cativante."

Esse filme, que supostamente possui conotações "cristãs", contém, no entanto, uma "profanidade bíblica". E, incrivelmente, esse homem deu de ombros, minimizando-a como um mero "obstáculo", algo sem importância, enquanto a impressão do filme permanecia "muito favorável"! Esse era o nível ao qual os chamados líderes "cristãos" haviam chegado! "Quem se importa com o que a Bíblia diz? Está tudo bem usar um pouco de profanidade, o filme é ótimo de qualquer maneira" – essa era a mensagem transmitida.

A Catholic Digest comentou: "Há uma tremenda espiritualidade conectada ao personagem Rocky, porque a coisa toda se baseia em bons valores cristãos e dilemas – se ele conseguiria perseverar através das tempestades." Assim, os católicos também eram considerados "Pastores e Líderes". Este filme foi aceitável tanto para papistas quanto para "protestantes", em verdadeiro espírito ecumênico. Portanto, de forma alguma poderia apresentar o verdadeiro Evangelho de Jesus Cristo, nem ser verdadeiramente cristão.

Francis Maier, Chanceler da Arquidiocese Católica de Denver, Colorado, declarou: "[Rocky Balboa] é um filme realmente excelente.... É também um filme para as crianças assistirem." Isso, apesar de um pouco de "profanidade bíblica" e da mensagem de que o boxe é um esporte aceitável. Mas é claro que os papistas iriam elogiá-lo.

A freira católica Rose Pacatte, das "Filhas de São Paulo", comentou: "Um tema que se destacou para mim foi a ideia de autoestima. E o quão importante é que ela seja formada.... Essa é uma boa mensagem para as pessoas conhecerem e ouvirem." Além de ser mais um comentário de uma papista, sob o título de "Pastores e Líderes", isso era simplesmente um disparate. O que a Bíblia diz sobre "autoestima"? "Nada façais por contenda ou por vanglória, mas com humildade, cada um considere os outros superiores a si mesmo" (Filipenses 2:3). Considerar os outros superiores a si mesmo, em verdadeira humildade, é o oposto do arrogante mantra da "autoestima" da psicologia moderna. Mas, novamente, esse é o tipo de coisa que apelaria a um papista e a milhões de outros.

A página inicial do site foi criada para oferecer ferramentas "úteis" para aprender sobre o filme e "utilizá-lo como uma oportunidade de ensino, pregação ou evangelização". A mensagem era clara: "Se você é líder de igreja, escola ou pequeno grupo, há excelentes recursos aqui que o ajudarão a 'entrar no ringue' com Rocky."

Quando um pastor chega ao ponto de usar um filme sobre um boxeador para supostamente "ensinar" o rebanho, ou um evangelista o utiliza como uma "oportunidade de evangelização", então, realmente, não há palavras para descrever adequadamente o estado do que passa por "cristianismo" em nossos dias. A Bíblia foi deixada de lado, e as palavras e métodos de homens pecadores a substituíram. Verdadeiramente, "os atalaias são cegos, nada sabem; todos eles são cães mudos" (Isaías 56:10). Essas palavras proféticas estão se cumprindo novamente: "Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas" (2 Timóteo 4:3,4). As pessoas não lerão nem estudarão a Bíblia por si mesmas, mas se voltarão para fábulas, para os filmes, e os abraçarão como a verdade. Se um "professor" não lhes der que querem, não o apoiarão. Assim, há "montes" de falsos "mestres", coçando os ouvidos de almas enganadas e satisfazendo seu desejo por entretenimento mundano. É aí que está o dinheiro.

Havia uma seção "Cadastre-se para Atualizações" no site que, entre outras coisas, dizia:

"Diga-nos como podemos ajudá-lo.

"Somos um MINISTÉRIO/ORGANIZAÇÃO e queremos fazer parcerias para promover o filme."

Também anunciava "Recursos para Líderes" – incluindo um "Guia do Líder" – para "ajudar na criação de discussões animadas sobre temas de fé encontrados em Rocky Balboa. O material inclui iniciadores de discussão, referências escriturísticas, curiosidades divertidas, ferramentas e ações eficazes, que poderiam incluir a organização de um evento inter-religioso", etc.

Ah! Aí está. O material poderia ser usado para sediar um "evento inter-religioso"! Católicos, protestantes – talvez até outros – todos unidos como uma grande família feliz para promover Rocky Balboa como um filme com profundos "temas de fé"! A diluição entre fantasia e realidade atingiu esse estágio. As pessoas são tão devotadas à idolatria dos filmes que suas vidas inteiras giram em torno de assisti-los, analisá-los e moldar suas vidas de acordo com eles. Líderes religiosos perceberam isso e começaram a lucrar com a situação. Eles não conseguiam manter seus rebanhos apenas pela Bíblia, mas sentiram que deviam atender a uma geração que vive como um parasita no hospedeiro de Hollywood. Isso é um exagero? Em todo lugar, todos falam sobre filmes, falam como se esses filmes e suas estrelas tivessem vida própria, e falam como se tivessem uma sabedoria profunda pela qual todos deveríamos viver. Sabendo disso, os líderes religiosos cedem. Em vez de um ensinamento sólido da Bíblia, eles forneceram discussões em torno de supostos "temas de fé" encontrados nesse filme. Em vez de separação bíblica, promoveram eventos inter-religiosos em torno dele.

Também era possível encomendar o "Box de Divulgação Rocky Balboa"! O anúncio dizia: "Este kit foi projetado para líderes religiosos, educacionais e comunitários para ajudar a contar a história de Rocky – uma história de coragem, fé e perseverança." É tarefa do verdadeiro professor da Bíblia contar a história de Cristo, o Senhor! Mas esses falsos pastores, esses guias cegos, decidiram contar a história desse personagem fictício do boxe! – e, ao fazê-lo, sentiriam que haviam "feito a obra do Senhor" e "testemunhado" às pessoas!

A verdadeira coragem, fé e perseverança são encontradas nas vidas dos homens e mulheres reais da Bíblia, bem como nas vidas dos cristãos verdadeiros ao longo da história. Como a história de um boxeador, e, ainda mais, um personagem fictício, poderia transmitir tais coisas? É absolutamente impossível.

Na seção "Recursos Digitais" ("Conteúdo para Webmasters") do site, para o "Kit de Imprensa Eletrônico para Administradores de Websites", 2 Timóteo 4:7 apareceu de alguma versão da Bíblia: "Combati o boa luta, acabei a carreira, guardei a fé"! A King James Version diz: "Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé".

É verdade que o apóstolo Paulo, tanto aqui quanto em 1 Timóteo 6:12 e 1 Coríntios 9:26,27, usa o combate como uma ilustração da guerra espiritual em que os cristãos estão engajados. Mas ele não está aprovando o boxe com essas palavras! A Bíblia diz sobre os cristãos: "Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus" (1 Coríntios 6:19,20). O Senhor certamente não é glorificado quando um homem esmurra outro repetidamente para entretenimento, por "esporte", fazendo jorrar sangue de seu rosto, ferindo seu corpo e até mesmo nocauteando-o! Isso é violência irracional, sem sentido, e não glorifica a Deus de forma alguma. Muitos boxeadores sofrem lesões graves, afetando até mesmo o cérebro. Também não glorifica a Deus assistir a tal "esporte", desfrutando o espetáculo. "Portanto, quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus" (1 Coríntios 10:31). O boxe não é, em nenhum sentido, compatível com virtudes como amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão e temperança (Gálatas 5:22,23). É impossível assistir a uma luta de boxe com uma disposição espiritual: "tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama... pensai nessas coisas" (Filipenses 4:8). O boxe desperta paixões nos homens. Desperta raiva, ódio, sentimentos de vingança e retaliação. A autodefesa é legítima; mas espancar alguém por diversão ou "esporte" é pecaminoso, pura e simplesmente.

O uso indevido de 2 Timóteo 4:7, como foi feito por aqueles que promoviam esse filme de boxe como um filme com temas "cristãos", revelou uma chocante falta de compreensão da Bíblia e do que realmente significa ser um cristão.

The Nativity Story (2006): mais um filme pró-católico

Em fins de 2006, foi lançado The Nativity Story. A história é contada do ponto de vista de Maria e José, e uma enorme licença criativa foi aplicada aos personagens, justificada pelo roteirista Mike Rich, que se considerava "um cristão devoto": "Há muito poucos detalhes nas Escrituras, além de pequenos relatos em Lucas e Mateus. Isso significa buscar material mantendo-se fiel ao Evangelho." [608]

Mas ele não se manteve fiel ao Evangelho. Ele enviou seu roteiro para aqueles descritos como "teólogos líderes, estudiosos judeus e especialistas bíblicos". E, como um crítico católico observou, o filme foi "Uma combinação das narrativas do nascimento nos evangelhos de Mateus e Lucas, bordado com tradições apócrifas e a inspiração imaginativa do cineasta". [609]

O coprodutor do filme, Marty Bowen, um católico, declarou: "Cresci colocando Maria em um pedestal. Ela estava acima de qualquer censura, e nunca a tiramos daquele pedestal. Quando você vê uma estátua de Maria em uma igreja, ela não é real; é gesso. Estamos tentando torná-la real. Queremos retratá-la como uma menina bastante normal se tornando uma jovem mulher. Crescemos com ela nesta história; é um arco de personagem extremo." [610]

Outra evidência da natureza antibíblica e pró-católica do filme foi dada pela jovem atriz que interpretou Maria, Keisha Castle-Hughes. Ela disse: "A coisa mais importante, que você nunca pensa, é que ela [Maria] tinha apenas 14 anos e estava carregando uma criança. Ela era apenas uma menina, e no dia seguinte, ela é uma mulher e casada, e no outro ela se torna como a mãe do mundo." [611] Em primeiro lugar, não há absolutamente nenhuma evidência de que Maria tinha 14 anos. A Bíblia não nos diz, e não há outra forma de saber com certeza. Em segundo lugar, Maria nunca se tornou a "mãe do mundo". No entanto, Roma certamente se refere a ela como "Mãe da Igreja".

Além disso, no filme, os pais de Maria não só aparecem, como também têm nomes: Ana e Joaquim. A Bíblia, é claro, não menciona o nome da mãe de Maria, mas isso não impediu Roma de inventar um: "Santa Ana" sempre foi o nome associado à mãe de Maria na tradição católica, sem qualquer base em fatos. A natureza antibíblica do filme continua, com Maria perturbada com seu casamento iminente com "um homem que mal conheço, um homem que não amo" (nada disso existe no relato bíblico); os três "Magos" (a Bíblia não menciona quantos eram; isso novamente é tradição católica); a estrela sendo explicada como uma rara convergência de Vênus, Júpiter e um corpo astral (a estrela era miraculosa e era uma estrela real, não alguma convergência cósmica natural); referências que prefiguram eventos na vida de Cristo, como Maria lavando os pés de José, José com raiva de mercadores no templo, entre outras.

Roma nunca deixou que os fatos atrapalhassem uma boa história de propaganda, e The Nativity Story é isso. Roma estava satisfeita que mais um filme pudesse servir aos seus próprios fins.

The Golden Compass (2007): outro ataque de Hollywood ao catolicismo

Apesar do ressurgimento do interesse de Hollywood em produções com temas religiosos, as coisas nem sempre correram a favor de Roma. Hollywood, em sua essência, ainda era decididamente anticristã e anticatólica. E isso foi demonstrado, mais uma vez, com o lançamento de The Golden Compass.

Baseado no primeiro livro da trilogia His Dark Materials, de Philip Pullman, e lançado pela New Line Cinema em parceria com a Scholastic Media, o filme é um ataque ao catolicismo. Nicole Kidman, a atriz principal e católica praticante, negou isso. Ela disse: "Fui criada católica. A Igreja Católica faz parte da minha essência. Eu não conseguiria atuar neste filme se achasse que ele é de alguma forma anticatólico." [612] Apesar disso, o filme certamente promoveu uma mensagem anti-romanista. De acordo com um crítico católico: "Discordo veementemente de Nicole Kidman. A trilogia His Dark Materials é o ataque mais sedutor e diabólico a Deus e à Igreja Católica que já encontrei em livros infantis. Ao longo dos três volumes, Pullman busca alienar as crianças de Deus e da Igreja Católica. No volume três, crianças se unem aos anjos caídos em um ataque demoníaco final ao Reino de Deus." [613] No filme, os ataques explícitos à religião romana foram atenuados, mas o autor estava bem ciente de que, após assisti-lo, as crianças correriam para comprar os livros, os quais são muito mais explícitos.

Pullman afirmou em uma entrevista: "O ateísmo sugere um grau de certeza que não estou bem disposto a aceitar. Suponho que, tecnicamente, você teria que me classificar como agnóstico. Mas se existe um Deus, e ele é como os cristãos o descrevem, então ele merece ser desafiado e derrubado. Ao olharmos para a história da igreja cristã, é um registro de terrível infâmia, crueldade, perseguição e tirania. Como eles têm a... audácia de ir ao Thought for the Day [programa da BBC Radio 4] e nos dizer para sermos bons quando, dada a menor chance, estariam enforcando o resto de nós, açoitando os homossexuais e perseguindo as bruxas?" Pullman declarou abertamente: "Meus livros são sobre matar Deus." Ele também disse: "[O poeta inglês William] Blake disse que [o poeta John] Milton era um verdadeiro poeta e do partido do Diabo sem o saber. Eu sou do partido do Diabo e sei disso." [614] Em outra entrevista, ele acrescentou: "Estou tentando minar a base da crença cristã." [615]

Esse pobre homem, tão iludido, não conseguia distinguir entre a falsa religião do Romanismo, uma prostituta que se finge de virgem noiva de Cristo, e a verdadeira Igreja de Cristo, que nunca matou ou perseguiu ninguém.

Ele também sabia que poderia se safar com sua mensagem descarada porque as pessoas estavam, na época, tão focadas nos livros e filmes Harry Potter que sua própria trilogia poderia passar "despercebida". Ele afirmou: "Acho que enquanto as pessoas estiverem agitadas sobre se Harry Potter te transforma em um satanista, elas não se incomodarão muito comigo. Então, estou feliz em [me] abrigar sob o grande guarda-chuva de Harry Potter." [616]

De acordo com a história, os demônios são os amigos das crianças, espíritos animais que encarnam as almas das pessoas e as acompanham pela vida; Deus não foi o Criador do universo, mas um usurpador; céu e inferno não existem; a "Igreja" deseja a "desumanização" das crianças, separando-as de seus demônios-amigos pessoais; Deus deve ser morto e a "Igreja" deve ser vencida para o bem da humanidade; Deus é finalmente destruído; o papa é chamado Papa João Calvino e o Vaticano é transferido para Genebra de modo a refletir o governo autoritário de Calvino sobre aquela cidade; padres sequestram crianças e um padre é um assassino; etc.

Como exemplo do ódio flagrante pelo que Pullman considera ser "a Igreja", há esta diatribe, proferida por uma bruxa na história: "Existem igrejas lá, acredite, que também cortam seus filhos... não da mesma forma, mas de forma igualmente horrível. Eles cortam seus órgãos sexuais, sim, meninos e meninas; eles os cortam com facas para que não sintam. É isso que a igreja faz, e toda igreja é igual: controla, destrói, oblitera todo bom sentimento." [617]

Outro personagem na história diz: "A religião cristã é um erro muito poderoso e convincente, só isso." [618] Esse personagem em particular é uma ex-freira. Além disso, a história contém mensagens a favor da bruxaria, sodomia, evolução, adivinhação e sexo pré-marital.

Como é muito evidente, os livros não são apenas um ataque à falsa religião católica, mas também ao cristianismo bíblico. Há uma poderosa guerra espiritual em curso, uma guerra por almas. Satanás fará uso de filmes pró-papistas e anti-papistas para atingir seus objetivos. De qualquer forma, ele joga dos dois lados e vence.

Rambo (2008): um filme "Rambo cristão"

Sylvester Stallone, recém-saído de sua incursão no mundo dos filmes religiosos pró-romanos com Rocky Balboa, decidiu fazer um quarto filme de sua série Rambo, sobre um herói de ação veterano do Vietnã. Só que dessa vez, aproveitando o interesse renovado em filmes pró-religiosos, ele deu à sua última oferta (simplesmente intitulada Rambo) um toque religioso.

Na história, Rambo é abordado por alguns missionários americanos que querem que ele os conduza a Mianmar (a antiga Birmânia) para levar ajuda à tribo oprimida Karen, muitos dos quais são cristãos. Ele faz isso e, mais tarde, quando as tropas birmanesas capturam os missionários, o pastor deles pede a Rambo que os resgate. O filme contém a habitual violência extrema, sangrenta e de revirar o estômago dos filmes de Stallone: pessoas sendo explodidas, decapitadas, empaladas, etc. Qualquer suposta mensagem "moral" (ou até mesmo uma mensagem pró-"cristã") simplesmente se perde sob o horror desse festival de sangue. [619] Mas isso não incomodou as multidões de "cristãos" nominais que foram assistir ao filme e, sem dúvida, tiveram uma opinião muito positiva sobre o católico Stallone por ter inserido na história o que eles acreditavam ser uma "mensagem pró-cristã". Assim, o mal é justificado. Aqueles que querem se divertir com o mal sempre encontrarão maneiras de justificá-lo. A tarefa fica muito mais fácil quando os cineastas afirmam que o lixo que produzem contém algum tipo de "mensagem moral" ou "religiosa".

Uma pesquisa realizada em 2008 pela Jewish Anti-Defamation League nos Estados Unidos revelou que 61% dos americanos acreditavam que seus valores religiosos estavam sendo atacados pela mídia; 59% acreditavam que aqueles que dirigiam as redes de TV e os principais estúdios de cinema não compartilhavam de seus valores religiosos ou morais; 43% acreditavam que havia "uma campanha organizada por Hollywood e pela mídia nacional para enfraquecer a influência dos valores religiosos neste país". [620] E, no entanto, essas altas porcentagens não tiraram o sono dos magnatas de Hollywood ou das redes de TV. Eles simplesmente continuaram a produzir seus filmes e programas de TV antirreligiosos e a ganhar milhões. Não é difícil encontrar o motivo, e é tão verdadeiro hoje quanto foi naquela época: Os americanos podem saber que há algo totalmente podre em Hollywood; podem se opor aos ataques aos seus valores religiosos; mas, no final das contas, eles se tornaram tão viciados na mídia, tão hipnotizados por seu entretenimento, que simplesmente não estão dispostos a abrir mão. Continuam a assistir aos mesmos filmes e programas que sabem que estão atacando descaradamente suas crenças religiosas. E o que é verdade para os americanos é verdade para milhões de pessoas em todo o mundo.

Notas adicionais

a. Isso certamente é verdade no que diz respeito à morte vicária de Jesus Cristo na cruz (Hebreus 7:27; 9:25-26). Deve-se observar, porém, que o conceito bíblico de expiação abrange o ministério sacerdotal de Cristo à destra do Pai, por meio do qual é aplicado à alma anelante o sacrifício expiatório de nosso Salvador realizado no Calvário. Para mais informações, clique aqui.

b. O conceito de inerrância bíblica, geralmente mantido por evangélicos conservadores, sustenta que a Bíblia não possui erros de nenhum tipo, inclusive em todas as suas referências históricas, geográficas, cronológicas, etc. Esse ponto de vista negligencia a dimensão humana das Escrituras, visto que a própria Bíblia enfatiza sua natureza divino-humana (2 Timóteo 3:16; 2 Pedro 1:21). Embora a fonte seja divina, as mensagens dos escritores bíblicos foram expressas em linguagem humana, refletindo sua formação cultural e educacional, o que explica os detalhes imprecisos – numéricos, cronológicos, históricos, etc. –, os quais não enfraquecem a força e a validade das verdades fundamentais reveladas nas Escrituras.

c. O autor se refere à concepção tradicional e popular do inferno como tormento eterno, baseada no conceito dualista grego sobre a natureza humana, segundo o qual o ser humano se compunha de um corpo mortal e uma alma imortal. Além de não reconhecer essa dualidade, a Bíblia ensina que o castigo final dos ímpios tem como resultado a aniquilação, e não o tormento consciente e eterno (Salmos 37:20, 38; 59:13; 68:2; 92:7; 104:35; 145:20; Provérbios 2:22; Isaías 1:28, 31; Ezequiel 28:18-19; Naum 1:10; Malaquias 4:1; Mateus 3:12; Romanos 6:23; Hebreus 10:27; Apocalipse 20:9; 21:8).

d., e. O autor crê, evidentemente, nas noções deterministas ou predestinadoras do calvinismo, as quais se opõem às do arminianismo. Para uma exposição objetiva dos pontos de vista de cada um, ver Questões sobre Doutrina, p. 291 a 294, com destaque para a última parte da nota de rodapé 2, na página 294, que observa que, para a formação das crenças denominacionais, a melhor estratégia é ir à Bíblia, em vez de aos sistemas teológicos. Ver também: Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia, p. 344, #1. Para uma exposição mais detalhada, ver Samuele Bacchiocchi, Crenças Populares: O que as pessoas acreditam e o que a Bíblia realmente diz, p. 293 a 320.

f.. Ver Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 5, Nota Adicional a Lucas 7, p. 842 a 844.


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