Donald Trump: um novo Constantino?



Uma informação de última hora.

Ontem, 15 de novembro, Steve Jalsevac, co-fundador e editor do site LifeSiteNews.com, reproduziu um interessante artigo, cujo autor, Blaise Joseph, é decano assistente na Warrane College, na Universidade de Nova Gales do Sul.

Originalmente publicado no Mercatornet oito meses antes da disputa eleitoral que definiu Donald Trump como o novo presidente dos EUA, o artigo se referiu ao então candidato republicano como "um novo Constantino", caso vencesse o pleito, antecipando o que a sua presidência poderia representar para os cristãos conservadores.

A propósito do referido artigo, Jalsevac escreveu em sua nota introdutória:

O artigo a seguir pode parecer exagero, especialmente considerando a entrevista ao 60 Minutes [programa jornalístico da TV americana], no qual Donald Trump desajeitadamente declarou que o "casamento" entre pessoas do mesmo sexo é um problema resolvido, bem como a atual afirmação perturbadora de que ele pode nomear um gay assumido como embaixador para a ONU. Ainda assim, peço-lhe que leia o fascinante artigo, o qual enfatiza que uma presidência de Donald Trump nos apresenta [aos cristãos conservadores] uma oportunidade histórica para fazer avançar as causas da vida e da família, mesmo que as questões não sejam claramente as prioridades pessoais de Trump.
O sucesso eleitoral dos candidatos republicanos para a presidência, Congresso, Senado, e governos e legislaturas estaduais é monumental. A maioria dos conservadores sociais e constitucionais provavelmente ainda não está consciente das implicações desse grande movimento.

Mais adiante, ele acrescenta:

Uma janela incrível de oportunidade está diante de nós. Não podemos nos dar ao luxo de desacelerar.
É hora de agir mais do que nunca em todas as frentes. Essa oportunidade nem sequer existia sob Reagan e Bush.

Em seu artigo, Blaise fez um paralelo interessante entre as figuras de Constantino, o imperador romano que legalizou o cristianismo e uniu os interesses da igreja com os do império, e Donald Trump. Entre outras coisas, ele escreveu o seguinte (note suas palavras):

O próprio Constantino não era um pilar de virtude, mas criou o ambiente que deu aos cristãos a liberdade de influenciar a sociedade. Os primeiros cristãos eram perfeitamente capazes de influenciar a própria sociedade; tudo o que precisavam do imperador era a liberdade para fazê-lo.
Avançando rapidamente para 2016, e podemos ver muitas semelhanças óbvias [entre Constantino e Trump]. A sociedade ocidental tem muitos problemas. Os cristãos conservadores têm as soluções para muitos deles, mas não conseguem articulá-los livremente na arena pública devido ao politicamente correto endêmico e ao marxismo cultural.
Os conservadores não têm falta de vontade, bons argumentos ou defensores articulados; o que lhes falta é a liberdade de falar abertamente sobre questões sociais sem ser abafados pelas hordas vingativas do progressismo secular por "ofender" determinados grupos de pessoas. Donald Trump é a única pessoa que pode nos dar essa liberdade.

Ao se referir a Trump como uma alternativa interessante para os conservadores, Blaise diz que o americano não precisa de um presidente que argumente a seu favor. "A América só precisa de um presidente que nos dê a liberdade de argumentar, sem receio de ser silenciados pela brigada do politicamente correto."

O fato de Trump ser politicamente incorreto seria de grande vantagem para as causas conservadoras, alguém "capaz de mudar a sociedade no sentido de torná-la mais tolerante em discussões vigorosas sobre questões controversas".

Se Trump se tornar presidente dos EUA e o líder mais poderoso do Ocidente, ele pode mudar fundamentalmente a cultura ocidental. Os efeitos de sua presidência iriam muito além das costas e muros da América. As pessoas falariam mais livremente sobre uma série de questões. O politicamente correto, depois de denunciado por Trump uma e outra vez, seria severamente enfraquecido. O marxismo cultural e a política da vitimização ficariam paralisados. Progressistas que buscam encerrar o debate perceberão que suas táticas já não funcionam. E após essa transformação fundamental do cenário político, os conservadores poderiam finalmente estar livres para promover o seu caso na esfera pública.

Os efeitos da gestão de Trump, segundo Blaise, levariam a êxitos de longo prazo em questões políticas sociais caras aos conservadores, como aborto e casamento, e também permitiriam "que os cristãos tornem a sociedade ocidental verdadeiramente cristã mais uma vez".

Ao reconhecer os pontos fracos de Trump, o autor observa:

Há também questões legítimas sobre o caráter de Trump, temperança e ego. Ele certamente não é santo. Mas nós realmente precisamos de um santo como presidente dos Estados Unidos? Ou precisamos apenas de alguém para liberar a esfera pública, de modo a permitir que os cristãos ajudem a tornar todos santos?
Em todo caso, alguém acredita seriamente que Trump tem um ego maior do que qualquer outro político? Ele simplesmente se recusa a mostrar a falsa humildade que os políticos aperfeiçoaram, e que a população passou a desprezar.
Aqui também há uma semelhança com Constantino: como imperador, ele era um indivíduo egoísta, que nomeou ele mesmo a capital do império, Constantinopla, depois de si mesmo (nem o próprio Trump iria tão longe, provavelmente).
Como Constantino, Trump é um humano imperfeito e um líder falho. Porém, assim como Constantino é hoje amplamente referido como "o Grande" por suas realizações como imperador romano, tendo concedido liberdade aos cristãos, não é possível que um dia Trump possa ser lembrado como o homem que "Tornou a América Grande Novamente" e reverenciado por cristãos como "o Grande"?
Trump poderia ser exatamente o que os cristãos conservadores necessitam nesse momento. Somos atualmente constrangidos por um ambiente marxista cultural do politicamente correto. Trabalhando dentro dessa restrição, é possível que Ted Cruz ou "qualquer um, menos Trump" seja o melhor candidato republicano. Contudo, se queremos remover essa restrição de uma vez por todas, então Trump é o melhor candidato - na verdade, ele é o único candidato.

Eu pessoalmente partilho de algumas preocupações legítimas expressas por Steve Jalsevac e Blaise Joseph, mas discordo deles quanto aos meios e fins. Os cristãos não foram chamados por Deus para transformar a sociedade mediante mudança nas leis ou na estrutura social. Sua obra tem como alvo os indivíduos, por meio da pregação do evangelho eterno.

Levando-se em conta que Constantino foi responsável por unir a Igreja e o Estado, de maneira a garantir a unidade do império e a manutenção dos valores da tradição, autoridade e religião, a analogia de Blaise Joseph reflete uma expectativa dos conservadores americanos cujas implicações são bastante perturbadoras.

Ora, se hoje as medidas para restaurar a ordem e salvar nossa cultura da influência devastadora da revolução cultural dizem respeito basicamente às questões relativas à família e ao aborto, em algum momento poderão incluir uma renovação decisiva do compromisso de guardar o domingo por força da lei, um dia que a esmagadora maioria dos cristãos, católicos e protestantes, reconhece como dia santo, a despeito da ausência de qualquer base escriturística.

Num ambiente político semelhante àquele forjado por Constantino, a lealdade dos guardadores do sábado ao mandamento de Deus seria considerada uma afronta à lei e às autoridades legitimamente constituídas.

Como disse Steve Jalsevac, "uma janela incrível de oportunidade está diante de nós". Não há dúvida quanto a isso. Enquanto ainda temos liberdade constitucional, precisamos vigiar, orar e advertir as pessoas quanto ao momento solene em que vivemos, buscando em Cristo o poder de que necessitamos para avançar com fé e perseverança, apesar dos perigos que logo sobrevirão ao povo de Deus.

Não podemos nos acomodar e imaginar que essas coisas não possam ocorrer em nossos dias! Como lembra Herbert E. Douglass, se já houve um tempo em que a Igreja Adventista precisou de clareza moral e mental, esse tempo é agora! Não adiemos mais a nossa necessária preparação.

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