Essas palavras de Ellen G. White, que nos são tão familiares, trazem consigo o segredo para uma experiência cristã verdadeiramente edificante e vitoriosa, capaz de proporcionar maior consagração a Deus, um comprometimento mais decidido com Sua causa e uma vida mais feliz e mais fecunda.
Elas são dirigidas à igreja de Deus num tempo em que Satanás está determinado a sabotá-la mediante uma variedade de expedientes.
O fato de que necessitemos agora de um reavivamento da verdadeira piedade significa, naturalmente, que não a possuímos e, portanto, nos encontramos vulneráveis precisamente quando o diabo "anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar" (I Pedro 5:8). Temos descuidado no que tange à nossa relação com Cristo e Sua Palavra, e, por isso, o inimigo tem sido bem-sucedido em mergulhar-nos numa atmosfera de indolência e descaso para com as coisas de valor eterno. O estado laodiceano da igreja tem cobrado de seus membros um preço muito elevado.
Laodiceia representa uma igreja que se debruça sobre si mesma, alheia à sua própria condição e dedicada a satisfazer os caprichos de uma natureza não santificada. Ela se considera rica e autossuficiente em muitos aspectos, mas é extremamente carente naqueles que são os definidores de sua identidade e missão. Acompanhou perto demais a evolução das ideias no mundo, deixando-se contaminar por elas. Por causa de sua condescendência com os valores mundanos, esqueceu-se de seu compromisso com Deus, e, por isso, o Senhor está a ponto de rejeitá-la (Apocalipse 3:16).
Contudo, a Testemunha Fiel e Verdadeira ainda clama em alta voz pelo arrependimento e conversão de Seu povo, disposta a oferecer perdão, consagração e reavivamento espiritual. O apelo fervente da graça que perdoa, santifica e transforma ainda reverbera entre os professos seguidores de Cristo, não obstante sua apatia e inércia moral. A grande pergunta é: Despertaremos de nosso torpor espiritual e aproveitaremos as bênçãos e oportunidades que Deus nos tem concedido através da verdade para este tempo?
Um reavivamento da verdadeira piedade cristã não é algo que ocorre na zona de conforto. Requer arrependimento, confissão e abandono do pecado, ou seja, uma experiência que consiste num processo doloroso de reconhecimento de nossa verdadeira condição de pecadores e o ardente desejo de obter de Deus perdão, santificação e poder para viver uma vida digna em Sua presença. Nossa condição aflitiva requer que clamemos ao Senhor por reavivamento e reforma!
Davi estava com o coração quebrantado e afligido pela culpa e necessitava da misericórdia de Deus, como o sedento necessita desesperadamente de água. Reconhecendo a malignidade do pecado como um problema íntimo do qual ninguém pode se libertar pela própria força, ele clamou a Deus, em profunda contrição, para que não somente o perdoasse, mas também o purificasse e o libertasse do poder do pecado (ver Salmo 51). E o Senhor ouviu o clamor de Seu servo (Salmo 32:5-7).
O profeta Isaías, logo depois de contemplar em visão a extraordinária majestade e santidade da presença do Senhor no Seu templo, exclamou, com coração profundamente contrito: "Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos!" (Isaías 6:5). O senso de indignidade do profeta diante da presença do Deus Todo-poderoso foi o terreno fértil a partir do qual o Senhor pode redimir e purificar Seu mensageiro e capacitá-lo para o serviço (versos 6 a 8).
Numa época de grandes dificuldades para o povo de Deus, Daniel voltou o rosto ao Senhor com humildade, contrição e temor (Daniel 9:3). Ao invés de responsabilizar os líderes não consagrados de Israel, os quais haviam contribuído para o destino trágico da nação, identificou-se com o povo, a quem amava profundamente, dizendo: "Temos pecado e cometido iniquidade..." (verso 5 e seguintes). Não há em sua oração nenhuma tentativa de justificação própria, nada que pudesse amenizar a real condição do povo perante Deus. Seu clamor é uma das mais notáveis expressões de arrependimento vindo de um sincero suplicante. E, mais uma vez, a resposta do Senhor foi imediata (versos 20 a 23).
O famoso pregador Leonard Ravenhill, citando Samuel Chadwick, escreveu:
No entanto, queremos reavivamento sem as dores do parto. Desejamos o dom do Espírito Santo no conforto de nossas igrejas, algumas das quais equipadas com ar-condicionado, potentes aparelhos de som e modernos canhões de luz que transformam um espaço que deveria ser santo em algo próximo a uma casa de espetáculos. Não percebemos que o excesso de conforto físico que desfrutamos é reflexo de uma natureza não santificada, uma evidência perturbadora de que o velho homem interior ainda reclama por reconhecimento.
Tal estado de coisas repercute também em nossa apresentação pessoal, no estilo de adoração que oferecemos a Deus e nas estratégias missionárias baseadas na Administração e no Marketing. Longe de buscar em primeiro lugar o reino de Deus e a Sua justiça (Mateus 6:33), buscamos satisfazer os caprichos de nossa natureza carnal. A isso chamamos "necessidade" e "missão".
Sim, desejamos receber a promessa de Joel 2:28 e 29, porém sem levar em conta as condições gerais para o seu cumprimento (veja os versos 12 a 17). Queremos apenas a doçura da mensagem do evangelho, sem, contudo, experimentar a amargura procedente da "vergonha da cruz". Todavia, não há nenhum registro na Palavra de Deus de um reavivamento espiritual que permitisse experimentar somente a sensação doce e negligenciar a amarga.
No cerimonial típico da Expiação, afligir a alma significava proceder a um profundo exame de consciência em espírito de tristeza e repulsa pelo pecado, uma condição essencial para que o israelita pudesse obter o perdão e a purificação prometidos (Levítico 23:27-29). Da mesma maneira, a mensagem de arrependimento destinada a Israel exigia do povo completa conversão, com jejuns, choro e pranto (Joel 2:12). Os selados na visão de Ezequiel, que não partilham da triste sorte de Jerusalém, incluíam igualmente apenas os que "suspiram e gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio dela" (Ezequiel 9:4).
Humilhar a alma diante de Deus não tem relação alguma com baixa autoestima. Trata-se de uma necessidade para todo aquele que compreende, à luz da Palavra de Deus, sua verdadeira condição de pecador, e busca em Cristo a solução. O problema é que, numa sociedade hedonista, voltada para o prazer e à autossatisfação, somos tentados a buscar refúgio na ignorância, esperançosos de não ser confrontados pela verdade que nos desafia. Épocas boas, repletas de fartura e liberdade, despertam em nós necessidades egoístas. Durante os períodos de bonança, temos a tendência de negligenciar qualquer exercício de autoexame e de reflexão mais profunda sobre os problemas do mundo, o que nos leva a subestimar o pecado e suas consequências. Necessitamos urgentemente voltar os olhos à cruz de Cristo. A magnitude de Seu sacrifício revela a magnitude do problema.
Ellen White escreve:
A ausência do temor do Senhor no mundo é a causa primordial de suas maiores mazelas. Mas há também ausência do temor de Deus entre os Seus professos seguidores. Essa é a razão por que estamos perdendo progressivamente o senso do sagrado. Nossa incapacidade de discernir entre o santo e o comum é consequência direta da ausência do temor do Senhor, uma condição agravada pelo espírito da época, o qual influencia nosso conceito de Deus e, consequentemente, a qualidade de nossa devoção e culto. A secularização da igreja resulta de uma negligência interior agravada por uma influência exterior.
Não somente o senso do sagrado está desaparecendo, como também o senso de urgência. As mensagens proferidas dos púlpitos de nossas igrejas dificilmente se conectam à realidade que nos cerca. Parece que não somos mais capazes de identificar nos sinais do fim o cumprimento histórico da escatologia bíblica. Estaríamos negligenciando nosso legado profético? É evidente que tudo isso afeta cada aspecto da vida cristã e impede que ocorra na igreja de Deus um reavivamento da primitiva piedade.
O derradeiro apelo de Deus na voz do primeiro anjo - "Temei a Deus" (Apocalipse 14:7) - é de âmbito mundial, mas destina-se primeiro a reavivar o povo que professa amar e seguir a Cristo. Não podemos glorificar o nome do Senhor em todos os aspectos de nossa vida, nem tampouco adorá-Lo em espírito e em verdade, se não possuímos o temor de Deus - o temor santo, respeitoso, reverente, que nos leva a uma relação mais íntima e efetiva com Cristo e Sua Palavra, protegendo-nos da influência perniciosa de Babilônia mística (Apocalipse 14:8) e nos preservando dos juízos de Deus (versos 9 a 11).
O temor do Senhor é um fruto do Espírito (ver Gálatas 5:22-25). Não podemos ser atalaias e portadores de luz se não formos transformados desde o nosso íntimo pelo poder do evangelho. Por essa razão, necessitamos do batismo diário do Espírito Santo, o qual nos comunica poder para testemunhar e para produzir na vida os frutos do caráter de Cristo. Dennis Smith lembra que reclamar a promessa do batismo do Espírito Santo deve tornar-se uma das primeiras coisas que devemos fazer ao acordar pela manhã. (4)
Ninguém entendeu melhor do que Ellen White a urgente necessidade de um reavivamento entre o povo de Deus:
Ela também compreendeu que este reavivamento não poderia vir sem o batismo do Espírito Santo:
Essa experiência conduzirá a igreja a um nível de consagração e comprometimento que permitirá que Deus a use poderosamente para libertar homens e mulheres do poder do pecado. O batismo do Espírito Santo dota o cristão laodiceano tanto do poder necessário para reavivar-se espiritualmente quanto do poder para testemunhar. (6) Esse batismo diário deve nos conduzir de volta à Bíblia e à uma experiência mais profunda e prática com sua mensagem profética.
Se quisermos de fato experimentar um reavivamento da verdadeira piedade precisamos ser inflamados com a presença viva do Espírito de Deus. Semelhante experiência nada tem em comum com estímulos físicos e emocionais que visam provocar êxtase religioso. O que precisamos é humilhar-nos na presença de Deus, em sincero arrependimento, confissão e abandono do pecado, cooperando com o Senhor para o desenvolvimento de nossa salvação com temor e tremor (Filipenses 2:12).
A humildade está para a vitória, assim como o orgulho está para a derrota. Uma vez que experimentarmos o necessário reavivamento e a consequente reforma de vida, seremos para Deus atalaias e portadores de luz, influenciando outros com o poder do evangelho eterno e, desse modo, preparando um povo para o grande Dia do Senhor.
1. Ellen G. White. Mensagens Escolhidas, Vol. 1. Versão em CD-ROM. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, p. 121.
2. Leonard Ravenhill. Oração de Avivamento. Belo Horizonte: Editora Motivar, 2009, p. 47.
3. Ellen G. White. Santificação. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2009, p. 7.
4. Dennis Smith. O Batismo do Espírito Santo. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2010, p. 36.
5. Ellen G. White. Mensagens Escolhidas, Vol. 2, p. 57.
6. Dennis Smith, op. cit., p. 123.
Laodiceia representa uma igreja que se debruça sobre si mesma, alheia à sua própria condição e dedicada a satisfazer os caprichos de uma natureza não santificada. Ela se considera rica e autossuficiente em muitos aspectos, mas é extremamente carente naqueles que são os definidores de sua identidade e missão. Acompanhou perto demais a evolução das ideias no mundo, deixando-se contaminar por elas. Por causa de sua condescendência com os valores mundanos, esqueceu-se de seu compromisso com Deus, e, por isso, o Senhor está a ponto de rejeitá-la (Apocalipse 3:16).
Contudo, a Testemunha Fiel e Verdadeira ainda clama em alta voz pelo arrependimento e conversão de Seu povo, disposta a oferecer perdão, consagração e reavivamento espiritual. O apelo fervente da graça que perdoa, santifica e transforma ainda reverbera entre os professos seguidores de Cristo, não obstante sua apatia e inércia moral. A grande pergunta é: Despertaremos de nosso torpor espiritual e aproveitaremos as bênçãos e oportunidades que Deus nos tem concedido através da verdade para este tempo?
Reavivamento: uma necessidade, não um luxo
Um reavivamento da verdadeira piedade cristã não é algo que ocorre na zona de conforto. Requer arrependimento, confissão e abandono do pecado, ou seja, uma experiência que consiste num processo doloroso de reconhecimento de nossa verdadeira condição de pecadores e o ardente desejo de obter de Deus perdão, santificação e poder para viver uma vida digna em Sua presença. Nossa condição aflitiva requer que clamemos ao Senhor por reavivamento e reforma!
Davi estava com o coração quebrantado e afligido pela culpa e necessitava da misericórdia de Deus, como o sedento necessita desesperadamente de água. Reconhecendo a malignidade do pecado como um problema íntimo do qual ninguém pode se libertar pela própria força, ele clamou a Deus, em profunda contrição, para que não somente o perdoasse, mas também o purificasse e o libertasse do poder do pecado (ver Salmo 51). E o Senhor ouviu o clamor de Seu servo (Salmo 32:5-7).
O profeta Isaías, logo depois de contemplar em visão a extraordinária majestade e santidade da presença do Senhor no Seu templo, exclamou, com coração profundamente contrito: "Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos!" (Isaías 6:5). O senso de indignidade do profeta diante da presença do Deus Todo-poderoso foi o terreno fértil a partir do qual o Senhor pode redimir e purificar Seu mensageiro e capacitá-lo para o serviço (versos 6 a 8).
Numa época de grandes dificuldades para o povo de Deus, Daniel voltou o rosto ao Senhor com humildade, contrição e temor (Daniel 9:3). Ao invés de responsabilizar os líderes não consagrados de Israel, os quais haviam contribuído para o destino trágico da nação, identificou-se com o povo, a quem amava profundamente, dizendo: "Temos pecado e cometido iniquidade..." (verso 5 e seguintes). Não há em sua oração nenhuma tentativa de justificação própria, nada que pudesse amenizar a real condição do povo perante Deus. Seu clamor é uma das mais notáveis expressões de arrependimento vindo de um sincero suplicante. E, mais uma vez, a resposta do Senhor foi imediata (versos 20 a 23).
O famoso pregador Leonard Ravenhill, citando Samuel Chadwick, escreveu:
Não há nada mais poderoso que a oração perseverante - como a de Abraão pleiteando por Sodoma; como Jacó lutando no silêncio da noite; como Moisés permanecendo na brecha; como Ana, embriagada de tristeza; como Davi com o coração quebrantado pelo arrependimento e pela dor; como Jesus suando sangue. Acrescente a essa relação, a partir dos registros da história da igreja, sua própria observação e experiência pessoal, e sempre haverá o custo da paixão até o sangue. Essa é a oração eficaz que transforma mortais comuns em homens de poder. Essa é a oração que traz o poder, que traz o fogo, que traz a chama. Ela traz vida, ela traz a presença de Deus. (2)
Cristianismo de fachada
No entanto, queremos reavivamento sem as dores do parto. Desejamos o dom do Espírito Santo no conforto de nossas igrejas, algumas das quais equipadas com ar-condicionado, potentes aparelhos de som e modernos canhões de luz que transformam um espaço que deveria ser santo em algo próximo a uma casa de espetáculos. Não percebemos que o excesso de conforto físico que desfrutamos é reflexo de uma natureza não santificada, uma evidência perturbadora de que o velho homem interior ainda reclama por reconhecimento.
Tal estado de coisas repercute também em nossa apresentação pessoal, no estilo de adoração que oferecemos a Deus e nas estratégias missionárias baseadas na Administração e no Marketing. Longe de buscar em primeiro lugar o reino de Deus e a Sua justiça (Mateus 6:33), buscamos satisfazer os caprichos de nossa natureza carnal. A isso chamamos "necessidade" e "missão".
Sim, desejamos receber a promessa de Joel 2:28 e 29, porém sem levar em conta as condições gerais para o seu cumprimento (veja os versos 12 a 17). Queremos apenas a doçura da mensagem do evangelho, sem, contudo, experimentar a amargura procedente da "vergonha da cruz". Todavia, não há nenhum registro na Palavra de Deus de um reavivamento espiritual que permitisse experimentar somente a sensação doce e negligenciar a amarga.
No cerimonial típico da Expiação, afligir a alma significava proceder a um profundo exame de consciência em espírito de tristeza e repulsa pelo pecado, uma condição essencial para que o israelita pudesse obter o perdão e a purificação prometidos (Levítico 23:27-29). Da mesma maneira, a mensagem de arrependimento destinada a Israel exigia do povo completa conversão, com jejuns, choro e pranto (Joel 2:12). Os selados na visão de Ezequiel, que não partilham da triste sorte de Jerusalém, incluíam igualmente apenas os que "suspiram e gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio dela" (Ezequiel 9:4).
Humilhar a alma diante de Deus não tem relação alguma com baixa autoestima. Trata-se de uma necessidade para todo aquele que compreende, à luz da Palavra de Deus, sua verdadeira condição de pecador, e busca em Cristo a solução. O problema é que, numa sociedade hedonista, voltada para o prazer e à autossatisfação, somos tentados a buscar refúgio na ignorância, esperançosos de não ser confrontados pela verdade que nos desafia. Épocas boas, repletas de fartura e liberdade, despertam em nós necessidades egoístas. Durante os períodos de bonança, temos a tendência de negligenciar qualquer exercício de autoexame e de reflexão mais profunda sobre os problemas do mundo, o que nos leva a subestimar o pecado e suas consequências. Necessitamos urgentemente voltar os olhos à cruz de Cristo. A magnitude de Seu sacrifício revela a magnitude do problema.
Ellen White escreve:
Aqueles que estão realmente buscando o perfeito caráter cristão jamais condescenderão com o pensamento de que estão sem pecado. Sua vida pode ser irrepreensível, podem estar vivendo como representantes da verdade que aceitaram, porém, quanto mais consagram a mente para se demorar no caráter de Cristo e mais se aproximam de Sua divina imagem, tanto mais claramente discernirão Sua imaculada perfeição e mais profundamente sentirão os próprios defeitos. [...]
Quando, com arrependimento e humilde confiança, meditamos em Jesus, a quem nossos pecados traspassaram, podemos aprender a andar em Seus passos. Contemplando-O, somos transformados à Sua divina semelhança. E quando essa obra se operar em nós, não pretenderemos ter qualquer justiça em nós mesmos, mas exaltaremos a Jesus Cristo, pois nosso enfraquecido coração confia em Seus méritos. (3)
Da necessidade à ação
A ausência do temor do Senhor no mundo é a causa primordial de suas maiores mazelas. Mas há também ausência do temor de Deus entre os Seus professos seguidores. Essa é a razão por que estamos perdendo progressivamente o senso do sagrado. Nossa incapacidade de discernir entre o santo e o comum é consequência direta da ausência do temor do Senhor, uma condição agravada pelo espírito da época, o qual influencia nosso conceito de Deus e, consequentemente, a qualidade de nossa devoção e culto. A secularização da igreja resulta de uma negligência interior agravada por uma influência exterior.
Não somente o senso do sagrado está desaparecendo, como também o senso de urgência. As mensagens proferidas dos púlpitos de nossas igrejas dificilmente se conectam à realidade que nos cerca. Parece que não somos mais capazes de identificar nos sinais do fim o cumprimento histórico da escatologia bíblica. Estaríamos negligenciando nosso legado profético? É evidente que tudo isso afeta cada aspecto da vida cristã e impede que ocorra na igreja de Deus um reavivamento da primitiva piedade.
O derradeiro apelo de Deus na voz do primeiro anjo - "Temei a Deus" (Apocalipse 14:7) - é de âmbito mundial, mas destina-se primeiro a reavivar o povo que professa amar e seguir a Cristo. Não podemos glorificar o nome do Senhor em todos os aspectos de nossa vida, nem tampouco adorá-Lo em espírito e em verdade, se não possuímos o temor de Deus - o temor santo, respeitoso, reverente, que nos leva a uma relação mais íntima e efetiva com Cristo e Sua Palavra, protegendo-nos da influência perniciosa de Babilônia mística (Apocalipse 14:8) e nos preservando dos juízos de Deus (versos 9 a 11).
O temor do Senhor é um fruto do Espírito (ver Gálatas 5:22-25). Não podemos ser atalaias e portadores de luz se não formos transformados desde o nosso íntimo pelo poder do evangelho. Por essa razão, necessitamos do batismo diário do Espírito Santo, o qual nos comunica poder para testemunhar e para produzir na vida os frutos do caráter de Cristo. Dennis Smith lembra que reclamar a promessa do batismo do Espírito Santo deve tornar-se uma das primeiras coisas que devemos fazer ao acordar pela manhã. (4)
Ninguém entendeu melhor do que Ellen White a urgente necessidade de um reavivamento entre o povo de Deus:
Um reavivamento da verdadeira piedade entre nós, eis a maior e a mais urgente de todas as nossas necessidades. Buscá-lo, deve ser nossa primeira ocupação.
Ela também compreendeu que este reavivamento não poderia vir sem o batismo do Espírito Santo:
O batismo do Espírito Santo como no dia de Pentecoste levará a um reavivamento da verdadeira religião e à operação de muitas obras maravilhosas. (5)
Essa experiência conduzirá a igreja a um nível de consagração e comprometimento que permitirá que Deus a use poderosamente para libertar homens e mulheres do poder do pecado. O batismo do Espírito Santo dota o cristão laodiceano tanto do poder necessário para reavivar-se espiritualmente quanto do poder para testemunhar. (6) Esse batismo diário deve nos conduzir de volta à Bíblia e à uma experiência mais profunda e prática com sua mensagem profética.
Se quisermos de fato experimentar um reavivamento da verdadeira piedade precisamos ser inflamados com a presença viva do Espírito de Deus. Semelhante experiência nada tem em comum com estímulos físicos e emocionais que visam provocar êxtase religioso. O que precisamos é humilhar-nos na presença de Deus, em sincero arrependimento, confissão e abandono do pecado, cooperando com o Senhor para o desenvolvimento de nossa salvação com temor e tremor (Filipenses 2:12).
A humildade está para a vitória, assim como o orgulho está para a derrota. Uma vez que experimentarmos o necessário reavivamento e a consequente reforma de vida, seremos para Deus atalaias e portadores de luz, influenciando outros com o poder do evangelho eterno e, desse modo, preparando um povo para o grande Dia do Senhor.
Notas e referências
1. Ellen G. White. Mensagens Escolhidas, Vol. 1. Versão em CD-ROM. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, p. 121.
2. Leonard Ravenhill. Oração de Avivamento. Belo Horizonte: Editora Motivar, 2009, p. 47.
3. Ellen G. White. Santificação. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2009, p. 7.
4. Dennis Smith. O Batismo do Espírito Santo. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2010, p. 36.
5. Ellen G. White. Mensagens Escolhidas, Vol. 2, p. 57.
6. Dennis Smith, op. cit., p. 123.
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