Antes do fim da graça, o mundo será esclarecido no tocante às falsas reivindicações da apostasia organizada, e os filhos de Deus serão exortados a sair de Babilônia para não partilharem de sua triste sorte (Apocalipse 14:8; 18:5-8).
Esta mensagem, porém, estaria incompleta se não considerássemos a repreensão de Cristo à igreja de Laodiceia (Apocalipse 3:14-22). As mensagens dos três anjos tiram as pessoas de Babilônia e as conduzem para Cristo e Sua igreja; a mensagem de Laodiceia tira a Babilônia de dentro da igreja. Negligenciar esta última mensagem significa fazer apenas metade do trabalho.
A Testemunha fiel e verdadeira
Laodiceia é a última das sete igrejas às quais Cristo dirigiu uma mensagem específica, segundo as suas necessidades. Estas mensagens também foram escritas para o povo de Deus em todas as eras, e cada uma delas representa um período da história da igreja militante, desde o tempo da Primeira Vinda de Cristo até à época da Segunda Vinda. O fato de Cristo estar entre os "sete candeeiros", símbolo das sete igrejas (Apocalipse 1:12, 13 e 20), demonstra o profundo interesse e cuidado que Ele tem por Seu povo. Jesus não promete uma jornada fácil para a igreja, mas garante que estará com ela todos os dias e a conduzirá com segurança ao seu glorioso destino!
Laodiceia significa "julgamento do povo" ou "povo do juízo", e simboliza bem a geração do povo de Deus durante o tempo da volta de Cristo. Construída por Antíoco II, entre 261 e 246 a.C., tratava-se de uma cidade comercial e financeira bem-sucedida, "capaz de adaptar-se às necessidades e desejos de outros, sempre flexível e acomodável, cheia do espírito de comprometimento". (1) Frequentada por pessoas ricas, orgulhosas e autossuficientes, Laodiceia era um verdadeiro resort, dispondo de banhos termais e fontes minerais que atraíam visitantes da Europa e da Ásia. Possuía também uma importante escola de medicina e, associada a ela, uma indústria para a fabricação de um colírio medicinal especial.
Nosso Salvador Se apresenta à Laodiceia como o "Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus" (Apocalipse 3:14). A combinação dos dois primeiros títulos identifica a Cristo como o Deus da verdade (Isaías 65:16; João 14:6), e portanto, os membros de Laodiceia, embora neguem sua real condição, podem e devem considerar sem hesitação o diagnóstico divino como verdadeiro e absolutamente exato. Cristo é também "o princípio da criação de Deus", ou seja, Ele é a causa ou o início da criação divina (João 1:3; Colossenses 1:15-16; Hebreus 1:2). Como Criador de todas as coisas, Cristo tem pleno poder para recriar Sua imagem em Laodiceia, revertendo a deplorável condição espiritual dessa igreja.
"Conheço as tuas obras"
Laodiceia não é repreendida por falta de obras. Seu grande problema é que ela não é fria nem quente, justificando, assim, o profundo lamento de nosso Senhor: "Quem dera fosses frio ou quente!" (Apocalipse 3:15). Se Laodiceia fosse fria, o Espírito Santo a convenceria mais facilmente de sua perigosa condição, possibilitando arrependimento, conversão e santificação. Contudo, em virtude de ser espiritualmente morna, Laodiceia não reconhece seu verdadeiro estado perante Deus e, por isso, não sente nenhuma necessidade de mudança.
"Quente" e "frio" são duas sensações térmicas bem distintas e estão associadas a "luz" e "trevas", respectivamente; luz remete a calor, e trevas ou noite, a frio. Na Bíblia, ambas representam duas condições espirituais diferentes e opostas: luz ou calor simboliza vida espiritual, e trevas ou frio, morte espiritual. O apóstolo Paulo se refere a essa importante distinção reiteradas vezes:
Vai alta a noite, e vem chegando o dia. Deixemos, pois, as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz. (Romanos 13:12)
Pois, outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz. (Efésios 5:8)
Porquanto vós todos sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite, nem das trevas. (I Tessalonicenses 5:5)
Em que consiste a obra da luz? "Em toda bondade, e justiça, e verdade" (Efésios 5:9; ver também Gálatas 5:22-23). Paulo chama essas qualidades de "fruto da luz" ou "fruto do Espírito". Por outro lado, os frutos das trevas são chamados "obras da carne" (Gálatas 5:19-21), as quais Deus considera como "obras mortas" (Hebreus 9:14). O fruto da luz reflete uma alma perdoada, redimida e transformada pelo poder de Cristo; os frutos das trevas, uma alma morta em delitos e pecados (Efésios 2:1).
"Nem és frio nem quente"
Embora essas distinções sejam claras, a igreja simbolizada por Laodiceia representa um caso à parte. Ela não é nem quente nem fria, mas morna, e, portanto, não se encaixa em nenhum dos dois grupos aos quais se refere a Bíblia. Como definir essa condição espiritual de Laodiceia?
Na verdade, as Escrituras mencionam não duas, mas três espécies de obras de natureza espiritual: a obra do Espírito, as obras da carne e... as obras da lei! Já sabemos a diferença elementar entre as duas primeiras, porém em que consistem as obras da lei? Elas são uma tentativa de obter justificação diante de Deus por meio da observância formal ou legalista da lei, ou seja, são obras meritórias pelas quais o pecador espera receber perdão e justificação. O problema é que ninguém pode ser justificado perante Deus mediante as obras da lei:
A justificação só pode ser obtida como um dom gratuito de Deus por meio de Jesus Cristo. Somente o Filho de Deus tem a prerrogativa de justificar toda pessoa que deposita fé nEle. Nenhuma obra pode tornar o pecador digno de receber esse dom da parte de Deus. Certamente, o Senhor está disposto a justificar o pecador, mas este deve exercer completa fé e confiança em Cristo. A própria fé, aliás, é um dos frutos do Espírito (Gálatas 5:22), o que significa que não é possível obtê-la mediante nosso exclusivo trabalho. Como as demais qualidades do Espírito, é um dom que se recebe do Doador quando comparecemos à Sua presença e aceitamos o dom concedido (ver Romanos 12:3; 10:17).
O leitor deve se lembrar da distinção que mencionamos em uma postagem anterior entre as obras da lei (Romanos 3:20, 28) e as obras da fé (I Tessalonicenses 1:3). As obras da lei são uma tentativa de fazer da lei um meio de salvação. As obras da fé são o resultado da salvação em Cristo Jesus. Estas últimas certamente não se opõem à justificação pela fé. Mas o que se pode dizer das obras da lei? Como uma igreja que se considera justa aos próprios olhos pode discernir seus pecados e buscar de Deus socorro? Não haveria mais esperança para os que estão nas frias trevas do pecado reverter sua condição ao receberem a luz do evangelho?
Na verdade, as Escrituras mencionam não duas, mas três espécies de obras de natureza espiritual: a obra do Espírito, as obras da carne e... as obras da lei! Já sabemos a diferença elementar entre as duas primeiras, porém em que consistem as obras da lei? Elas são uma tentativa de obter justificação diante de Deus por meio da observância formal ou legalista da lei, ou seja, são obras meritórias pelas quais o pecador espera receber perdão e justificação. O problema é que ninguém pode ser justificado perante Deus mediante as obras da lei:
Visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado. (Romanos 3:20)
Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus. (Gálatas 2:16)
A justificação só pode ser obtida como um dom gratuito de Deus por meio de Jesus Cristo. Somente o Filho de Deus tem a prerrogativa de justificar toda pessoa que deposita fé nEle. Nenhuma obra pode tornar o pecador digno de receber esse dom da parte de Deus. Certamente, o Senhor está disposto a justificar o pecador, mas este deve exercer completa fé e confiança em Cristo. A própria fé, aliás, é um dos frutos do Espírito (Gálatas 5:22), o que significa que não é possível obtê-la mediante nosso exclusivo trabalho. Como as demais qualidades do Espírito, é um dom que se recebe do Doador quando comparecemos à Sua presença e aceitamos o dom concedido (ver Romanos 12:3; 10:17).
O leitor deve se lembrar da distinção que mencionamos em uma postagem anterior entre as obras da lei (Romanos 3:20, 28) e as obras da fé (I Tessalonicenses 1:3). As obras da lei são uma tentativa de fazer da lei um meio de salvação. As obras da fé são o resultado da salvação em Cristo Jesus. Estas últimas certamente não se opõem à justificação pela fé. Mas o que se pode dizer das obras da lei? Como uma igreja que se considera justa aos próprios olhos pode discernir seus pecados e buscar de Deus socorro? Não haveria mais esperança para os que estão nas frias trevas do pecado reverter sua condição ao receberem a luz do evangelho?
"És morno"
Laodiceia não produz nem o fruto do Espírito nem os frutos da carne. Sua condição espiritual é a de uma igreja que pratica as obras da lei, pelas quais se sente confortável e imagina estar justificada diante de Deus. Por isso, o Senhor está a ponto de rejeitá-la como igreja (Apocalipse 3:16). Seu orgulho e autoconfiança decorrem principalmente de sua riqueza material, que ela considera ter adquirido com base em seus próprios esforços, e lembram muito a arrogância de Babilônia mística (Apocalipse 18:7, última parte). Essa percepção supervalorizada de si mesma impede que Laodiceia veja sua verdadeira situação.
A ignorância dos cristãos de Laodiceia sobre sua real condição perante Deus contrasta notavelmente com o conhecimento preciso que Cristo possui a respeito deles. Naturalmente, a prosperidade de seus membros favorece o espírito de indulgência e autoconfiança. Max Weber observa, a propósito, que "a riqueza como tal é um grave perigo, suas tentações são contínuas, a ambição por ela não só não tem sentido diante da significação suprema do reino de Deus, como ainda é moralmente reprovável". (2) Citando John Wesley, ele acrescenta:
Temos aqui explicado em poucas palavras por que Laodiceia tem rejeitado a repreensão do Senhor. "Durante épocas boas", escreve o Dr. Andrew Lobaczewski, "as pessoas perdem progressivamente de vista a necessidade de reflexão profunda, da introspecção, do conhecimento dos outros e de um entendimento das leis complicadas da vida". (4) Esta falta de sensibilidade e o embotamento moral estimulados pela abundância das coisas são a causa da cegueira dos cristãos laodiceanos sobre sua terrível condição.
Laodiceia se vangloria de seus templos, instituições e realizações. É uma igreja rica, e o orgulho produzido por sua prosperidade material e intelectual resulta inevitavelmente em complacência espiritual. Orgulha-se de seu conhecimento de Deus, mas nunca foi santificada pelo poder da verdade. Tem aparência de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder (II Timóteo 3:5). Seu cristianismo nominal é apenas um disfarce para sua infelicidade, extrema pobreza, cegueira e vergonha.
Estas características deploráveis são uma evidência contundente do quanto Laodiceia carece da presença e do poder do Espírito de Deus. Sua pretensa espiritualidade, além de obstruir a obra que Deus deseja realizar em e por meio de Seu povo, é ainda indulgente e condescendente. À semelhança dos comerciantes e banqueiros da antiga Laodiceia, os modernos laodiceanos são ágeis em acomodar-se às necessidades e desejos de seus "clientes". Como numa sociedade de mercado, Laodiceia aceita tudo e acomoda tudo pelo bem de todos. Uma igreja com esse perfil certamente buscará o louvor do mundo, e adotará seus recursos e estratégias com a mesma naturalidade com que professa o nome de Jesus.
Diante da urgente necessidade de Laodiceia e da impossibilidade de essa igreja reverter seu estado mediante seus próprios esforços, Cristo a exorta com as seguintes palavras:
A propósito desse santo conselho, Ellen G. White esclarece:
Cristo deseja restaurar e purificar Sua igreja! Ele a repreende e disciplina porque a ama e tem profundo interesse por ela (Apocalipse 3:19). Com amor inefável, nosso Redentor espera que sejamos zelosos em arrependimento e consagração.
Um pormenor digno de nota se refere ao uso da palavra grega para "zelo" no verso 19, a qual provém do mesmo radical da palavra "quente", algo que a igreja de Laodiceia falha em ser (verso 15). Os laodiceanos são chamados a experimentar o calor e o entusiasmo que acompanham o arrependimento, a consagração e a devoção verdadeira a Cristo. (6) Ellen White escreve:
Com efeito, nosso Redentor estende-nos Seu caloroso apelo para uma comunhão mais íntima com Ele - comunhão que certamente mudará radicalmente nossa atual experiência religiosa:
Compartilhar o alimento é uma das mais singelas provas de amizade e companheirismo. No Oriente, partilhar uma refeição é símbolo de amizade, oferecendo o hospedeiro não apenas a refeição, mas, o que é ainda mais nobre, o franqueamento de seu lar. Ao abrirmos a Cristo a porta de nosso coração, estamos, por esse ato, convidando-O a partilhar a intimidade de nossa vida. (8)
As palavras de Jesus são também uma alusão à grande ceia das bodas do Cordeiro (Apocalipse 19:9), um evento festivo que reunirá todos os remidos no Céu juntamente com Cristo. Os que atenderem ao Seu apelo e cooperarem com o Espírito Santo no desenvolvimento zeloso de sua salvação pessoal (Filipenses 2:12), certamente estarão entre os salvos bem-aventurados, "aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro".
A vitória é um tema recorrente no Apocalipse, e uma promessa especialmente valiosa aos cristãos de todas as eras. Em cada uma das mensagens destinadas às sete igrejas, a expressão "ao que vencer" denota continuidade de ação, ou seja, diz respeito ao cristão que "continua vencendo". A vitória se obtém mediante a virtude do sangue de Cristo e Sua Palavra (Apocalipse 12:11).
A promessa de vitória aos crentes laodiceanos que ouvirem a repreensão de Cristo e atenderem à Sua exortação não poderia ser mais animadora e grandiosa:
Jesus Cristo é nosso maior exemplo em todas as coisas. Assim como Ele venceu, nós podemos igualmente vencer por meio de Sua divina graça, a qual nos proporciona não só o perdão, mas também regeneração e santificação. Cristo garante que o vencedor compartilhará de Sua glória e de Seu governo. Essa não é uma boa razão para ouvirmos a voz de repreensão do Espírito de Deus e nos consagrarmos a uma vida de completa comunhão e fidelidade a Cristo?
1. Roy A. Anderson. Revelações do Apocalipse. Segunda Edição. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1988, p. 53.
2. Max Weber. A Ética Protestante e o "Espírito" do Capitalismo. Edição de Antônio Flávio Pierucci. São Paulo: Companhia das Letras, 2004, p. 142 e 143.
3. Ibid., p. 159.
4. Andrew Lobaczewski. Ponerologia: psicopatas no poder. Campinas, SP: Vide Editorial, 2014, p. 68.
5. Comentários de Ellen G. White, SDABC, vol. 7, p. 965.
6. Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia. Vol. 7. Vanderlei Dorneles (Ed.). Tatuí, SP: CPB, 2014, p. 844.
7. Maranata, O Senhor Vem, Meditação Matinal 1977. Edição em CD-ROM. Tatuí, SP: CPB, p. 51.
8. Roy A. Anderson, op. cit., p. 57.
Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que és infeliz, sim, miserável pobre, cego e nu. (Apocalipse 3:17).
A ignorância dos cristãos de Laodiceia sobre sua real condição perante Deus contrasta notavelmente com o conhecimento preciso que Cristo possui a respeito deles. Naturalmente, a prosperidade de seus membros favorece o espírito de indulgência e autoconfiança. Max Weber observa, a propósito, que "a riqueza como tal é um grave perigo, suas tentações são contínuas, a ambição por ela não só não tem sentido diante da significação suprema do reino de Deus, como ainda é moralmente reprovável". (2) Citando John Wesley, ele acrescenta:
Temo que onde quer que a riqueza tenha aumentado, na mesma medida haja decrescido a essência da religião. Por isso não vejo como seja possível, pela natureza das coisas, que qualquer reavivamento da verdadeira religião possa ser de longa duração. Religião, com efeito, deve necessariamente gerar, seja laboriosidade, seja frugalidade, e estas não podem originar senão riqueza. Mas se aumenta a riqueza, aumentam também orgulho, ira e amor ao mundo em todas as suas formas. (3)
Temos aqui explicado em poucas palavras por que Laodiceia tem rejeitado a repreensão do Senhor. "Durante épocas boas", escreve o Dr. Andrew Lobaczewski, "as pessoas perdem progressivamente de vista a necessidade de reflexão profunda, da introspecção, do conhecimento dos outros e de um entendimento das leis complicadas da vida". (4) Esta falta de sensibilidade e o embotamento moral estimulados pela abundância das coisas são a causa da cegueira dos cristãos laodiceanos sobre sua terrível condição.
Laodiceia se vangloria de seus templos, instituições e realizações. É uma igreja rica, e o orgulho produzido por sua prosperidade material e intelectual resulta inevitavelmente em complacência espiritual. Orgulha-se de seu conhecimento de Deus, mas nunca foi santificada pelo poder da verdade. Tem aparência de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder (II Timóteo 3:5). Seu cristianismo nominal é apenas um disfarce para sua infelicidade, extrema pobreza, cegueira e vergonha.
Estas características deploráveis são uma evidência contundente do quanto Laodiceia carece da presença e do poder do Espírito de Deus. Sua pretensa espiritualidade, além de obstruir a obra que Deus deseja realizar em e por meio de Seu povo, é ainda indulgente e condescendente. À semelhança dos comerciantes e banqueiros da antiga Laodiceia, os modernos laodiceanos são ágeis em acomodar-se às necessidades e desejos de seus "clientes". Como numa sociedade de mercado, Laodiceia aceita tudo e acomoda tudo pelo bem de todos. Uma igreja com esse perfil certamente buscará o louvor do mundo, e adotará seus recursos e estratégias com a mesma naturalidade com que professa o nome de Jesus.
O conselho e apelo de Cristo
Diante da urgente necessidade de Laodiceia e da impossibilidade de essa igreja reverter seu estado mediante seus próprios esforços, Cristo a exorta com as seguintes palavras:
Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas. (Apocalipse 3:18)
A propósito desse santo conselho, Ellen G. White esclarece:
O ouro que Jesus quer que compremos dEle é o ouro provado no fogo; é o ouro da fé e do amor, que não está misturado com nenhuma substância impura. As vestiduras brancas são a justiça de Cristo, a veste nupcial que só Cristo pode dar. O colírio é o verdadeiro discernimento espiritual, que faz tanta falta entre nós, pois as coisas espirituais se discernem espiritualmente. (5)
Cristo deseja restaurar e purificar Sua igreja! Ele a repreende e disciplina porque a ama e tem profundo interesse por ela (Apocalipse 3:19). Com amor inefável, nosso Redentor espera que sejamos zelosos em arrependimento e consagração.
Um pormenor digno de nota se refere ao uso da palavra grega para "zelo" no verso 19, a qual provém do mesmo radical da palavra "quente", algo que a igreja de Laodiceia falha em ser (verso 15). Os laodiceanos são chamados a experimentar o calor e o entusiasmo que acompanham o arrependimento, a consagração e a devoção verdadeira a Cristo. (6) Ellen White escreve:
O Senhor reprova e corrige o povo que professa guardar Sua lei. Aponta-lhes os pecados e manifesta-lhes a iniquidade, porque deles deseja separar todo pecado e impiedade, a fim de que aperfeiçoem a santidade em Seu temor, e estejam preparados a morrer no Senhor, ou serem trasladados para o Céu. Deus os repreende, reprova e castiga, de modo a serem purificados, santificados, elevados, sendo afinal exaltados a Seu próprio trono. (7)
Com efeito, nosso Redentor estende-nos Seu caloroso apelo para uma comunhão mais íntima com Ele - comunhão que certamente mudará radicalmente nossa atual experiência religiosa:
Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo. (Apocalipse 3:20)
Compartilhar o alimento é uma das mais singelas provas de amizade e companheirismo. No Oriente, partilhar uma refeição é símbolo de amizade, oferecendo o hospedeiro não apenas a refeição, mas, o que é ainda mais nobre, o franqueamento de seu lar. Ao abrirmos a Cristo a porta de nosso coração, estamos, por esse ato, convidando-O a partilhar a intimidade de nossa vida. (8)
As palavras de Jesus são também uma alusão à grande ceia das bodas do Cordeiro (Apocalipse 19:9), um evento festivo que reunirá todos os remidos no Céu juntamente com Cristo. Os que atenderem ao Seu apelo e cooperarem com o Espírito Santo no desenvolvimento zeloso de sua salvação pessoal (Filipenses 2:12), certamente estarão entre os salvos bem-aventurados, "aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro".
A promessa de Cristo à Sua igreja
A vitória é um tema recorrente no Apocalipse, e uma promessa especialmente valiosa aos cristãos de todas as eras. Em cada uma das mensagens destinadas às sete igrejas, a expressão "ao que vencer" denota continuidade de ação, ou seja, diz respeito ao cristão que "continua vencendo". A vitória se obtém mediante a virtude do sangue de Cristo e Sua Palavra (Apocalipse 12:11).
A promessa de vitória aos crentes laodiceanos que ouvirem a repreensão de Cristo e atenderem à Sua exortação não poderia ser mais animadora e grandiosa:
Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono. (Apocalipse 3:21)
Jesus Cristo é nosso maior exemplo em todas as coisas. Assim como Ele venceu, nós podemos igualmente vencer por meio de Sua divina graça, a qual nos proporciona não só o perdão, mas também regeneração e santificação. Cristo garante que o vencedor compartilhará de Sua glória e de Seu governo. Essa não é uma boa razão para ouvirmos a voz de repreensão do Espírito de Deus e nos consagrarmos a uma vida de completa comunhão e fidelidade a Cristo?
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. (Apocalipse 3:22)
Notas e referências
1. Roy A. Anderson. Revelações do Apocalipse. Segunda Edição. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1988, p. 53.
2. Max Weber. A Ética Protestante e o "Espírito" do Capitalismo. Edição de Antônio Flávio Pierucci. São Paulo: Companhia das Letras, 2004, p. 142 e 143.
3. Ibid., p. 159.
4. Andrew Lobaczewski. Ponerologia: psicopatas no poder. Campinas, SP: Vide Editorial, 2014, p. 68.
5. Comentários de Ellen G. White, SDABC, vol. 7, p. 965.
6. Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia. Vol. 7. Vanderlei Dorneles (Ed.). Tatuí, SP: CPB, 2014, p. 844.
7. Maranata, O Senhor Vem, Meditação Matinal 1977. Edição em CD-ROM. Tatuí, SP: CPB, p. 51.
8. Roy A. Anderson, op. cit., p. 57.
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2 Comentários
Que artigo rico! Conteúdo muito bom e edificante. Precisamos de mensagens como essas nos nossos dias. Deus abençoe!
ResponderExcluirObrigado, Diego, por seu comentário! Que Deus te abençoe também! Um grande abraço!
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