Lord's Day Alliance: O domingo, marca da unidade dos cristãos



Não há dúvida de que existe um crescente clamor pela santificação universal do domingo como o dia do Senhor. O papa Francisco tem trabalhado incansavelmente nesse sentido. Mas ele não é o único.

A Lord's Day Alliance, uma organização americana cuja missão declarada é restaurar o domingo como um dia de renovação espiritual e pessoal, publicou em seu site em abril deste ano (2015) um artigo intitulado "Sunday as a Mark of Christian Unity", cuja tradução segue abaixo:

O Domingo como a Marca da Unidade dos Cristãos


Rev. Dr. Demetrios Tonias

A Igreja Cristã, desde o seu início, tem lutado com o conceito de unidade. De fato, no corpus paulino nós percebemos as muitas formas pelas quais o Apóstolo dos Gentios luta para manter unida a jovem e frágil rede de comunidades. Com o crescimento da Igreja, surgiu uma variedade de desafios, grandes e pequenos, que ameaçavam sua unidade. A Divina Liturgia Cristã Ortodoxa testifica destes desafios nas petições e orações oferecidas no rito eucarístico. Oramos pela "unidade de todos", "a unidade da fé" em Cristo para "reunir os separados" e "unir-nos todos uns aos outros para que nos tornemos participantes de um só pão e cálice da comunhão no único Espírito Santo". Recitamos o Credo Niceno-Constantinopolitano, com suas frases de encerramento portentosas afirmando a crença em "Uma Única, Santa, Católica e Apostólica Igreja", sua sagrada reivindicação para "confessar um só batismo para a remissão dos pecados", e sua exaltação do domingo como o Dia do Senhor e do dom da ressurreição com a afirmação: "Eu contemplo a ressurreição dos mortos e a vida dos séculos vindouros".

A Divina Liturgia é, certamente, uma ocasião apropriada para oferecer tais orações e confissões de fé, para a celebração da Liturgia preeminente que tem lugar no domingo. A partir do instante em que os portadores da mirra encontraram o túmulo vazio de Cristo, o domingo ficou conhecido como  Κυριακή μέρα - o Dia do Senhor. Por definição, cada um e todos os domingos são um apelo à unidade dos cristãos, pois é neste dia que somos chamados pelo Senhor à comunhão com Ele. Apesar de todos os desafios que dificultam grandemente a unidade dos cristãos, o Dia do Senhor permanece único, marcador inatacável de sua unidade, visto que neste dia todos nós, apesar das nossas muitas diferenças, nos reunimos como crentes em Cristo.

Sempre houve diferenças sobre dias e datas no mundo cristão. Havia divisões em torno da comemoração pascal desde os primeiros anos do cristianismo. Os puritanos rejeitaram a celebração do nascimento de Cristo em 25 de dezembro como sendo antibíblica. O Dia do Senhor, no entanto, como um período de reunião pública cristã, nunca esteve em questão. A celebração do Dia do Senhor é uma realidade histórica que dá testemunho da centralidade da Ressurreição e tudo o que este evento significou para o universo. Portanto, que melhor marcador da unidade dos cristãos podemos ter? Na verdade, o exemplo mais forte que se pode considerar para a importância do domingo como um marco da unidade dos cristãos é a constatação de que eles ao longo dos séculos têm concebido este dia como um dia da nova criação, um oitavo dia definido separado dos demais.

Para a mente cristã ortodoxa esta relação histórica é fundamental para a nossa compreensão da unidade dos cristãos. Para o cristão ortodoxo, unidade implica em ecumenicidade transcendente, um ecumenismo que existe em todo tempo e lugar. É uma comunhão de todos os crentes, em todos os momentos. Simplificando, não há nada no calendário que nos una como o domingo. É um dia que mudou o mundo no primeiro domingo e, eu diria, em todos os domingos desde o primeiro. O mundo foi transfigurado por uma miríade de cristãos que se reuniram no domingo em comunhão e ouviram a mensagem do Evangelho. Foi no domingo que os cristãos aprenderam a amar os seus inimigos e a cuidar dos necessitados. Foi no domingo que os cristãos se encontraram pela primeira vez para compartilhar uma refeição de amor que chamaram pela palavra grega γάπη. Ela foi, é e será sempre no domingo, quando a melhor esperança para a humanidade irradia de igrejas grandes e pequenas e "Eucaristia após Eucaristia" atravessa as quatro paredes da igreja em direção ao refúgio do lar, aos parques e ao hospital, à festa de casamento e ao velório.

A mentalidade provinciana é própria da natureza humana - pensar em termos de nossa própria família, nossa própria igreja exclusiva, nossa própria entidade religiosa única. A esta luz histórica, contudo, o domingo adquire um novo significado. O culto de domingo é algo mais do que nossos pais e avós simplesmente faziam. O culto de domingo é ainda mais do que nossa comunidade de fé local tem feito. O culto de domingo é algo que todos os cristãos, em todos os momentos têm celebrado. Quando nos reunimos no domingo, a unidade que nos alcança leva-nos de volta no tempo, através dos tempos para a primitiva fé; ele também nos move adiante para incluir gerações ainda não nascidas. Desta forma, a unidade espiritual que temos alcançado possui um caráter escatológico. A unidade sobre a qual damos testemunho e que nós encarnamos é uma manifestação do reino a que todos aspiramos.

A fim de apreciar plenamente o domingo como um sinal de unidade dos cristãos, devemos expandir nossa definição de unidade. Todos nós devemos lutar por uma comunidade cristã - única em toda a parte ao longo dos tempos - para que tal unidade transcendente produza muitos frutos. Se estivermos em união com os primeiros cristãos, então compartilharemos de seu zelo. Se estivermos em união com os mártires, então participaremos de sua devoção. Se estivermos em unidade com os cristãos compassivos, então seremos tocados e poderemos dar o seu toque de cura. Quando nos reunimos em fé aos domingos, não nos reunimos simplesmente com outros paroquianos em um local de culto, mas com os cristãos de toda parte, de todas as terras e de todas as idades e não há maior prova de unidade do que isso. Em nosso século, como no passado, desafios grandes e pequenos ameaçam o domingo. No entanto, quando estamos firmes na fé, como membros de uma Igreja superior a todas as outras, reivindicamos o domingo em honra do Deus que o deu a nós.

Fonte: The Lord's Day Alliance of the U.S.

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