O papa e os "fundamentalistas": uma visão católica



As declarações intransigentes e, algumas vezes, blasfemas do papa Francisco têm sido objetivo de frequente discussão na internet, particularmente entre os adventistas do sétimo dia. Mas o que dizer quando até mesmo católicos se sentem ameaçados com estas declarações?

Recentemente, o LifeSiteNews.com, um serviço de notícias e informações dedicado a questões relacionadas à cultura, vida e família, publicou um artigo intitulado "A retórica do Papa contra 'fundamentalistas' católicos poderia contribuir para viabilizar a perseguição ativa".

Note que o editor representa católicos conservadores que creem firmemente na doutrina da Igreja, inclusive na primazia da autoridade papal. Contudo, suas preocupações são bastante reveladoras, especialmente para aqueles que compreendem a verdadeira natureza e pretensão do papado à luz das Escrituras.

A seguir, alguns parágrafos do referido artigo:

"Esse é um dos pontos de discussão mais frequentes do Papa Francisco. É definitivamente parte de seu apelo para a mídia e, ao mesmo tempo, uma das coisas mais dolorosas para aqueles dentro da Igreja para quem a fé significa tudo. Estou falando da tendência do Papa de castigar os fiéis adeptos da fé católica como 'obcecados', 'doutores da lei', 'neopelagianos', 'egocêntricos', 'restauracionistas', 'fundamentalistas', 'rígidos', 'ideológicos', 'hipócritas' e muito mais.

"O efeito da censura muito frequente dos lábios do próprio Pontífice é potencialmente mortal. Confirma o preconceito do mundo contra os cristãos fiéis, como a mídia os retrata constantemente - como hipócritas e coisas piores. Além disso, permite a falsa categorização dos cristãos fiéis como radicais islâmicos fundamentalistas que precisam ser reprimidos para garantir a segurança pública.

"Quem pode culpar a mídia por tais comparações quando o próprio Papa as fez? 'O fundamentalismo é uma doença que encontramos em todas as religiões', disse o Papa em novembro, enquanto voltava da África. 'Entre os católicos, há muitos, não poucos, muitos, que acreditam ter a verdade absoluta', acrescentou. 'Eles vão em frente, prejudicando os outros com calúnias e difamações, e causam grandes danos. ... E isso deve ser combatido'."

"Além do fato de que as observações do Papa Francisco nesse sentido contradizem seus antecessores (veja o final deste artigo), elas representam um grave perigo porque as autoridades seculares estão muito dispostas a esmagar a liberdade de religião dos cristãos com a desculpa de que estão acabando com o perigoso fundamentalismo. Com as próprias palavras do Papa, eles podem equiparar os católicos que defendem todos os ensinamentos da Igreja aos fundamentalistas islâmicos ou hindus que empregam a violência e a tortura como meios de conquista.

"Lembre-se das palavras arrepiantes do professor Robert George, de Princeton, em seu famoso discurso: 'Não há mais catolicismo confortável'. Ele observou que o mundo não tem nenhuma animosidade contra um católico nominal que apenas vai à missa, mas é muito diferente quando se trata de alguém que 'realmente acredita no que a Igreja ensina sobre questões como casamento, moralidade sexual e santidade da vida humana'.

"Ele disse que ainda é possível ser um católico 'seguro' ou 'confortável' hoje em dia 'se a pessoa de fato não acredita no que a Igreja ensina ou, pelo menos por enquanto, mesmo que acredite nesses ensinamentos, mas esteja preparado para ficar completamente em silêncio sobre eles'. O professor George advertiu, no entanto, que há consequências graves à espera daqueles que não cederem à pressão. 'Ser uma testemunha do Evangelho hoje é se tornar um homem ou mulher marcado', disse ele.

"É exatamente essa distinção - entre católicos fiéis e católicos nominais - que o mundo está interpretando nas críticas regulares do Papa Francisco aos católicos 'fundamentalistas', em oposição a outros. A frequência é tanta que está além do escopo deste artigo apontar todas as instâncias nos últimos três anos do pontificado. Mas estas poucas críticas devem exemplificar a questão (ênfase acrescentada em todo o texto):

"- Da entrevista concedida à revista jesuíta em 19 de setembro de 2013:  'Se o cristão for um restauracionista, um legalista, se ele quiser tudo claro e seguro, então não encontrará nada... Aqueles que hoje sempre buscam soluções disciplinares, aqueles que anseiam por uma 'segurança' doutrinária exagerada, aqueles que teimosamente tentam recuperar um passado que não existe mais - eles têm uma visão estática e voltada para dentro das coisas. Dessa forma, a fé se torna uma ideologia entre outras ideologias.'

"- Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (A Alegria do Evangelho), publicada em 26 de novembro de 2013: 'Uma suposta solidez de doutrina ou disciplina leva, em vez disso, a um elitismo narcisista e autoritário, por meio do qual, em vez de evangelizar, a pessoa analisa e classifica os outros e, em vez de abrir a porta para a graça, esgota suas energias em inspecionar e verificar.... Como se baseia em aparências cuidadosamente cultivadas, nem sempre está ligado ao pecado exterior; visto de fora, tudo parece como deveria ser. Mas se ela se infiltrasse na Igreja, seria infinitamente mais desastrosa do que qualquer outra mundanidade que seja simplesmente moral.'

"- Entrevista de junho de 2014 à revista de língua espanhola La Vanguardia: 'Nas três religiões, temos nossos grupos fundamentalistas, pequenos em relação a todos os outros. Um grupo fundamentalista, embora não mate ninguém, embora não atinja ninguém, é violento. A estrutura mental dos fundamentalistas é a violência em nome de Deus.'

"- Em seu discurso de encerramento do Sínodo Extraordinário sobre a Família, em 19 de outubro de 2014, o Papa Francisco falou dos 'tradicionalistas' com sua 'inflexibilidade hostil' e sua incapacidade de se deixar 'surpreender por Deus'.

"- Na entrevista de janeiro de 2015, no livro O nome de Deus é misericórdia, o Papa Francisco diz que os 'estudiosos da lei' são 'a principal oposição a Jesus; eles o desafiam em nome da doutrina'. E acrescenta: 'Essa abordagem se repete ao longo da longa história da Igreja'.

"- Em uma entrevista de setembro de 2015 à Radio Milenium, o Papa Francisco disse: 'Os fundamentalistas afastam Deus de acompanhar seu povo, desviam suas mentes dele e o transformam em uma ideologia. Então, em nome desse deus ideológico, eles matam, atacam, destroem, caluniam. Em termos práticos, eles transformam esse Deus em um Baal, um ídolo.... Nenhuma religião está imune a seus próprios fundamentalismos. Em toda religião haverá um pequeno grupo de fundamentalistas cujo trabalho é destruir em nome de uma ideia, e não da realidade.'

"- Em seu discurso de encerramento do Sínodo sobre a Família, em outubro de 2015, o Papa condenou 'os corações fechados que frequentemente se escondem até mesmo por trás dos ensinamentos ou das boas intenções da Igreja, a fim de se sentar na cadeira de Moisés e julgar, às vezes com superioridade e superficialidade, casos difíceis e famílias feridas'.

"- A homilia do Papa Francisco em 18 de janeiro de 2016 diz o seguinte: 'Os cristãos que dizem 'sempre foi feito assim' e param por aí têm o coração fechado às surpresas do Espírito Santo. Eles são idólatras e rebeldes que nunca chegarão à plenitude da verdade'.

"- Na cobertura oficial da homilia do Papa de 9 de junho de 2016, a rádio do Vaticano diz: 'O Papa Francisco advertiu na quinta-feira contra uma rigidez excessiva, dizendo que aqueles dentro da Igreja que nos dizem 'é isso ou nada' são hereges e não católicos.'"

Fonte: LifeSite

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