O protestantismo e o sábado



Em sua edição de 12 de junho de 1897, o Catholic Mirror relata um discurso do padre O'Keefe no qual acusa os protestantes de serem incoerentes com o seu princípio de "a Bíblia, e a Bíblia só".

Ele apresenta um resumo conclusivo de uma série de palestras em resposta a alguns sermões proferidos por um pastor de Baltimore, o qual manteve a doutrina protestante de que a Bíblia é a toda-suficiente regra de fé e prática.

O'Keefe, ao contrário, mantém, de acordo com a perspectiva católica estabelecida, que a Bíblia não é uma regra suficiente de fé cristã, mas deve ser suprida a apoiada pelas tradições, interpretações e autoridade da Igreja Católica.

No embate com o seu oponente, o padre O'Keefe expõe a contradição protestante no que tange à observância do dia de repouso. Suas palavras contundentes desafiam cada protestante a provar a consistência e validade de sua fé à luz da Bíblia. Eis alguns trechos do vigoroso discurso de O'Keefe:

"[O Reverendo] sustenta que ela [a Bíblia] é a personificação da vontade de Deus para o homem, dirigida a ele sob essa forma, tal como expresso em suas páginas. Pretende apreciá-la mais do que todo o bem material; propõe olhar para ela em busca de conselho e instrução em tudo o que diz respeito à vida, presente e futura. Em resumo, ele praticamente imagina ouvir a voz de Deus por meio de suas páginas. É impiedoso contra todos os opositores que a depreciam ou procuram diminuir sua origem divina. E ainda este Reverendo, com seu êxtase e devoção quase idólatra de sua Bíblia, tomadas suas palavras a respeito dela, provou, devo eu corajosamente afirmar, ser um traidor do fundamento de seus próprios princípios expressos; e abandonando essa altamente estimada dádiva e tesouro benéfico e espiritual, tem entregue, com uma traição sem precedentes na história do sofisma humano, a si mesmo e seus seguidores contra a Igreja Católica, tão certamente como Judas vendeu seu Mestre por trinta moedas de prata - uma igreja que ele nunca cessa de estigmatizar e insultar.

"Tendo em mente o apelo incisivo e demasiado patético - 'Não temos nós a Bíblia que a ciência e os sacerdotes não podem destruir?' -, examinemos sua sinceridade.

"'A Bíblia é a Palavra de Deus, seu porta-voz para nós - nosso guia e tesouro. Nós a guardamos no fundo dos nossos corações diariamente, como fez uma vez - e desde então - o grande Lutero, quando descobriu pela primeira vez uma cópia acorrentada na biblioteca. Ela é a clara expressão do 'caminho, da verdade e da vida', para nós e para todos os cristãos evangélicos. Sem ela e suas influências benéficas, estaríamos perdidos tanto aqui como no futuro', etc.

"Mas esta imagem consoladora é também contraditória; e, como o Dr._____ tem colocado tão bem - 'o grande propósito dos ministros protestantes deve ser o de manter a inspiração das Escrituras' -, indaguemos seriamente qual tem sido o testemunho dos mesmos ministros protestantes por mais de dez gerações no que se refere a seu apreço e lealdade aos ensinos de seu guia inspirado. Deixe-me perguntar qual ensino do protestantismo é mais impressivamente incutido pelos ministros, 'a tempo e fora de tempo', do que a santificação do dia de repouso? Nenhum outro estudo é mais considerado na escola dominical; nenhuma outra mensagem proferida do púlpito é mais energicamente transmitida, estabelecida em caracteres indeléveis em todas as páginas de nossas Bíblias. E, contudo, nunca antes se tentou escamotear maior escárnio, ilusão e laço sobre as massas ingênuas do protestantismo.

"Abra a Bíblia no livro de Gênesis - quando Deus descansou da criação no sétimo dia, chamado depois de sábado, porque descansou nesse dia - e examine todas as páginas do Antigo Testamento até a última página do Apocalipse, no Novo, e mostre-me uma única passagem ou palavra na Bíblia que se desvie no menor ponto do dia de descanso escolhido pelo Criador no mandamento divino, que não só foi decretado, mas efetivamente observado pelo Mestre e seus apóstolos.

"O povo hebreu tem invariavelmente preservado esse dia de repouso, observando-o todas as semanas desde que o mandamento - 'Lembra-te do dia de sábado, para santificá-lo' - foi promulgado. Eles têm o mandamento divino para isso em sua Bíblia, que alegam ser a Palavra de Deus, e é igualmente certo que há mais de sessenta anos desde a origem do cristianismo, de que os Evangelhos e Atos dos Apóstolos são, na opinião dos protestantes, testemunhas divinas, nenhuma palavra ou ato do Mestre ou dos apóstolos jamais forneceu qualquer indicação de uma mudança do dia...

"Justamente aqui somos lembrados, além disso, da reivindicação do Doutor Reverendo: 'Não temos nós a Bíblia que a ciência e os sacerdotes não podem destruir?'. Respondo enfaticamente: Tendes uma Bíblia - se uma obra divina ou humana, não se pode afirmar -, à qual persistentemente vocês se opõem semanalmente. Este vosso guia e mestre, que de maneira hipócrita professam considerar a palavra de Deus, vos ordena, sob severas penas, guardar o dia de sábado; aquele dia observado antes de tudo pelo Redentor a cada semana, enquanto esteve na terra; o mesmo dia observado pelo povo hebreu, que neste particular são seguidores consistentes de sua Bíblia. Deixe-me perguntar aqui a este temível campeão do protestantismo se ele e seus seguidores cegos obedeceram ao longo de sua vida este professor altamente estimado? Posso responder por eles mais enfaticamente: não! Que desculpa ou subterfúgio podem apresentar para atenuar sua desobediência vitalícia a um mandamento que o próprio Deus chama de aliança perpétua? Nenhuma, absolutamente. E não declara ele que a pena para a desobediência é a morte? Tudo isso é inegável. Têm eles, porém, alguma desculpa a oferecer por sua traição ao seu professor inspirado? Nenhuma, realmente.

"Todo o protestantismo está hoje condenado diante do mundo pela mais grosseira infidelidade ao seu professor, a Bíblia, sem sombra de desculpa para a sua traição. E o que é ainda pior, abandonou o seu guia divino, a Bíblia, e aceitou a prática da Igreja Católica, a qual estigmatiza como uma organização corrupta, impregnada de erro, enquanto que sua própria conduta neste particular os estigmatiza como a mais ilógica e autocondenada organização da terra."

Fonte: "A Challenge to Protestants"The Present Truth, Nº 18, Vol. 34, September 5, 1918, p. 9 e 10.


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