A adoração e o sábado (parte 2)



O Apocalipse é o livro da Bíblia que mais nos adverte quanto ao ódio visceral de Satanás contra Jesus Cristo e Sua igreja.


O capítulo 12 - o primeiro dos capítulos que compreendem as visões centrais do Apocalipse e que se estendem até o capítulo 14 - revela não somente as sucessivas perseguições contra o povo de Deus ao longo da história, mas também a dimensão mais profunda desse conflito milenar; a origem de todo o ódio e crueldade contra a mulher, símbolo da igreja de nosso Senhor Jesus (Apocalipse 12:7-12).

A dramática guerra que se descreve nesse capítulo ocorre em três atos.

No primeiro, o dragão, símbolo de Satanás, tem como alvo o próprio Salvador do mundo, contra quem investiu por meio do Império Romano (Apocalipse 12:1-5, conforme Mateus 2:1-18; Lucas 23:1-25).

Como não foi bem sucedido, passou a atacar ferozmente a mulher, mediante Roma papal, durante 1.260 dias, ou "um tempo, tempos e metade de um tempo" (Apocalipse 12:6, 13-16), período acerca do qual já tratamos aqui no site (sobre o início deste período profético, clique aqui, e sobre o seu fim, aqui).

Finalmente, não tendo êxito em exterminar a mulher, o mesmo dragão dirigirá o último período de perseguição contra os "restantes da sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus" (Apocalipse 12:17).

Embora Satanás já tenha sido julgado pelo triunfo de Cristo na cruz (João 16:11), ele ainda está em plena atividade, "sabendo que pouco tempo lhe resta" (Apocalipse 12:12), e, portanto, ainda mais determinado em subverter a igreja verdadeira do tempo do fim.

Como os seus fiéis antepassados na fé, esse remanescente final, obediente aos "mandamentos de Deus" e possuindo o "testemunho de Jesus", permanecerá como leal testemunha ante a maior e mais dramática tentativa de Satanás para exterminar a igreja.

Essa igreja remanescente não inclui, com efeito, toda a cristandade, a qual se acha representada por um sem número de adeptos procedentes das mais diversas denominações, embora a derradeira mensagem do evangelho eterno seja estendida a cada um de seus membros.

O "restante" da descendência da igreja de Cristo só pode se referir a um seleto grupo de leais seguidores de Jesus, que resistirá às últimas investidas desesperadas do dragão e de seus aliados mais próximos, a besta e o falso profeta (Apocalipse 13; 16:13-14).

Por conseguinte, Deus está guiando um povo sobre a firme plataforma da verdade: os mandamentos de Deus e o testemunho de Jesus, e não sob os ventos de qualquer doutrina humana, por mais popular que ela seja.

Em vista disso, precisamos nos perguntar: "Minha igreja é um guia seguro em matéria de fé e doutrina?", "Ela realmente confessa e ensina cada aspecto da verdade de Cristo conforme revelada nas Escrituras?". E, ao testar a consistência e validade de nossas crenças usando como único critério a infalível norma da verdade, devemos finalmente nos perguntar: "Desejo conhecer a verdade?", "Estou realmente disposto a obedecer à verdade segundo revelada nos mandamentos de Deus e no testemunho de Jesus?".

Os mandamentos de Deus dizem respeito a toda a verdade revelada de Deus em Sua Palavra, em particular os Dez Mandamentos, a lei moral. O testemunho de Jesus é o "espírito da profecia" (Apocalipse 19:10), o "Espírito da verdade" que testifica de Cristo e de Seus ensinos e guia "a toda a verdade" (João 14:6, 16-17, 26; 15:26; 16:13).

O testemunho de Jesus é, pois, a revelação de Cristo acerca da verdade divina comunicada aos Seus servos, os profetas, os quais a transmitiram inspirados pelo Espírito de Jesus, o Espírito Santo (I Pedro 1:20-21). O testemunho de Jesus é o testemunho legítimo da verdade de Deus por intermédio do Espírito, e jamais a contradiz.

A verdadeira igreja de Cristo não é identificada, portanto, pelo número de seus membros, nem por suas obras de caridade, mas por sua fidelidade aos "mandamentos de Deus" e ao "testemunho de Jesus". Ambos são uma e a mesma verdade. A igreja que tem um deve ter o outro, e a igreja que não os tem, embora se considere cristã, não representa a igreja de Cristo na Terra.

Nós precisamos considerar isso seriamente. O dragão não tem como alvo os cristãos desleais e inconstantes, que amam mais o mundo do que a Deus. Estes, por definição, já pertencem a ele. A atenção de Satanás se dirige contra as fiéis testemunhas de Jesus, os verdadeiros adoradores. É contra essa igreja que o dragão em breve demonstrará toda a sua ira.

Ora, eliminar da Terra os fiéis adoradores, primeiro pelo poder da sedução (Apocalipse 13:14) e, depois, pelo argumento da força (versos 15-17) significa eliminar também os mandamentos de Deus e de Jesus, de modo que não fique nenhum vestígio da adoração verdadeira, e os homens sejam completamente mergulhados nas trevas da ignorância e da mentira.

Esse tem sido o objetivo prioritário do príncipe do mal desde sua expulsão do Céu. Ellen G. White escreve em O Grande Conflito, p. 581:

Desde o início do grande conflito no Céu, tem sido o intento de Satanás subverter a lei de Deus. Foi para realizar isto que entrou em rebelião contra o Criador; e, posto que fosse expulso do Céu, continuou a mesma luta na Terra. Enganar os homens, levando-os assim a transgredir a lei de Deus, é o objetivo que perseverantemente tem procurado atingir. Quer seja isto alcançado pondo de parte toda a lei, quer rejeitando um de seus preceitos, o resultado será finalmente o mesmo. [...] O último grande conflito entre a verdade e o erro não é senão a luta final da prolongada controvérsia relativa à lei de Deus. Estamos agora a entrar nesta batalha - batalha entre as leis dos homens e os preceitos de Jeová, entre a religião da Bíblia e a religião das fábulas e da tradição.

Não é de admirar, portanto, que, no decorrer dos séculos, os dois preceitos da lei de Deus mais visados por Satanás e seus agentes humanos tenham sido o segundo mandamento, que proíbe a adoração de imagens (Êxodo 20:4-6), e o quarto, que prescreve a santificação do sábado do sétimo dia (versos 8-11).

Esses são precisamente os dois mandamentos mais extensos, explicativos e claros da lei moral - a carta magna do governo universal de Deus e expressão do Seu caráter -, e ambos se referem à adoração a Deus, sendo que o segundo mandamento, ao proibir a idolatria, salienta Sua prerrogativa como justo Juiz (Êxodo 20:5-6), e o quarto mandamento, ao lembrar os homens do sábado, enfatiza Seu atributo como Criador de tudo o que existe (verso 11)!

E, de fato, operando por meio de Roma papal, o dragão logrou êxito em confundir os homens com respeito à adoração verdadeira, ao omitir no catecismo romano o segundo mandamento da lei de Deus e alterar o quarto mandamento (que, no catecismo, consta como o terceiro), substituindo o sábado do sétimo dia pelo domingo, o primeiro dia da semana (sobre isso, clique aqui).

Agindo dessa forma, Roma satisfez um antigo desejo do dragão: suprimir da mente dos homens a lembrança de Deus como Juiz, sublinhada no segundo mandamento do decálogo, e como Criador, enfatizada no quarto mandamento. As consequências estão além da capacidade de descrever. Não obstante, a história e a experiência testificam delas amplamente, e ainda hoje sentimos os seus efeitos nefastos, particularmente na flacidez moral de nosso tempo.

É digno de nota que um ataque à prerrogativa de Deus como Juiz corresponde a um ataque ao santuário celestial, objeto de especial ira de Satanás (Daniel 8:11-12; Apocalipse 13:6), e uma investida contra a prerrogativa de Deus como Criador significa uma investida contra o conceito bíblico acerca das origens (Romanos 1:18-23).

Diante disso, somos sensibilizados quanto à suprema relevância e urgência da mensagem do primeiro anjo e Seu solene apelo para adorar o Criador e Juiz de toda a humanidade no tempo da Sua visitação:

Temei a Deus e dai-lhe glória, pois é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas. (Apocalipse 14:7)

É por meio do remanescente fiel de Apocalipse 12:17 e 14:12 que Deus tem transmitido ao mundo o derradeiro convite da graça e revelado as astuciosas obras das trevas em subverter a adoração verdadeira e levar os homens a negar o evangelho eterno.

A essa igreja nosso amado Salvador garante a sua terna companhia (Mateus 28:20), e a ela nenhum poder faltará enquanto Cristo for o centro de suas maiores aspirações, e Seu testemunho da verdade, o sólido fundamento de sua fé!

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